Mostrando postagens com marcador diretas já. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diretas já. Mostrar todas as postagens

sábado, 17 de junho de 2017

A crise do governo Temer e a esquerda, Rui Costa Pimenta

Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, presidente do PCO. Nesta Análise, crise do governo Temer e a posição da esquerda diante do caso, questão das "Diretas, Já!" e suas manifestações contra os partidos de esquerda, manifestação em Brasília pela Anulação do impeachment de Dilma Rousseff. Confira VÍDEO logo abaixo:


Do GGN

Ruas: Atos por eleições diretas mobilizam população na próxima terça-feira


O coordenador da Frente Brasil Popular e CMP (Raimundo Bonfim) afirma que luta contra as reformas trabalhista e da Previdência, ‘fora, Temer’ e Diretas Já são bandeiras da mobilização marcada para a praça da Sé na terça-feira.

As centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizam, na próxima terça-feira (20), um ato na Praça da Sé, em São Paulo, a partir das 16 horas. A manifestação faz parte do Dia Nacional de Mobilização, da agenda dos movimentos sociais e sindical contra as reformas trabalhista e da Previdência, pela saída de Michel Temer da presidência da República e em prol da convocação de eleições diretas.

“O dia 20 é importante como mais um dia de mobilização. Apesar do total desgaste do governo, do envolvimento em corrupção e na iminência do oferecimento da denúncia pela Procuradoria-Geral da República, o governo continua com a pauta das reformas na Câmara e no Senado”, diz Raimundo Bonfim, coordenador da Frente Brasil Popular e Central de Movimentos Populares (CMP). “É importante a população se manter mobilizada. Além da luta contra as reformas, o ‘fora, Temer’ e Diretas Já também são bandeiras da mobilização. Uma coisa está associada à outra: precisa derrubar o Temer para travar as reformas.”

Segundo o dirigente, o ato unificado terá o apoio de militantes em São Paulo e da região metropolitana. Em relação a cidades em um raio de até cerca de 150 km, a proposta é fortalecer a atividade da Sé.  Em municípios mais distantes, também serão realizadas manifestações. Haverá atos em outras capitais do país.

A previsão é de que a reforma trabalhista seja votada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado no mesmo dia 20 e, no dia 28, no plenário. As centrais sindicais e os movimentos sociais de Brasília e Goiás têm a tarefa de fazer mobilizações na capital do país, por conta da agenda do Congresso Nacional.

Raimundo Bonfim endossa a avaliação de que a decisão do PSDB de permanecer no governo Temer indica que, para os tucanos, o principal no momento, independentemente inclusive da continuidade ou não de Temer, é a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. “É a sinalização que eles dão para o mercado. Querem passar confiança, querem dizer ao mercado que são confiáveis”, diz.

Na segunda-feira (12), o PSDB decidiu ficar no governo Temer. Segundo o cientista político da Universidade de Brasília Ricardo Caldas, provisoriamente. “Entendo que o partido vai ficar no governo apenas enquanto estiver sendo votada a reforma trabalhista e, talvez, tente avançar a reforma previdenciária", disse.

FHC
A posição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido cada vez mais ambígua. Em nota ao jornal O Globo nesta quinta (15), ele afirmou: “A ordem vigente é legal e constitucional (daí o ter mencionado como ‘golpe’ uma antecipação eleitoral) mas não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto”.

FHC não participou da reunião do partido que definiu a permanência na base do governo Temer.

A manifestação do ex-presidente provocou reações na mídia tradicional. A colunista Cristiana Lôbo, do próprio O Globo, por exemplo, publicou uma nota intitulada “A guinada de FHC” em que diz: “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma brusca inflexão ao defender, nesta quinta-feira (15), a realização de eleições diretas por iniciativa do presidente Michel Temer que, na avaliação de FHC, perdeu a legitimidade para continuar no cargo”.

GGN

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Reunidos movimentos criam frente ampla pelas Diretas Já

Movimentos criam frente das Diretas Já

Mais de 55 entidades representativas de diferentes setores da sociedade civil, de um amplo espectro político, criaram nesta segunda-feira 5, em Brasília, a "Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já"; o movimento, que é suprapartidário, será lançado oficialmente no Congresso em um ato na próxima quarta-feira 7; iniciativa é mais uma demonstração de que a população quer a saída de Michel Temer do poder e escolher o novo presidente da República; pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta segunda-feira 5 apontou que 85% dos brasileiros querem a cassação de Temer e 89% defendem eleições diretas. Vídeo AQUI.

Mais de 55 entidades representativas de diferentes setores da sociedade civil, de um amplo espectro político, criaram nesta segunda-feira 5, em Brasília, a "Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já". O movimento, que é suprapartidário, será lançado oficialmente no Congresso em um ato na próxima quarta-feira 7.

A iniciativa é mais uma demonstração de que a população quer a saída de Michel Temer do poder e escolher o novo presidente da República. Pesquisa CUT/Vox Populi divulgada nesta segunda-feira 5 apontou que 85% dos brasileiros querem a cassação de Temer e 89% defendem eleições diretas.

Neste domingo 4, um ato pelas diretas reuniu artistas de diversos gêneros musicais e uma multidão de 100 mil pessoas no Largo da Batata, em São Paulo (veja aqui). Confira a nota divulgada sobre o lançamento da Frente:

CRIADA A FRENTE AMPLA NACIONAL EM DEFESA DAS DIRETAS JÁ

Reunindo mais de 55 entidades representativas de diferentes setores da sociedade civil, de um amplo espectro político, conformou-se neste dia 5 de Junho, em Brasília, a "Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já", cujas resoluções seguem em anexo, juntamente com a nota abaixo.

NOTA

Frente Ampla Nacional pelas Diretas Já

O Brasil atravessa uma grave crise política, econômica, social e institucional. Michel Temer não reúne as condições nem a legitimidade para seguir na presidência da República. A saída desta crise depende fundamentalmente da participação do povo nas ruas e nas urnas. Só a eleição direta, portanto a soberania popular, é capaz de restabelecer legitimidade ao sistema político.

A manutenção de Temer ou sua substituição sem o voto popular significa a continuidade da crise e dos ataques aos direitos, hoje materializados na tentativa de acabar com a aposentadoria, os direitos trabalhistas e as políticas públicas, além de outras medidas que atentam contra a soberania nacional.

As diversas manifestações envolvendo movimentos sociais, artistas, intelectuais, juristas, estudantes e jovens, religiosos, partidos, centrais sindicais, mulheres, população negra e LGBTs demonstram a vontade do povo em definir o rumo do país.
Por isso, conclamamos toda a sociedade brasileira a se mobilizar, tomar as ruas e as praças para gritar bem alto e forte: Fora temer! Diretas já! E Nenhum direito a menos! O que está em jogo não é apenas o fim de um governo ilegítimo, mas sim a construção de um Brasil livre, soberano, justo e democrático.

Assinam:
Frente Brasil Popular – FBP
Frente Povo Sem Medo – FPSM
Centra Única dos Trabalhadores – CUT
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG
Associação das Mulheres Brasileira - AMB
Associação Nacional de Pós Graduandos - ANPG
Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho – ANAMATRA
Brigadas Populares
Central dos Movimentos Populares - CMP
Central dos Sindicatos Brasileiros - CSB
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
Central Pública
Centro de Atendimento Multiprofissional - CAMP
Coletivo Quem Luta Educa/MG
Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB - CBJP
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio - CNTC
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE
Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos - CNTM
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB
Conselho Federal de Economia - CONFECON
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - CONIC
FASE Nacional
Fora do Eixo / Mídia Ninja
Fórum de Lutas 29 de abril/PR
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
Frente de Juristas pela Democracia
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Central Intersindical - INTERSINDICAL
Juntos
Koinonia
Levante Popular da Juventude
Marcha Mundial das Mulheres - MMM
Movimento Camponês Popular - MCP
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto - MTST
Movimento Humanos Direitos - MHUD
Movimento Nacional contra a Corrupção e pela Democracia - MNCCD
Movimento pela Soberania Popular na Mineração - MAM
Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista – MAIS
Partido Comunista do Brasil – PC do B
Partido dos Trabalhadores – PT
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
Partido Socialista Brasileiro – PSB
Pastoral Popular Luterana
Rede Ecumênica da Juventude - REJU
Rua Juventude Anticapitalista - RUA
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo
União Brasileira de Mulheres - UBM
União da Juventude Socialista – UJS
União Geral dos Trabalhadores – UGT
União Nacional dos Estudantes - UNE

247

Centrais sindicais articulam nova Greve Geral para o dia 30 de junho, todos na rua pedindo Fora Mala Temer

Foto: Roberto Parizzoti/CUT

Após reunião realizada nesta segunda-feira (5), centrais sindicais como a CUT e a Força Sindical indicaram 30 de junho como o dia da próxima Greve Geral. A data ainda será referendada pelas categorias em assembleias estaduais.

Após a confirmação da data, terá início a preparação para a paralisação, com o esquenta marcado para o dia 20, com panfletagem e atos das centrais.

Os líderes sindicais acreditam que a mobilização será maior que a greve do dia 28 de abril, principalmente por causa do agravamento da crise política do governo de Michel Temer.

Além da pauta contra as reformas trabalhista e da Previdência, a greve também levantará a questão da saída do presidente da República e da realização de eleições diretas.

"Se o Congresso Nacional, mesmo com tudo que temos feito, resolver antecipar a votação das reformas, vamos antecipar também as mobilizações. Não vamos permitir que votem contra a vontade do povo brasileiro. A classe trabalhadora irá reagir", diz Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT.

Leia abaixo a íntegra da nota das centrais:

Unidade e luta em defesa dos direitos

As centrais sindicais, (CUT, UGT, Força Sindical, CTB, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas, Intersindical, CSB e A Pública- Central do Servidor), convocam todas as suas bases para o calendário de luta e indicam uma nova GREVE GERAL dia 30 de junho.

As centrais sindicais irão colocar força total na mobilização da greve em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, contra as reformas trabalhista e previdenciária, contra a terceirização indiscriminada e pelo #ForaTemer.

Dentro do calendário de luta, as centrais também convocam para o dia 20 de junho – O Esquenta Greve Geral, um dia de mobilização nacional pela convocação da greve geral.

Ficou definido também a produção de jornal unificado para a ampla mobilização da sociedade. E ficou agendada nova reunião para organização da greve geral para o dia 07 de junho de 2017, às 10h na sede do DIEESE.

Agenda

- 06 a 23 de junho: Convocação de plenárias, assembleias e reuniões, em todo o Brasil, para a construção da GREVE GERAL.

- Dia 20 de junho: Esquenta greve geral com atos e panfletagens das centrais sindicais;

- 30 de junho: GREVE GERAL.

CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CSP Conlutas – Central Sindical e Popular
CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil
CUT – Central Única dos Trabalhares
Força Sindical
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores
Pública - Central do Servidor

UGT – União Geral dos Trabalhadores

GGN

Xadrez de um país controlado pelo crime organizado, Nassif

Peça 1 – o crime apossando-se do Estado
Há uma preocupação global com a tomada do poder nacional pelo crime organizado. O Brasil se tornou um caso emblemático, inédito de jovem democracia que, após inúmeros avanços sociais, morais e econômicos, teve como desfecho a subordinação do país ao crime organizado. E não se está falando das vinculações entre o tráfico e o Congresso, que ainda não foram devidamente apuradas.

Por aqui, montou-se o mais esdrúxulo pacto da atualidade. Em troca de entregar reformas profundamente antipopulares, excessivamente radicais, enfiadas goela abaixo da população sem nenhuma negociação - e, por isso mesmo, de vida curta -, a organização que se apossou do poder ganhou salvo conduto para assaltar.

Temas de alto interesse nacional, com reflexos sobre as próximas décadas, como a venda de terras públicas, a flexibilização ampla no licenciamento ambiental, a demarcação de terras indígenas, concessões portuárias, tudo está sendo entregue, no mais amplo processo de desmonte a que o país foi submetido.

Há muitas dúvidas sobre a oportunidade ou não das diretas-já. Mas há uma certeza: Temer não pode continuar.

O país está no estágio do chamado trem desgovernado. Há um início de reorganização da opinião pública, os partidos políticos tentando entender o momento, mas ainda assim, um estado de estupor generalizado, caracterizado pelos seguintes pontos:

1.     Um assalto ao Estado, através de aparelhamento indiscriminado da máquina, disseminação de portarias, sede para negociatas, sem nenhuma forma de controle.

2.     Uso do Estado para subornar todos os poderes, incluindo a mídia, conforme se apurou em grampo recentes do senador Aécio Neves. Compra a mídia com publicidade, parlamentares com leis e portarias, autorização para venda de terras públicas, flexibilização selvagem das leis ambientais, concessões de portos e de teles.

3.     O único fator de contenção é a perspectiva de queda de Michel Temer. Qualquer sinal de fortalecimento de Temer significará uma ampliação desmedida dos processos de assalto aos cofres públicos.

Peça 2 – Temer é insustentável
Por qualquer ângulo que se imagine, só há uma certeza inabalável: o governo Temer é insustentável.

Ele comanda uma organização criminosa que se aboletou no comando do país. É o grupo que chantageou todos os governos eleitos, desde a redemocratização, composto por políticos sem compromisso de país empenhados exclusivamente em fazer negócios.

Mais que isso, não parou depois de assumir o cargo. Levou para dentro do governo seus próprios operadores pessoais. E foi flagrado combinando acertos com Joesley Batista, da JBS, todos os passos documentados: a indicação de Rodrigo Loures, como seu homem de confiança; o acerto de taxa de sucesso, se o pleito junto ao CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) fosse acolhido; e o pagamento de propina, em dinheiro, devidamente registrado pela Polícia Federal.

Em qualquer outro país, o escândalo levaria multidões à rua, a vergonha se espalharia pelas páginas de jornais, revistas, pelas imagens de TV, pelos programas de rádio.

No entanto, com o controle do governo, Temer apossou-se de um conjunto de poderes que estão sendo utilizados para impor as negociatas. A organização Temer ganha salvo-conduto para depenar o Estado.

Enquanto persistir com o Executivo na mão, há o risco do mesmo poder corruptor ser exercido sobre outras instâncias, além do Congresso e da mídia. É evidente o chamado periculum in mora para a democracia brasileira.

Peça 3 – as eleições indiretas
O risco de eleições indiretas seria subordinar a presidência à mesma quadrilha parlamentar.

Ora, hoje em dia a presidência está entregue ao alto comando dessa quadrilha. Por tal, se entenda o pessoal mais profissional no exercício da corrupção política, que mantém a grande articulação do assalto sistemático ao Estado.

Na pior das hipóteses, mantém-se o polvo sem cabeça, se dá um freio nesse assalto indiscriminado ao país e de impõe um mínimo de recato na vida pública.

Na melhor das hipóteses, há a possibilidade do novo eleito promover um mínimo de conciliação, visando pacificar o país com vistas às eleições de 2018.

Peça 4 – as eleições diretas
Nada tira a legitimidade do voto direto.  O que se discute são as eleições diretas agora ou no próximo ano.

A vantagem das eleições diretas seria promover uma reaglutinação de forças e voltar a discutir o futuro. O inconveniente seria reacender o clima bélico da polarização, além de acirrar o protagonismo político da Polícia Federal e da Lava Jato. E, no quadro atual de desestruturação partidária, a possibilidade de abrir espaço para aventureiros.

Peça 5 – a saída ideal
Qualquer saída – diretas ou indiretas – terá que levar em conta a resultante final: eleições gerais com regras que impeçam a manutenção do controle do Congresso pela bancada eleita por empreiteiras e pela JBS.

A saída ideal seria uma Constituinte exclusiva, com candidatos eleitos pela população para um mandato de no máximo dois anos, não podendo voltar a se candidatar.

Seria a maneira da sociedade brasileira assumir o controle, dar uma arrumação geral na casa e devolver a política aos políticos profissionais.

É um tema capaz de mobilizar o Ministério Público, para impedir abusos de poder econômico, e abrir espaço para novas referências em uma sociedade em que os melhores nomes não têm espaço dentro do universo de banalidades criado pela mídia e pelas redes sociais.

Do GGN

domingo, 4 de junho de 2017

SP reúne multidão e grito por diretas já aponta o voto como a única saída para crise generalizada do país

Milhares de manifestantes e artistas participaram neste domingo 4 de um grande ato pela saída de Michel Temer e em defesa de eleições diretas para a escolha do novo presidente da República.

Passaram pelo palco artistas como Criolo, Rael, Chico César, Edgar Scandurra, Emicida, Otto, Paulo Miclos, Péricles, Pitty, Simoninha, Tulipa Ruiz e Maria Gadú, com encerramento de Mano Brown, além de lideranças como Guilherme Boulos e a presidente da UNE, Carina Vitral, e personalidades.

Para a economista Laura Carvalho, que também discursou, não basta tirar Temer e colocar outro Temer. "Não queremos esse Temer nem outro Temer. Mais igualdade a gente conquista com voto", disse. "O Brasil quer escolher seu presidente e, se possível, já", defendeu Chico César, o primeiro a cantar.

Vídeo: Mídia Ninja. AQUI.

Confira reportagem da Rede Brasil Atual sobre o ato:

'Não queremos esse Temer nem outro Temer. Mais igualdade a gente conquista com voto'

Artistas e movimentos sociais deixam o recado para os presentes. "A gente quer mais democracia e novos direitos. Mais direitos e mais participação dos movimentos", diz a economista Laura Carvalho.

O Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, está tomado por manifestantes que acompanham o ato SP pelas Diretas Já, convocado por artistas, ativistas da mídia independente e blocos de carnaval, com a presença de movimentos sociais. A primeira atração do dia ensolarado na capital foi o cantor paraibano Chico César. "O Brasil não suportaria a possibilidade de uma eleição indireta tendo um Congresso completamente contaminado", disse.

"É importante que o povo se manifeste hoje pela queda de Michel Temer (PMDB). Parece que esse governo que entrou há um ano quer desfazer tudo que foi conquistado nos últimos 100 anos. Ele deseja a precarização completa das relações de trabalho, levando o país a um sistema de semiescravidão", completou. O cantor ainda levantou a bandeira da necessidade da realização de uma greve geral no país. "A greve significa a classe trabalhadora unida para assegurar direitos conquistados arduamente".

Após o show do artista, um dos apresentadores do evento, Leo Madeira, chamou o coletivo carnavalesco Arrastão dos Blocos. "Os blocos de carnaval são as pessoas unidas. E isso não acontece apenas em cinco dias. Os blocos entendem que o papel da mobilização não é só o escape, mas o posicionamento político, especialmente em um momento tão delicado como esse."

Arrastão levantou o público com marchinhas tradicionais e composições dedicadas ao tema da manifestação: a queda do presidente Temer e a realização de eleições diretas. "Fora Temer! Ele é golpista, ladrão devoto, quer roubar o trabalhador. Arrastão está nas ruas para derrubar esse imposto", cantaram.

Integrantes de movimentos populares utilizaram o microfone para reforçar a unidade do ato. "Lutar pelas diretas hoje é essencial. Primeiro, para derrubar o Temer, que mesmo envolvido nos maiores absurdos está querendo se recompor, começa a ensaiar uma forma de se agarrar no governo até 2018. E também, caso o Temer caia, precisamos barrar a tentativa de um Congresso totalmente desmoralizado de eleger o presidente", disse o coordenador do Movimento dos Trabalhadores sem teto (MTST) e da Frente Povo sem Medo, Guilherme Boulos.

"Sem ampliar a luta, não vamos conseguir derrubar o Temer. Os grupos de cultura estão de parabéns", disse Boulos sobre a organização dos artistas. "A única forma de construir uma saída da crise é resgatar a soberania popular, chamando o povo a decidir. Isso não resolve tudo, mas é o princípio de um caminho democrático. No nosso entendimento, o movimento das diretas é a bandeira hoje que pode barrar as reformas da Previdência e trabalhista, que ninguém conseguiria se eleger nas urnas com essas propostas. Vamos derrubar essa agenda política", completou.

O presidente da CUT-SP e integrante da Frente Brasil Popular, Douglas Izzo, ressaltou a importância da união em torno das diretas. "Estamos todos aqui, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, artistas, CUT. Nós, das centrais sindicais, lutamos também contra a retirada de direitos, contra reformas apresentadas por Temer. É a luta pela garantia de direitos, para que o povo possa definir quem será o próximo presidente. Não aceitamos eleições indiretas. Precisamos ficar de olho. O Congresso é totalmente envolvido com corrupção e com as mais diretas falcatruas deste país", disse.

Presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, também da Frente Brasil Popular, elogiou a iniciativa. "Esse ato é muito importante. A luta pelas diretas tem que ser de todos. Das pessoas, dos artistas, dos partidos, dos cidadãos comuns que podem e devem se unir nesta grande campanha. Venham juntos e vamos derrubar o Temer e conquistar as eleições diretas", disse.

Para a economista Laura Carvalho, professora da USP, a luta contra a desigualdade social passa pela ampliação da democracia e não sua supressão. "A gente não quer esse Michel Temer nem outro Michel Temer para fazer isso. A gente quer mais democracia e novos direitos. Mais direitos e mais participação dos movimentos. A gente quer mais igualdade. Tudo isso a gente só conquista com o voto. Fora Temer e Diretas Já."

247

Carta Capital: Diretas Já chega a São Paulo, neste domingo, sob a liderança dos artistas

Após mobilizar milhares de cariocas, a classe artística volta a encampar, agora em São Paulo, um ato político em defesa das Diretas Já neste domingo 4. A manifestação, inspirada na campanha por eleições diretas que reuniu multidões na capital paulista e no Rio de Janeiro no fim da ditadura, carrega a mesma receita: grandes mobilizações com forte presença de artistas e expoentes da cultura brasileira.

O ponto de encontro dos manifestantes será no Largo da Batata, onde a partir das 11h diversos artistas de porte como Mano Brown, Péricles, Criolo, Maria Gadú e Paulo Miklos farão parte do ato. No Rio, nomes como Caetano Veloso e Milton Nascimento marcaram presença na manifestação por Diretas Já que ocorreu no último domingo 28 na praia de Copacabana, onde 50 mil manifestantes pediram a antecipação de eleições diretas.

Um dos organizadores do ato, Daniel Ganjaman, produtor musical de grande prestígio, foi o responsável por fazer o contato com os artistas. A construção dos atos se deu a partir da reunião da classe artística, que refletida na insatisfação popular, começou a se mobilizar. Produtores, ativistas e mídia ativistas dividem o trabalho da organização de maneira coletiva. “Alguns já tinham organizado manifestações similares, mas o principal é que não existe nenhuma organização política ou social por trás disso, não existe nenhum protagonista”, conta o produtor.

A organização afirma que, embora não exista nenhum movimento político, partidário ou sindical por trás da organização da manifestação, não há a intenção de excluir grupos ou “tirar aspectos das lutas tradicionais” na mobilização.

Os responsáveis pelo ato rebateram reportagens da mídia que indicavam a exclusão de grupos políticos tradicionais na manifestação. "Em nenhum momento falamos em barrar ou excluir qualquer movimento do nosso ato, como foi publicado com sensacionalismo em matérias da grande imprensa", afirmam os organizadores em nota. "Pelo contrário: achamos fundamental para a relevância da nossa manifestação a participação de todas e todos que estejam alinhados à causa das Diretas." 

Também idealizador do ato no Rio de Janeiro, Ganjaman explica que o motivo da convocação são as eleições diretas, que hoje teriam o “consenso da população”.

A instabilidade do governo de Michel Temer, que para Ganjaman é ilegítimo, trouxe para rua o grito pelo impeachment e inflou a chamada pelas eleições diretas. Um levantamento do DataFolha revela que o presidente tem apenas 9% de aprovação, enquanto 61% da população considera seu governo ruim ou péssimo. A mesma pesquisa afirma que 85% da população pedem eleições diretas.

“Você tem um Congresso com centenas de deputados acusados, alguns que já foram condenados. Não podemos deixar pra esse Congresso definir quem vai ser esse presidente tapa buraco”, argumenta o produtor, ao explicar que um ato suprapartidário como este pode unir a insatisfação geral, na maioria das vezes segmentada por preferências partidárias.

A escolha de artistas renomados para compor o quadro de atrações levanta dúvidas sobre os motivos que levarão o público para o Largo da Batata neste domingo. A decisão, no entanto, foi estratégica. A organização do ato busca atrair a população que está descrente na política, a fim de trazer diversas camadas sociais “para o debate”.

Ganjaman endossa ainda que “toda manifestação artística é uma possibilidade de politização”, ao afirmar que agora a função da classe cultural é buscar no “papel transformador do artista” a possibilidade de discussão sobre a política que hoje é explicada por meios que “provocam a desinformação”.

“As pessoas vão trocar informações. Precisamos insistir no diálogo que perdemos nos últimos anos, pois neste momento é fundamental. Se não insistirmos nisso a consequência será brutal, desastrosa”, alerta.

A presença dos blocos de carnaval também é um carro chefe na mobilização. Alexandre Youssef, produtor cultural e presidente do bloco Acadêmicos do Baixo da Augusta, acredita que esta é uma forma de mostrar o caráter ativista dos blocos que, depois das dificuldades enfrentadas para ocupar as ruas de São Paulo no Carnaval, se articulam em torno das lutas democráticas. “Temos uma temática política envolvida nisso, uma articulação com as pautas da cidade em torno de lutas democráticas”, explica Youssef.
O desmonte do carnaval de São Paulo acendeu ainda um forte debate sobre o papel do Estado na construção da cultura e do fomento à classe artística. O produtor musical Daniel Ganjaman acredita que este é o momento para não apenas de usar a classe artística para a construção de um movimento legítimo e popular, mas também para própria classe se articular em torno de suas causas.

“Em âmbito nacional nós estamos sem um representante, o que quer dizer que a cultura está sendo deixada de lado no que diz respeito aos subsídios”, diz o produtor, que crê ser necessário “aproveitar o incêndio” para unir a classe artística.

Para ele, a piora se deu no momento em que foi consumado o impeachment. “Era uma tragédia anunciada. Hoje, vivemos num estado de exceção. Eu olho para o Temer e não consigo chamá-lo de presidente.”

GGN/Carta Capital

domingo, 28 de maio de 2017

Igrejas Evangélicas divulgam manifesto por Diretas Já

Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito defende que crise institucional foi acelerada com impeachment de Dilma. 
Paulo Pinto/Agência PT

A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito organizou um manifestou pelas Diretas Já. No texto, o movimento declara que o impeachment da "Presidenta Dilma Rousseff" intensificou a crise de institucionalidade no país, chamando a atenção que a neutralidade e o silêncio "não são opções para as pessoas que têm fé, em especial quando a vida dos pobres é agredida", acrescentando a responsabilidade de setor na sociedade na defesa da "distribuição de renda, taxação de grandes fortunas, com estado de bem estar social que respeite a separação entre religião e estado".

O grupo segue afirmando no texto de que é preciso tomar medidas urgentes para revogar o congelamento do investimento social por vinte anos, a terceirização da mão de obra e evitar as reformas trabalhista e da aposentadoria, nos moldes propostos pelo governo Temer.

"Não é possível aceitá-las, porque foram impostas de forma autoritária e sem discussão com a sociedade. Reafirmamos que o nosso papel é estar ao lado das pessoas que serão diretamente afetadas por essas medidas que ferem a dignidade humana".

O movimento também reitera que as provas divulgadas no dia 17 de maio apontado que Temer acertou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, para não denunciá-lo para a justiça "demonstram a falta de autoridade política, ética e moral de um governo que não foi eleito para a condução das saídas" das crises econômica, social e ambiental enfrentadas no país.

Veja o manifesto na íntegra:
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito defende que crise institucional foi acelerada com impeachment de Dilma.

O silêncio, a neutralidade e a ausência de reflexão não são opções para as pessoas que têm fé, em especial quando a vida dos pobres é agredida. A gravidade do momento por que passa o Brasil exige seriedade e serenidade para que a sociedade brasileira resgate a dignidade da política. Esta é um caminho legítimo para o exercício da cidadania e da participação por luta e afirmação de direitos. A prática da política do cotidiano, que problematiza as relações de poder e as desigualdades, é um caminho seguro para recuperarmos a ética na política. Não são possíveis as manipulações e distorções para atender interesses das oligarquias e do capital financeiro. Política não é corrupção. Política não é traição. Política é falar sobre a vida, é participação.

Há tempos criou-se no Brasil uma crise de institucionalidade. O impeachment da Presidenta Dilma Roussef intensificou esse quadro. É urgente recuperar a função e a relevância das instituições. Elas não devem ser subordinadas aos interesses do lucro e do poder. As instituições públicas devem garantir políticas que atendam o direito à terra, o acesso universal à saúde e à educação, aposentadoria digna e garantias trabalhistas. Portanto compreendemos que precisam ser imediatamente revogadas as propostas de reformas constitucionais: de congelamento do investimento social por vinte anos; de terceirização total da mão de obra; de reforma trabalhista, que prevê que trabalhadores e trabalhadoras negociem direto com os patrões sem a presença dos sindicatos, expondo quem trabalha a todo tipo de assédio; do fim da aposentadoria. Não é possível aceitá-las, porque foram impostas de forma autoritária e sem discussão com a sociedade. Reafirmamos que o nosso papel é estar ao lado das pessoas que serão diretamente afetadas por essas medidas que ferem a dignidade humana.

As provas tornadas públicas no dia 17 de maio de 2017 não são delações; elas demonstram a falta de autoridade política, ética e moral de um governo que não foi eleito para a condução das saídas para a crise que vivemos – econômica, social e ambiental.

Todos e todas somos chamadas a assumir responsabilidades. É momento de empenho, promoção de reflexões e participação em toda parte, em todas as instituições e grupos de gente de fé, para alcançarmos um rumo democrático - com distribuição de renda, taxação de grandes fortunas, com estado de bem estar social que respeite a separação entre religião e estado.

Para isso, anunciamos a todas e todos que aqui assinamos o compromisso com:

• Eleições Direitas Já em 2017, e que sejam Eleições Gerais para evitar arranjos que excluam a maioria do povo dos rumos da Nação e para reinstituir as bases legítimas da nossa Democracia;

• A tarefa explícita de qualquer novo dirigente eleito de submeter a referendo popular todas as reformas feitas e de impedir as que estiverem em curso, que ocorreram sem ampla participação da sociedade e sem legitimidade;

• A exigência de empenho político público de qualquer governante eleito com eleições, em 2018, para uma Assembleia Nacional Constituinte autônoma do Congresso Nacional, de modo a que possamos repactuar nosso presente e futuro, principalmente reformando as estruturas políticas de representação no País;

• O empenho contra todos e todas parlamentares eleitos em nome da fé, que compuseram de forma fundamentalista e capitalista a base política de aliados do governo ilegítimo para a condução de tantas atrocidades contra o povo.

Pela Dignidade! Pela Reforma do Sistema Político! Pela Democracia!

#PelaFéMeComprometo #DiretasJá

Se você também concorda conosco na pauta acima e quer Diretas Já, clique aqui e assine.


GGN

domingo, 21 de maio de 2017

SP hoje o povo enfrentou chuva para retomar democracia

Assista o vídeo da grande manifestação de hoje pela retomada da Democracia e pelas eleições diretas já. Clique aqui.

Manifestantes foram neste domingo (21) à Avenida Paulista, no MASP, para pedir a saída de Michel Temer, acusado após várias denúncias de corrupção que deixam o seu governo cada vez mais insustentável; participantes da manifestação também pedem eleições diretas; a mobilização foi convocada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular; o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu a saída de Temer; "Ele deve renunciar e para pacificar esse maravilhoso povo brasileiro queremos eleições diretas já", disse.

No desespero, Temer prefere o enfrentamento, dizendo haver manipulações nas gravações da PF, ao invés de se defender; peemedebista sequer passou no detector de mentiras da Truster Brasil, tecnologia em análise de voz; PGR já confirmou tentativa de estancar a Operação Lava Jato e a OAB pediu seu impeachment; ruas são tomadas pela população em prol de eleições diretas para a retomada a democracia com um governo legítimo, eleito pelo povo.

Manifestantes foram neste domingo (21) à Avenida Paulista, no MASP, para pedir a saída de Michel Temer, acusado após várias denúncias de corrupção que deixam o seu governo cada vez mais insustentável. O protesto na capital teve início às 16h, e deve caminhar até o Escritório da Presidência da República, na mesma Avenida. Participantes da manifestação também pedem eleição direta para presidente da República.

A mobilização foi convocada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu a saída de Temer. "Ele deve renunciar e para pacificar esse maravilhoso povo brasileiro queremos eleições diretas já", disse o parlamentar.

Segundo pesquisa Ipsos, divulgada no mês passado, 92% dos brasileiros veem o País no rumo errado com Temer. Pesquisa feita por 247 com 5,7 mil internautas apontou que 98,5% dos brasileiros defendem eleições diretas para presidente. A OAB também já pediu o impeachment dele.

A situação do peemedebista ficou mais complicada após ser gravado dando aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. Segundo o conteúdo do áudio, 0 empresário Joesley Batista, dono da JBS, disse a Temer que estava dando ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: "Tem que manter isso, viu?". O teor das delações foi publicado pelo colunista Lauro Jardim, do Globo. 

Os empresários Joesley Batista e seu irmão Wesley também afirmaram que Temer indicou o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F (holding que controla a JBS). Depois, o parlamentar foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley. 

Em nota, Temer disse que "jamais" solicitou pagamentos para obter o silêncio de Cunha e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento" para evitar delação do correligionário. 

Janot confirma ação contra a Lava Jato
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que Michel Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram "em articulação" para impedir o avanço da Lava Jato. "Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", afirma Janot.

Em seu pronunciamento, Temer disse que "o áudio reflete uma gravação amadora feita por Joesley. "Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil. Por isso, no dia de hoje, estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autentiticidade da gravação", acrescentou.

Em nota, a J&F, holding que controla a JBS, afirmou, em nota neste sábado, 20, que o empresário Joesley Batista entregou para a Procuradoria-Geral da República a íntegra da gravação de sua conversa com Michel Temer. De acordo com o texto, também foram entregues "os demais documentos que comprovam a veracidade de todo o material delatado". "Não há chance alguma de ter havido qualquer edição do material original, porque ele jamais foi exposto a qualquer tipo de intervenção", diz (veja aqui).

Apesar de as gravações da PF irem para uma perícia, Janot enviou neste sábado (20), ao Supremo Tribunal Federal manifestação defendendo a continuidade do inquérito contra Temer e outras autoridades com foro por prerrogativa de função. O procurador disse que não se opõe à perícia no áudio da conversa entre Temer e Joesley Batista, embora certo de que a gravação não contém qualquer mácula que comprometa a essência do diálogo.

Temer não passa no detector de mentiras
Um laudo técnico da Truster Brasil, tecnologia em análise de voz, conclui que Michel Temer não estava falando a verdade em seu pronunciamento neste sábado (20). "Temer parece ter conhecimento de que não existe manipulação no áudio divulgado", diz o laudo.

No documento estão classificados os níveis de comportamento do peemedebista de acordo com trechos da sua fala. Quando Temer fala que o conteúdo do áudio foi "manipulado", o laudo técnico classifica este momento do discurso como "imprecisão".

O peemedebista preferiu o discurso de enfrentamento ao invés de se defender e acusou Joesley Batista, dono da JBS, de cometer o "crime perfeito", expressão usada com "imprecisão", conforme o laudo técnico; Ao citar "gravação fraudulenta" e "manipulada", Temer estava "estressado" e com "tensão alta, respectivamente, apontou o documento (veja aqui).

Do 247

sábado, 20 de maio de 2017

As pedras no Xadrez dos zumbis da política e as diretas

Peça 0 – a lógica do caos

O ponto de partida é entender a lógica do caos. Não há um comando estabelecido, nem um script pré-definido. Existem atores mais ou menos relevantes, respondendo a impulsos, sem que ninguém tenha controle sobre a resultante final.

Os protagonistas principais vão se adaptando as circunstâncias, de maneira a preservar seus interesses, saltando de uma onda para outra, pulando obstáculos de maneira a não perder a liderança.

Desse modo, fatos novos que mudam a atitude de um dos personagens, imediatamente obrigam a um rearranjo dos demais atores.

Peça 1 – o papel de Rodrigo Janot

O novo movimento foi deflagrado pela Procuradoria Geral da República (PGR) Rodrigo Janot, com a delação da JBS.

Há um conjunto de fatores mal explicados. Há tempos a JBS está sob investigação. Marcelo Miller, do grupo da Lava Jato ligado a Rodrigo Janot, anuncia sua saída do Ministério Público Federal (MPF) no dia 6 de março passado (https://goo.gl/uDZZ4h). Era homem da estrita confiança de Janot, trabalhando em sua assessoria pessoal para a área criminal.

O grampo de Joesley Batista em Michel Temer foi no dia 7 de março (https://goo.gl/uDZZ4h). O que significa que a preparação da operação controlada – e a decisão de Miler de deixar o MPF e assessorar a JBS – ocorreu no mesmo período.

Deixemos de lado, por enquanto, a participação de pessoas ligadas à Lava Jato, ou próximas dos principais protagonistas, no milionário mercado dos honorários para assessorar delações. E mesmo a suspeita de que o procurador Ângelo Goulart Villela, preso na operação, tenha sido uma espécie de boi de piranha. Não há nenhuma prova maior a respeito. Fica apenas o registro da suspeita.

O ponto central é que a operação resolvia dois problemas simultaneamente. Do lado da JBS, a possibilidade de limpar a área no Brasil e acertar o acordo de leniência com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, conseguindo se transformar em empresa norte-americana.

Do lado de Janot, a possibilidade de, pela primeira vez, assumir o protagonismo na Lava Jato, em um momento em que, no final de mandato, estava enfraquecido perante a categoria e o Ministério Público Federal (MPF) arriscado a perder a prerrogativa de eleger o PGR.

Peça 2 – o papel da Globo

Dois pontos chamam a atenção no desempenho da Globo.

O primeiro, o sigilo absoluto sobre a operação – e mesmo sobre a própria posição da Globo – provocando uma desorganização ampla no disciplinadíssimo esquadrão de comentaristas da emissora.

Os desempenhos da Mirian Leitão e de Ricardo Noblat foram bastante elucidativos. O primeiro movimento de Mirian foi uma defesa do governo, dando voz ao insuspeito Eliseu  Padilha. Quando O Globo deu a freada de arrumação – o editorial pedindo o impeachment -, imediatamente Mirian soltou uma nota em seu blog dizendo que, à luz dos últimos acontecimentos, o governo Temer estava no chão. Mais ágil que eles foi Luciano Hulk, retirando do Twitter as fotos de amizade eterna com Aécio.

O segundo ponto foi o rapidíssimo alinhamento da Globo com a tese do impeachment. Nenhuma surpresa. Até então, era a principal madrinha da posse de Temer. A divulgação dos malfeitos de Temer e quadrilha tem o condão de ressuscitar a tese das diretas. A estratégia adotada, então, foi cavalgar a onda do impeachment, sair na frente pedindo o impeachment, vender o peixe da isenção jornalística – assim como a Lava Jato do PGR (não confundir com a Lava Jato de Curitiba) – e vender a boia da salvação de um novo governo garantindo as tais reformas. Que, com Temer, mostravam poucos sinais de serem aprovadas.

Peça 3 – o desmanche da frente do golpe

Aí entram em cena dois integrantes fortes do cartel da mídia, a Folha e o Estadão.

Ambos enfrentam crises financeiras agudas e dependem fundamentalmente do pacote de bondades montado por Eliseu Padilha e quadrilha. São doses maciças de publicidade e patrocínios para eventos, da Petrobras e de outras estatais, escondendo o nome dos patrocinadores.

Não vai dar certo. Ambos não têm controle sobre Tribunal de Contas e outros órgãos para passarem isentos por essa extravagância – de patrocínios em off.

Por outro lado, não teriam fôlego para recompor o pacote de publicidade governamental caso a crise da sucessão seja prolongada. E não poderiam correr o risco de uma sucessão que optasse por não reafirmar as juras de amor desinteressado com a quadrilha de Temer.

Peça 4 – os próximos lances

Aqui, se entra no imponderável. A Globo é o único dos veículos que ensaia lances estratégicos. Mas, como bom estrategista brasileiro, só consegue imaginar um lance na frente.

Ao mesmo tempo, o PSDB parece ter se dado conta dos riscos de uma nova aventura do impeachment. Seu único elo com o poder é Temer. Com a destruição das principais lideranças do partido, sem o anteparo dos cargos no governo Temer, haveria uma revoada imediata sabe-se lá para onde.

A aposta em Henrique Meirelles é furada. Desde 2.010 repousa nas gavetas indevassáveis da PGR um inquérito contra Meirelles por crime tributário (https://goo.gl/z5BVWz). Ele faz parte da geração de filhos de Anápolis, que inclui, entre outros, a família Batista e Carlinhos Cachoeira.

Aliás, outra dica de pauta: as imbricações entre o bicho e a expansão inicial da JBS. O comendador Arcanjo – outro dos campeões do bicho de Goiás – foi um dos financiadores dos maiores sojicultores do estado, através de lavagem de dinheiro. Nas conversas de Joesley com Temer, ambos acertam formas de pressionar Meirelles embora, até agora, não haja nenhum indício maior de que as pressões tenham sido bem-sucedidas.

Um outro agente inseguro é o próprio mercado. No tambor do revólver da Lava Jato há a delação de Antônio Palocci que pode pegar grandes bancos, elucidar episódios pouco esclarecidos do CARF e alguns episódios pesados, de como o Pactual comprou o silêncio da imprensa.

Outro, a economia como um todo, exposta mais vez a esses jogos de poder. O estrago que vier pela frente será debitado, agora, ao exercício indiscriminado de poder pela Globo.

Por outro lado, os grampos de Joesley apenas registraram o que está ocorrendo à luz do dia no governo e no Congresso, um assalto despudorado, desesperado, do qual o melhor exemplo é Aécio Neves arrostando perigos para arrancar os derradeiros R$ 2 milhões da JBS.

Como resistir à enxurrada de lama das demais delações? Independentemente da motivação das denúncias, não dá mais para varrer debaixo do tapete o que apareceu.

A sobrevida de Temer dependerá exclusivamente da maior ou menor rapidez dos diversos personagens em reconstruir alianças e definir interesses. E, principalmente, em convergir para um nome, caso emplaquem eleições indiretas.

A recomposição política brasileira passará, em algum ponto do futuro, por um amplo pacto em torno das eleições diretas, a única maneira de reconstruir a coesão social.

Não há saída possível fora de uma reconstrução do centro. Mas, seguramente, a crise ainda não produziu o grau de amadurecimento necessário.

Haverá ainda um bom período de caos, antes de se produzir a nova ordem.

Do GGN