Os
integrantes do Ministério Público e alguns colunistas que vivem de lhes fazer
eco – como Miriam Leitão, que já tomou o devido “passa-moleque” da assessoria
de Lula – falam e repetem, com a costumeira hipocrisia, do “absurdo” de
Lula atribuir parte das decisões relativas à pretensão de compra do apartamento
no Guarujá.
“Que
baixaria, que falta de respeito a um morto!”, dizem, os mesmo que recusaram à
falecida a decretação de absolvição sumária prevista em lei.
Só gente
muito cínica pode apelar para isso, quando eles próprios, os procuradores,
citaram Maria Letícia nada menos que 159 vezes na
denúncia oferecida contra o casal Lula, aceita pelo sr. Sérgio Moro em sua
íntegra.
Dela dizem,
por exemplo, que “fica claro o envolvimento de Marisa no recebimento, mediante
ocultação da origem e natureza criminosa, de vantagens indevidas oriundas de
empreiteiras em benefício próprio e de Lula.”.
E ainda que
“o envolvimento de Marisa no recebimento de vantagens indevidas mediante
ocultação e dissimulação de origem criminosa, se corrobora também por
evidências colhidas em investigação envolvendo o mencionado sítio de Atibaia“.
Há outras,
muitas outras acusações que os levam a denunciá-la três vezes pelo crime de
“lavagem de dinheiro”.
Mais cínicos
ainda são porque não se reportam ao que Lula declarou durante seu sequestro
pelas tropas da Lava Jato, digo, a condução coercitiva até o Aeroporto de
Congonhas, o mesmo que disse agora: o apartamento foi oferecido, Marisa
interessou-se e ele, não:
Quando a
Marisa voltou lá (ao apartamento) não tinha sido feito nada ainda. Aí eu
falei pra Marisa:“Olhe, vou tomar a decisão de não fazer, eu não quero” Uma das
razões é porque eu cheguei à conclusão que seria inútil pra mim um apartamento
na praia, eu só poderia frequentar apraia dia de finados, [isso] se tivesse
chovendo. Então eu tomei a decisão de não ficar com o apartamento.”
Isso foi
dito em abril de 2016, com D. Marisa viva, sem que ela tenha sido ouvida jamais
para negar ou confirmar. Sob pena de mentir por contradição, Lula não poderia
ter dito nada diferente do que disse.
Mas nada
interessa a essa gente, nem mesmo coerência. Tudo é objeto de explorações
sórdidas, em que os que queriam meter Marisa Letícia numa cadeia se compadecem
de, coitada, ter sido citada num interrogatório.
Do Tijolaço