Até mesmo o
conhecido antipetista Reinaldo Azevedo ficou escandalizado com a conduta
acintosamente parcial do juiz Sérgio Moro no interrogatório de Lula.
Nem ele
engoliu o atropelamento do “devido processo legal”, que tem que ser respeitado
no regime democrático.
O
interrogatório deveria versar sobre a propriedade do famoso tríplex do Guarujá.
Porém, como
o MPF não conseguiu provas de que a OAS o deu de presente a Lula, Moro
incursionou por outros assuntos que não têm nada a ver com o caso, inclusive o
mensalão.
A intenção é
clara: se ele não tem provas para condenar Lula pelo tríplex tenta jogar
suspeitas no ventilador.
Ou seja:
fornece argumentos laterais para comentaristas da Globo News e outros órgãos de
imprensa “aliados” atacarem Lula e o PT.
E acirrarem
o ódio a Lula e ao PT nas redes sociais (ou antissociais?).
Deu certo: o
assunto principal do “júri” da Globo News – e dos demais programas da emissora
- foi o encontro de Lula com Renato Duque no hangar de Congonhas, embora isso
não tenha relação com o caso em julgamento.
Ninguém
questionou o fato de não haver provas do tríplex.
Somente
Eliane Cantanhede, a uma certa altura, ponderou que aquilo era muito pequeno
para ser propina de um presidente da República, ao que seu colega Gerson
Camarotti aduziu: “Mas é um símbolo”.
Símbolo do
que ele não disse.
O
interrogatório sobre o tríplex reforçou, portanto, a tese de que ele nunca foi
de Lula, desmentindo a acusação de que era propina em contrapartida a contratos
com a Petrobrás.
No entanto,
ao mesmo tempo, também reforçou a sensação de que a decisão de condenar Lula já
foi tomada por Moro.
Até para não
decepcionar seus apoiadores: se absolver Lula será execrado e poderá virar
boneco inflável em trajes de presidiário.
A esse ponto
chegou a Justiça entre nós.
Moro é
vítima de um instrumento que ele próprio criou. Ficou prisioneiro da turba que
o apoia.
Depuseram
Dilma sem provas, agora Lula corre o risco de ser condenado sem provas.
É assim que
se implanta um regime de exceção.
Do 247