quinta-feira, 30 de setembro de 2021

‘VALE-GÁS’ VAI SER VENDIDO PARA COMPRAR COMIDA? POR FERNANDO BRITO

Caro leitor, querida leitora: quando se trata de dar comida a filhos famintos, os códigos morais em tudo se submetem à preservação da vida das crianças.

No Brasil onde 19 milhões de pessoas passam fome – fome mesmo, a chamada insegurança alimentar grave – simplesmente dar um botijão de gás para cozinhar a comida que não existe é a ironia das ironias.

E ninguém duvide que muitos dos botijões não virar comida para barrigas em chamas se um botijão seguir custando mais dinheiro do que estas pessoas têm para comer.

O anunciado programa da Petrobras de usar R$ 300 milhões (ou R$ 20 milhões, durante 15 meses) para distribuir botijões de gás a famílias carentes tem estes e outros problemas de execução.

E de insuficiência. Em 2002, quando Fernando Henrique lançou o “auxílio-gás” para 5 milhões de famílias carentes, eram dados 15 reais a cada uma, de dois em dois meses, aproximadamente o valor de um botijão, à época a este valor. Portanto, um gasto de R$ 75 milhões por bimestre, ou R$ 37,5 milhões por mês.

Considerando um valor de R$ 100 por botijão, hoje, o programa anunciado pela Petrobras representa míseras 200 mil famílias, 25 vezes menos que o programa de FHC.

Mas há, e é importantíssimo, uma virtude. O “mercadismo”, diante do escândalo dos preços, vai aceitar de bico calado que a empresa petroleira do país – e todas as demais – tenha responsabilidade em que seu produto seja acessível aos mais pobres, como deve ser.

Havia subsídio ao gás de cozinha até 2019 e isso foi eliminado exatamente por este governo.

Se um governo de esquerda anunciasse que ia tirar R$ 300 milhões do lucro da Petrobras (ou menos de 1% do que distribuiu em lucros e dividendos antecipados este ano) não faltariam gritos de que estava interferindo na empresa, que é dos acionistas, etc, etc…

É bom que ele seja implantado. Estabelecido o princípio, ajusta-se o programa e faz-se com que funcione de forma adequada.

E a melhor maneira de fazer isso é dar o auxílio em dinheiro, como complemento aos pagamentos emergenciais e Bolsa Família, porque reduz fraudes, burocracia e aproveita uma estrutura já pronta de capilaridade no interior e na periferia das cidades.

Tijolaço.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

CPI NÃO GANHOU NADA COM TEATRINHO DE HANG, POR FERNANDO BRITO

Deprimente, descarado, patético, Luciano Hang foi o primeiro bolsonarista integral na CPI da Pandemia que, ao contrário dos demais, não escapou de defender todo o arsenal de asneiras e charlatanismos sustentado por Jair Bolsonaro ao longo de todos estes meses de desastre sanitário.

Embora tenha levado um “freio” depois do inacreditável início de seu depoimento, onde sem nenhum pudor exibiu parte de um vídeo de propaganda da Havan, não houve um momento sequer onde ele, com o apoio dos ginasiais que faziam barulho na sala das sessões, tivesse assumido uma postura defensiva ou escapista como os integrantes do governo fizeram em outras sessões.

Era previsível, como previsível era para os senadores da CPI que insistiram em sua presença deveriam saber.

Nem Omar Aziz, que já teve momentos de ironia e sarcasmo desconcertantes em outros depoimentos levou vantagem: deveria saber que seria difícil saber que seria impossível ser blasé diante do que ele próprio chamou de “monstruosidades” de Hang.

Monstruosidade que, embora repugne, já é sabida por todas as pessoas que não deixaram o estado de lavagem cerebral que o bolsonarismo atingiu, mesmo com a montanha de 600 mil corpos que ela lançou à morte.

Aliás, situações repugnantes não faltaram, desde o início merchã do “depoimento” até a fala final do tal Eduardo Girão pedindo patrocínio da Havan para os clubes de futebol do Ceará.

Reafirma-se o que se tem dito aqui: a hora de encerrar-se a CPI e apresentar-se seu elatório de responsabilidades está passando velozmente e grave erro será esticá-la como novela, por mais absurdo sejam os fatos novos que surgem a cada semana.

O momento é o de apontarem-se os crimes – e muitos – ao sistema judicial e pressionar para que os processos legais tenham curso.

Mas também de saber que só haverá punição para os monstros quando o maior deles for retirado do poder.

Tijolaço.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

LIRA ‘EMPURRA’ PARA GOVERNADORES NOVO AUMENTO DA GASOLINA, POR FERNANDO BRITO

O reajuste do óleo diesel, anunciado hoje, deixou claro que é inevitável que a Petrobras reajuste também a gasolina, ainda mais porque o etanol, que compõe 17% do preço do combustível, também está em alta forte (4%, só em setembro).

É por isso que Arthur Lira, o presidente da Câmara, do nada, passou a fazer declarações de que o preço de R$ 7 reais da gasolina – de resto, já praticado há quase um mês – é “inaceitável” e que imporá aos governos estaduais um valor único – mais baixo, por suposto – ao ICMS dos combustível por decisão da Casa.

Lira sabe que isso não tem previsão constitucional. Só o Senado pode interferir em alíquotas de operações de circulação interestadual de mercadorias.

É uma jogada para se descolar da má repercussão do aumento e para fazer coro às desculpas de Jair Bolsonaro sobre a inflação. Tanto que fez a bravata ao lado dele, numa cerimônia em Alagoas.

A queda de inflação esperada para outubro – é certo que a de setembro ficará bem além de 1% – é desesperadora para o governo, que está ainda sob o pesadelo de uma estagnação prolongada da estagnação econômica, ao ponto de estar planejando a extensão do parco auxílio emergencial até abril do ano que vem.

Não é a política o que está afundando, teimosamente, Jair Bolsonaro, é a economia.

Tijolaço.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

PALCO PARA UM PALHAÇO? POR FERNANDO BRITO

Será hoje à noite a reunião do comando da CPI da Pandemia na qual se “baterá o martelo” sobre a anunciada convocação do patético Luciano Hang para depor no Senado, em princípio na quarta-feira.

Tomara que não o chamem, porque será um espetáculo degradante, no qual só a decadência dos costumes políticos irá ganhar.

Trata-se de um destes endinheirados recalcados, que procura, com micagens, suprir a falta de qualquer atributo intelectual ou de empatia pessoal.

Do seu caráter, nada mais se precisa falar que as horrendas réplicas de fibra da Estátua da Liberdade, 3.600 quilos de mau gosto e, pior, do seu falso lamento pela mãe “ter morrido sem o tratamento precoce” contra Covid, mesmo tendo aquela pobre senhora tendo sido entupida do tal kit e de ozônio na tal Prevent Senior.

Mas não se negue a Hang o talento de clown, vestido com suas roupas de papagaio verde-amarelo, como um bobo da corte milionário, que acredita que o dinheiro lhe faz mais do que um mascate divertido.

E ele mostra que está pronto a explorar estes talentos na CPI, já divulgando um vídeo com algemas, sugerindo que as comprou para “economizar dinheiro público”.

Hang tem a certeza de que ninguém pode com o seu dinheiro e que, como aconteceu até agora, as irregularidades e situações obscuras de seus negócios estão protegidas pela condição de “amigo do homem”.

E é isso mesmo: enquanto houver Bolsonaro, Hang é ininputável e terá todos os “homens de poder”, em especial os de Santa Catarina, a seus pés.

O encontro de Hang com a justiça se dará, mas só daqui a algum tempo. Até lá, economize-se picadeiro para ele, porque é um erro subestimar a sua cara-de-pau e de mentir de forma convincente.

Numa delegacia de polícia, quando este dia chegar, sem plateia ou câmaras de TV, ele será outro.

Tijolaço.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

TEMPO RUIM PARA A PROLE BOLSONARO, FERNANDO BRITO

De repente, ficou leve a molecagem de Jair Renan Bolsonaro posando com armas de pressão e sugerindo uma reação à CPI. Pode ser coisa de “fedelho imberbe”, criado num condomínio, com a arrogância de quem tem um pai arrogante e ferrabrás para garantir-lhe a valentia.

Leve, porque só hoje vieram à tona a inexplicável sucessão de saques diários da conta de uma empresa da ex-mulher do presidente, a misteriosa viagem, paga com dinheiro público, para o filho Flávio reunir-se com donos de cassinos de Las Vegas e o apontamento, pela Justiça, de que há “fortes indícios” de que Carlos Bolsonaro seja o chefe de um “regime organizado” para a prática de crimes.

De quebra, o “primo” Leo Índio passou a ser investigado pela Procuradoria Geral da República por ilegalidades na organização e financiamento dos atos do 7 de Setembro.

Grande dia, dir-se-ia na gíria bolsonarista.

E tudo isso com o patriarca quarentenado no Palácio da Alvorada, sem poder sequer passar pelo “cercadinho” de apoiadores e distribuir alguns coices e palavrões e invocar Deus como seu advogado, de vez que Frederick Wassef e Karina Kufa também andam encrencados.

Tenho a impressão que, a esta altura, a tinta da carta comportada escrita pelo “Tio” Temer está se desfazendo.

Bolsonaro sabe que dos destinos que ele próprio previu para si – “a prisão, morte ou vitória” – é o primeiro que está se desenhando, dependendo apenas de sua saída do governo, no dia 5 de janeiro de 2023.

Ele, que sempre foi um lobo solitário – ou quase, porque sempre protegendo sua matilha familiar – não vai demorar a uivar e mostrar as presas outra vez.

Tijolaço.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

IPEC, EX-IBOPE, MOSTRA LULA PERTO DE VENCER EM 1° TURNO, POR FERNANDO BRITO

A pesquisa do Ipec, instituto de pesquisas formado por integrantes do agora extinto Ibope, sobre as intenções de voto para presidente confirma e amplia o que o Datafolha havia revelado semana passada: a eleição está cristalizada, com forte tendência a uma vitória, ainda em primeiro turno, do ex-presidente Lula, o lento e gradual desgaste de Jair Bolsonaro que, apesar disso, não dá chances ao surgimento de uma 3ª Via, por manter ainda a coesão do eleitorado de direita.

Escolhi para exemplificar os números, o cenário com mais candidatos, que é o mais provável hoje. Com um improvável número menor de concorrentes, ele tem mais (48%) e chega a 55,8% dos votos, uma margem segura para vencer na primeira disputa. Neste, com 52,3%, ainda fica a possibilidade de ter de disputar um segundo turno, dependendo de oscilações da pesquisa.

E este mostra o nanismo geral da 3ª Via, com os percentuais muito baixos de Ciro Gomes e Sérgio Moro (6% e 5%, respectivamente) a prenunciar um resultado pífio de ambos. O resto, Datena, Doria, Mandetta e Pacheco, a rigor, não existem como concorrentes, no cenário de hoje.

Com dois terços do eleitorado escolhendo Lula, majoritário, e Bolsonaro, não há espaço para que um gato saia do balaio restante e possa fazer frente a ambos.

Também não parece haver espaço para uma recuperação significativa de Bolsonaro, que chega a 69% de desconfiança dos eleitores.

A realidade está se impondo sobre as alegações de que Lula teria uma resistência intransponível e, embora não tenha havido a divulgação de cenários de um eventual segundo turno – pode ser que ainda saia, difícil crer que não tenham testado esta possibilidade – é de se imaginar que Lula possa ter bem perto de 70% dos votos válidos numa disputa “mano a mano” com Bolsonaro.

Os de “punho de renda” jamais vão entender o povão e suas escolhas.

Tijolaço.

O DEDO DE QUEIROGA É A ESPÍCULA DO RIDÍCULO, POR FERNANDO BRITO

O teste positivo de Marcelo Queiroga para a Covid-19 é um irônico castigo para uma autoridade sanitária que não pratica as medidas que, em tese, deveria defender.

Como o ministro apresentou um teste negativo para viajar a Nova York, é muito provável que tenha contraído o vírus de um dos integrantes da vasta e perdulária comitiva presidencial. Talvez, até mesmo no avião presidencial onde, a começar pelo “chefe”, ninguém usava máscara.

É claro que qualquer pessoa, mesmo vacinada, está sujeita a contrair o coronavírus e tudo indica que não haverá maiores complicações com o ministro – e ninguém o deseja.

Mas é evidente que o diagnóstico positivo vira mais um “mico” para um governo cujo líder foi, na manhã do mesmo dia, à tribuna da ONU sugerir suas poções mágicas contra a Covid.

E para um ministro que, sem nenhuma compostura, esticou, num gesto de ofensa, o dedo médio para um “fuck you” aos manifestantes que vaiavam sua comitiva virótica, mais ainda porque o fez com um saldo de 600 mil brasileiros mortos pela pandemia, mais da metade deles em seus seis meses de gestão.

Quem sabe mesmo fosse uma espícula das várias que tem o Sars-Cov2, pronta a contaminar quem está em volta da condição ridícula que assumiu.

O governo de nosso país – e o país, em consequência – está mundialmente visto como um misto de burrice, fanatismo e irresponsabilidade, ingredientes da fórmula do negacionismo.

Tijolaço.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

O MENTIROSO ‘LIMPADOR DE PARA-BRISAS’ NA ONU, POR FERNANDO BRITO

A única novidade no discurso de Jair Bolsonaro foi que, por colocarem dos teleprompters, a cabeça do presidente brasileiro parecia um limpador de para-brisas, virando seguidamente, a cada frase, para uma litura mecânica de um texto que só não é uma comédia porque representa uma desgraça para milhões de pessoas.

O Brasil, disse ele, foi estava “à beira do socialismo” e por ele foi salvo deste terror. Hein? Se alguém souber de algum patrimônio confiscado, alguma fábrica estatizada, alguma fazenda transformada em cooperativa, por favor, cartas para a redação.

O resto do discurso foi tão veraz como esta parte.

Com Bolsonaro, reduziu-se o desmatamento, só que aumentou.

A vacinação foi uma maravilha, apesar de tardia e deixando 600 mil mortes de “saldo” e descoordenada até hoje.

Somos o país do “tratamento inicial” da Covid – parabéns ao redator que rebatizou o “tratamento precoce” com cloroquina – e. incompreendido, não sabemos porque o mundo, os cientistas e a imprensa duvidam de nosso charlatanismo, devidamente avalizado por uma casa de politicagem que leva o nome de Conselho Federal de Medicina.

As manifestações em seu favor foram as maiores da história, embora não tenham, nem de longe, sido.

A corrupção acabou e as mutretas nas compras de vacina, rachadinhas e as piruetas dos lobistas não são “casos concretos”.

O Brasil asilará os “cristãos” do Afeganistão, embora os perseguidos sejam muçulmanos não talibãs quase todos os perseguidos, uma vez que são quase inexistentes minorias cristãs e judaicas.

O Brasil prospera enquanto seu povo vai para a calçada e come, quando tem, pés de galinha.

Somos um país atraente para o capital internacional, que, entretanto, sai, faz o dólar subir e eleva a inflação.

E assim se passaram 12 acabrunhantes minutos de seu discurso, parcamente aplaudido, por cortesia, e destinado a ser um exemplo de como um país gigante como o nosso pode cair nas mãos de um patético anão mental.

Vira pra lá, vira pra cá, pra cá, pra lá, como um Jair Teimoso horizontal, a sacudir a cabeça minúscula e primária, de onde não sai nenhuma ideia, nenhuma causa, nenhuma verdade.

Tijolaço.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

BRASIL VIRA PIADA, BORIS JOHNSON ‘MANDA’ BOLSONARO SE VACINAR. POR FERNANDO BRITO

Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, é, todos sabem, uma figura caricata. com seus cabelos desgrenhados e suas caretas e tiradas politicamente desarranjadas.

Mas Jair Bolsonaro o supera, longe.

O tabloide popular Daily Mirror, um dos de maior circulação na Inglaterra, descreveu assim o encontro entre os dois, usando e abusando das referências jocosas que o presidente brasileiro tem no exterior.

Boris Johnson rasgou o protocolo diplomático ao dizer ao presidente Jair Bolsonaro para se vacinar contra o coronavírus .
Em uma reunião nas Nações Unidas em Nova York, o primeiro-ministro sugeriu que o negacionista da Covid, que se recusa a receber a vacina, ele a aceitasse.
Bolsonaro se gabou de ter desenvolvido imunidade “excelente” à doença, que matou quase 600.000 brasileiros.
Enquanto isso, o primeiro-ministro revelou que havia prometido vir ao Brasil antes da “chatice” da Covid-19.
O Sr. Johnson disse que estava “encantado” por conhecer o líder populista de extrema direita, que disse que “seria incapaz de amar um filho gay”, descreveu uma política como “não digna” de ser estuprada, e rotulou de imigrantes “os escória da terra”.

The Guardian narra que “quando a imprensa foi conduzida para fora da sala antes da reunião, Johnson disse aos repórteres : “Obrigado a todos, tomem as vacinas AstraZeneca”. Ele então se virou para Bolsonaro, dizendo incisivamente: “Já tive duas vezes”. Em resposta, Bolsonaro apontou para si mesmo, rindo, e balançou o dedo. “Ainda não”, disse ele por meio de um intérprete.

Só faltou dizer que é imorrível.

Tijolaço.

sábado, 18 de setembro de 2021

A FÁBRICA DE FANTASIAS DA TERCEIRA VIA, POR FERNANDO BRITO

 

Ciro Gomes com José Luiz Datena de vice.

Mas Datena filiou-se, há dois meses, ao PSL, que foi e ainda é, pela metade, o partido de Jair Bolsonaro.

O PSL pretende se fundir ao DEM, que é todo Bolsonaro, mas tem um candidato demitido e humilhado por ele, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, e um candidato que está por lá, mas pretende ir para o PSD, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Como para o PSD pretende ir o ex-padrinho e agora desafeto de João Doria, Geraldo Alckmin, saindo de um PSDB em liquidação litigiosa, onde o atual governador de São Paulo e o do Rio Grande do Sul, ex-Bolsodoria e ex-Leitedoria disputam um eleitorado minúsculo.

Esta movimentação alucinada de candidatos, nenhuma delas correspondendo a causas e projetos que competiriam a um governo de reconstrução nacional, depois do estrago a que a democracia brasileira e as estruturas econômicas do país vêm sendo submetidas há mais de cinco anos é, para ser direto, ridícula.

Os apelos a que se forme ualquer unidade opositora começam, é claro, justamente pelo que não vem sendo discutido: a fixação de um programa mínimo de reerguimento do país: estímulo ao emprego, elevação dos salários de base dos trabalhadores, proteção ao patrimônio público, especialmente da Petrobras, recomposição do orçamento social, anulação das medidas arbitrárias e lesivas à paz social, como as liberações de armas, restauração das políticas ambientais , enfim, o que há de urgente e inadiável para o pais.

O resto é ciranda política, que tem seu lugar, mas não o centro das preocupações.

Tijolaço.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

INSEGURANÇA ECONÔMICA AUMENTA E DÓLAR VAI A R$ 5,34. POR FERNANDO BRITO

 

O anúncio do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado ontem à noite (para valer a partir de 2ª-feira) está agitando o mercado financeiro esta manhã.

O dólar, agora há pouco, superou os R$ 5,34 , um nível até um pouco maior do que o do dia 8 de setembro, quando a tesão provocada por Bolsonaro – o “barulho político ao qual Guedes atribuiu a alta do dólar.

A Bolsa, em queda de 1,6%, também ultrapassou a mesma cotação em baixa daquele dia.

O mercado financeiro parece ter se convencido de que o bolsonarismo, apesar de jurar de pés juntos que o “teto de gastos” não será violado, prepara-se para fazê-lo.

Esta gente não é boba e procura se proteger na moeda norte-americana, porque sabe do cenário sombrio que temos.

Até para os leilões de privatização, que são uma bala muito doce, pela necessidade do governo fazer dinheiro cash a coisa está esquisita e o Valor Econômico diz que “Instabilidade política pode afugentar novos grupos estrangeiros dos leilões de infraestrutura“.

Bolsonaro quer, com os R$ 2,4 bilhões que a nova alíquota do IOF vai gerar pagar já em novembro o Bolsa Família de 300 reais, o que será bom para gente que precisa, mas pode, com isso, acelerar a marcha já descontrolada da inflação, que tira de muito mais gente aquilo que o auxílio que o auxílio dará.

Tijolaço.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

NINGUÉM TEM CARÁTER NO GOVERNO BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

Quando Marcelo Queiroga foi escolhido para ocupar o lugar de Eduardo Pazuello, este blog disse que este senhor teria o mesmo destino inglório do general-ministro.

Apenas vestiu com jaleco branco e escondeu sobre as caixas de vacina que, afinal, começaram a chegar, a incompetência arrogante com que o militar dirigia a Saúde.

Dobra-se, como naquele “um manda o outro obedece” em não assumir com vigor o combate ao charlatanismo, curva-se diante das absurdas sugestões de Bolsonaro em abolir as máscaras e, sobretudo, nunca conseguiu -nem mesmo tentou – assumir o comando de um processo de vacinação que seguisse regras claras e homogêneas para todo o país.

O resultado foi que prefeitos e governadores, com erros e acertos aqui e ali, mas sem a sinergia que um plano nacional de vacinação poderia dar-lhes, fizeram várias “corridas malucas” de imunização. Datas, faixas etárias, critérios de prioridade, tudo correu na base do “cada um por si”.

Felizmente, pudemos contar com a tradição de vacinação que marca o Brasil desde há muitas décadas e a população acorreu aos postos, muitas vezes várias vezes de forma frustrada porque cada cidade tem uma regra.

Foi isso e não um esforço governamental eficiente que nos fez diminuir em 2 mil o número de mortes diárias.

Mesmo com um presidente que sabotava – e sabota – publicamente as vacinas, o Brasil foi se vacinar, expressão muito melhor do que “O Brasil foi vacinado”.

Este drama se repete, agora, com a questão da vacinação de adolescentes. Depois de décadas ouvindo “leve seu filho para ser vacinado”, temos um ministro dizendo “não levem seus filhos para recber vacinas”.

Suspender a vacinação com declarações terroristas contra a aplicação do imunizante em jovens é um crime, não só contra eles, mas contra todos que ainda estão por tomar a primeira e a segunda dose – e são muitos – porque coloca em dúvida a eficácia e a credibilidade da vacina.

Se o ministro é tão rígido com a eficácia provada de cada imunizante – e há a prova científica que a Pfizer é segura e eficaz em adolescentes – porque não é tão rígido com o charlatanismo patrocinado pelo governo a que pertence?

Porque foi capaz de dar entrevistas apelando a que não se vacinem jovens e não é capaz de fazer o mesmo com o uso de “poções mágicas” do gosto presidencial, como a cloroquina e a ivermectina?

E porque não saltou, furioso, para cobrar responsabilidade de um poderoso grupo de planos de saúde, a Prevent Senior, suspeita de estar realizando testes destes produtos usando seus clientes como cobaias humanas para reforçar o discurso de “cura milagrosa” do presidente da República.

Marcelo Queiroga é a antítese do SUS, que se funda em planejamento centralizado e execução descentralizada.

Não há planejamento na Saúde, como não há governo no Brasil.

O papel do Governo central é apenas o de buscar transferir culpas para governadores e prefeitos, como um mau militar transfere a culpa para seus oficiais e soldados, nunca para os erros dos comandantes.

Marcelo Queiroga não tem nada de diferente dos demais integrantes desta máquina de incompetência e incapacidade que dirige o Brasil: é só uma mixórdia a mais.

Tijolaço.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

GUEDES NÃO ESCONDE QUE BOLSONARO SÓ PENSA NOS PRECATÓRIOS, POR FERNANDO BRITO

O encontro, hoje, entre Paulo Guedes e Luiz Fux, se ainda fosse preciso, evidencia que a “paz e amor” do Jair Bolsonaro da semana é apenas a materialização daquele “se queres a paz, prepara-te para a guerra” do pré- 7 de Setembro.

Tão manso quanto o chefe, Guedes disse que estava ali em “um pedido desesperado de socorro” para que o Supremo desse o dito pelo não dito, recuasse na determinação de que se pagassem os precatórios indiscutíveis com o Orçamento de 2022.

Podem, de fato, ser parte por motivos nobres: bancar o auxílio que sucede o Bolsa Família. Mas a quantia que se quer permitir ser transferida ao próximo governo é quase três vezes o que seria necessário para isso.

É um cheque de R$ 59 bilhões, valor que seria empurrado para o próximo governo e que, portanto, terá de sair de programas de investimento e de assistência social.

Este é o problema no aspecto ético: assumir que o novo mandatário do país, para pagar o “pendura”, terá de tirar de algum lugar, provavelmente dos próprios programas sociais que se diz querer alavancar.

O segundo problema é o técnico-jurídico: as cortes judiciais não podem mais decidir pelo ângulo do Direito, mas só pela conveniência administrativa o que o Governo Federal deve e deve pagar?

Vai criar uma bola de neve infindável de “papagaios” que se empina para 22,24,25, 26…? Porque pedalar com a desculpa do “teto”, se virar regra, durará tanto quanto ele: 10 anos sem revisão e mais 10 depois de revisto, a contar de 2016. Até 2036, portanto.

Sem falar, claro, no lucrativo mercado de comprar precatórios com deságios de gente que, enforcada, espera há anos por receber seus direitos.

Não era o mesmo Paulo Guedes que prometia alcançar R$ 1 trilhão – quase 20 vezes os R$ 59 bi que pretende empurrar para a frente – com as privatizações? Não era ele que acenava com uma economia trilhardária com a reforma previdenciária? Não é o mesmo que diz que o país perde com o dólar nas alturas por conta do “barulho político” que o seu chefe faz?

A questão essencial é se o Supremo vai empoderar, com dinheiro farto e irresponsável, o presidente que o ataca e o quer “enquadrar”.

Se o fizer, estende a corda com que Jair Bolsonaro o pretende enforcar.

Tijolaço.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

CAI O 19º PROCESSO CONTRA LULA. QUEM VAI PAGAR POR ESTA PERSEGUIÇÃO? POR FERNANDO BRITO

O encerramento de mais uma ação movida contra Lula – a 19ª! – vai tornando cada vez evidente que é preciso punir a quem desfechou uma ofensiva judicial contra uma pessoa por razões políticas.

A decisão da juíza da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Maria Carolina Ayoub, embora se refira à prescrição da pretensão punitiva do Estado, também encerra o caso em relação a outros acusados, a quem a idedade não favoreceria, porque “não se faz presente justa causa para a continuidade das investigações, diante dos parcos indícios coletados”.

Ou seja, não há provas convincentes.

Havia, sim, as famosas “convicções” despertadas na era lavajatista de que Lula estaria envolvido em toda e qualquer falcatrua cometida neste país (e as não cometidas, também) desde os tempos de Pedro Álvares Cabral.

E isso se confirma com decisões de vários juízes em todos os lugares, exceto Curitiba.

A história do lobo e do cordeiro, se já não fosse clássica, teria de ser escrita agora.

Resta apenas um processo, tão fantasioso quanto: uma acusação de corrupção na compra de caças que só foram escolhidos muitos anos depois de que Lula deixou o governo. E que foi amplamente apoiada pelos militares da Aeronáutica, pela qualidade e transferência de tecnologia.

Logo cairá por terra, também, e ficaremos com o espantoso caso de alguém que foi processado 20 vezes, sem que em nenhuma delas, dentro de processos regulares – sem perseguição política – acabou condenado.

A reparação do dano moral a Lula, infelizmente, não se fará com uma legislação que permite esta avalanche de processos sem prova contra ele.

Será feita, porém, não com dinheiro, mas com votos.

Tijolaço.

domingo, 12 de setembro de 2021

NÃO É DIVISÃO, É DIFERENÇA, POR FERNANDO BRITO

 “Nem Lula, nem Bolsonaro”.

As faixas, cartazes, bonecos e gritos de manifestantes da dos atos meia-boca de hoje são, para quem quiser ver, onde está a mira dos grupos de direita que foram a lenha que alimentou o caldeirão de onde nos veio a monstruosidade que nos governa.

Só mesmo a recaída da antiga musa da “massa cheirosa”, Eliane Catanhede para, diante disso, ainda acusar PT e PSOL de “dividirem” a oposição Aguarda-se dela, mais tarde, o comentário sobre a dancinha tipo ilariê do governador de São Paulo como símbolo da seriedade de nossas preocupações com Bolsonaro.

Mas, aos fatos.

Exceto por vaias de um pequeno grupo de integrantes do PCO, nas várias manifestações antibolsonaro, algum cartaz contra Ciro Gomes, ou debochando do MBL, ou criticando Mandetta, ou com qualquer agressão aos “arrependidos” que delas participaram ou desejaram participar?

Buscaram comparações com as diretas-já, mas alguém pode imaginar a Candelária com um boneco de Tancredo como presidiário ou um “Nem Ulysses, nem Figueiredo”? Até o Quércia, flor difícil de cheirar, era tratado com urbanidade por todos.

Nas diretas, a eleição direta e livre do presidente estava em primeiro lugar, divergências e embates, depois. Não é o que se viu e ceder a estas agressões explícitas e gratuitas seria indigno de quem precisa presidir o Brasil.

A parcela mais politizada do povo brasileiro percebe isso e explica, em grande parte, a baixa adesão aos atos.

Apesar disso, esta baixa adesão vai refrear este tipo de atitude, exceto nos suicidas políticos.

E não por generosidade ou lucidez, mas porque Bolsonaro permanece, apesar dos muxoxos de alguns de seus seguidores, no controle da direita.

Os votos arrependidos não os levarão a lugar algum.

Tijolaço.

sábado, 11 de setembro de 2021

BOLSONARO, À BEIRA DO GOLPE, RECUOU ANTES DA CARTA, DIZ JANIO DE FREITAS

Janio de Freitas, a quem a experiência, apoiada na integridade leva o olhar além da visão miúda mata a charada do que se passou na Batalha de Itararé do golpe bolsonarista de Sete de Setembro.

O que faltou ao golpista foi ter que parar depois de semanas numa campanha de ataques brutais, depois de concentrar sua tropa de vanguarda, alucinada como ele, faltou-lhe suporte para consumar a ofensiva. E isso o deixou pendurado no vazio, sem caminho senão o de chamar para a briga ao tempo em que, de forma humilhante, se retirava.

A “Carta de Recuo”, atesta Janio, é uma “saída traiçoeira do desastre”, “não é de moderação, vista na sempre precipitada interpretação midiática. É de humilhação.” Bolsonaro, diz ele, “se desfaz como pessoa, pelas mentiras desavergonhadas, pela covardia, rasteja em fuga como um inseto repugnante.

Vale a pena a leitura, vai ajudar a entender, pelos antecedentes, os dias que estão por vir.

Uma verdade nos põe ao lado de Bolsonaro: estamos todos na beira do abismo

Janio de Freitas, na Folha

Uma intervenção insuspeitada levou Bolsonaro a modificar, quase de última hora, o pronunciamento destinado a incitar a multidão da av. Paulista, no 7 de Setembro, com insinuações para insurgência.

A exibição na manhã de Brasília, com cerimonial de posse em novo poder presidencial, e, já à tarde, a visão da massa que se aglomerava na avenida agravaram preocupações militares com o ato paulistano.

Se a exaltação degenerasse, a PM não bastaria para conter a multidão desatinada e as Forças Armadas seriam chamadas a agir, com decorrências muito graves para todos os lados.

Um exemplo de situação dramática, se a manifestação degenerasse, poderia ser a insurgência violenta com a condição, para desmobilizar-se, da renúncia de Alexandre de Moraes no Supremo. Como desejado por Bolsonaro.

Na fala em São Paulo, evaporaram as ameaças do “creio que chegou a hora, no dia 7, de nós nos tornarmos independentes pra valer”, “nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi tão importante quanto esse nosso 7 de setembro”, “agora o povo vai ter liberdade pra valer”.

O povo foi devolvido à exclusão histórica. E Bolsonaro mal conseguiu repetir frases esparsas, com acréscimo só de citações pessoais. Ao que se seguiu o encerramento abrupto, com a fisionomia aflita por não encontrar outras frases. Houve até certa demora para a percepção geral do encerramento.

O recuo primordial de Bolsonaro não foram as negações do que disse, tantas vezes, contra o Supremo, contra o Tribunal Superior Eleitoral, contra os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, com a sobra de um ultimato para Luiz Fux. O recuo surgiu na fala em São Paulo.

O que está considerado como o (segundo) recuo é, na verdade, uma saída traiçoeira do desastre, sob a forma de carta ao país. Michel Temer e o marqueteiro Elsinho Mouco, seus autores, ou foram perversos ou se comprovaram no limite intelectual de Bolsonaro.

Antes que se questionasse a validade da moderação escrita, já no início a carta ofereceu a resposta: “nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha (…)”. A mentira é enriquecida pelo mau texto que confessa a repulsa à harmonia entre os Poderes.

No mais, a carta não é de moderação, vista na sempre precipitada interpretação midiática. É de humilhação.

Bolsonaro se desfaz como pessoa, pelas mentiras desavergonhadas, pela covardia, rasteja em fuga como um inseto repugnante. Michel Temer levou Bolsonaro para a beira do abismo, chamado agora de traidor e frustrante por apoiadores de todos os momentos até então.

E, com a ideia do telefonema ao ministro Alexandre de Moraes, Temer não atenuou a indignação no Supremo com os ataques de Bolsonaro. Tornou ainda mais insultuosa a agressão ao tribunal e seus integrantes. O telefonema foi de pedido de desculpas a um ministro, mas os ataques, como disse a ministra Cármen Lúcia, foram a todos. Até por isso, além do protocolo, o telefonema providenciado por Temer deveria ser a Luiz Fux, presidente do tribunal.

Mas, traidor por traidor, Bolsonaro-Temer fazem boa dupla. Tal como Rodrigo Pacheco-Arthur Lira, que usam as cadeiras de presidentes do Senado e da Câmara. Não viram nem ouviram nenhuma transgressão de Bolsonaro, limitando-se a notas perfumadas, com corações pressentíveis nas entrelinhas. Faltam mulheres no Congresso. E faltam homens também.

Mas nenhuma pusilanimidade excederá a de Augusto Aras. Viu, e o disse ao lado de Luiz Fux no plenário do Supremo, uma “festa cívica” nos pedidos de fechamento dos tribunais superiores e do Congresso, de intervenção militar, de prisão de magistrados e impulsionadores da CPI da Covid, de volta ao sistema eleitoral fraudulento. Augusto Aras, procurador dos piores meios de alcançar objetivos pessoais. Como um lugar no Supremo a que também agride com sua festa cínica.

É preciso registrar que Luiz Fux fez um pronunciamento enfim firme, em defesa da Constituição e do Judiciário. Mas Luis Roberto Barroso, que brinda as ideias com um estilo valioso, deu ainda mais do que o devido.

Na loucura trágica do país, uma verdade nos põe ao lado de Bolsonaro. Falta de governo, golpismo, aumento da pobreza, corrupção, pandemia, violência: estamos todos na beira do abismo.

Tijolaço.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

‘MAROLA’ DE BOLSONARO NÃO DETÉM DESLIZAMENTO DA ECONOMIA, POR FERNANDO BRITO

O quase-ex- ministro da Economia, Paulo Guedes, disse hoje a investidores estrangeiros que, com a cartinha que Temer escreveu para Jair Bolsonaro, também “tudo de volta aos trilhos”, também nas atividades econômicas e que, embora estejamos vivendo “o pior da inflação”, ela baixará para “algo entre 7,5 e 8%” no final do ano.

Se o senhor Paulo Guedes tiver uma destas calculadoras de camelô, mesmo com ela será possível se novembro e dezembro tivessem uma inflação de ,menos de 0,5%, metade da que se vem registrando hoje. As projeções da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Abima, datadas de ontem, já são de 0,99% para o IPCA de novembro.

Inflação de 1% no mês, dada como certa, só tem como dúvida se e o quanto ficará acima disso.

Podem fazer a pantomima que quiserem, traz efeito apenas aos que lucram com espertezas , temores e falsas euforias, como os que, ontem, se aproveitaram de uma euforia no câmbio e na bolsa que não durou um dia e devolveu os ganhos de ontem.

O aumento dos preços dos alimentos é forte e contínuo: subiram frango, café, carne suína, bovina. Nos grãos (arroz, milho, trigo, café, soja, feijão) extinguiram-se os estoques reguladores públicos, que impediam altas alucinadas de preços. Em consequência, no que ainda havia alta, agora elas se elevam a até 30% m dois meses.

Pequeno produtor não estoca para acompanhar cotações internacionais, vende na baixa ou na alta porque não tem fôlego para especular por cotações.

Mas os grandes, não, ganham no preço muitas vezes mais do que aplicam na construção de um ambiente de conflitos, como estes que patrocinaram entre os caminhoneiros, que não desobedecem aos frotistas que, por sua vez, não desobedecem a seus clientes do agro.

Estamos praticamente sem comando econômico que, se houvesse, já teriam dificuldades em conter a inércia altista dos preços livres e, pior ainda, estamos acima de 11% de inflação nos preços administrados pelo governo.

Tijolaço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

QUANTO TEMPO DURA? POR FERNANDO BRITO

 

Embora todos saibam – ou deveriam saber – que nada é sincero em Jair Bolsonaro, seu recuo covarde do que disse ainda na terça-feira, com a suas ameaças e valentia nos cenários que ele próprio, durante 2 meses, cuidou meticulosamente de construir, algumas lições pode-se tirar disso.

A primeira é que alguma parte – melhor, porque era quase toda – da elite brasileira se satisfaz com com uma pantomima democrática e só condenava Bolsonaro pelos exageros aos quais, por alguns dias, ele abjurou na carta escrita com a sombria assessoria de Michel Temer. O dinheiro reagiu rapidamente, sempre acreditando que Bolsonaro, se não fizer marola, é a melhor chance que tem em 2022.

Bolsonaro comemorou na internet, mostrando que a elevação da bolsa e a queda do dólar é fruto de sua atitude “conciliatória”, embora não fale que o inverso foi consequência de seu ato de confronto aberto.

Segundo, que não há força capaz de dissolver, antes das eleições, o núcleo duro bolsonarista: na internet, eles já argumentam que a sensação de derrota é igual à que tiveram com a saída de Sérgio Moro do governo e que o tempo teria mostrado que, ao defenestrar o ex-juiz, Bolsonaro tinha razão. Ele próprio usou o exemplo em suas redes, embora tenha perdido, não se sabe quanto e por quanto tempo, senão adeptos, talvez fanáticos.

Não é exatamente assim. Ali não era a valentia do “Mito” que estava em questão. Agora, é. Portou-se como um destes valentões de botequim que faz tudo para que o segurem e, cinco minutos depois, já está calminho como o “Seu Saraiva” do velho programa humorístico.

Aliás, o botequim de sua live, além das tradicionais insinuações de cunho sexual, voltou a falar que a inflação, galopante, é consequência do “fique em casa” da pandemia, algo completamente sem sentido. A crise hídrica vai ser combatida subindo pela escada e gastando menos água ao fazer a barba. Sempre em uma compreensão minúscula dos macroproblemas nacionais, não consegue alcançar uma visão estratégica de Brasil.

Em tudo, a miséria mental de um medíocre, de um incapaz, de alguém que, como bem definiu ontem o ex-ministro Celso de Mello, que nunca esteve à altura do cargo.

Bolsonaro, está claro, não recuará em seu desejo de permanecer no poder por intervenções no processo eleitoral. Infelizmente, terá neste projeto novos lances, ousados como o do Sete de Setembro e talvez não tão mal sucedidos.

Como toda serpente, Bolsonaro recolhe-se para o golpe. E ele, não o voto, é sua aposta para permanecer.

Tijolaço.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

STF REAGE, MAS NÃO FALA GROSSO COMO CARRETAS QUE PARAM RODOVIAS PARA O ‘MITO’, POR FERNANDO BRITO

Nervoso, ao ponto de enrolar-se na leitura, Luiz Fux fez um pronunciamento que, diante da tibieza dos outros, pode ser considerado forte.

Sobretudo, por dois momentos.

O primeiro, quando ele diz que há crime de responsabilidade do presidente da República no que proclamou ontem, ao dizer que não reconhece decisões judiciais se elas partirem de Alexandre de Moraes e, antes, quando disse – claramente, ainda que sem nominar – que o chefe do Judiciário deveria “enquadrar” o ministro.

É, e o disse Fux, um crime de responsabilidade, previsto na Constituição (art.85) e na Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50, art. 2° e 6°, incisos 5 e 6) e cabe ser processado por isso pela Câmara dos Deputados e julgado pelo Senado Federal.

O segundo ponto foi – inacreditável ter de destacar isso – dizer que o Supremo não será fechado.

Certamente não é para os lunáticos de cartazes e faixas com ameaças à Corte que Fux falou, mas porque identifica intenções poderosas nesta direção.

Mais importante é que a inusual firmeza de Fux é sinal de que, dentro da Corte, o clima de repúdio e resistência, é muito maior. Já é voz corrente que a maioria já decidiu recusar a “pedalada dos precatórios, que empurraria 60% dos pagamentos para o próximo governo, dando espaço a Bolsonaro para executar programas demagógicos.

Para além dos discursos formais, embora com menos dureza que a situação inspiraria, é nas decisões legislativas e judiciais que a reação às ameaças presidenciais.

Do que resulta que, como demonstra a provável devolução da MP da liberação das fakenews enviada por Bolsonaro ao Congresso, em cada vez menos iniciativa a Bolsonaro.

A não ser as colunas ridículas de caminhões de empresas roncando.

Que vão, como se sabe, a lugar nenhum.

Como não vão a lugar nenhum as paralisações provocadas pelo lockout ordenado por donos de frotas e distribuidores de alimentos, que estão parando estradas por todo o país.

A escalada de preços, com tudo e agora com isso, só empurram para baixo o presidente.

Bolsonaro está aparentemente quieto, mas comanda pessoalmente o bloqueio das rodovias.

Tijolaço.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

CAMINHÕES DE BOLSONARO FORÇAM CERCO E ‘INVADEM’ PRAÇA DOS 3 PODERES, POR FERNANDO BRITO

As carretas de empresas frotistas do agronegócio acabam de invadir a área da Praça dos Três Poderes que havia sido isolada para garantir a proteção do Congresso Nacional .

Sem reação dos policiais que protegiam o local, as carretas, vans e caminhonetes dos grupos bolsonaristas, neste momento, é a dona do local.

Grades foram derrubadas e há apenas uma linha, mais recuada, de policiamento, na via que dá acesso ao Congresso.

Aos gritos de “libera, libera” os policiais recuaram e a versão oficial é que se “antecipou” a liberação de áreas.

O que houve, porém, foi uma invasão.

Não há segurança e não há comando nas forças policiais.

Assista:

 Tijolaço.

domingo, 5 de setembro de 2021

O BRASIL NÃO É O PAÍS DO FUTEBOL, É O PAÍS DOS ‘CARTOLAS’, POR FERNANDO BRITO

Não há quem se salve no “papelão”do cancelado Brasil e Argentina hoje, no estádio do Corinthians.

Desde a manhã, todos estamos sabendo que os argentinos tinham quatro jogadores fora de condições de jogo, por descumprirem legislação sanitária. O Brasil teve vários que não vieram por jogar na Inglaterra, mas também temos vários atletas que rodaram por toda a parte do mundo e se expuseram a todos os riscos de contaminação, mas na base do “me engana que eu gosto” estão todos “dentro do regulamento”

A questão – que provavelmente nem se virá a saber – é quem “esquentou as costas” para a CBF, responsável pela partida, não ter agido como deveria.

Os hermanos aplicaram o “agá” tradicional de dizer que não estiveram nas áreas de restrição, a Conmembol (que não é uma confederação de futebol, mas um escritório de interesses comerciais) negociou um acordo com a CBF (outro antro de picaretagem sensacional) e a Anvisa deixou para dar uma de valente em meio a uma transmissão planetária do jogo, quando podia ter agido logo cedo, retendo os atletas ainda no hotel.

Como se vê, a cartolagem toda falhou, e falhou feio.

Mas todo mundo sabe que cartolas e governantes são irmãos siameses e nenhum brasileiro duvida que, nas várias horas entre o anúncio da irregularidade e a entrada dos agentes da Anvisa na Arena Corinthians, muito telefonemas cruzaram o espaço, talquei?

Mas nenhum deles foi entre a diplomacia brasileira e argentina, que poderiam ter evitado este “mico” global.

A história de que os argentinos se trancaram no vestiário para não serem abordados pela PF e pelos agentes da Anvisa simplesmente não bate com o fato de que saíram do vestiário, cruzaram o túnel, entraram em campo e começaram o jogo.

Houve, está clarissimo, uma tentativa de deixar pra lá as regras sanitárias, que por estas bandas não valem nem para o presidente.

Tentativa que não deu certo e que, não importa quem errou, submeteu os dois países a um vexame.

Tijolaço.