Esta
gente está longe de ser a “esperança do Brasil”. Esperança do Brasil é aquilo
que eles não respeitam e desconsideram, com seus ares imperiais: o voto popular
e sua soberania; artigo de Fernando Brito sobre os barracos entre Gilmar
Mendes, Marco Aurélio Mello e Rodrigo Janot.
A
perda do decoro que há anos vem marcando o Supremo Tribunal Federal parece ter
chegado ao seu ponto máximo, embora eu tema que haja ainda degrau mais baixo.
Hoje,
na coluna de Jorge Bastos Moreno, em O Globo, Gilmar Mendes responde à
atitude de Marco Aurélio Mello de declarar-se genericamente impedido de
participar da análises de casos patrocinados por seus parentes advogados.
“[Há] pessoas
ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos. Ou seja, envelheceram e
envileceram.
Ontem
foi a vez de Rodrigo Janot soltar uma nota gaguejante onde diz que não atua em
processos onde a OAS é parte, diante da denúncia de que sua filha presta
serviços advocatícios.
O
mesmo Janot que, dias atrás, havia pedido o impedimento de Gilmar Mendes pelo
fato de sua mulher atuar no escritório de Sérgio Bermudes, que tem Eike Batista
como cliente.
São
só incidentes verbalizados da imensa “parentocracia” que está implantada no
Poder Judiciário e em suas cercanias no MP e nos escritórios de advocacia.
Nada
disso é novidade e, meses atrás, tivemos a indicação da filha, advogada
inexpressiva, de outro ministro supremo, Luís Fux, como desembargadora no
Tribunal de Justiça do Rio.
Da
Doutora Cármem Lúcia, presidente do Supremo Barraco Federal, não se tem
notícia, a não ser que ela teve uma reunião reservada com pesos-pesados do
empresariado, decerto para louvar a frase famosa de Anatole France que dizia
ser “majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de
dormir sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão”.
O
padrão moral dos homens com mais poder no Brasil é deplorável, embora isso não
seja raridade em nossas instituições.
Mesmo
aos que não tem a parentalha metida em causas onde uma “mão amiga” vale
milhões, bastaria ver a imundície moral que é concederem-se auxílios
inexplicáveis, como o auxílio-moradia para quem tem sua própria casa e
liberarem pagamentos cumulativos que superam em muito o teto constitucional –
Constituição, como se sabe, é um livro que só a estes entendidos é dado lê-lo.
Agora,
surge esta onda puritana, que nada tem de pura, porque é o pugilato pelo poder
a que se entregam, hoje, nas cortes.
Esta
gente está longe de ser a “esperança do Brasil”.
Esperança
do Brasil é aquilo que eles não respeitam e desconsideram, com seus ares
imperiais: o voto popular e sua soberania.
Consolo
pode ser , como diz hoje Janio de Freitas, “na briga entre Gilmar Mendes e Rodrigo
Janot, só resta torcer pelo empate”. Ao menos, assim, imobilizem-se um pouco e
ameacem menos a democracia.
Com informações do 247