Sérgio
Moro gastou uma passagem para Londres para dizer que “julgamentos não são políticos” e que “o juiz tem de julgar de acordo com a prova“.
Para
verificar o grau de sapiência contido nestas duas declarações é só invertê-las
e ver se poderiam ter sido ditas ao contrário. Evidente que não e, por isso,
não passam de obviedades, conquanto não sejam verdade no caso de seu julgamento
sobre Lula.
É
fácil demonstrar.
Lula
é acusado de receber um “triplex” em troca de corrupção na Petrobras, praticada
por dirigentes da empresa.
A
questão a responder é: Lula recebeu o apartamento? Recebeu pessoalmente ou por
interposta pessoa, um “laranja”?
Nem
mesmo o delator Léo Pinheiro consegue dizer que recebeu e admite que o apartamento
não deixou de pertencer, por um dia sequer, à empreiteira e pertence ainda
hoje.
Portanto,
se não recebeu o apartamento, não há crime a julgar, como não se pode julgar um
homicídio onde o “morto” está vivo e gozando de boa saúde.
Juridicamente,
falta materialidade no suposto “crime”. Mesmo que se considere um suposto
“pedido” de vantagem, quem o teria feito, nas palavras do próprio (e único)
acusador de Lula, quem o teria feito não foi Lula. Seria preciso provar que
quem pediu – se pediu – o fez por determinação do ex-presidente, e igualmente,
não há quem afirme que foi.
Mesmo
que Lula tivesse interesse no apartamento, quem garante que, decidido a
comprar, não fosse perguntar à dona do imóvel, a OAS, quanto mais teria de
pagar, além da cota em nome de Marisa Letícia?
Então,
o que o Dr. Moro tem em sua pauta de julgamento, em relação a Lula é ter
recebido um apartamento que não recebeu ou de tê-lo solicitado, o que ninguém
diz que fez.
Mas
Sérgio Moro vai condenar Lula, sem ter prova alguma de que ele recebeu ou que
sequer pediu o imóvel para si, condenará por um “crime” que não há uma prova
sequer de que existiu.
O
que resta ao Dr. Moro para condenar Lula é dizer que uma
empresa pagou a armazenagem de uns quantos caixotes de tralhas presidenciais, o
que além de absurdo é ridículo: o “chefe da propinocracia”, segundo o powerpoint
de Deltan Dallagnol teria como benefício um depósito de caixas de papelão ou de
plástico.
Difícil
alegar que seria esta a contrapartida por contratos de bilhões é patético.
Como,
entretanto, o Dr. Moro diz que o um juiz julga de acordo com as provas e provas
não há, a condenação será aprova de que o julgamento é e será político.
Como
tudo o que ele fez, em todo o processo, é político.
Se
não é, teria de absolver Lula.
E
destruir-se, por tudo o que fez ao ex-presidente.
Quem
leu Os Miseráveis, entretanto, sabe que Moro sequer tem a grandeza de
Javert na cena final, ao atirar-se às águas do Sena.
Do
Tijolaço