Cada vez mais acredito
que o país perdeu a capacidade de raciocinar por si e passou a raciocinar pela
cabeça dos editores dos grandes órgãos de imprensa. Independente dos fatos, em
certos casos até a esquerda pensa pela cabeça da mídia.
No caso da prisão do
ex-presidente Lula, como a mídia criou uma versão da realidade na qual essa
tragédia se configuraria inevitável, de repente parece que a previsão já se
materializou por antecipação.
A prisão de Lula é
uma profecia autorrealizável. Ou seja: ao se falar da
inevitabilidade, ela passa a ser real por crença das cabeças que tomam contato
com tal teoria, ignorando que, em política – e é disso que se trata – tudo
depende de ação e reação. Toda ação sem reação em contrário, ou com reação
fraca, vence.
“Não acredito (…) que
se implemente a prisão quanto ao ex-presidente Lula. E digo mais – como
brasileiro, como cidadão responsável: que não interessa à sociedade, como um
grande todo, essa prisão que, para mim, continua sendo uma prisão precoce,
açodada”. Estas são palavras do ministro do STF Marco Aurélio Mello.
A entrevista à rádio
Jovem Pan dada por esse ministro do Supremo no day after da infame condenação
de Lula pelo TRF4 em 24 de janeiro de 2018, seguirá sempre, através dos tempos,
como registro dos abusos, dos absurdos, da falta de seriedade com que o
establishment – conceito que inclui o Quarto Poder, a mídia – tratava o caso
Lula no início do século XXI.
Quem quiser dispor ao
menos de 5 dos 11 minutos do vídeo para entender por que a defesa que se faz
não é de Lula, mas do Estado de Direito, das garantias constitucionais,
inclusive à daqueles incapazes de se colocar no lugar do outro por
desconhecerem o que seja o conceito e o sentimento de empatia.
Comprazer-se da
violação de direitos que são de todos os cidadãos só pode ser produto de
obtusidade ou perfídia. Qualquer pessoa que não sofra de um desses dois
males conseguirá entender a explicação cristalina, serena e altamente lógica do
ministro do Supremo.
Assista a pregação do
ministro:
Do Blog da Cidadania