Intercept
também provou com as mensagens expostas que Dallagnol admitiu em conversa com
Moro que a acusação por corrupção passiva contra Lula foi construída em cima de
provas frágeis.
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Mídia Ninja
Entre
as mensagens divulgadas na noite de domingo (9) pelo site The Intercept estão
trechos que provam que Sergio Moro atuou como assistente de acusação e
abasteceu Deltan Dallagnol com informações contra Lula, cerca de um ano antes
do caso triplex nascer.
O
Ministério Público Federal em Curitiba formalizou a entrega da peça
acusatória do caso triplex no dia 14 de setembro de 2016.
No
dia 7 de dezembro de 2015, Moro chamou Dallagnol no aplicativo Telegram para
enviar a seguinte pista:
“Entao.
Seguinte. Fonte me informou que a pessoa do contato estaria incomodado por ter
sidoa ela solicitada a lavratura de minutas de escrituras para transferências
de propriedade de um dos filhos do ex Presidente. Aparentemente a pessoa
estaria disposta a prestar a informação. Estou entao repassando. A fonte é
seria”.
Depois,
acrescentou: “E seriam dezenas de imóveis.”
Dallagnol
respondeu: “Obrigado!! Faremos contato.”
O
procurador, então, buscou conversar com a fonte, mas não teve sucesso. Escreveu
a Moro que estava pensando em fazer uma denúncia “apócrifa” para justificar uma
intimação oficial e obrigar a fonte a depor.
Ou
seja, Dallagnol indicou a Moro que estava buscando um meio controverso de
esquentar aquela suposta “prova”. O ex-juiz da Lava Jato não repreendeu a ação.
Ao contrário, disse que era melhor usar a estratégia de formalizar a denúncia
apócrifa para constar nos autos.
As
mensagens divulgadas pelo Intercept até o momento também expõem que Dallagnol,
às vésperas de apresentar a denúncia do caso triplex, ainda tinha dúvidas a
respeito da atribuição do apartamento no Guarujá a Lula, como propina paga pela
OAS.
Essa
dúvida só foi reduzida quando algum membro da força-tarefa encontrou uma
reportagem de O Globo, em 2010, que indicava que Lula teria a propriedade de
uma apartamento no Condomínio Solaris. À época, a Bancoop estava transferindo a
conclusão do empreendimento para a OAS.
Dallagnol
escreveu num grupo de procuradores no Telegram que a reportagem de O Globo era
um “tesão”. Intercept deixou claro os procuradores distorceram o conteúdo da
reportagem na acusação.
De
fato, a família de Lula tinha uma cota naquele condomínio, mas não significava
que era o famigerado triplex que os procuradores inseriram na denúncia como
propriedade utilizada pelo ex-presidente para lavagem de dinheiro.
Intercept
também provou com as mensagens expostas que Dallagnol admitiu em conversa a
Moro que a acusação por corrupção passiva foi construída em cima de “provas
indiretas” e delação premiada, apenas. E denotou que Lula foi implicado como
chefe de uma organização criminosa que corrompia a Petrobras, na famosa
apresentação do Power Point, como parte da estratégia necessária para
justificar que o processo fosse julgado por Moro, e não pela Justiça de São
Paulo, onde se localiza o triplex.
Em
conversa com Moro, após a repercussão ruim da coletiva de imprensa em que o
Power Point foi divulgado, Dallagnol escreveu: “Creio que isso [questionamentos
sobre falta de provas] vai passar só quando eventualmente a página for virada
para a próxima fase, com o eventual recebimento da denúncia, em que talvez
caiba, se entender pertinente no contexto da decisão, abordar esses pontos.”
Do
GGN