Para o
procurador da República Ivan Cláudio Marx, o ex-senador Delcídio Amaral pode
ter citado o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de
atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato com o objeto de aumentar seu
poder de barganha e, assim, ampliar os benefícios da delação premiada negociada
com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na avaliação
de Ivan Marx, a palavra de Delcídio, que teve seu acordo homologado no Supremo
Tribunal Federal (STF), perde credibilidade.
O
diagnóstico foi feita em documento protocolado na Justiça Federal de Brasília
no qual o procurador pediu o arquivamento de um procedimento investigatório
criminal (PIC) que apurava a participação do ex-presidente Luiz Inacío Lula da
Silva em tentativa de obstrução de justiça.
"Ademais,
não se pode olvidar o interesse do delator em encontrar fatos que o permitissem
delatar terceiros, e dentre esses especialmente o ex-presidente Lula, como
forma de aumentar seu poder de barganha ante a Procuradoria-Geral da República
no seu acordo de delação", escreveu Ivan Marx.
O pedido de
arquivamento do procedimento não afeta diretamente outro processo, em curso na
Justiça Federal, que apura se Lula participou dos esforços para comprar o
silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que viria a firmar acordo
de delação. Mas essa ação penal, que tem sete réus, entre eles Lula, também é
baseada na delação de Delcídio. E Ivan Marx faz considerações sobre o caso no
documento.
"A
participação de Lula só surgiu através do relato de Delcídio, não tendo sido
confirmada por nenhuma outra testemunha ou corréu no processo. Ressalte-se não
se estar aqui adiantando a responsabilidade ou não do ex-presidente Lula
naquele processo, mas apenas demonstrar o quanto a citação de seu nome, ainda
que desprovida de provas em determinados casos, pode ter importado para o
fechamento do acordo de Delcídio do Amaral, inclusive no que se refere à
amplitude dos benefícios recebidos. Assim, a criação de mais um anexo com a
implicação do ex-presidente em possíveis crimes era sim do interesse de
Delcídio. Por isso, sua palavra perde credibilidade", acrescentou o
procurador.
As
informações são de reportagem de André de Souza e Júlia Cople em O Globo.
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