Estão começando os
movimentos finais da corretíssima estratégia política de Lula, algo milagrosa
se considerarmos que está sendo comandada por um homem recolhido a uma cela,
com acesso limitado a informações e diálogos e quase que completamente impedido
de se manifestar por sua própria voz.
A recusa da Ministra
Rosa Weber de que fosse concedido o prazo do dia 17 (que está na lei, esta que
parece pouco importar) para a substituição da candidatura da coligação do PT,
esta madrugada, dá o mote para que a substituição formal da cabeça de chapa,
com a designação de Fernando Haddad como candidato à presidência seja feita com
o significado que tem: a saída heroica para enfrentar a conspiração
político-econômico-midiática e judicial para calar o povo brasileiro pela
exclusão de Lula nas urnas.
Haverá ainda o recurso
ao STF, sobre o qual não haverá quase esperanças, mas ainda reforçará o absurdo
da cassação do líder, disparado, das preferências do eleitorado, que só terá o
condão de reafirmar a perseguição e o martírio a que o submetem.
A fonte da legitimidade
da candidatura do ex-prefeito de São Paulo fica assinalada: é representar Lula
enquanto o impedem de vir em socorro do povo brasileiro.
Um povo arruinado,
triste, embrutecido pela ação de elites que, incapazes de se sustentarem pelo
voto ou pelo sucesso de suas fracassadas políticas atirou-se no projeto de
manter o poder pela força e pelo arbítrio.
Se ainda fosse preciso
argumentar sobre a correção do caminho político apontado por Lula, eu me
serviria do que diz Ignácio Godinho Delgado, da Universidade Federal de Juiz de
fora e professor visitante da London School of Economics and
Political Science
Se Lula tivesse saído
de cena desde o início, com o PT indicando outro candidato ou apoiando Ciro,
teria se convertido num banido esquecido em Curitiba, com pouca capacidade de
influenciar no processo eleitoral. Ao esticar a corda até o limite, cresceu e,
junto, o potencial que tem de transferir votos.
Esticando a corda, Lula
tornou ainda mais evidente a injustiça cometida contra ele, o que colaborou
para consolidar a intenção de voto em seu nome (e a capacidade de transferir
votos para outro candidato), além de evitar um recuo e uma rendição que
favoreceriam as forças golpistas e o desmoralizaria junto aos milhões de
brasileiros que seguem sua liderança.
A candidatura Haddad,
até agora virtual, desce ao mundo real e passa, de verdade, a ser, de fato, a
candidatura de Lula, na forma em que o arbítrio, pela via do Judiciário, não
pode impedir.
Ou melhor, não parece
poder impedir, pois já
não há limites para o papel de censores que os juízes assumiram, ao agirem
para tutelar o eleitorado.
Tampouco a mídia terá a
liberdade de escondê-lo: a Globo, ainda que minimamente, terá de cobrir sua
movimentação, ele participará dos debates televisivos e terá a autonomia para
falar de Lula – só concedida, até agora, a seus adversários, para criticá-lo –
na propaganda eleitoral.
Os que se apavoram com
um suposto ritmo lento de transferência dos votos vão se surpreender com a
velocidade com que isso se dará, ainda que as pesquisas, provavelmente, não o
registrem de imediato.
Hoje e amanhã são os
dias do batizado, para lembrar a frase da Inconfidência Mineira. Desta vez,
porém, com um Tiradentes que não irá mansamente ao patíbulo.
Do Tijolaço