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sábado, 28 de abril de 2018

“A sociedade dos FASCISTAS de bem”, por Katarina Peixoto

Tem muita gente com certeza a respeito da própria bondade e bom caráter, que acredita que estamos em uma democracia. Para muitos, enquanto não houver OBan e DOPS, não há ditadura. Um juízo generoso sobre essas crenças depende da atribuição de ignorância e ou de uma certa complacência quanto às próprias certezas sobre si mesmos. Está claro que os fascistas são ignorantes. 
Fascismo é isto: uma grande ignorância irascível, mortal, organizada militarmente e inimiga de toda institucionalidade. O que muita gente não vê ou se recusa a ver, é que não estamos diante da violência estatal, transmutada em golpistas clássicos, fardados, vociferando as imbecilidades paranoides de sempre. 
O processo de desestabilização brasileiro começou e depende do veneno na sociedade, da paranoia insidiosa e da mentira. Com esse expediente, as famílias midiáticas cevaram o ódio que se alastra, armado, com a certeza psicótica de que estão a extirpar um furúnculo, enquanto disseminam uma septicemia. 
Hoje, uma mulher e um homem foram baleados. O homem teve uma bala atravessada em seu pescoço. Lula segue preso acusado e condenado por uma mentira na qual é preciso uma dose cavalar de imbecilidade e ódio de classe para acreditar. 
A justiça do inimigo disseminou censura, paranoia, perseguições, demissões, crise política e agravamento da crise econômica. Só entregam miséria moral, violência, impunidade e falta de perspectiva. Ruíram com o arcabouço constitucional e comandam um governo sem voto, sem apoio, sem legitimidade, que acredita se sustentar nos seus canais de propaganda televisivos e radiofônicos. 
Já há dezenas de mortos na conta do golpe. O campo está um açougue. Marielle e Anderson segue insepultos na impunidade e Marisa Letícia, idem. Quem não está pior, para quem não piorou? Quem, em sã e tranquila consciência, pode afirmar que haverá eleição para presidente no Brasil, neste ano? 
O que os fascistas adestrados pela mídia familiar e protegidos pelo aparato golpista querem é uma reação. Querem uma desculpa, querem que alguém, com indignação o suficiente e nervos, de menos, mostre-lhes, na sua linguagem, o que eles são. Querem um sacrifício ainda maior que aquele a que submeteram o Lula. Não lhes é suficiente dilacerar a sociedade e marcar gerações com ódio e desconfiança mútua, um expediente que nem o stalinismo mais militante foi capaz de promover. Não lhes é suficiente desempregar aos milhões e aniquilar com o investimento estatal. Não lhes é suficiente transformar o campo em um açougue impune. Não lhes é relevante a próxima geração de famintos que está com um ano. 
O golpe brasileiro recrudesce com o desejo irrefreável de aniquilar a todos e a cada um de nós, da esquerda. É disso que se trata e é isso o que está em jogo. Por trás da carcaça dos delinquentes golpistas e de seus protetores togados e do aparato judicial e corporativo, está uma necessidade cada vez mais evidente: a sua sobrevivência depende da nossa aniquilação. Seria um jogo da galinha não estivéssemos fora de qualquer jogo. 
Nem sei por que estou escrevendo isso. Não adianta, mas eu preciso. Eu só queria que minhas amizades e anexades saíssem da zona perceptiva que nos protege, nas classes médias para cima, para perceber que o veneno é ecumênico. E que é preciso resistir, em cada consciência, em cada minuto de atenção, em cada aperto de mão, em cada notícia que se lê. Em cada juízo que fazemos.
Eu pensava, em fins de 2015, que um cenário chileno 73' era a fantasia golpista. Eu estava errada. O que estamos vivendo, ceteris paribus (que ironia, como se cláusulas houvesse), é um cenário muito parecido com o argentino, nas vésperas de 76. E, com um agravante: a partir de setores organizados dentro da sociedade, com o cinismo e a proteção do aparato golpista, que repudia no atacado e protege no varejo, o extermínio e a perseguição dos inimigos do regime. Em um cenário como esse, OBAn e DOPs não são requeridos. E ninguém está protegido, por incrível que pareça. Está em curso uma guerra suja. 
GGN

sábado, 7 de abril de 2018

Ao Presidente Lula da Silva., por Eugênio Aragão

Foto de Francisco Proner
Lula, sem queremos incorrer na rasa pieguice, precisamos dizê-lo hoje mais do que nunca: você fez muito para nós, brasileiras e brasileiros. Você mostrou que há um Brasil inclusivo possível, um Brasil onde todas e todos cabem, sem distinção de gênero, renda, origem, cor, credo ou opção sexual. Um Brasil generoso que nem você, que a maioria de nós só imaginava em sonho. Você tornou um pouco desse sonho real.
Você ensinou tolerância, respeito aos que pensam diferente, amor aos que dele carecem. Onde passa, você cativa, abraça e beija. E o faz com sinceridade, mostrando que a empatia não é uma mercadoria só encontradiça em campanha eleitoral.
Você irradiou esperança, sem iludir ninguém. Nunca se perdeu pelo caminho fácil dos rótulos e chavões. Foi sincero e verdadeiro, coisa que é tão rara de se encontrar num meio onde o poder é disputado sorrateiramente, com quimeras e mentiras. Você não hostilizou os hipócritas, mas não se rebaixou a eles.
Acusaram-no de ter confiado demais nos políticos da tradição patrimonialista, o que não é verdade. Você precisou de base para governar e criou um consenso parlamentar inédito para isso. Só com ele foi possível atender à dívida secular com a massa de excluídos deste país. Não pôde barrar ninguém que se dispusesse a lhe dar apoio nessa empreitada, ainda que, depois, muitos vieram a traí-lo.
Mesmo traído, nunca quis mal aos traidores. Estendeu-lhes a mão, mostrando que o interesse do país é maior que as emoções pessoais. Não cultivou ressentimentos e mostrou a nós que política se faz com a cabeça e o coração, mas jamais com o fígado e a bílis.
Apesar de injustiçado, fez questão de honrar todas as vias processuais, todas as instâncias decisórias para reverter uma sentença sórdida, politiqueira, corporativa e meganhocrata. Mostrou paciência e respeito pelas instituições, mesmo quando, irritadas e açodadas, não o respeitaram. Esgotou todos os meios e mostrou uma fé inquebrantável na Constituição que jurou cumprir como presidente da república.
Você é muito maior que os que o ousaram julgar, não pelos cânones legais, mas por vaidade ou pusilanimidade, por preconceitos falso-moralistas, por arrogância ou prepotência, por ambição e por interesse político indisfarçável. E está firme, consolando a todas e todos que neste momento de seu padecimento público querem-no prantear. Você não nos deixa cair na autocomiseração e nem no pessimismo, mas nos levanta e ensina a aceitar a eventual derrota como mero percalço no caminho da vitória inexorável.
Por tudo isso, Lula da Silva, nós agradecemos e assumimos o dever de continuar sua luta, que é a luta de todos nós. Você voltará nos braços das multidões e ensinará a seus detratores que não há força maior que a verdade e a justiça, mesmo que estas não se encontram nas mãos de uns burocratas regiamente pagos e, sim, na soberania popular em que, não pífias virtudes concurseiras, mas o voto de confiança merecida do povo que o elegeu é que vale.
Obrigado, Lula da Silva!
DCM