Uma foto do papa Francisco com o ex-presidente Luís Inácio
Lula da Silva não faz deste um santo e nem Chico se converte no ladrão criado
por Globo/Veja/Moro, ainda que não necessariamente nessa ordem. O busílis ou nó
górdio é que uma foto diz muito mas não diz tudo. Sejumoro tem várias com
acusados de roubo e sonegação - seja com Aécio Neves, Temer, Marinhos e outros
no melhor estilo Farsa Jato (isso não vêm ao caso!). Dai que não me
impressionam tanto as fotos de Sejumoro com Aécio ou da Madre Superiora com
Fora Temer. Tenho restrições contra a fotografia de Kins, Hollidays,
bolsopatas, ator pornô decadente durante o convescote “Somos Todos Cunha”,
quando este foi promovido a “herói nacional”.
“Ad nauseam”, tento entender o sentido de algumas fotos, às
vezes tão bem explicadas quanto a divulgação ilegal de conversas da Presidenta
Dilma Rousseff (fato, agora não mais foto). Ali não se viu crime nem falta
disciplinar. Rolou o clássico “sejumoriano” isso não foi e nem vem ao caso.
As coisas se explicam conforme humores (ódio). Desse
modo, as Corregedorias do Ministério Público Federal e do Conselho
Nacional do Ministério Público acharam normais as palestras realizadas por
Deltan Dallagnol, seja “por qualquer ângulo que se analise a questão, não há
que se falar em desvio funcional”. Não havia nada demais em se produzir (com
aparentes fins políticos) uma peça pseudo-criminal e depois sair vendendo o
produto de ofício sob a forma de palestras. Sim, claro, os valores
messianicamente recebidos foram messianicamente doados à instituições de
caridade. Tudo declarado no imposto de renda, mas qualquer semelhança com
palestras realizadas por Lula com valores destinados a um instituto sem fins
lucrativos e devidamente declarados no imposto de renda não merecem o mesmo
respeito.
Do mesmo modo, não há reparos legais éticos e criminais a
serem feitos à compra por parte de DD, de dois apartamentos do Minha Casa Minha
Vida, destinados a pessoas com outro perfil socioeconômico. Somando os dois
apartamentos mais aquele onde reside, o tal procurador ainda precisa de um
imoral auxílio moradia, tal qual juízes. Só imoralidade, ilegalidade não -
ainda que eu tente não confundir moral com legal e me defenda até de
notícias pretensamente isentas. Mas, sei que durante uma guerra a primeira vítima
é e sempre foi a informação. Tudo depende do exame e do contexto (ódio).
O contexto de falso moralismo me levou a julho/2013, quando o
jornal Folha de S. Paulo noticiou a existência de um apartamento em Miami
(EUA), de propriedade do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim
Barbosa, hoje pretenso candidato sem partido à Presidência da República. No
melhor estilo TRF4, melhor seria falar “propriedade atribuída”, de um modesto
imóvel com 73m2 , no 22º andar de um condomínio de alto padrão nos EUA. O valor
seria entre R$ 550 mil e R$ 1 milhão. “Sempre tive bons salários, seja como
professor universitário, procurador da República e como ministro. Portanto,
tinha dinheiro de sobra para comprar”, explicou o “Paladino do Mensalão”. Mas,
por questões fiscais, precisou criar uma empresinha de fachada...
Desse modo, posso crer que Sejumoro, entre salários de
professor (?), assessor de ministro (?), juiz, palestrante (nem sei onde
arranja tanto tempo para!), mais auxílio moradia e outros penduricalhos, tenha
recursos suficientes para possuir um imóvel classe média (distante da periferia
de Curitiba). Mas ai aparece o deputado federal Carlos Zarattini (SP) e pede
que seja investigada a compra. “Moro comprou um apartamento de 256m2 pelo preço
de um Minha Casa Minha Vida Faixa 2. Vamos investigar Dallagnol?",
provocou o parlamentar, pois o valor declarado fora menor. Mas, tudo dentro do
“normal”. Posso imaginar que juntando salário + penduricalhos + palestras +
etc, tanto o procurador DD quanto o serventuário judicante tivessem como
custear a compra.
Tudo isso me ocorreu virtude do ministro Roberto Barroso, não
se sabe por que cargas d´água, ter negado que recebeu mais de R$ 46 mil reais
para fazer uma palestra de apenas uma hora. Fez ou não, a documentação foi
emitida em nome dele. Seria o valor tão pequeno que se diluiu na sua conta?
Teria recebido menos, por força de deduções, comissões e outras questões
corriqueiras, absolutamente normais (hoje criminalizadas)?. Segundo ele, o
valor está fora do que costuma cobrar. Então a empresa intermediária
superfaturou em seu favor (dela) ou do Governo de Rondônia? Ou seria a
criminalização de palestras que levou o ministro a negar algo documentado?
Digo, pois, ministro Barroso, que a cultura da sociedade
defendida por Moros, Marinhos, Mesquitas, Malafaias e Maçons vive de palestras,
penduricalhos, privilégios, medalhas, agrados, comissões, ganância, especulação
financeira, acumulação e concentração de riquezas, BNDES, especulação
financeira, exploração de miseráveis e do “capitalismo sem risco”. Como a lei
está fora de moda, por enquanto vale o Jogo do Bicho, ou seja, na contravenção
vale o que está escrito (conveniência, claro!). Qualquer letra errada o jogador
não leva o prêmio. O senhor está com medo por que seu colega de Curitiba
criminalizou as palestras do Lula? Que é isso, ministro, o ódio e a perseguição
estão na verve dele e só vale pra Lula. O “Nine” é uma ameaça à sociedade de
privilégios que Sejumoro defende, ainda que este tenha sido nela criado, nela
se formou e dela recebe medalhas.
O senhor e Sejumoro sabem muito sobre palestras. Sabem até
como se arrecada dinheiro para eventos classistas (de delegados da PF,
servidores da Justiça e Ministério Público). Aliás, eu também sei, porque
presidi entidades de classe da Polícia Federal. Sei que a corrupta CBF
patrocinou evento na Granja Comary para servidores da PF. Gilmar Mendes também
sabe como se arrecada dinheiro para suas instituições jurídicas. FCH sabe como
arrecadou dinheiro para o instituto dele. Ah! Uma empresa condenada por crimes
ambientais, trabalhistas e fiscais patrocinou evento de juízes em Porto Seguro
(BA). É tudo tão normal quanto um percentual em licitações, como um lobby
institucional ou empresarial. Representantes de governos estrangeiros vieram ao
Brasil fazer “tráfico de influência” levando algum pra comprar o Brasil.
Lembra?
Não que eu defenda que seja assim. Mas é. Sua palestra é ou
seria tão honesta quanto as de Lula, Sejumoro, Dalagnol e outras que “não vêm
ao caso”. Mas, querem jogar na conta do Lula, todo lixo que a cultura
“sejumoriana” alimenta.
Armando Rodrigues Coelho Neto - jornalista e advogado,
delegado aposentado da Polícia Federal e ex-integrante da Interpol em São Paulo
GGN