Com
a perspectiva cada vez mais clara do fracasso no crescimento, bolsonaristas do
poder econômico começam a se assustar.
Bolsonaro
entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (direita), e Senado, Davi
Alcolumbre (esquerda). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.
O
governo Bolsonaro, e outras estruturas de poder que lhe dão algum apoio, segue
para a derrocada. O silêncio do eixo olavista dentro do governo, por toda a
última semana, representa a primeira dissensão verdadeira “entre os generais
reformados do governo e Bolsonaro”. Estas são avaliações de Janio de Freitas
na coluna
deste domingo (02), na Folha de S.Paulo.
Até
antes da semana passada, a tolerância do presidente Bolsonaro em relação aos
insultos de Olavo de Carvalho feitos contra os generais Villas Bôas, Santos
Cruz, Hamilton Mourão e mesmo aos militares em geral era explícita. Nos últimos
sete dias, porém, finalmente houve um silêncio por parte da trupe olavista,
incluindo do próprio presidente.
“Não
podendo ser um dos limitados à comunicação privada, Bolsonaro refluiu as suas
provocações e a falta de senso, também como efeito das cobranças e conversas
afinal mais responsáveis no Planalto”, destaca Janio.
“Passou
a semana buscando eventos em que se mostrasse simpático, quis entrevistas,
culminando com o espetáculo do enlace a que atraiu dois incautos”, completa o
articulista se referindo ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias
Toffoli, e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Na
terça-feira (28), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, articulador do
governo no Congresso, disse que os presidentes da República, Câmara, Senado e
STF, após uma reunião, haviam concordado em assinar um pacto pela
governabilidade do país. Mas ao longo da semana, a proposta gerou mal-estar
entre os representantes dos poderes e seus representados.
“O
primeiro [Dias Toffoli] não tem como comprometer por sua conta, em pactos ou no
que seja, os demais magistrados do Supremo Tribunal Federal. Até os
desvalorizou no tal pacto político com Bolsonaro em nome do tribunal. O outro
[Rodrigo Maia], sonhando sempre com a Presidência, pensou subjugar às
pretensões do Executivo a independência do Legislativo ditada pela
Constituição. Ambos demonstraram mais presunção pessoal do que noção dos
limites de suas funções”, analisa Janio.
O
colunista pontua que o silêncio da trupe bolsonarista ligada à Olavo de
Carvalho, cessando os ataques contra os militares, e o anúncio do Planalto em
construir um pacto com os demais poderes, apenas buscaram “falsificar a índole
do governo”. Mas, quando o cenário parecia apontar para a harmonização das
forças, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, protagoniza episódios
revelando o real caráter do governo bolsonarista: autoritário e néscio.
“A
construção ou, no nosso caso, a salvação do regime medianamente democrático
precisa de quem o defenda. À falta de oposição organizada e incisiva,
estudantes coadjuvados por professores entregam-se com altivez a esse papel.
Weintraub é quem os incita”, reforça Janio se referindo à última nota oficial
publicada pelo MEC, no dia 30 de maio, ameaçando professores, estudantes e pais
por participarem e divulgarem manifestações contra o governo.
Nesse
cenário, Janio destaca a postura dos meios de comunicação. Todos “clamam sem
cessar por melhor sistema de ensino, sua única ou maior bandeira de benefício
com amplitude absoluta”, porém, ao mesmo tempo, “recorrem a métodos conhecidos
para depreciar as manifestações contra o corte de 30% dos recursos do ensino
superior público”.
“É
o famoso tiro no pé. Há informações sobre esforços de organização para manifestações
várias, já em junho, de outros segmentos prejudicados”, completa o articulista.
A tendência de novos atos contra o governo, prossegue, “é o esperado de um país
que se degringola”.
“Ao
se completar apenas o quinto mês de governo, os 3% de crescimento neste ano,
previstos antes da posse pelo novo ministro da Economia, já estão reduzidos à
faixa do zero vírgula”, continua.
Enquanto
isso, o governo e setores financeiros aponta as mudanças da Previdência como a
grande chave para retomar o crescimento da economia. Nada mais descaradamente
enganos que isso, dada a complexidade da economia.
“Estamos
vivendo dentro de uma grande mentira. Não há sinal de que os militares do
governo se inquietem além das bagunças da trupe bolsonara”, pontua Janio. Os
bolsonaristas econômicos já começam a demonstrar preocupação.
“Por
ora, pacificam-se na sua catedral, a Bolsa. Não falta muito, porém, para que se
sintam premidos a liberar as palavras ainda retidas em ambientes restritos,
como fizeram em ocasiões passadas. Sem que isso permita, necessariamente,
vislumbrar uma saída saudável de dentro da grande mentira”, conclui
Janio. Para
ler sua coluna na íntegra, clique aqui.
Do
GGN