Leitte
e Brown
Claudia
Leitte deve aos cofres públicos nada menos que R$ 22,5 milhões. Bell Marques,
ex-Chiclete com Banana, está com uma pendura de R$ 11,2 milhões.
Além
dos dois, há uma lista de artistas que inclui ainda Carlinhos Brown e É o Tchan
que, no total, está dando um calote de R$ 48 milhões. O levantamento é do
Buzzfeed.
O
grosso desse montante refere-se a pendências com o imposto de renda, a
previdência e o FGTS.
O
chororô desses artistas é cínico e usa de argumentos batidos como culpar a
crise político-econômica ao se explicarem.
“A
gente foi pego por essa crise que assombrou o país nos últimos anos e atingiu
diretamente nosso segmento. Quando tem recessão, somos os primeiros a ser
cortados”, afirmou na cara dura Cristiano Lacerda, empresário do bloco baiano
Ara Ketu, que tem uma dívida de R$ 2,8 milhões.
Essa
turma não desautoriza o raciocínio de que acumuladores, os ricos, aqueles que
mais têm, mais devem.
Claudia
Leitte é um exemplo irretocável. Com cachê nas alturas, boa vendagem de discos,
participa como jurada nos The Voice da vida, é garota propaganda de cerveja, de
TV por assinatura, de shampoo. Enfim, dinheiro não é problema. Deixa de pagar
impostos por que?
Há
ainda um aspecto surreal no tema. Populares, esses grupos costumam ser
agraciados por prefeituras com shows em datas como reveillon ou inauguração de
ponte.
Também
são campeões na utilização de leis de incentivo fiscal. Em resumo, recebem do
governo, são pagos com verbas públicas e depois não pagam a parte que lhes cabe
no contrato social: tributos.
Voltemos
a Claudia Leitte, a Claudinha íntima da Globo. Ela foi condenada a devolver R$
1,2 milhão aos cofres públicos por uso indevido da Lei Rouanet.
Em
2013, ela captou recursos para uma turnê, não distribuiu a quantidade combinada
de ingressos gratuitos e ainda comercializou o restante com preços acima do
anunciado no projeto.
Já
naquele ano a empresária Sueli Dias, dona da TeleEventos, denunciava o esquema
da cantora para captar R$ 5,8 milhões pela Lei Rouanet. A Claudinha tinha nada
menos que oito empresas, oito CNPJs diferentes.
Como
o Governo Federal só permite que empresas com nome limpo possam captar recursos
para a área cultural, ela sempre tinha uma carta na manga. Pega por uma
empresa, fica devendo, o nome suja, apresenta outro CNPJ.
Mas
Claudia Leitte é porreta, painho. Em 2016 ela voltou à carga. Queria quase meio
milhão de reais via Lei Rouanet para lançar uma biografia. Juca Ferreira era
então o Ministro da Cultura e vetou.
“Claudia
Leitte, como uma das artistas mais bem-sucedidas economicamente do Brasil, tem
muitas possibilidades e condições de arrecadar recursos”, afirmou ele na
ocasião.
Em
tempo: Claudia Leitte ainda não pagou os R$ 1,2 milhão que foi sentenciada a
devolver.
Essa
classe ‘artística’ que mesmo sendo sucesso de vendas, com acesso a programas de
TV de grande audiência, se já não valia um centavo pelo qualidade do trabalho,
vale menos ainda no quesito responsabilidade social.
Enchem
o camarim de dinheiro e depois sonegam impostos para o INSS, para o Ministério
do Trabalho ou para a Receita Federal. Pelegos da família Marinho, muitos deles
aderiram à campanha pró-impeachment (aquela campanha orquestrada pela turma que
diz que a previdência está pela hora da morte).
E
você, leitor? Ficaria no gargarejo no show desse pessoal? Sabe de nada,
inocente.
Do DCM