Antes mesmo de ter começado o julgamento que condenou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por unanimidade pelos três
desembargadores da 8ª Turma, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) "já
passava a mensagem de que é totalmente parcial", afirmou o advogado
Geoffrey Robertson, que acompanhou o julgamento de Lula.
Em declarações, o britânico que integra a defesa do
ex-presidente na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas (CNUDH), em
Genebra (Suíça), afirmou que ficou impressionado com a parcialidade do TRF-4,
ao acompanhar o caso.
"Eu vim para cá esperando que, em um tribunal de segunda
instância, houvesse ampla defesa, em vez da situação primitiva do julgamento em
que um juiz é parcial", disse, inicialmente. Entretanto, o jurista disse
que já era preocupante o comportamento do próprio presidente do TRF-4, Thompson
Flores.
"Preciso dizer que eu estava um pouco preocupado com o
comportamento do juiz Thompson Flores. Quem é Thompson Flores? É o presidente
do Tribunal de segunda instância. Quando você pega o elevador do Tribunal em
Porto Alegre, que foi o que eu fiz hoje, lá no topo está Thompson Flores. O seu
gabinete controla este tribunal, ele é o presidente", contextualizou.
"E esse homem, alguns dias após o juiz Moro ter
proferido o seu julgamento, ele falou em uma coletiva de imprensa que tal
decisão era 'perfeita', sem defeito algum". "Como vocês, cidadãos
brasileiros, esperam um julgamento justo, uma decisão justa sobre um recurso,
quando o presidente do Tribunal que decidirá a questão diz que o julgamento do
qual se está recorrendo é 'perfeito', antes mesmo de ter tido tempo de lê-lo,
pois o documento é muito extenso?", indagou Geoffrey, em tom de
indignação.
Respondendo ao próprio questionamento, exclamou: "É
inacreditável". "Algo assim jamais aconteceria em nenhum país
civilizado do mundo. Ter o presidente de um tribunal de segunda instância
dizer, antes mesmo de o recurso ser apresentado, que a decisão é
"perfeita". E então, há poucos dias, sua chefe de gabinete diz em sua
própria página que Lula deveria ir para a prisão. E o que ele faz? É claro que
ela deveria ser repreendida de alguma forma. Mas, não. Ele não faz nada. Ele
defende o direito dela à liberdade de expressão", seguiu.
Para o advogado, que disse ter mantido um certo olhar
objetivo, quando foi acompanhar o julgamento que venceu Lula por unanimidade,
no último dia 24, em Porto Alegre, desde o princípio já estava nítido de que a
Corte de segunda instância não iria reverter a sentença do juiz Sérgio Moro.
GGN