Mostrando postagens com marcador greve. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador greve. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 1 de junho de 2018

O FIM DA AVENTURA PÓS-SOVIÉTICA DE PEDRO PARENTE, por Luis Nassif

Encontrei pela ultima vez Pedro Parente meses atrás, em uma padaria dos Jardins. Aparentava ar cansado e estava a caminho do hospital. Nos cumprimentamos formalmente.
Conheci-o, e bem, no governo Fernando Henrique Cardoso, substituindo Clóvis Carvalho na Casa Civil. Era, de longe, o técnico mais preparado. É injusto taxá-lo de “pai do apagão”. Na verdade, coube a ele coordenar a Câmara que tentou resolver o imbróglioinfernal criado por FHC, com a desregulamentação do setor elétrico, que promoveu um choque tarifário similar ao que Parente tentou reeditar com o petróleo agora.
Historicamente, grandes funcionários públicos se tornaram executivos de grandes grupos econômicos. Nenhum mal nisso. Durante muito tempo, Banco do Brasil e Itamarati tiveram os melhores quadros técnicos da República. Muitos deles passaram a servir o setor privado sem perder a perspectiva de país.
Não foi o caso de Parente.
Sua atuação na Petrobras teve um mérito inegável: serviu para expor as vísceras de um modelo de corrupção público-privado que, nos tempos modernos, só encontra paralelo no que aconteceu na ex-União Soviética – e, antes disso, com o setor elétrico brasileiro.
Por aqui, a descontratação da energia das hidrelétricas significou uma explosão nas tarifas, tirando completamente a competitividade de setores relevantes da economia. Depois, a privatização para um bando de aventureiros internacionais, que abriam empresas em paraísos fiscais e tomavam financiamentos amplos do BNDES, dando como única garantia as ações das empresas privatizadas. Aliás, esse saque consumou-se no caso CEMAR - Centrais Elétricas do Maranhão, adquirido pela Equatorial - do grupo Lehman – já no governo Lula. O resultado foi a crise de 1999, obrigando o país, como um todo, a pagar pela corrupção instalada no governo FHC.
Na Petrobras, a ação de Parente foi mais escandalosa. Elevou os preços dos derivados para viabilizar a importação e criar uma capacidade ociosa nas refinarias, de maneira a comprometer seus resultados e facilitar a venda da.
Para uma empresa sem problemas de crédito no mercado, passou a queimar ativos usando o falso argumento de que a Petrobras estaria quebrada. Teve participação ativa na mudança da legislação do petróleo, ajudando a enterrar todos os investimentos feitos na indústria naval.
A estratégia de desmonte da Petrobras, no entanto, mostrou suas limitações. Era o gerentão, capaz e fazer andar um projeto desde que o CEO lhe desse as referências. Quando coube a ele montar a estratégia, o resultado foi o desastre, que não apenas desmascarou a corrupção soviética instalada no país, como acabou de vez com a farsa de Michel Temer.
E ainda deixou rastros que, em algum momento, deflagrarão investigações do Ministério Público. E sem poder recorrer à vara de Curitiba, de seu amigo Sérgio Moro.
Do GGN

sábado, 26 de maio de 2018

A PETROBRAS É A RAIZ DO GOLPE E PEDRO PARENTE É PORTA VOZ DO MERCADO, por André Araújo

Não há nenhuma grande petrolífera estatal à venda no mundo e elas são 13 das 20 maiores empresas globais de petróleo. Especialmente não há nenhuma estatal petroleira à venda com grandes reservas de petróleo. É muito menos há estatais à venda com reservas de petróleo no Hemisfério Ocidental.
Nesse sentido a PETROBRAS  é única. Não só tem as reservas como tem os meios de extrai-la já prontos,  ganha-se três anos que levaria para explorar um campo virgem. Nesse quadro a PETROBRAS é o objetivo estratégico numero 1 na área de petróleo, especialmente com a elevação do nível de conflitos no Oriente Médio. Nada melhor que um governo frágil para permitir a execução desse projeto de privatização que já começou com a venda de ativos estratégicos da empresa, como oleodutos e a BR Distribuidora, já se anuncia a venda de refinarias, uma empresa em liquidação, a venda final será do pré-sal.
A assunção do grupo Temer ao poder só foi possível com o aval do “mercado”. O preço foi a entrega da totalidade da área econômica a delegados do mercado, Meirelles e Goldfajn na linha de frente, Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia, Maria Silvia no BNDES, Wilson Ferreira na ELETROBRAS.
Mas a base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois maiores ativos do Estado brasileiro, a ELETROBRAS, prometida à venda por 12 bilhões de Reais para ativos físicos que valem 400 bilhões de Reais e a PETROBRAS , que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até Parente abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos, navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.
Uma das bases dessa gestão foi a lenda da PETROBRAS QUEBRADA, que já mostramos aqui em  dois artigos, PURA LENDA, a PETROBRAS lançou seis emissões de bônus no periodo de dois anos antes da gestão Parente, o mercado internacional fez ofertas para compra de três a cinco vezes mais que a oferta, houve inclusive uma emissão de CEM ANOS de prazo, também com demanda muito maior que a oferta, o que jamais ocorreria com uma empresa que mesmo remotamente estivesse com problemas financeiros. Essas emissões tiveram como líderes mega bancos internacionais como J.P. MORGAN, DEUTSCHE BANK e MORGAN STANLEY, que jamais patrocinariam emissão de bônus em dólar de uma companhia quebrada.
Esses dois ativos, ELETROBRAS E PETROBRAS valem dez golpes., especialmente com preços de fim de feira, especialidade de gestão tipo Pedro Parente.
A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
Vejo nesse movimento uma amplitude muito maior do que o preço do diesel. Atraves da Historia os grandes movimentos populares tem como gatilho uma questão menor mas além do fato detonador há um pano de fundo muito maior. Neste caso há de forma subjacente a neutralização da candidatura Lula, a paralisia da economia para atender o interesse dos bancos e rentistas,  as carências antigas de moradia, saneamento, educação e saúde que este governo nem sequer tocou porque seu programa é apenas atender ao mercado que lhe deu respaldo para assumir o poder e no caminho obter algumas vantagens, o resto não interessa.
Nesse pano de fundo também está o mau cheiro do projeto de privatização da PETROBRAS.
Muitas vezes os próprios personagens do movimento não tem consciência de suas preocupações mais amplas, mas elas existem, caminhoneiros são trabalhadores precarizados,
sofridos, arriscam a vida literalmente todos os dias em acidentes e assaltos, depois de paga a prestação do caminhão resta pouco para levar para casa, é uma classe fundamental para o funcionamento do Pais, mal reconhecida, sem nenhuma assistência do Estado e agora desprezada de forma cruel e insensível  pela desastrosa gestão da PETROBRAS.
A demissão de Pedro Parente seria uma obvia mensagem de paz do Governo aos caminhoneiros, não creio que o movimento cesse sem esse gesto, Parente tornou-se o símbolo de tudo que os caminhoneiros consideram  como agressão a sua sobrevivência e sua permanência no cargo, sendo ele o pai da politica de dolarização do preço do diesel, traz enormes e razoáveis desconfianças aos caminhoneiros. Parente mostrou-se um executivo ideológico, insensivel, teimoso na sua ideologia que serve somente e exclusivamente ao mercado, ele não está interessado na sobrevivência dos caminhoneiros e estes PERCEBEM isso.
Executivos ideológicos ao fim do dia são pobres intelectualmente, são tipos menores, inadaptáveis às circunstancias, Parente tem esse e outros vários defeitos de origem, dois dos mais salientes e ser tucano de carteirinha, foi Chefe da Casa Civil de FHC e ser do grupo dos “neoliberais cariocas”, um grupo único cujo DNA remoto vem de Eugenio Gudin, fundador  dos cursos de economia no Brasil e Ministro da Fazenda do desastroso governo Dutra, que achava que o Brasil não deveria ter indústria, já estava muito bom exportar café e algodão.
Os caminhoneiros estão desmontando o grande alvo do “projeto PETROBRAS”, que era a privatização para o qual Pedro Parente está preparando o terreno, dolarizando os preços dos combustíveis, uma insanidade porque o Brasil produz 2,3 milhões de barris/dia para um consumo de 2,6 milhões de barris dia, então o Brasil é auto-sufiente em matéria prima petróleo para 88,5% do consumo, só precisa importar 11,5%,  do ponto de vista comercial não há nenhuma logica em dolarizar os preços e referencia-los no mercado spot de Rotterdam ma  a dolarização tem toda logica se for para atender aos acionistas americanos da PETROBRAS, a dolarização dos preços é uma LOGICA PARA OS ACIONISTAS ESTRANGEIROS, a quem Pedro Parente serve com exclusividade e entusiasmo, ele está no cargo para isso.
O PAPEL DE PEDRO PARENTE
Esse executivo de almanaque, que anda com crachá até para ir ao banheiro, tem cara, perfil e histórico de “organization man”, aquele tipo de executivo que subiu na vida seguindo as regras fanaticamente. Não espere desses tipos nenhuma criatividade, capacidade de enxergar longe, visão eclética, sensibilidade das circunstancias. É o tipo do executivo que não serve para a PETROBRAS se a ideia for de uma companhia  estratégica para o Brasil e seu povo.
Mas Parente não está no cargo para servir ao Pais, sua missão é atender ao “mercado”, ai representado pelos acionistas estrangeiros da PETROBRAS, é a estes que Parente atende.
Para que a companhia possa dar o melhor tratamento a esses acionistas especialmente os fundos americanos tipo Black Rock, hoje os maiores acionistas da PETROBRAS depois da União, Parente DOLARIZOU a Petrobras, porisso o preço do diesel é referenciado pelo dólar, é para atender os fundos americanos acionistas, não é para agradar caminhoneiro.
O GOVERNO TEMER
A delegação de plenos poderes a Pedro Parente tem como substrato ser ele o DELEGADO DO MERCADO FINANCEIRO na Petrobras, ele não trabalha para o Estado brasileiro, que ele odeia, ele trabalha para o mercado financeiro americano  de onde ele veio e para onde ele provavelmente vai voltar. O conglomerado BUNGE para o qual ele trabalhava antes de ir para a Petrobras tem sede em White Plains, New Jersey, perto de Nova York. O sinistro grupo BUNGE esteve por trás do golpe de 1976 que implantou o governo militar em Buenos Aires, levando ao sequestro dos irmãos Jorge e Juan Born pelos Montoneros.
O grupo BUNGE, cuja base era a Argentina mas com raízes no Seculo XIX em Antuérpia na Belgica, então conhecido como grupo Bunge & Born, por causa de sua péssima imagem que restou na Argentina mudou sua sede primeiro para São Paulo nos anos 80 (onde construiu o Centro Empresarial na Marginal Pinheiros, um imenso conjunto de edifícios). Bunge & Born, uma das quatro irmãs do trigo, um grupo tenebroso  há mais de 100 anos, é a alma mater  atual de Pedro Parente.
A submissão do Governo Temer a Pedro Parente na Petrobras  não tem nada de pessoal, é fruto de um grande acordo que avalizou a derrubada do Governo Dilma, porisso Parente parece firme na PETROBRAS (até quando ?), sustentado pelo Grupo GLOBO, as globetes a frente, Miriam Leitão é hoje a Leoa de Chácara de Parente e até a então elogiada Natuza Nery pulou para esse lado do muro, defendendo a PETROBRAx  NEW YORK, inimiga da PETROLEO BRASILEIRO S.A. criada por Getulio para dar independência de petróleo ao Brasil.
È bom não esquecer o laço que liga  Pedro Parente ao Governo FHC, o mesmo governo que colocou a frente da PETROBRAS tipos vindos do mercado financeiro como Francisco Gros, do MORGAN STANLEY, que não tinha nada a ver com petróleo mas tudo a ver com a Bolsa de Nova York, um estrangeiro nato que falava português com sotaque, o francês Henri Phelippe Reichstul e para fechar a caravana o publicitário Alexandre Machado que criou o nome PETROBRAX como preparação para a privatização, desde sempre o projeto neoliberal carioca para a PETROBRAS, era o sonho do “Grupo do Real”, Arida,  Bacha, Franco, sempre quiseram vender a PETROBRAS, ELETROBRAS, BANCO DO BRASIL, até hoje dão entrevistas para isso.
Não houve condições políticas e tempo para o grupo tucano carioca vender o controle da PETROBRAS mas eles prepararam o terreno, abrindo o capital para estrangeiros e listando a companhia na Bolsa de Nova York, era um importante etapa para em seguida vender o controle porque já haveria uma referencia de preço dada pela cotação na Bolsa de Nova York, a PETROBRAS não ganhou nada com essa listagem, só teve prejuízos.
Com a queda do Governo Dilma o “mercado”, via neoliberais cariocas que como abelhas infestam o governo Temer, viu uma oportunidade única para privatizar a ELETROBRAS e a PETROBRAS, não contavam com acidentes de percurso que podem acontecer.
O grande suporte do “projeto PETROBRAS”, como em todos os projetos anti-brasileiros é o Grupo GLOBO, que desesperadamente tenta segurar Pedro Parente exibindo-o como o melhor executivo do planeta, um medíocre que não teve a sensibilidade de PERCEBER E ANTECIPAR esse movimento dos caminhoneiros QUE É DE SUA LAVRA.
Do GGN

terça-feira, 2 de maio de 2017

As pedras do XADREZ do dia seguinte da greve geral

Peça 1 – a fluidez dos movimentos políticos
O quadro politico evoluiu substancialmente nos últimos dias. De um lado, a greve geral, com a maior abrangência em décadas. De outro, os últimos movimentos em torno da Lava Jato, com o STF (Supremo Tribunal Federal) finalmente deliberando sobre a libertação de pessoas detidas com o objetivo de serem pressionadas a delatar. Finalmente, a Lava Jato entrando nas horas decisivas sem conseguir cumprir com seu objetivo maior, de levantar provas para sustentar as delações contra Lula.

Leve em conta que os movimentos políticos são fundamentalmente fluidos.
Em momentos de catarse, há um curto-circuito geral não apenas nas informações, mas no rumo dos ventos políticos.

Em relação a esses movimentos tectônicos, há duas espécies de personagens públicos: os radares e as birutas.

Radares são que se movem em torno de valores e, por isso mesmo, são as figuras referenciais que orientam o país, percebem os movimentos das ondas e permitem ao barco não perder o rumo, mesmo em meio à tempestade.

Birutas (de birutas de aeroporto) são os que seguem as ondas. Em momentos de vento brando, assumem uma determinada personalidade pública; em momentos de catarse, outra totalmente distinta, seguindo o que consideram os movimentos pontuais das marés.

Na história do país, mesmo no campo conservador estão consolidadas personalidades-radares como Sobral Pinto, Ulisses Guimarães, Paulo Brossard e o saudoso Mário Covas.

No grupo dos birutas de aeroportos, caminham para se transformar em personagens simbólicos os Ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e grupos de deputados e senadores.
Não se deve buscar previsibilidade em suas atuações, isto é, avaliar o que serão com base no que já foram. A análise deverá levar em conta a maneira como julgam que a situação política será, para, só aí, então, definirem o que serão.

Tudo isso torna extremamente complexo o desenho de cenários futuros.

Não é mais A + B + C = X, porque a mudança de A irá provocar alterações em B afetando o resultado em X.

Mas permite, por outro lado, conferir a devida relevância aos movimentos maiores de opinião pública, dos quais a greve geral da última sexta-feira foi um ponto de corte, atrapalhando o controle total do processo pelos donos do poder.
Antes, um pequeno diagnóstico do momento atual, à luz dos ensinamentos de Raymundo Faoro, o notável autor de “Os Donos do Poder”.

Peça 2 – o patrimonialismo, de Collor a Barroso
Desde que apresentou seu trabalho no evento da Universidade de Harvard – qualificando como ensaio uma leitura tosca de Raymundo Faoro – o Ministro Barroso tornou-se um bom exemplo de como a superficialidade analítica impede o autor de se enxergar no próprio desenho que ele está delineando em seu trabalho.
O trabalho de Barroso mencionou o “patrimonialismo”, de acordo com as definições de Raymundo Faoro.

É o mesmo Barroso que se tornou um defensor intransigente da nova ordem, da restauração que será comandada pelo Poder Judiciário, um modelo claramente englobado por Faoro no conceito de patrimonialismo.

Diz o inacreditável Barroso, o advogado das Organizações Globo, com seu peculiar entendimento do conceito de corrupção, e sua invejável capacidade de relacionar temas históricos:

Acho que estamos refundando o País. Assim como em 1808 [quando a família real portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro] o Brasil começou, acho que estamos tentando refundar um País, ensinando as novas gerações que ser honesto é melhor do que ser desonesto. E que, se for desonesto, vai ter consequências negativas.

Barroso não tem a menor noção sobre os pontos em comum entre a vinda da família real portuguesa e o momento atual. O principal ponto em comum é a criação/fortalecimento de um estamento público que desenvolve e passa a controlar o Estado,  implantando definitivamente o predomínio da plutocracia sobre a Nação. Da mesma maneira que o Congresso definindo o desenho dos gastos públicos para os próximos 20 anos, independentemente do que decidirem as eleições.
O que diz Barroso, o patrimonialista, sobre a PEC 55, enfiada goela abaixo da sociedade por um governo provisório, empossado no bojo de um golpe parlamentar.

Desrespeitá-la significa predeterminar o futuro com déficits, inflação, juros altos, desemprego e todas as consequências negativas que dessas disfunções advêm. A democracia, a separação de Poderes e a proteção dos direitos fundamentais decorrem de escolhas orçamentárias transparentes e adequadamente justificadas, e não da realização de gastos superiores às possibilidades do Erário, que comprometem o futuro e cujos ônus recaem sobre as novas gerações

Vamos ver como Faoro analisaria o momento, baseado no trabalho “As reflexões de Raymundo Faoro sobre a transição política brasileira nos anos 1989 e 1990”, de Maria José de Rezende.
Não há definição melhor desse tipo de comportamento, do que a de Faoro sobre o início do governo Collor:
 “[...] a eternidade tem muitas encarnações, a do século passado e a de hoje” (FAORO, 1989f, p. 23). A do presente, ou seja, a da Nova República, reproduzia o estilo burocrático emoldurado na “[...] insensibilidade, dissimulada em termos técnicos, incompreensíveis [...]. O jogo não é inocente. Os interesses favorecidos [...] nada perdem e alguma coisa ganham.
Essa idéia de que podem tudo já expressa, certamente, uma mentalidade patrimonialista, para a qual não há limites políticos, éticos ou jurídicos para as suas ações. O despotismo impera. “E se a Constituição não permitir? Lixe-se a Constituição [...]

É o mesmo modelo de hoje:
Todas as ações daqueles agentes que se empenhavam em destruir o jogo democrático se mostravam completamente voltadas a esvaziar qualquer potencialidade da sociedade civil ao exaltarem medidas irracionais, magias e milagres. (...)
As mudanças políticas controladas pelos setores preponderantes, as quais se iam processando na denominada transição democrática, eram sempre de cima para baixo, reafirmando o seu caráter estamental; estavam sempre postas a serviço dos mesmos interesses.
Políticos e países subdesenvolvidos são faces de uma mesma moeda, já que se reafirmavam através de mudanças negociadas e conciliadas. A chamada Nova República (1985–1990) era o exemplo mais acabado disso.
Barroso não aprendeu uma lição magistral, que Faoro recebeu de Neemias Gueiros:
 Então, apareceu um velho advogado, um homem curtido em lutas políticas, que era o Neemias Gueiros, a quem transmiti minha insegurança. Ele me respondeu que haveria uma coisa em que eu sempre haveria de ganhar dos políticos: se eu me mantivesse sincero sempre.

Falou a Barroso a coerência para se firmar como referência. Como declarou o advogado e cientista político Victor Pimenta, “a decisão de Barroso em PEC 241 [ou 55] nos faz sentir saudades dos tempos em que ele era constitucionalista, ante a diferença abissal entre o “Barroso Professor de Direito Constitucional” e o “Barroso Ministro”.

Collor e o momento atual
O que está em andamento, hoje em dia, é um processo em tudo similar à aliança que gerou Fernando Collor. A descrição de Faoro sobre o governo Collor se aplica integralmente ao momento atual, mas passou desapercebido do nosso brasilianista de boutique.

Primeiro, a falsa visão de conferir desimportância ao Estado, ao mesmo tempo em que se apropriava dele:
Ações como as de Fernando Collor de Mello não sufocavam o patrimonialismo ao tentar agir como se o Estado não tivesse qualquer importância. O governo daquele último, num processo de rechaçamento do Estado, acabou por potencializar as ilusões de que um ente iluminado poderia tudo resolver mesmo passando por cima de qualquer compromisso com os ideais republicanos e democráticos. De fato, a exclusão social e política, a qual é a seiva que nutre a política patrimonial, continuava a correr nas veias da sociedade.

As apostas sucessivas do Poder em Marina, Dória, Bolsonaro repete, à perfeição, as apostas sucessivas em Quércia, Covas até bater em Collor, e as tentativas atuais de Aécio e Alckmin, até bater em Dória:
A transição procurou, (...) um caminho que convencesse mais em termos de centro. Abriu todas as oportunidades para Orestes Quércia, pois era ele o homem. De certa maneira, acenou também para que o nome fosse o de Mário Covas, mas não se chegou nem a um e nem a outro. Chegou-se a um que é inesperado, porém não indesejado dentro do projeto.

Assim como as semelhanças entre 1964, e o 1964 modernizado que se tenta hoje em dia:
Politicamente, 89 moderniza 64, com um instrumento tirado dentro do sistema, disciplinado pelo sistema, apoiado pelos financiadores que se fizeram dentro do sistema e apoiado pelos agentes que manipulam a opinião.

Em ambos os casos, há a necessidade da criação de um populista de direita:
E por que um sistema que se encontrava esgotado continuava ainda fazendo valer suas estratégias? O extenuamento do sistema podia ser detectado na necessidade de um candidato de direita, como Fernando Collor de Mello, apresentar-se como que ligado diretamente às massas. (...)  O sistema se renovava tanto com aquele que foi eleito diretamente em 1989 quanto com aquele que foi indiretamente eleito em 1984. O sistema se inovava, o que não significava que ele havia entrado em colapso.

Faoro tirava lições definitivas sobre as instituições brasileiras, sob a pressão dos fatos:
A lição que o momento ensina tem o mérito de desvendar o miolo das instituições brasileiras, antes e depois da Carta de 1988. Elas podem ser resumidas em duas palavras: constitucionalismo de fachada e democracia falsificada e falsificadora.

A defesa do Estado de Exceção em nome do combate à corrupção, por Barroso, também foi claramente explicada por Faoro:
Estabelecia-se, no início de 1990, uma espécie de ditadura hipócrita. A hipocrisia estava no fato de ela negar a sua própria identidade, tentando mascarar um exercício obstinadamente abusivo da autoridade.
Faoro fez essa discussão em vista da prisão da família Temporal (empresários) por dívidas com o Fisco. Naquela ocasião, o governo Collor apresentava-se como aquele que jogaria duro com o empresariado. Restaurava-se, assim, a inconstitucional prisão administrativa.

Também se deu conta – ao contrário de seu débil intérprete – a sucessão de ilegalidades, que se segue à ilegalidade maior:
Desarticulou-se, de um golpe, toda a estrutura jurídica, para que medrasse, à sua ilharga, uma economia com regras próprias. A ilegalidade maior gerou, como necessariamente acontece, as ilegalidades menores, decorrentes daquela, existentes porque aquela existe.

A criação de figuras midiáticas para o jogo político é nítida no modelo Collor e no atual. Sempre se sonhou com os Collors, Dorias, Hulks e similares fabricados pela mídia:
Entre as diversas formas de precarização cotidiana da democracia e da cidadania, estava, por exemplo, o veto à “[...] Lei das Inelegibilidades que prolongou a desincompatibilização do pessoal da mídia. E por que era esse um ato que tinha um significado importante? Bastava ater-se ao fato de que o presidente Collor estava agindo para garantir que um número significativo de indivíduos chegasse ao Congresso Nacional em razão de suas imagens mediáticas. Em relação a ele próprio, a mídia havia tido um papel central na construção de uma imagem de vitorioso, de vencedor, de arrojado e de decididamente capaz de mudar o Brasil em favor dos “descamisados”, isto é, dos mais pobres.

Finalmente, aborda a importância do nascimento de uma nova direita, como condição fundamental para uma esquerda renovada:
O florescimento de uma nova direita era condição fundamental para que ocorresse, no Brasil, a constituição de uma esquerda que deveria renovar continuamente os procedimentos na vida pública brasileira. Se esta última continuasse tendo como adversária a velha direita, haveria uma tendência de petrificação de ações políticas que ficariam essencialmente no registro do modo de agir que se havia processado ao longo da história do país.
A contínua e íntima relação – através de alianças e de conciliações – da esquerda com a velha direita se constituía num fator de emperramento da democracia no Brasil. Reafirmavam-se, assim, de diversas maneiras, práticas e hábitos fundados na não transparência de atitudes e de ações. Uma vez no poder, através dessas alianças, se teria a continuidade e a manutenção do mesmo padrão de domínio baseado em privilégios estamentais.

Peça 3 – os efeitos políticos da greve
A extensão da greve joga novos fatos no jogo político. E explicita de vez o jogo entre a nova direita – um arco em que entra o MBL, a Procuradoria Geral da República, a camarilha de Temer e o PSDB – e a nova esquerda, que ainda não nasceu.

Uma greve ampla fez a reação contra Michel Temer e o Congresso transbordar dos movimentos sociais e sindicatos para outros setores, com adesão de 83 bispos da Igreja Católica, dezenas de colégios particulares de São Paulo, inúmeras igrejas evangélicas, artistas, intelectuais, praticamente toda a Justiça do Trabalho, funcionários e parte dos procuradores do Ministério Público e funcionários da Polícia Federal.

A greve expôs o racha nacional se alastrando por setores até agora à margem da disputa, e cravou na testa das reformas o estigma de antissocial. Coloca em curto-circuito todo o jogo de contrainformação da mídia. Somem-se as pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias, dando um placar massacrante contra as reformas, contra Michel Temer e a favor das eleições diretas, para se perceber o fracasso do golpe: a política se despiu do manto diáfano da fantasia.

No curto prazo, haverá uma ampliação das pressões sobre os políticos, judiciário e mídia, às vésperas de um ano eleitoral.

No médio prazo, a consolidação de uma frente ampla contra o modelo de país que o golpe tenta enfiar goela abaixo dos cidadãos e que agora está desnudado.
O castelo retórico criado pela mídia se esboroou, incluindo as ameaças terroristas, do suposto fim do país sem as reformas.

Peça 4 – o novo posicionamento do Supremo
Durante o processo do impeachment, o Supremo jamais foi desafiado a analisar o mérito, graças à não-estratégia jurídica do advogado José Eduardo Cardozo. Só após o impeachment resolveu representar junto ao Supremo com uma solicitação de liminar incomum, de mais de 400 páginas.

Só recentemente, após o fato novo – a entrevista de Temer à Band admitindo o jogo político de Eduardo Cunha - reiterou o pedido. O caso está com Alexandre Moraes, que deveria - mas não vai - se declarar suspeito para analisar.

Na semana passada, no entanto, a 2ª Turma do STF ordenou o fim da prisão provisória de João Carlos Genu (ex-tesoureiro do PP) e de Eike Baptista. Votaram a favor da libertação os Ministro Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski; contra, Celso de Mello e Luiz Edson Fachin.

Antes disso, por razões humanitárias a 2a Turma ordenou a libertação do pecuarista José Carlos Bumlai. Votaram a favor Celso de Mello, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Edson Fachin e Ricardo Lewandowski votaram a favor da manutenção da prisão domiciliar –uma condição mais humana do que as prisões temporárias perenes.

Na 4a feira será o julgamento do habeas corpus de José Dirceu, preso há meses sem julgamento de 2a instância. Quase certamente será ordenada a sua libertação, embora Dirceu continue respondendo à condenação da AP 470. Nâo descarte alguma manobra de Moro, uma nova medida, para manter Dirceu enjaulado.

O que importa é que, finalmente, o STF ganhará coragem para revogar o mais absurdo instrumento de arbítrio desses tempos nebulosos: o uso da prisão preventiva como forma de pressão para obter a delação nos termos que o juiz e os procuradores querem.

De fato, há uma maioria sólida e não circunstancial na 2a Turma contra esse instrumento de arbítrio: Gilmar, por agora estar atingindo os seus; Toffolli por seguir Gilmar e Lewandowski por convicção garantista. Celso de Mello é um garantista com uma excepcionalidade: o PT. E Fachin é um neo-linha dura.
Agora, toda a pressão da Lava Jato sobre os delatores se concentrará no fator Lula.

Cena 5 – o adiamento do depoimento de Lula
Para adiar o depoimento de Lula do dia 3 para 10 de maio, o juiz Sérgio Moro alegou pedidos da Polícia Federal e da Secretaria de Segurança do Paraná. Mas o motivo central foi a falta de provas contra Lula.

Tanto assim, que a Lava Jato convocou reunião dos advogados da OAS para os dias 2 e 3 de maio, para discutir as delações da empresa. No dia 4, mais dois executivos, Roberto Moreira e Agenor Medeiros, ainda vão depor na ação que apura o tal "Tríplex do Guarujá".

Também se reuniu com advogados especializados em delação, como Antônio Figueiredo Basto, advogado de Alberto Youssef e Adriano Bretas. Os rumores são de que estaria propenso a aceitar a delação de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, que há mais de um ano tenta a delação. E também a de Antônio Palocci. Desde que versassem sobre Lula.

A última encenação, com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, foi um tiro pela culatra. Léo entregou a encomenda pedida – a afirmação de que Lula seria o dono do tríplex, mas sem apresentar provas. A Força Tarefa reforçou com provas ridículas, comprovantes de que, durante um ano, um carro do Instituto Lula passou por duas vezes no pedágio de Guarujá. O que motivou gozações nas redes sociais: passe pelo pedágio e ganhe um apartamento.

Ocorre que o ciclo de acusações a Lula já entrou na fase correspondente à curva de Lafer na economia – conforme boa imagem da senadora Gleise Hofmann. A curva de Lafer mostra que, a partir de determinado nível de tributação, o efeito é negativo.

A Lava Jato entrou em uma enrascada onde, cada tentativa adicional de criminalizar Lula sem provas concretas, provoca um efeito inverso na sua popularidade.

Cena 6 – o imprevisível cenário futuro
Há nítidos sinais de que o monstro saiu do controle dos donos do poder.

A tentativa de fabricar um novo Collor, com João Dória, esbarra no amplo amadorismo do candidato. Na ânsia de explorar a radicalização contra Lula, vai gerando um personagem complicado, dono de uma retórica pobre, repetitiva e agressiva. É corredor de 50 metros.

Para falar para os MBLs da vida, assume uma retórica vagabunda (termo que faz parte do repertório dessa direita pedestre), incompatível com um homem de estado. A sucessão de grosserias, vai moldando – por baixo do macho alfa grosseiro – uma personalidade antipática, uma espécie de Aécio Neves com uma jovialidade de plástico – Dorian Gray? -, playboy mal-educado que choca a elite pela falta de modos e os populares, pelo excesso de arrogância.

No período Collor, o tempo político corria mais devagar e permitia uma construção lenta – e sob controle – da Globo. Nesses tempos de redes sociais, não existe mais esse controle.

Além disso, a mídia já havia sentido o desgaste de anos de jornalismo militante, de pós-verdade, de manipulação das informações. Nos últimos tempos, com dez anos de atraso, caiu a ficha que a única maneira de se diferenciar da miscelânea das redes sociais seria voltar a praticar um simulacro de jornalismo.

A recaída com a greve, porém, mostra que a síndrome do escorpião é invencível.
Entram em uma cilada complicada.

Se continuam a apostar no jogo da desinformação, aprofundarão o buraco em que se meteram. Se vacilam, há o fator Lula. E foi tão forte a radicalização política da mídia na última década, que a bandeira central da campanha de Lula certamente será o da regulação da mídia e do combate implacável à rede Globo.

Manter o jogo atual, portanto, é questão de sobrevivência para a Globo. O que significa que apostará todas suas fichas em Dória, ou em um pacto de ditadura com Bolsonaro ou abolindo as diretas. De qualquer modo, jogará todas suas fichas na condenação de Lula e sua inabilitação para 2018.

Do GGN, Nassif

domingo, 16 de setembro de 2012

Após praticamente 4 meses, Os Professores das Federais encerram greve


O comando nacional de greve dos professores das universidades federais anunciou no noite deste domingo (16) o fim da greve iniciada há mais de três meses.

Em nota, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) afirma que decidiu pela suspensão após "criteriosa avaliação do quadro das assembleias gerais". A decisão será comunicada às instituições entre segunda e sexta-feira.

Apesar do fim da greve, o sindicato diz que seguirá atuando "na defesa da reestruturação da carreira e na luta pela valorização e melhoria das condições de trabalho.

Das 57 universidades federais que aderiram ao movimento, 39 já encerram a greve.

A paralisação completaria quatro meses amanhã.

NEGOCIAÇÕES
O Ministério do Planejamento ofereceu um reajuste entre 25% e 40%, divididos nos próximos três anos. Os índices são superiores ao oferecido à grande maioria dos demais servidores (15,8%).

O governo ainda atendeu pedido para redução do número de degraus para se chegar ao topo da carreira: os 17 níveis foram reduzidos a 13.

Fonte: A Folha

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Greve persistente na UFMA ainda impede matrícula de aprovados em vestibular


Reitor entrou em contato com o Ministério da Educação, para saber qual providência tomar diante da situação de impasse.

A greve nacional  de professores das universidades federais já dura 50 dias e começa a causar transtornos maiores com a adesão dos técnicos-administrativos, que paralisaram 80% das atividades a partir do último dia 19 de junho. Segundo denúncias, os técnicos não estão aceitando matrículas de calouros aprovados no último vestibular.

Cerca de 896 candidatos aprovados na lista de espera do Sisu (referente ao segundo semestre de 2012), que deveriam realizar suas matrículas, não tiveram como efetuar o processo porque foram impedidos pelos técnicos-administrativos. Segundo a Pró-reitoria da UFMA, no total, são 1.779 candidatos à espera de efetuarem suas matrículas, em cumprimento do edital Nº 115/2012.

Em nota oficial, o reitor Natalino Salgado, se pronúnciou sobre o ocorrido, declarando que entrou em contato com o Ministério da Educação, para saber qual providência tomar diante da situação de impasse.

Juntamente com isso, o reitor disse que buscará outras medidas com o movimento, sem cercear os direitos dos grevistas, mas pensando também nos alunos que estão sendo prejudicados.

A aluna Brenda Lopes, 21 anos, que conseguiu aprovação para o Curso de Ondotologia, relatou a O Imparcial que chegou às 9h da manhã, desta segunda-feira, e encontrou os funcionarios protestando na universidade. Os funcionários grevistas, segundo ela, promoveram um apitaço e ao mesmo tempo informaram que não iriam fazer matrícula por conta da greve e que só fariam os registros quando entrassem em acordo com o MEC.

Logo depois, os alunos presentes foram informados que não tinha havido acordo e que, portanto, as matriculas estavam suspensas.

"Eles deveriam pelo menos ter avisado, pois a UFMA comunicou sobre o prazo das matrículas que seriam nos dias 06 e 07, e quando chegamos aqui não podemos nos matricular", indigna-se. A aluna se diz frustada. "Depois de tanto tempo dedicado aos estudos e agora não ter uma definição sobre a sua matricula na instituição. É frustrante", comentou.

De acordo com o líder do movimento grevista, Mariano Azevedo, essa foi uma forma dos grevistas se fazerem ouvir, já que a articulação é um movimento nacional para a abertura de negociação com o Ministério do Planejamento, visto que, neste momento, 80% das atividades administrativas da Universidade estão paralisadas.

Segundo o Diretor do Departamento de Organização Acadêmica, Manoel Barros, a infraestrutura necessária para realização do processo de matrículas não foi inviabilizada com o movimento greviste. De todo modo, os funcionários aguardam o encaminhamento do MEC para dar prosseguimento às atividades no local.

Fonte: O Imparcial

terça-feira, 24 de julho de 2012

Governo finalmente cede e oferece um reajuste real de 25% a 40% para professores

O governo resolveu ceder e oferecer um reajuste real aos professores que varia de 25% a 40%. Os docentes de universidades federais estão em greve há mais de dois meses.

A proposta anterior, rejeitada pelos professores, previa um aumento de 16% a 45%. Segundo o governo, o aumento, que será concedido diluído durante os próximos três anos, começará a ser pago a partir de março de 2013. A proposta terá um impacto de R$ 4,2 bilhões no orçamento.

Além do reajuste salarial, outras 15 reinvidicações dos docentes como a diminuição de níveis para a ascensão de carreira foram aceitas.

O Proifes (Federação de sindicatos de professores de instituições federais de ensino superior) recebeu bem a proposta. No entanto, dois outros sindicatos que participaram da reunião com o Ministério do Planejamento na tarde desta terça-feira (24/7), a Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior ) e a Sinafese (Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), disseram que o ponto que tratava da reestruturação da carreira dos docentes não foi discutido. As entidas prometeram analisar a proposta.

O governo definiu como prazo para os professores aceitarem os termos apresentados para a próxima segunda-feira (30/7).

Fonte: O Imparcial

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Professores da UFMA optam por dar continuidade à greve


Professores da UFMA optam por dar continuidade à greve
Professores da Universidade Federal do Maranhão seguem orientação da base nacional e optam por continuar greve, iniciada no dia 22 de maio último.

Professores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realizaram assembleia para discutir o índice de reajuste oferecido pelo Governo Federal. A reunião se estendeu pela noite e pretendia definir a continuidade ou não do movimento grevista. Ocorre que, a direção local seguiria o entendimento da base nacional: de permanecer com a greve, apesar da proposta. O governo ofereceu reajuste que chegaria a até 45% no prazo de três anos, a contar de julho de 2013, mais redução dos níveis da carreira, reivindicado pelos docentes. Mas, para o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica (Sinasefe), a proposta trará perda salarial para a maioria das categorias, pois o reajuste será menor que a inflação. A greve dos professores e servidores das instituições federais completa dois meses.

O sindicato também critica o Plano de Cargos de Carreiras apresentado pelo Governo, que, segundo a categoria, exigiria dos professores mestres que obtivessem outros títulos, como um doutorado para avançar nas carreiras. O comando local reivindica a autonomia e democratização da universidade; qualidade no ensino, pesquisa e extensão; discussão quanto à terceirização do Hospital Universitário; critérios da interiorização; e melhores condições de trabalho. Em âmbito nacional a categoria luta pela reestruturação da carreira para que sejam unificadas as funções e subdivididas em três níveis e reajuste salarial compatível com a inflação.

A pauta de reivindicações da categoria inclui ainda reposição salarial de 4% firmada em acordo no ano passado; incorporação da gratificação aos salário-base, cuja data final foi 31 de março último; reposição salarial de 22,08%; unificação das carreiras de docente da rede federal do ensino básico/tecnológico e superior; reestruturação da carreira de professor federal; paridade entre ativos, aposentados e pensionistas; melhoria nas condições de trabalho; e contra a privatização da saúde pública. Os professores querem também maior participação dos conselhos como instituições deliberativas e não apenas consultivas, conforme vem ocorrendo atualmente.

Fonte: O Imparcial

terça-feira, 19 de junho de 2012

Reunião entre governo e professores sobre a greve nas Universidades Federais é adiada


Encontro que seria nesta terça-feira ficou para a próxima semana. 

Paralisação de professores deixa 54 instituições sem aula.

A reunião que estava programada para esta terça-feira (19) entre o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, e representantes dos professores e servidores para discutir a greve nas universidades federais foi adiada. Uma nova data ainda não foi marcada, mas segundo a assessoria da secretaria do ministério, o encontro deverá ser realizado “na semana que vem”. A greve iniciada em 17 de maio atinge 55 instituições federais de ensino superior.

A assessoria da secretaria do ministério confirmou o adiamento e alegou envolvimento do ministério com outras questões de governo esta semana. Além disso, houve pouco tempo desde a última reunião para definir uma proposta consolidada para os professores que estão em greve há pouco mais de um mês que agregue vários setores do governo, como o Ministério da Educação, a Casa Civil e o Ministério da Fazenda.

“A reunião do Comando Nacional de Greve irá avaliar o quadro e definir seus passos nacionais. Aguardamos agora a convocação para a próxima reunião. A responsabilidade está com o governo”, disse Marina Barbosa, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).

Mais de um mês
A greve dos professores das universidades federais completou um mês neste domingo (17). O movimento começou em 17 de maio e, segundo o sindicato nacional (Andes), atualmente professores de 54 instituições federais de ensino superior paralisaram as atividades: 49 universidades (cerca de 90% do total) e cinco dos 40 institutos ou centros federais de educação tecnológica estão parcial ou totalmente parados.

Estudantes de pelo menos 19 das 46 universidades também entraram em greve para pedir melhores condições de ensino. Segundo a Andes, a greve afeta mais de 1 milhão de alunos.

A categoria pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, considera a greve injusta e diz que todos os acordos firmados em 2011 com os professores universitários da rede federal foram cumpridos pelo governo.

Fonte: G1

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Vendas no comércio de SL caem 35% durante greve dos Rodoviários

Prejuízos com a greve dos rodoviários também para o comércio da capital. É o que afirma as entidades de classe dos comerciários. De acordo com levantamentos feitos pela Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL), Sindicato dos Comerciários e Fecomercio-MA, somente em uma semana de greve houve uma queda nas vendas em torno de 35% e a movimentação de clientes caiu pela metade (50%).

Oswaldo Müller, presidente do Sindicato dos Comerciários foi enfático: "o comércio está parado". Ele disse ainda que "de modo geral todas as categorias foram prejudicadas. Para o comércio é bastante notável principalmente na Rua Grande, onde é mais frequentada por pessoas de baixa e média renda e que dependem do transporte coletivo para se deslocar", afirmou Müller.

José Terceiro, secretário administrativo da CDL, afirma que há um grande prejuízo para toda a população, mas principalmente para os comerciantes que tem alterar os horários de funcionamento. "Os comerciantes estão tendo prejuízos fornecendo um transporte alternativo e tendo que abrir mais tarde e fechar mais cedo para viabilizar o deslocamento seguro de todos", disse José Terceiro.

"A persistência da greve é preocupante, não só para o comércio, mas também para toda a população que depende do transporte coletivo. Podemos afirmar que o faturamento do mês está comprometido", afirmou o secretário administrativo da CDL.

A preocupação de José Arteiro, presidente da Fercomércio-MA, também é semelhante. "Pouco mais de 70% dos habitantes de São Luís utilizam transporte público para se locomover. A impossibilidade de circulação da maior parte dos consumidores gera um resultado bastante negativo para as vendas do comércio da capital. Além dos prejuízos em vendas, há uma semana os empresários tem tido que arcar com os custos extras de transporte alternativo para trazer os funcionários aos seus postos de trabalho. O pequeno empresário, que não tem como arcar com esse custo, estão de portas fechadas, pois, seus colaboradores não têm como sair de casa", afirmou José Arteiro da Silva.

Fonte: O Imparcial

Rodoviários revelam que não há nenhuma possibilidade de paralisação total

Depois de ter suspendido a greve geral, e ter disponibilizado 50% da frota dos coletivos, mais um dia se passou sem um acordo ter sido definido entre o Sindicato das Empresas de Transporte (SET) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Maranhão (Sttrema).

À equipe de O Imparcial, a secretaria da presidência do sindicato dos rodoviários informou que não existe a possibilidade de a greve retornar aos 100% e que tudo vai depender do que for decidido nas reuniões.

"Nesta terça, a greve continua com os 50% porque ainda não houve um acordo entre os sindicatos. Tudo indica que estamos chegando perto de um denominador comum. Acredito que, ainda que não seja feito o acordo, a possibilidade da greve voltar aos 100% não existe", garantiu a secretaria da presidência do Sttrema.

Duas reuniões devem acontecer nesta terça-feira (29) entre SET e rodoviários. Uma na Câmara Municipal dos Vereadores de São Luís, localizada na esquina entre a Rua da Alfândega com a Rua da Estrela no bairro da Praia Grande.

A outra reunião será na sede do Ministério Público do Trabalho, que está marcada para as 15h, também é aguardada para que se posse chegar a um acordo que ponha fim na greve dos rodoviários que já dura uma semana.

O presidente do sindicato dos rodoviários, Dorival Silva, informou ainda que a Prefeitura foi convidada a participar da nova rodada de negociações, porém, esta ainda não teria se manifestado a respeito.

Fonte: O Imparcial