Foto:
STF/Divulgação
A
Procuradoria-Geral da República se prepara para apresentar uma denúncia contra
o presidente da República, Michel Temer. A notícia da previsão do início da
briga judicial contra Temer e seus aliados, incluindo Aécio Neves (PSDB-MG),
para esta semana já era propagada e tornou-se certeira com a peça enviada
contra Aécio nesta sexta-feira (02).
O
documento, inclusive, arrola diretamente Temer em uma das acusações contra o
senador tucano. É o caso que menciona a troca do comando do Ministério da
Justiça como forma de obstruir a Operação Lava Jato.
O GGN antecipou
na última sexta (02) a prisão do ex-deputado e ex-assessor de Michel
Temer, Rocha Loures, e da intenção do Procurador-Geral da República, Rodrigo
Janot, de acelerar as denúncias contra os políticos envolvidos. A prisão de
Loures também sinal claro de ameaça direta contra o mandatário.
Do
lado do Executivo, a troca do ministro da Justiça, em pleno domingo, com o novo
titular Torquato Jardim sinalizando a estratégia já deflagrada nos grampos: a
substituição do diretor-geral da Polícia Federal, foi vista como gesto claro de
guerra aberta do governo contra as investigações.
Por
isso, a Procuradoria propagava uma "fritura em alto grau", com o
envio imediato de denúncias contra políticos com foro privilegiado, nas
próximas semanas. Foi o caso de Aécio, denunciado logo na noite de sexta-feira.
A
expectativa foi materializada: "Após a deflagração da 'Operação Patmos' em
18 de maio de 2017 e a revelação do envolvimento do próprio presidente da
República, Michel Temer, em supostos atos criminosos, a pressão do senador
Aécio Neves e outros investigados intensificou-se, e Osmar Serraglio foi
efetivamente substituído no Ministério da Justiça por Torquato Jardim",
disse Janot, em trecho da peça contra Aécio.
O
procurador também mencionou na denúncia o relato das gravações feitas pelo ex-presidente
da Transpetro com caciques do PMDB, em que negociam a chamada "solução
Temer", como forma de barrar a Operação Lava Jato, como também noticiamos
no dia 31 de maio. A conclusão da Procuradoria-Geral da República já era no
inquérito que não há dúvidas de que Aécio Neves (PSDB-MG) atuou para barrar o
avanço da Operação Lava Jato.
No
primeiro documento, o inquérito, a PGR certificava que dentro da estratégia de
obstrução da Justiça estava a conversa de Sérgio Machado, em que caciques do
PMDB articulavam "estancar a sangria" da Operação Lava Jato. Machado
conversou com os parlamentares no último ano, gravou e, em seguida, após entrar
para a mira dos investigadores, entregou as mídias como provas.
Um
ano depois, os novos indícios contra Aécio Neves revelam a continuidade da
articulação iniciada pelos parlamentares da ex-oposição desde o impeachment de
Dilma Rousseff. A conversa de Machado mostrava que a saída de Dilma era um dos
primeiros passos para se conseguir paralisar a Lava Jato. Agora, mostra a PGR,
Aécio, Jucá e outros políticos seguiram na articulação para obstruir.
Com
a concretização da prisão de Loures e da denúncia contra Aécio, o próximo passo
dos procuradores da Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) é
claramente a denúncia contra Michel Temer. O grande risco motivou duas
ofensivas por parte do Planalto: uma, na auto-defesa, Temer iniciou ataques
contra Rodrigo Janot, afirmando que o PGR busca "constranger" o TSE a
condená-lo; e paralelamente, a base de Temer no Congresso com o PSDB agiliza
também a tentativa de inferir sobre a credibilidade das acusações, agora que
atingiram toda a cúpula do governo.
"Temos
indicativos de que virão movimentos e iniciativas de Janot às vésperas do
julgamento do TSE na tentativa de constranger o tribunal a condenar o
presidente", disse o advogado de Temer, Gustavo Guedes, com o efeito de
que antecipasse algum tipo de irregularidade. "Nos preocupa muito o
procurador-geral da República se valer de toda a estrutura que tem para tentar
constranger um tribunal superior", disse, ainda.
Do GGN