"O
que se trava aqui, a rigor, a par de um debate sobre competência, é uma disputa
de poder, e se quer ganhar a fórcepes, constranger, amedrontar as
pessoas", criticou o ministro.
O
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou o
julgamento de hoje sobre se a Justiça Eleitoral será responsável pelos
processos da Operação Lava Jato para criticar duramente o protagonismo assumido
pelos procuradores da força-tarefa de Curitiba.
Os
procuradores vinham divulgando diversos artigos contra a remessa para a Justiça
Eleitoral dos processos de corrupção e lavagem de dinheiro associados a crimes
eleitorais, como se enquadram a maioria dos inquéritos da Lava Jato. Na sessão
de hoje (14), Gilmar disse que o objetivo dos procuradores é disputar poder.
“O
que se trava aqui, a rigor, a par de um debate sobre competência [atribuição
legal], é uma disputa de poder, e se quer ganhar a fórcepes, constranger,
amedrontar as pessoas”, disse, emendando que além das próprias pressões
exercidas pelos integrantes da força-tarefa, estão abusando do poder que lhes
compete como investigadores.
As
falas de Gilmar ocorrem após a própria Procuradora-Geral da República, Raquel
Dodge, solicitar por meio de um recurso com liminar o bloqueio da criação do
fundo bilionário que ficaria a cargo de uma fundação que seria controlada por
membros do MPF do Paraná.
Apesar
do julgamento de hoje não guardar relação com a recente polêmica, Gilmar
criticou a tentativa dos procuradores de concentrar poderes, um dos pontos da
crítica de Dodge também.
“O
que se pensou com essa fundação do Deltan Dallagnol [coordenador da
força-tarefa da Lava Jato] foi criar um fundo eleitoral. Imagine quanto se
teria à disposição. Esta gente faria tudo no Brasil, faria chover com esse
dinheiro. É projeto de poder, é disso que nós estamos falando”, mencionou o
ministro.
A
exemplo do ativismo que vinha adotando a força-tarefa, o procurador Diogo
Castor, um dos integrantes, chegou a escrever um artigo publicado no site O
Antagonista, acusando o Supremo Tribunal Federal de “ensaiar o mais novo golpe
à Lava Jato”.
Gilmar
disse que o “combate à corrupção tem que se fazer dentro do âmbito da lei”, ao
anunciar o seu voto, favorável a que a Justiça Eleitoral assuma a
responsabilidade de investigar crimes que tenham relação com delitos
eleitorais, como estabelece a Constituição.
Do
GGN