Cristiana
Lôbo e Valdo Cruz, da GloboNews
Os
jornalistas Valdo Cruz e Cristiana Lobo, discípulos de Merval Pereira na
GloboNews, batem na tecla de que é preciso respeitar a Constituição e, no caso
de renúncia de Michel Temer, a eleição deve ser indireta.
“Não podemos
embarcar numa aventura, em soluções milagrosas”, diz Valdo.
Traduzindo:
se o povo for chamado a escolher quem deve tirá-lo da crise, pode dar Lula e aí
será ruim.
Ruim para
quem?
O país foi
atirado a uma aventura, depois que o Congresso Nacional, setores do Judiciário,
veículos de comunicação como a Globo inviabilizaram o governo legitimamente
eleito de Dilma Rousseff.
Para estes,
Aécio Neves, ao não reconhecer a derrota para Dilma Rousseff, era a liderança perfeita.
Não se pode
esquecer que, em dezembro de 2014, a taxa de desemprego era próxima de 4%, a
menor da série histórica, um nível de pleno emprego.
Hoje, depois
que Dilma ficou sem condições de governar e decorrido um ano de governo de
Michel Temer, a taxa é de quase 14%, recorde de desemprego.
Aécio Neves
foi o líder perfeito para quem apostava na crise para incinerar 54 milhões de
votos, apontado como o estadista preterido pelo povo.
Agora que
caiu a máscara de bom moço de Aécio e se descobriu que Temer, na verdade, age
como chefe de quadrilha, o discurso foi adaptado:
“Olha, vamos
prestar atenção no diz o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Melo, e
também no que está falando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é preciso
respeitar a Constituição”, dizem jornalistas como Valdo.
Dizem isso
porque lhes falta sinceridade. O que eles gostariam de dizer é: o povo tem que
ficar fora dessa decisão.
Que
democracia é esta?
Ora, sem
eleições diretas e com um Congresso livre para escolher o presidente, em quem
os parlamentares deveriam votar?
Os mesmos de
sempre.
Os deputados
escolheram Eduardo Cunha, depois Rodrigo Maia, para dirigi-los.
O Senado foi
de Renan Calheiros, agora é Eunício de Oliveira.
Estes são os
líderes maiores do Congresso.
Mas não será
isso que acontecerá.
Nas
condições políticas atuais, o Congresso pode e deve eleger um nome da sociedade
civil.
E como
fariam isso?
Pressionados.
Cármen Lúcia
ou qualquer outro iluminado só chegaria ao Palácio do Planalto num grande
conluio da plutocracia.
É mais fácil
conven$er a maioria entre os 594 parlamentares do que um eleitorado de 150
milhões de pessoas.
Mais ou
menos o seguinte: este é o nome que nós queremos. Votando nele, conte conosco.
Não votando, serão atirados aos leões — serão todos presos.
Este
Congresso – o pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista) que o dinheiro
pode comprar – está mergulhado no esgoto da corrupção aberto por delações como
a da Odebrecht.
Portanto,
quando os jornalistas da Globo News pedem cautela e invocam nomes como Celso de
Melo para legitimar o que dizem, não estão pensando na população em geral, mas
na segurança de seus patrões.
Ora, eleição
direta também pode ser constitucional, porque a própria Constituição admite sua
mudança, constitucionalmente.
Sem consultar
o povo, só chegará ao Planalto pela via indireta quem tiver o apoio da
plutocracia, que faz movimentar um parlamento refém de seus próprios crimes.
A essas
forças econômicas, o presidente eleito indiretamente deverá ser cargo.
Não
terminará bem.
No curso
normal do parlamento, poderia se esperar Renan Calheiros ou alguém do calibre
de Eduardo Cunha.
Estes têm
eleitores cativos no Congresso.
Na situação
atual, se não for alguém como eles, só quem tiver apoio de quem detém o poder
econômico.
Em 1984, o
argumento era parecido: não podemos fazer eleição direta agora porque dará
Leonel Brizola.
Era este o
discurso.
Um grande
conchavo da elite elegeu Tancredo Neves pela via indireta – suprema ironia, avô
de Andrea e Aécio Neves.
Tancredo
morreu antes da posse e assumiu José Sarney.
Os gênios da
plutocracia não previam isso.
Deu no que
deu.
A
Constituição diz que a origem do poder está no povo.
Sem ele, é
golpe.
Do DCM