Tornou-se
um campeão do Youtube, graças à sua enorme capacidade de identificar um tema,
mirar no detalhe ridículo que ninguém percebia, e fuzilar com a pontaria dos
grandes polemistas.
Conheci
Paulo Henrique Amorim em minha ida para a Editoria de Economia da Veja, em
1974, em uma oportunidade aberta por Paulo Totti, que era chefe de reportagem.
Ao
lado de Elio Gaspari e Marcos Sá Correa, Paulo Henrique formava o trio dos
jovens jornalistas cariocas, importados para a Veja e com curso superior. Se
não me engano, ele era formado em Ciências Sociais.
Assumiu
o cargo de Editor de Economia ao lado do inesquecível Emilio Matsumoto. Sua
estreia em São Paulo havia sido pouco antes, convidado por Luiz Fernando
Mercadante para trabalhar na revista Realidade. Ali, já deixara sua marca mais
conhecida, um feroz espírito de competição que o impulsionava atrás de
notícias.
Jovem ainda, tornou-se influente junto à área econômica do governo.
Jovem ainda, tornou-se influente junto à área econômica do governo.
Sua
carreira prosseguiu fora da Veja. Primeiro, foi escalado para dirigir a revista
Exame, que fazia parte de um pacote de revistas técnicas que a Abril adquirira.
Depois,
mudou-se para o Jornal do Brasil. Ali experimentou sua fase mais brilhante de
jornalista, como titular da coluna Informe Econômico.
Na
nova função, passou a revelar uma de suas características mais marcantes, de
cunhar expressões que se tornariam motes, a exemplo de Elio Gaspari, e
provavelmente inspirado no jornalismo de guerra da velha Rio de Janeiro de
Gondim da Fonseca e outros. A expressão “raposa felpuda” tornou-se sua marca,
além da incomparável capacidade de valorizar, pela manchete ou pelo lide, as
informações mais prosaicas.
De
lá foi para a TV Globo, onde também se consagrou pelos furos e pelos motes,
como editor de Economia e comentarista. Não me lembro perfeitamente da maneira
como anunciava informações exclusivas de Brasília. Mas fazia o telespectador
participar do clima de cumplicidade, como se ele estivesse junto com Paulo
Henrique em um local misterioso, arrancando informações da fonte. Competitivo,
mantinha uma disputa surda com o comentarista oficial Joelmir Betting.
Era
cioso de sua idade. Quando recebi um convite da Globo para ser comentarista, e
foi marcado um almoço no Rio, Paulo me ligou e, na conversa, sugeriu
delicadamente que eu não dissesse que havia sido seu foca na Veja. Acabei
desistindo do convite e do almoço.
De
lá saiu para dirigir o escritório da Globo em Nova York. Não sei as razões de
sua saída. Logo foi contratado pela TV Bandeirantes para a vaga de âncora do
Jornal da Band. Pouco antes, o velho João Saad me havia convidado para assumir
a função. Enrolado com minha empresa, e percebendo a resistência de Johnny
Saad, recusei.
Saindo
da Globo, de imediato foi contratado pela UOL para apresentar um programa que
ficava exposto permanentemente na home do portal. Ali, mais uma vez se revelou
o pauteiro primoroso, identificando os melhores temas pela manha, conseguindo
entrevistas por telefone e apresentando no programa que, se não me engano, ir
ao ar ao meio dia.
De
lá saiu se não me engano para o iG. Foi lá que voltamos a nos cruzar, nas
guerras com Daniel Dantas.
Voltamos
a nos cruzar em 2010, na campanha eleitoral, em uma frente informal contra o
risco José Serra. Tinha restrições ao seu estilo, e ele devia ter ao meu. Mas
foi uma guerra inclemente, em que era atacado por todos os lados.
Do
lado de Serra, a pecha de chapa branca. Do lado do PT, Tereza Cruvinel me
afastando da TV Brasil, suspendendo o pagamento até que aceitasse a mudança no
contrato, entregando todos os programas até julho, para então encerrar o
contrato. Que só foi refeito depois que Serra perdeu.
Éramos
meia dúzia de blogs, cuja única afinidade era a resistência contra o perigo
Serra. Acordava toda manhã sentindo o peso do mundo, e o que nos animava
reciprocamente era a resistência para a luta, particularmente de Paulo
Henrique.
E
essa garra e coragem ele não perdeu, mesmo nos momentos mais críticos. Aliás,
quanto mais crítico o momento, maior a sua coragem.
Nos
últimos anos, seu estilo jornalístico encontrou o ambiente mais propício, os
vídeos do Youtube. Tornou-se um campeão do Youtube, graças à sua enorme
capacidade de identificar um tema, mirar no detalhe ridículo que ninguém
percebia, e fuzilar com a pontaria dos grandes polemistas.
Deixa
um legado de coragem.
Vanio
Coelho. Conheci PHA na redação de FATOS & FOTOS. Tinha vindo de Brasília
com um curso inacabado (acho que era cinema) com Hedyl Valle Junior (que depois
iria para esportes da Globo) e Nilo Martins (irmão de Franklin Martins). Era
irrequieto mas sobretudo criativo. Também era gordo, peso físico que perderia
ao se firmar como ancora de TV. O jornalismo crítico perde um baluarte.
Do
GGN