Moro vê a si mesmo no cinema: já
deu
A nova
pesquisa Ipsos traz um dado revelador e previsível acerca de
Sergio Moro e sua nêmesis: enquanto a desaprovação do juiz sobe, a de Lula cai.
O
prazo de validade de Moro expirou.
A
tendência é de alta. No levantamento do mês passado, essa taxa subira nove
pontos percentuais, de 28% para 37%. Agora foi para 45%. A série
histórica do instituto teve início em agosto de 2015.
Segundo
o Estadão, os dados foram colhidos entre os dias 1.º e 14 deste mês. Ou seja,
antes e depois do depoimento de Palocci, considerado por toda a imprensa
escrita, televisada e togada como a bala de prata na testa de Lula.
Fica
claro o recado: o Brasil real cansou de Moro. O sucesso da caravana de Lula e
sua ascensão nas sondagens eleitorais são um atestado de que a perseguição não
deu o resultado esperado. O jeito vai ser um tapetão.
Mas
vai ser fácil? Vai ser tranquilo como o esquilo? Suave na nave?
Ninguém
suporta por tanto tempo uma operação extrajudicial que escolheu um culpado e há
anos se dedica a tentar confirmar uma tese, sem trazer provas, somente
convicções.
Há
um desgaste da imagem. Nem Lady Gaga suporta esse excesso de exposição.
As
inúmeras irregularidades envolvendo Moro e seus homens têm sido denunciadas
aqui no DCM. Os rapazes da República de Curitiba se coçam em
busca de um plano B.
O
filme da Lava Jato é um fracasso de público. Os livros saíram das
listas dos mais vendidos. A fila anda.
Deltan
Dallagnol admitiu que foi procurado por partidos e não descarta uma
candidatura. Carlos Fernando dos Santos Lima deve ir pelo mesmo caminho. No
momento é comentarista de Facebook, afrontando diretamente o STF.
Ambos
foram sondados pelo Podemos para concorrer a uma vaga no Senado.
Moro
nega que pretenda disputar a presidência, mas ele já é político lato sensu.
Para que arriscaria um teste frustrante na democracia se tem licença para matar
em seu posto, protegido pelas instâncias superiores?
Contratado
para terminar o serviço de Joaquim Barbosa, Moro encarnou o papel que lhe
deram. Abusou.
Ganhou
trofeu das mãos de um dos Marinhos, foi estrela de convescote da corrupta
Istoé, palestrou em evento de João Doria, tirou foto com o rostinho colado no
do jagunço Aécio Neves.
Não
fez questão de manter o decoro e de fingir imparcialidade. Ficará como um dos
protagonistas de um dos períodos mais vergonhosos da Justiça brasileira.
Seu
julgamento já está sendo feito. Como eu escrevi, Moro é Gilmar amanhã. Duas
figuras que saíram das sombras para os holofotes e que cada vez menos gente
suporta assistir.
Do DCM