Depois do
mais evidente no processo golpista que colocou o Brasil de joelho e pires na
mão, talvez a segunda coisa mais difícil de digerir seja o cinismo dos autores
desse processo.
“A sociedade
está separando a política da economia”.
É como se o
plano da Fiesp e congêneres de tirar direitos dos trabalhadores fosse uma lei
da natureza, imutável, irrefreável, quando, na verdade, é uma mudança na
economia que provocará um dos processos de empobrecimento coletivo mais rápidos
e dramáticos da história, se não do mundo, ao menos da do Brasil.
Em julho do
ano passado, Temer esteve em São Paulo participando de um dos maiores eventos
de agronegócio e aproveitou para dizer que teria que “tomar medidas impopulares”, daquelas que só quem não chegou
ao poder pelo voto popular consegue tomar.
Na ocasião,
Temer recebeu um manifesto assinado por 46 associações do setor de
agronegócios. O documento, a pretexto de ressaltar a “confiança do setor” na
gestão dele, prometia “criar condições” para o empresariado “retomar os
investimentos e recolocar o Brasil numa trajetória de crescimento”.
Esse foi o
mote no qual nasceu uma mudança drástica nas leis trabalhistas que todos os
especialistas sérios DO MUNDO dizem que não vai gerar empregos, mas, tão
somente, aumentar o lucro dos patrões.
Ficava claro
por que o golpe fora desfechado contra o governo trabalhista de Dilma Rousseff.
E a razão foi a mesma do golpe de 1964: tirar dos pobres para dar aos ricos.
Se a
concentração de renda despencou no Brasil ao longo dos governos petistas
durante mais de uma década, a partir do governo Temer ela começou a aumentar e
com a dita “reforma trabalhista” irá explodir, provavelmente voltando ao tempo
da ditadura militar, quando atingiu os níveis mais altos da história deste
país.
Na imagem
abaixo, cena de reunião entre Temer e cerca de 100 empresários da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) ocorrida em julho do ano passado. Ao lado do
presidente, Robson Braga, presidente da entidade. Os dois concordaram, à época,
em adotar “mudanças duras” tanto na Previdência Social quanto nas leis
trabalhistas.
Eis que a
proposta de supressão de direitos trabalhistas chega ao Congresso e choca o
mundo pela virulência. A ideia era mesmo tirar todos os direitos dos
trabalhadores permitindo que os empresários “negociem” com seus empregados
direitos conquistados há cerca de 70 anos e que acabaram o trabalho em
condições análogas à escravidão no país.
Um dos
primeiros alertas de peso veio da Organização Internacional do Trabalho. Quem
noticiou primeiro foi o site Sputnik.
O diretor da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) Peter Poschen alertou autoridades e
políticos brasileiros envolvidos na Reforma Trabalhista para os acordos
assinados pelo país no passado. A afirmação foi feita na última audiência
pública da Comissão Especial da Reforma Trabalhista da Câmara dos Deputados,
ocorrida à época.
Segundo
Poschen, mais de 80 convenções da entidade preveem que uma lei deve ter mais
valor do que um acordo coletivo. Ele citou as convenções 98 e 154, que tratam
sobre negociações coletivas entre trabalhadores e empregadores. A interpretação
do dirigente é o oposto do que defende o governo do presidente Michel Temer.
Naquele
momento, o diretor da OIT explicou que a entidade ainda não tinha
posicionamento favorável ou contrário ao tema e se colocava à disposição do
Brasil para formular um parecer, caso fosse solicitado pelo governo brasileiro.
Não é
preciso dizer que Temer não deu bola.
O Relator do
projeto, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), asseverava que o
Congresso precisava agir contra a alta taxa de desemprego e a fórmula
encontrada por Temer fora tirar direitos do trabalhador para tornar as
contrações mais baratas na esperança de que o empregado custando menos haveria
mais empregos.
Devido à
dubiedade inicial das declarações do diretor da OIT sobre a “reforma
trabalhista brasileira, os golpistas partiram para a estratégia de dizer que a
organização não havia condenado o Brasil pela proposta de tirar direitos dos
trabalhadores.
Aproveitando-se
da posição cautelosa da OIT, enquanto estudava o projeto, o deputado
Rogério Marinho (PSDB-RN) tentou vender que a organização apoiava a retirada de
direitos trabalhistas para “aumentar o nível de emprego” no país.
Imediatamente,
o escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil negou que a entidade tivesse dado algum parecer sobre
o projeto de lei de “reforma” trabalhista.
Em maio, a
OIT deu seu veredito sobre a mudança em curso da legislação trabalhista no
país. Antes de reproduzir esse veredito, vale explicar que a Organização
Internacional do Trabalho (OIT ou ILO, do inglês International Labour
Organization) é uma agência multilateral da Organização das Nações Unidas
especializada nas questões do trabalho em todo o mundo.
Não se
trata, pois, de alguma “ong petista”.
Bem, em
maio, Peter Poschen, diretor da Organização, deu o veredito sobre a “reforma trabalhista” brasileira. Ele
criticou o discurso de que o país iria “modernizar” a legislação trabalhista
com essa reforma e informou que, após estudos de nossa nova legislação, a OIT
concluiu que ela não garantirá geração de empregos.
Além disso,
Poschen deu uma declaração espantosa que está sendo sumariamente ignorada pela
mídia e pelo governo golpista e ladrão de Michel Temer. Para a OIT, a “reforma
trabalhista” brasileira “viola convenções internacionais”.
Em resposta
a uma consulta feita por seis centrais sindicais, a Organização Internacional
do Trabalho (OIT) apontou em carta que a reforma trabalhista proposta pelo
governo de Michel Temer viola uma série de convenções internacionais do qual o
País é signatário.
Para a OIT,
a proposta, durante a sua tramitação no Congresso, deveria ter obedecido à
convenção 144, que exige audiências entre os representantes dos trabalhadores,
dos empregadores e do governo, de modo a se chegar a uma maior quantidade
possível de soluções compartilhadas por ambas as partes.
No
documento, Corinne Vargha, diretora do departamento de Normas Internacionais do
Trabalho, destaca que o Comitê de Liberdade Sindical do Conselho de
Administração da OIT já havia decidido em outras ocasiões que nas modificações
de leis trabalhistas que afetem as negociações coletivas ou qualquer outra
condição de emprego, “é obrigatório haver reuniões detalhadas prévias com os
porta-vozes das organizações sociais do País”.
Em resposta
a uma consulta feita por seis centrais sindicais, a Organização Internacional
do Trabalho (OIT) apontou em carta que a reforma trabalhista proposta pelo
governo de Michel Temer viola uma série de convenções internacionais do qual o
País é signatário.
Para a OIT,
a proposta, durante a sua tramitação no Congresso, deveria ter obedecido à
convenção 144, que exige audiências entre os representantes dos trabalhadores,
dos empregadores e do governo, de modo a se chegar a uma maior quantidade possível
de soluções compartilhadas por ambas as partes.
No
documento, Corinne Vargha, diretora do departamento de Normas Internacionais do
Trabalho, destaca que o Comitê de Liberdade Sindical do Conselho de
Administração da OIT já havia decidido em outras ocasiões que nas modificações
de leis trabalhistas que afetem as negociações coletivas ou qualquer outra
condição de emprego, “é obrigatório haver reuniões detalhadas prévias com os
porta-vozes das organizações sociais do País”.
Corinne
lembrou posicionamento recente da Comissão de Peritos da entidade, divulgado na
última Conferência da OIT em Genebra, no dia 13 de junho, na qual o órgão
vinculado à ONU condenou a aplicação das negociações individuais e mesmo
coletivas com o objetivo de flexibilizar direitos já definidos na CLT.
“Os Estados
têm a obrigação de garantir, tanto na lei como na prática, a aplicação efetiva
das convenções ratificadas, motivo pelo qual não se pode pode rebaixar por meio
de acordos coletivos ou individuais a proteção estabelecida nas normas da OIT
em vigor em um determinado país”, afirmou a diretora.
Ou seja, a
conversa mole sobre “modernização” das leis trabalhistas é uma tremenda farsa.
A mídia brasileira age como organização mafiosa ao sustentar uma versão que
nenhum analista sério do mundo corrobora, a de que tirar direitos iria aumentar
o nível de emprego.
Robson
Braga, da CNI, que com Temer deu a partida nessa vergonha que o Congresso está
parindo, afirma, na cara dura, que “Não existem empresários que querem se
aproveitar de trabalho barato”.
É de cair o
queixo.
Em julho do
ano passado, após reunião com Temer e líderes empresariais, Braga, da CNI,
disse a jornalistas que o Brasil deveria “estar aberto” a mudanças na
legislação trabalhista. Ele citou um tal “exemplo da França”, onde acreditava
que governo adotara uma reforma escravocrata como a que defendia no Brasil.
“A França,
que tem 36 horas [de carga horária semanal para os trabalhadores], passou agora
para 80, a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas
diárias”, afirmou o presidente da CNI na ocasião.
Na verdade,
a mudança no país europeu prevê 60 horas em casos excepcionais. Logo corrigido
pela própria CNI, o equívoco de Braga deixou ver o nível de estupidez e má fé
dos golpistas e a decisão deles de enriquecer mais os grandes empresários à
custa do empobrecimento da nação.
Está claro
para todos que Michel Temer é um ladrão. Há vídeos, há áudios, há delações, há
documentos que PROVAM cabalmente que o presidente da República rouba o país há
muito tempo. Porém, no quesito ladroagem o presidente da República está mudando
de patamar.
Com a
supressão dos direitos trabalhistas de TODOS os brasileiros, Temer cometerá um
dos maiores roubos da história. E não será só de dinheiro. Roubará nosso
futuro.
Blog da
Cidadania