domingo, 31 de maio de 2020

ATO ORGANIZADO PELA GAVIÕES DA FIEL UNE TORCEDORES DE TODOS OS TIMES CONTRA FASCISMO DE BOLSONARO

Ato na Paulista teve confronto entre grupos, mas PM só abordou, intimidou e jogou bombas nos manifestantes contrários ao presidente.
Gaviões da Fiel organizam ato na Avenida Paulista que uniu torcedores rivais em torno do repúdio ao fascismo e à escalada autoritária de Bolsonaro.
Um protesto organizado pela Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do Corinthians, para dissolver uma manifestação de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e por intervenção militar no país, uniu torcedores de times rivais na Avenida Paulista, centro da capital paulista, no início da tarde deste domingo (31).
A avenida tem recebido apoiadores de Bolsonaro em praticamente todos os domingos, reivindicando o fim do isolamento social, protestam contra Doria e Moro e pedem intervenção militar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso.
Os primeiros manifestantes pela democracia começaram a chegar à Paulista por volta do meio-dia e, às 13h, centenas de pessoas já bloqueavam a via no sentido Consolação. Diferentemente de como atua em atos da direita, a Polícia Militar esteve presente em grande número, fez várias revistas e abordou muitos dos presentes.
Em comum com os protestos a favor do presidente nas últimas semanas, o ato das torcidas de hoje provocou grande aglomeração, já que, apesar de muitos usarem máscaras, as normas de distanciamento social recomendadas para evitar a contaminação pelo novo coronavírus não foram respeitadas.

(foto: Arquivo Pessoal/Twitter)

Apesar da recomendação dos organizadores, aglomeração de pessoas foi grande. 
Os torcedores dos principais times de futebol como Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Fluminense, e Vasco caminharam em passeata, aos gritos de “Democracia”, até chegarem ao vão livre do Masp. Foram vistas ainda camisas de times como Juventus, Ponte Preta e até times da várza paulistana.
O ato pró-Bolsonaro inicialmente previsto para o local, foi deslocado para o outro lado da avenida.
PRESENÇA
O protesto das torcidas foi convocado nas redes sociais e nas muitas lives diárias organizadas durante durante a semana sobre os mais diversos temas. Abaixo, o vídeo “oficial” que chamou à participação das manifestações deste domingo. O filme lembra personagens importantes da chamada Democracia Corintiana, em que se destacaram o ex-jogadores Sócrates, Casagrande e Vladimir:
Os organizadores calcularam em cerca de mil pessoas no protesto. Destaque na linha de frente para a Gaviões da Fiel, Democracia Corintiana e a Porcomunas (do Palmeiras). “O futebol é o que une as pessoas nesse país, não poderia ser diferente em um momento como esse”, disse o autônomo Wagner de Souza, torcedor do Palmeiras, à reportagem da Folha de S.Paulo.
Ele estava acompanhado de algumas dezenas de palmeirenses, que afirmaram representar a torcida “Palestra Antifacista.”
TUMULTO
A polícia Interveio para separar uma confusão entre manifestantes ao lado da estação Trianon Masp. Uma bolsonarista atravessou a pista ameaçando atacar os participantes do ato pela democracia com um taco de beisebol. Apesar de o artefato ser considerado arma branca, ela não foi detida pela PM, nem seu taco foi retirado.
" senhora por favor vamos pra lá"
Ela carrega um taco de beisebol e uma bandeira americana como máscara.
Nós não vamos recuar!!! #Somos70porcento
Segundo relatos, foram disparadas pelo menos quatro bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta contra os manifestantes pela democracia. Um fotógrafo da agência EFE ficou ferido.
Por volta das 14h, quando parte dos manifestantes já havia se dispersado, um pequeno grupo de apoiadores de Bolsonaro, vestindo camisetas da CBF, passou pela manifestação contrária ao presidente, fazendo provocações e dando início a nova confusão.
A tensão cresceu, principalmente porque a PM resolveu “empurrar” o ato das torcidas organizadas em direção à avenida Consolação, no fim da Paulista, ao mesmo tempo que os soldados nada faziam para interromper as provocações dos bolsonaristas.
Imagens do canal de notícias CNN Brasil mostraram que o ato pró-Bolsonaro continuou com tranquilidade, e contou ainda com um cordão de policiais formado para a proteção. Em entrevista ao canal GloboNews, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que foi preciso usar bombas de gás para dispersar manifestantes depois que um grupo começou a atirar pedras, mas não disse de que lado foram lançadas as pedras.
O coronel disse também que a PM vai analisar as imagens do protesto para identificar as pessoas que causaram o tumulto. “Não interessa o lado, aqueles que quebrarem ordem pública responderão perante a Justiça. Todas essas imagens estão sendo acompanhadas para que possamos responsabilizar essas pessoas no futuro”.
Da RBA

STF E TSE TERÃO QUE ACELERAR A CASSAÇÃO DE BOLSONARO, POR LUIS NASSIF

Por tudo isso, o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terão que rever sua agenda. A demora em decidir sobre os destinos de Bolsonaro servirá para alimentar ainda mais a serpente da guerra civil.

Por tudo isso, o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terão que rever sua agenda. A demora em decidir sobre os destinos de Bolsonaro servirá para alimentar ainda mais a serpente da guerra civil.

PREMISSA 1 – Bolsonaro não vai parar até dar o golpe ou ser deposto.

PREMISSA 2 – a cada dia que passar, sem reação, as milícias bolsonarianas se tornarão mais atrevidas. Ontem e hoje as manifestações em frente ao STF (Supremo Tribunal Federal) foram de ameaças explícitas aos Ministros, especialmente a Alexandre de Moraes. Ou seja, o inquérito para coibir os abusos digitais está sendo enfrentado com ampliação da violência presencial. No limite, haverá atentados por parte de grupos paramilitares. Há pelo menos três manifestações nesse sentido, o grupo de Sara Winter, os neonazistas reunidos ontem na Paulista e associações de defensores de armas.

PREMISSA 3 – até por efeito demonstração dos Estados Unidos, se ampliarão as manifestações anti-Bolsonaro. Por isso, aumentam as possibilidades de grandes conflitos de rua, com envolvimento cada vez maior ds batalhões de choque das Polícias Militares, criando uma simbiose preocupante com os movimentos de ultradireita.

Hoje foi o ensaio do que virá pela frente. Bolsonaro comparecendo às manifestações, o Terça Livre dobrando a aposta contra o Supremo, Sara Winter juntando milicianos na frente da corte.

Por tudo isso, o STF e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terão que rever sua agenda. A demora em decidir sobre os destinos de Bolsonaro servirá para alimentar ainda mais a serpente da guerra civil.

A próxima semana mostrará essa mudança no ritmo dos trabalhos.

Do GGN

CELSO DE MELLO ROMPE O ‘MIMIMI’ E ABRE RUPTURA COM BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

Nada foi mais importante, nos últimos tempos, que a mensagem de Celso de Mello aos demais ministros do Supremo Tribunal Federal, que mencionei no post anterior, marca a ruptura total entre o STF e o governo Bolsonaro.

Ao acusar Jair Bolsonaro de executar um plano de tomada de poder semelhante ao de Adolf Hitler, o decano da Suprema Corte traçou uma linha de demarcação não só entre seus colegas como, também, em relação ao Parlamento.

Ao contrário do mimimi de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, o velho juiz agiu com altivez e, a meses de deixar a cátedra do Tribunal deu um sinal inequívoco de que a omissão será igual à cumplicidade com o avanço fascista.

Não lançou uma luva, deu uma bofetada, como a ocasião exige.

Mello porta-se como Churchill em lugar de Neville Chamberlain: ambos conservadores, mas um deixa claro que não há tergiversação ou pacto possível com o nazismo.

Pode, é certo, haver intuitos provocadores em alguns dos participantes dos atos antibolsonaro acontecidos hoje, mas eles correspondem nos ao sentimento das ruas e vão crescer.

A oposição de esquerda – e agora já existe uma oposição de direita definida – precisa assumir seu papel neles, com ou sem pandemia.

Porque eles vão crescer, seja pela rejeição à direita aos propósitos golpistas de Bolsonaro, seja pelo estresse em que está uma sociedade insegura e amedrontada, mas é preciso não deixar que descambem para uma violência juvenil, que levem água ao moinho da repressão.

Neste sentido, a mensagem de Celso de Mello, direta e inequívoca, mostra que há espaço para o caminho da legalidade e que ela não protege o golpismo nazista, mas o condena, inapelavelmente.

Do Tijolaço

UM ASNO A CAVALO EM DISPARADA E A LOCKED DE CELSO DE MELLO, POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro deu hoje mais um passo para o golpe.

Talvez, porém, um passo em falso, porque está evidente que Bolsonaro está provocando o confronto, bem simbolizado na entrada a cavalo na Praça dos Três Poderes.

É evidente para todos que Bolsonaro tem consigo uma minoria. Expressiva, aguerrida, fanática, mas ainda assim uma minoria.

Contra ele, uma oposição que, até aqui, vinha tímida, clara e que, neste final de semana , colocou a cara com vários movimentos.

Que, nos dois últimos dias, se excitou com as imensas manifestações antirracistas nos Estados Unidos e acabou mostrando que, mesmo em meio à pandemia, a rua é o único lugar da política.

Preparem-se porque, em poucos dias, elas voltarão, mesmo com a flagrante opção da polícia – bolsonaristíssima – de reprimir as manifestações antigoverno, enquanto organiza e apoia as marchas fascistas, sem que elas tenham – ainda- nenhum .

De seu lado, a conversa fiada de Bolsonaro de dar “passos atrás”, se ainda convencia alguém, mostrou-se totalmente mentirosa.

Ele quer o confronto violento e, ao que parece, o terá.

Não adianta que Bolsonaro avance a cavalo seguido por sua tropa de zumbis, haverá resistência, e crescente.

A declaração do decano do STF, Celso de Mello, indica que será feita em nome da Justiça, com toda a legitimação que isso traz.

Sem meias palavras quanto à natureza nazista do que estamos vivendo:

“Guardadas as devidas proporções, o ‘ovo da serpente’, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933) parece estar prestes a eclodir no Brasil”, diz ele. “É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar quando Hitler, após eleito pelo voto popular e posteriormente nomeado pelo presidente Paul von Hindenburg como chanceler da Alemanha, não hesitou em romper e em nulificar a progressista, democrática e inovadora Constituição de Weimar, impondo ao país um sistema totalitário de Poder”

É disso que se trata: da implantação de uma ditadura nazista.

Em plena epidemia, não demora que as ruas se encham.

Até agora, era apenas a legião de zumbis.

Não será mais ela, apenas.

Do Tijolaço

sábado, 30 de maio de 2020

A PÓS-HISTÓRIA É O RETORNO A PRÉ-HISTÓRIA, POR FERNANDO BRITO

Ao final da era Reagan-Tatcher e do aparente triunfo final do liberalismo, vestido de neo, um de seus ideólogos, o norte-americano Francis Fukuyama, lançou a “obra magna” daquele período: O Fim da História.

O mundo, agora, era unipolar: caíra a União Soviética, o socialismo passara a ser unanimemente aceito como arcaico, o modo de produzir e de viver era o da democracia formal e o da tecnologia, suficientes para garantir bens e direitos em abundância e abolir as disputas sociais.

Em consequência, abolir as disputas políticas e os instrumentos pelos quais, até ali, elas se expressavam, os partidos e ideologias. Um e outro foram expurgados como velharias e progressivamente perdendo o sentido que tiveram, ao longo do século 20, como molas propulsoras do desenvolvimento social. O grito de Cazuza, em seu clássico Ideologia, eu quero uma pra viver é, com a sensibilidade dos poetas, o grito desesperado de uma geração – a minha – que assistiu ao enterro do que passou a ser quimera.

A história, porém, é como a Hidra grega, rebrota. A noite que passou, nos Estados Unidos assolados pela dor, pelo desemprego, pela súbita evidência de que o passado, de outras formas e com outras gerações, ressurge para que siga em frente a longa marcha da civilização.

Ou os protestos que percorreram, como um rastilho de pólvora, os Estados Unidos não são netos das marchas pelos direitos civis dos anos 60, que projetaram a figura heroica de Martin Luther King como símbolo da luta contra o racismo?

Mas, como o neoliberalismo e e seu ferramental de mídia destruíram partidos, ideologias e política, esta erupção explode sem direção, confusa, pronta para ser instrumentalizada contra seu próprio sentido, como ocorreu aqui, anos atrás.

Trump, não se iludam, vai agarrar-se à bandeira do restaurador “de lei e da ordem”, como aqui se agarram os defensores da “ordem sem progresso”.

A ânsia por civilização tem de ser combustível para a mudança, não desculpa para a barbárie.

PS: Não tinha visto ao escrever, mas a capa da Time é simplesmente o resumo da história, veja:

Do Tijolaço

quinta-feira, 28 de maio de 2020

SAIBA COMO CONTESTAR RESULTADO DO CADASTRO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL

A contestação só pode ser feita uma vez
Aplicativo da Caixa para pedido do auxílio emergencial
Ontem (27) a vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, Tatiana Thomé, apresentou um tutorial sobre os procedimentos que o cidadão deve seguir para contestar pedidos negados ou retificar informações.
As pessoas que tiveram o pedido de auxílio emergencial considerado inconclusivo devem fazer um novo cadastro no site ou no aplicativo Caixa Auxílio Emergencial.
Segundo a vice-presidente de Governo da Caixa, Tatiana Thomé, o pedido de novo cadastro deve ser preenchido em duas situações: quando o requerimento é considerado inconclusivo (quando o cadastro não consegue ser avaliado) ou quando o benefício é negado. Nos dois casos, o usuário pode corrigir informações mais de uma vez, mas a análise e a liberação do benefício depende da Dataprev, estatal de tecnologia que verifica as informações em 17 bases de dados.
Quem teve o benefício negado, mas discordou dos motivos, pode contestar a análise no site ou no aplicativo da Caixa. Nesse caso, não é possível corrigir os dados. Apenas confirmar as informações prestadas e pedir uma nova análise. Diferentemente da apresentação de um novo pedido, a contestação só pode ser pedida uma vez.
MOTIVOS
A vice-presidente da Caixa apresentou a lista dos principais motivos pelos quais o cadastro é considerado inconclusivo. Entre as razões, estão a marcação como chefe de família sem indicação de parentes, não ter informação de sexo masculino ou feminino nas bases do governo (ou sexo masculino numa base e feminino em outra) e incorreção no número do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou da data de nascimento de pessoas da família.
Também aparecem como motivos a informação de membros da família com indicativo de morte e usuários que declararam membros da família no primeiro pedido e não declararam no segundo ou declararam não ser chefes de família no primeiro pedido e informaram sustentar a família no segundo cadastro.
O aplicativo e o site da Caixa informam o motivo pelo qual o pedido foi indeferido. No entanto, segundo Tatiana, a contestação e a nova solicitação com retificação de dados só podem ser feitas em quatro circunstâncias: quando o requerente tem vínculo empregatício, casos de morte na família, recebe algum benefício (seguro-desemprego, seguro-defeso ou benefício da Previdência Social) ou renda mensal familiar superior a três salários mínimos ou meio salário mínimo por pessoa.

Caso o aplicativo ou o site informem outro motivo, a contestação ou a retificação de dados num novo cadastro não poderá ser feita. A vice-presidente da Caixa explicou que os dados informados pelo cidadão para iniciar o novo cadastro deverão ser iguais aos da Receita Federal. As últimas versões do aplicativo permitem o uso de documentos como carteira de motorista, carteira de trabalho e passaporte para o cadastro. Nas primeiras versões, só era possível apresentar a carteira de identidade.

A tela de abertura do aplicativo exige CPF, nome completo, data de nascimento e nome da mãe. Caso o usuário tenha mãe desconhecida nos dados da Receita, deverá marcar a opção, que aparece no aplicativo. As regras de pedido e de contestação são definidas pelo Ministério da Cidadania. A Caixa apenas executa o pagamento.
Do Imparcial

quarta-feira, 27 de maio de 2020

OPERAÇÃO FAKENEWS MIRA O CORAÇÃO DO BOLSONARISMO, POR LUIS NASSIF

A análise dos celulares e computadores permitirá reconstituir mensagens do próprio Bolsonaro e dos filhos.
A operação da Polícia Federal contra os fakenews mirou o coração do bolsonarismo. Hoje em dia, a manifestação mais expressiva do movimento são as quadrilhas virtuais. Cometem assassinatos de reputação contra adversários, contra ministros de Bolsonaro. Através dessas redes articulam-se manifestações públicas e, provavelmente, organizam-se as milícias reais, estimuladas pelas declarações de Bolsonaro e pela liberação das armas.
A análise dos celulares e computadores permitirá reconstituir mensagens do próprio Bolsonaro e dos filhos.
A operação mostrou uma ação articulada do Supremo Tribunal Federal, com Celso de Mello e Alexandre de Moraes atuando em pinça. Ao liberar o vídeo da reunião ministerial, Mello escancarou as ameaças contra o STF. Escancarando, deu o álibi para a operação de Alexandre de Moraes contra os mais notórios alimentadores de fakenews.
Mais. O inquérito do STF é visto como inconstitucional em vários pontos. O presidente da corte, Dias Toffolli, abriu o inquérito de ofício, sem ser provocado, entregou a relatoria a Alexandre Moraes, sem sorteio, e passou a funcionar como inquérito guarda-chuva sob o comando direto do STF, sem participação do Ministério Público. Pode o STF recorrer a instrumentos jurídicos em sua própria defesa. Mas a legislação não prevê a figura do inquérito guarda-chuva, embaixo do qual pode-se colocar qualquer denúncia.
Mesmo assim, as ameaças de Bolsonaro à democracia, e o aumento das agressões ao Supremo, inspiraram uma aliança inédita entre todos os Ministros do Supremo e ação combinada entre Celso de Mello e Alexandre de Moraes. Ontem, o próprio Luis Roberto Barroso, no discurso de posse no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ressaltou os riscos representados pelas fakenews.
Ao liberar o vídeo da reunião ministerial, Celso de Mello permitiu a exposição clara das ameaças saindo dos intestinos do governo, através do Ministro da Educação Abraham Weintraub.  E forneceu o álibi para a operação das fakenews, no dia seguinte à investida da Polícia Federal sobre o governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro
É mais um inquérito que irá bater direto no mais alucinado dos filhos de Bolsonaro, Carlos, comandante em chefe do Gabinete do Ódio e pautador maior do bolsonarismo.
Esses ataques não pouparam Ministros do próprio governo, Ministros do STF, qualquer forma de crítica a Bolsonaro. A análise dos computadores permitirá mapear as milícias reais, os grupos bolsonaristas que estão se armando, sob inspiração do Presidente e seus filhos.
Mesmo que os inquéritos específicos sobre fakenews não prosperem, a análise dos equipamentos dos milicianos permitirá mapear crimes muito mais graves.
Do GGN

terça-feira, 26 de maio de 2020

COMEÇAMOS PELA DAMARES, IREMOS ATÉ O WEINTRAUB? POR FERNANDO BRITO

Damares Alves não acertou em cheio, mas chegou perto de sua premonição, exposta no chiqueiro ministerial do dia 22 de abril, de que governadores e prefeitos iriam ser presos.
É bom que os ministros do STF, que estariam desistindo de processar Abraham Weintraub, reflitam o que significa permitir que essa súcia fascista faça e aconteça, impune.
A era Sergio Moro torceu e deformou Ministério Público e a Polícia Federal e, agora, quem deles têm o controle é Jair Bolsonaro.
E, por trás deles, como uma sombra ameaçadora, Forças Armadas que estão usurpadas por um grupo de generais que se prestam a um papel jamais exercido por militares no Brasil: o de operarem como balconistas de cargos para dar a segurança ao presidente de que não haverá impedimento pelos meios legais, comprando um tampão de deputados que o evitem.
De outro lado, continua a operar, cada vez com menos disfarces, o SMI – “Serviço Miliciano de Informações” – dos Bolsonaro, com o “rachuncheiro” Flávio Bolsonaro dizendo que um ‘tsunami’ que está por vir contra o governo de Wilson Witzel, alegando que tem esta informação por um “papo de botequim”.
Papo de botequim, sabemos depois do vídeo da pocilga ministerial, costumam ser, nestes tempos, reuniões de governo.
O Estado brasileiro está inteiramente aparelhado pelo projeto estúpido-autoritário de Jair Bolsonaro e ninguém, seja quem for, está livre da ofensiva da máquina policial que, antes com Moro e agora com Jair, é quem define os rumos do país.
Do Tijolaço

NOTA DE PESAR PELA MORTE EM SÃO LUÍS DO FUTEBOLISTA BURITIENSE CHICO REGO


segunda-feira, 25 de maio de 2020

“BOLSONARO É MUITO MAIS ESTÚPIDO QUE TRUMP”, DIZ FINANCIAL TIMES

O populismo de Jair Bolsonaro está levando o Brasil ao desastrepor Gideon Rachman, no Financial Times.
Em uma visita ao Brasil no ano passado, conversei com uma importante financista sobre os paralelos entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Essa resposta me surpreendeu, pois o presidente dos EUA geralmente não é considerado um intelecto imponente.
Mas minha amiga banqueira foi insistente. “Olha”, disse ela. “Trump administrou um grande negócio. Bolsonaro nunca foi além de capitão do exército.”
A pandemia de coronavírus me lembrou dessa observação.
O presidente do Brasil adotou uma abordagem surpreendentemente semelhante à de Trump — mas ainda mais irresponsável e perigosa.
Ambos os líderes ficaram obcecados com as propriedades supostamente curativas da droga antimalárica hidroxicloroquina.
Mas enquanto Trump está apenas tomando o remédio, Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas diretrizes, recomendando o medicamento para pacientes com coronavírus.
O presidente dos EUA brigou com seus consultores científicos. Mas Bolsonaro demitiu um ministro da saúde e provocou a demissão de seu substituto.
Trump manifestou simpatia pelos manifestantes anti-bloqueio; Bolsonaro particiou de seus comícios.
Infelizmente, o Brasil já está pagando um preço alto pelas palhaçadas de seu presidente — e as coisas estão piorando rapidamente.
O coronavírus atingiu o Brasil relativamente tarde. Mas o país tem a segunda maior taxa de infecção do mundo e a sexta maior taxa de mortes por Covid-19.
O número de mortes no Brasil, responsável por aproximadamente metade da população da América Latina, agora está dobrando a cada duas semanas, em comparação com a cada dois meses no Reino Unido.
A composição econômica e social do Brasil significa que o país será severamente atingido à medida que a pandemia se acelera.
O sistema hospitalar em São Paulo, a maior cidade do Brasil, já está perto do colapso.
Com grande parte da população vivendo em condições precárias e sem poupança, o desemprego em massa pode levar à fome e desespero nos próximos meses.
Mas, é justo culpar Bolsonaro? O presidente, que assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2019, obviamente não é responsável pelo vírus — nem pela pobreza e precariedade que tornam a Covid-19 uma ameaça ao país.
Ele também não foi capaz de impedir que muitos governadores e prefeitos do Brasil imponham bloqueios em suas regiões.
Mas incentivando seus seguidores a desrespeitar os bloqueios e minando seus próprios ministros, Bolsonaro é responsável pela resposta caótica que permitiu que a pandemia saisse do controle.
Como resultado, os danos à saúde e à economia sofridos pelo Brasil provavelmente serão mais severos e mais profundos do que deveriam ter sido.
Outros países que enfrentam condições sociais ainda mais difíceis, como a África do Sul, tiveram uma resposta muito mais disciplinada e eficaz.
Se a vida fosse um conto de moralidade, as travessuras de coronavírus de Bolsonaro levariam o Brasil a se voltar contra seu presidente populista. Mas a realidade pode não ser tão simples.
Não há dúvida de que Bolsonaro está com problemas políticos. Seus índices de popularidade caíram e agora estão abaixo de 30%; cerca de 50% da população desaprova seu comportamento na crise.
O apoio que ele desfrutou dos conservadores tradicionais — que estavam desesperados para colocar no passado o Partido dos Trabalhadores, de esquerda — agora está desmoronando.
Sergio Moro, seu popular ministro da Justiça que luta contra a corrupção, renunciou no mês passado.
As alegações de Moro sobre os esforços do presidente para interferir nas investigações policiais foram suficientemente explosivas para provocar a Suprema Corte a abrir uma investigação que poder levar ao impeachment de Bolsonaro.
Mas o impeachment no Brasil é tanto um processo político quanto um processo legal.
Os delitos que levaram à remoção de Dilma Rousseff como presidente em 2016 foram bastante técnicos.
Foi mais significativo que Dilma Rousseff tenha atingido um índice de aprovação de 10% nas pesquisas e a economia sofrido uma recessão profunda.
As avaliações de Bolsonaro ainda estão muito acima do nadir de Dilma.
E, embora a economia esteja indubitavelmente caminhando para uma profunda recessão e um aumento no desemprego, sua retórica anti-lockdown pode lhe dar alguma proteção política.
Oliver Stuenkel, professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, diz: “O que Bolsonaro quer fazer é se desassociar da crise econômica que se aproxima.”
As medidas de isolamento social que Bolsonaro contesta podem realmente ajudá-lo politicamente.
Poderiam impedir as manifestações em massa que deram o impulso para o impeachment de Dilma Rousseff.
E tornarão mais difícil para os políticos tramarem e negociarem nas proverbiais “salas cheias de fumaça” — um processo necessário para produzir um impeachment bem-sucedido. Tramar pelo telefone não é o mesmo.
Alguns políticos podem achar que mergulhar o Brasil em uma crise política é indecoroso, no meio de uma pandemia.
No entanto, a unidade nacional não surgirá enquanto Bolsonaro for presidente.
No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão.
O Brasil já é um país profundamente polarizado, onde as teorias da conspiração são abundantes.
As mortes e o desemprego causados ​​pela Covid-19 são exacerbados pela liderança de Bolsonaro.
Mas, perversamente, um desastre econômico e de saúde poderia criar um ambiente ainda mais hospitaleiro para a política do medo e da irracionalidade.
Do Vi o mundo

domingo, 24 de maio de 2020

O JULGAMENTO PELA HISTÓRIA ESTÁ LOGO ALI, POR FERNANDO BRITO

Estamos a poucas semanas – quem sabe menos que isso – de um ponto de ruptura da crise institucional em que está mergulhado o Brasil de Jair Bolsonaro.
Talvez não seja o único deste processo, mas acontecerá, inapelavelmente.
Bolsonaro só permanecerá no governo pela via de um golpe – cuja profundidade não se pode prever – que será o início da ladeira para a implantação de uma ditadura.
É esta a disposição, agora já nem tão escondida do grupo de generais palacianos, que juga-se no direito de usurpar o comando de fato das Forças Armadas, não se sabe com que grau de anuência dos seus comandantes de direito.
A declaração de Jair Bolsonaro de que tem um “sistema particular de informações”, com ligação direta com as estruturas policiais e militares é um sinal explícito do que já muitos militares sabem: Bolsonaro tem mais apoio na tropa e na baixa oficialidade do que entre os oficiais generais, por mais que entre estes lhe tenham tido simpatia eleitoral.
São eles, porém, o fiel da balança num momento em que a sociedade civil está acoelhada, quarentenada e, sobretudo, desorganizada politicamente depois que o lavajatismo a destruiu e bateu palmas para o atual maluco dançar, pisoteando a eles próprios.
Falta-lhes, entretanto, não só uma liderança política – o general Heleno é um nanogorila evidentemente desqualificado para isso e lhes falta um programa econômico, o que se evidenciou nas falas primárias de Paulo Guedes, nas quais “vender logo essa porra” e abrir hotéis cassinos.
De outro lado, uma solução de “queda” de Bolsonaro também parece não se afigurar como alternativa para este núcleo militar, que se formou sem num ter como um dos centros o general vice-presidente Hamilton Mourão, que o substituiria sem, é claro, apoio político, sem o quisto de apoio popular que remanesce com Bolsonaro e sem, como se observou, liderança militar.
Como isso vai terminar é imaginação além da possível a quem trabalhe com informações que moldem o provável e com imaginação que fuja do implausível, do qual estamos mais perto do que de qualquer solução racional.
Mas quase se pode pegar no ar, de tão sólida, a iminência de uma ruptura, porque chegamos a um ponto do qual não há retorno no confronto entre os poderes da República.
Tanto quando se pode prever que esta ruptura, alguns passos mais à frente terá que se ver com o ator ausente deste ato da peça tragicômica que se encena aqui: as ruas.
O Exército, como ente líder das Forças Armadas, tem de si uma compreensão como instituição permanente, talvez ainda haja, entre as tresloucadas cabeças generais alguma lucidez para entender que a história de pacificação impune com que se saiu da ditadura de 64 dificilmente se reproduzirá na nossa inevitável volta à normalidade democrática.
Logo ali.
Do Tijolaço

sábado, 23 de maio de 2020

BOLSONARO ISOLADO; HELENO GRUDA EXÉRCITO AO DESASTRE, POR FERNANDO BRITO

Os editoriais dos principais jornais brasileiros neste final de semana, todos violentos não apenas contra Jair Bolsonaro não perdoam o general Augusto Heleno, um personagem que, deveriam atentar os militares, é considerado pelo Estadão “não só (…) completamente despreparado para o cargo que ocupa, como considera ” democracia” o regime em que Bolsonaro manda e os demais obedecem”.
“Mais do que isso: colabora decisivamente para que suas atitudes irresponsáveis, de natureza essencialmente pessoal, pois sua função não é falar em nome do governo, sejam confundidas com o pensamento das Forças Armadas. Assim, urge que os comandos militares desvinculem as Forças Armadas desses … para desgraça do País, chegaram à Presidência nas eleições de 2018. Se não o fizerem imediatamente, e de maneira clara, correm o risco de de ver sua imagem, duramente reconstruída depois de 20 anos de ditadura, atrelada a um governo que flerta dia e noite com a ruptura.”
O Globo pergunta que o general da reserva considera que as Forças Armadas se disporiam a quebrar a ordem institucional que perdura há 32 anos, investindo contra o Supremo, que cumpre ritos legais, respaldados na Constituição?
Diz que Heleno atraiu “justificadas reações de repúdio e para confirmar que o calejado general da reserva passou a fazer parte do núcleo ideológico do bolsonarismo”.
A Folha endurece no título – Bolsonaro mente -, diz que ” o encontro do ministério entra para a história dos 130 anos da República no Brasil como um dos episódios mais execráveis do exercício do poder presidencial” e descarrega chumbo sobre o aval de Augusto Heleno – sugerindo que fala em nome das Forças Armadas – ao mentiroso.
A apuração dos crimes atribuídos ao Presidente] não pode se deter, ademais, diante de ameaças abjetas como a do general Augusto Heleno, do GSI, segundo o qual uma eventual apreensão do celular presidencial teria “consequências imprevisíveis”. Dados a baixeza e o desvario mostrados numa reunião formal, assusta de fato imaginar o que Bolsonaro diz em privado.
Do Tijolaço

sexta-feira, 22 de maio de 2020

SÓ O GOLPE SALVA O MANDATO DE BOLSONARO, POR FERNANDO BRITO

Jair Bolsonaro, é verdade, já não tinha o respeito pessoal de ninguém nas instituições da República.
Hoje, porém, quem perdeu qualquer traço de respeito foi o presidente da República, ao despir-se, com absoluto despudor, de toda a liturgia do cargo.
Não importa que não haja no vídeo prova cabal de que ele pressionou Sérgio Moro para trocar o diretor ou o superintendente da Polícia Federal.
O que aconteceu é que ele perdeu completamente a capacidade de ser acatado por qualquer um que não seja seu áulico ou carrapato de seu governo.
Entre estes, infelizmente, está um grupo de generais cheios de ambição e ódio que, por sua vez, usurpam o nome das Forças Armadas em seu próprio benefício, trabalham por distribuírem, a si e a outros grupos de militares cargos e posições de governo.
Estão, pela violência e pelo arbítrio, cada vez mais grotescos, criando um único caminho para sustentar um governo que já não se sustenta.
“Centrão”, já o provaram as agonias de Collor e Dilma, não segura governo, ou se seguram, como com Temer, apenas impedem que se sepulte seu cadáver.
Agora, com as agruras da crise que não demanda explicações, menos ainda o poderão.
Bolsonaro, no médio prazo, só permanece no poder com um golpe e é esta a questão que está em pauta em nosso país.
Manter este desclassificado, aceitar seus planos de armar milícias em seu favor e permitir que ele siga a transformar a República em um encontro de rufiões de bordel é concordar que, pela força, se consume totalmente um golpe autoritário da bandidagem com matrícula estatal e nome no Diário Oficial.
Do Tijolaço

quinta-feira, 21 de maio de 2020

COMO ORGANIZAR A AJUDA INTERNACIONAL ÀS ECONOMIAS EMERGENTES, POR LUIS NASSIF

Rogoff estima as consequências de um corte de uma taxa negativa de -3%. Se a operação for feita de maneira correta, as taxas negativas teriam o mesmo efeito da política monetária normal, aumentando a demanda agregada e estimulando o emprego.
Queda de demanda global, nos preços das principais commodities, recessão nas principais economias mundiais e perda de dinamismo da China, o grande motor das últimas décadas. E, no rastro, uma situação dramática para os países emergentes, pela queda no comércio internacional e pelas vulnerabilidades  no front externo – devido à queda dos preços das commodities e à fuga de capitais externos.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, estimou que 170 países terão queda no PIB em 2020, criando dificuldades enormes para o próprio sustento da maioria das famílias.
Recentemente, o FMI e o  e o Banco Mundial anunciaram um alívio do serviço da dívida e desembolso adicional para os mais pobres. Os governos do G20 também congelaram os pagamentos bilaterais e tentam convencer os credores comerciais a aderirem ao acordo, o que poderá resultar em um volume de até US$ 40 bilhões.
Não será suficiente. E começam a pulular sugestões em vários centros acadêmicos e multilaterais.
Uma das sugestões é o perdão da dívida dos emergentes, na linha do que foi feito nos anos 90, uma ação conjunta do FMI, Banco Mundial e Clube de Paris que garantiu US$ 76 bilhões a 36 países englobados no programa Países Pobres Altamente Endividados.
Outra linha anti-crise, defendida por economistas como Kenneth Rogoff, consiste na aplicação de taxas de juros “profundamente negativas” por parte dos países desenvolvidos.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserva, apoiado pelo Tesouro, está a caminho de garantir todos os créditos privados, estaduais e municipais da economia.  É um programa sustentável se o estresse do mercado for breve. Se a economia levar anos para se recuperar, estimar Rofogg, o quadro será complexo. Nesse caso não se saberá quantas empresas se manterão abertas e quantos governos continuarão solventes.

O ponto central é que, globalmente, a riqueza será destruída drasticamente. E muitas vozes, incluindo Rogoff, defendem que os credores compartilhem do prejuízo, através do perdão de parte das dívidas. Outra alternativa seria o FED jogar as taxas de juros abaixo de zero, seguindo a lógica de taxas negativas do Japão e da Europa.
Rogoff estima as consequências de um corte de uma taxa negativa de -3%. Se a operação for feita de maneira correta, as taxas negativas teriam o mesmo efeito da política monetária normal, aumentando a demanda agregada e estimulando o emprego.
Há um conjunto de pré-condições para o programa ser bem-sucedido:
O mais importante é impedir a acumulação em larga escala de dinheiro por empresas financeiras, fundos de pensão e companhias de seguro. Segundo ele, trata-se de movimento jamais tentado por nenhum Banco Central do mundo.
Regulamentação, taxa variável, de acordo com os prazos.
Proteção contra as taxas negativas aos pequenos depositantes.
Para as economias emergentes, seria uma boa saída. Mesmo com taxas negativas, haverá necessidade de perdão para parte das dívidas dos emergentes maiores.
No caso dos emergentes, a maior vulnerabilidade é o crédito privado, que foi altamente expandido em momentos de liquidez abundante, especialmente em empresas exportadoras de commodities. Como as cotações eram fixadas em dólares, havia a sensação de um hedge natural.
Agora, com a queda nas cotações de commodities, há um descasamento entre garantias e passivos.
PROTECIONISMO
Um ponto que vem sendo desmentido pelos fatos é o do fechamento das economias, como resultado da pandemia apontando o fracasso da globalização.  E as vulnerabilidades reveladas pelo Covi-19, que levariam os países a estimular a produção interna, reduzindo a cadeia global de valores.
A reação da China, aumentando em12 vezes a fabricação das máscaras, é apontada como um dos sinais da manutenção da globalização comercial. Outro aspecto é a hiperespecialização da cadeia produtiva. A tecnologia padrão do ventilador, por exemplo, depende de 300 peças diferentes, fabricadas em diversos países. Logo, sua fabricação exige uma coordenação mais intensa dos fornecedores globais. O que torna a coordenação global um papel cada vez mais relevante.
Nessa ótica, haveria vantagem nas cadeias internas de fornecedores apenas em episódios muito raros, que afetem a produção de vários países simultaneamente.
Do GGN

quarta-feira, 20 de maio de 2020

DITADURAS SÃO PARA NÃO SE ESQUECER JAMAIS. POR MOISÉS MENDES

Os brasileiros poderiam copiar e admitir que copiam o que uruguaios e argentinos fazem com criatividade para lembrar sempre, mesmo em meio a uma pandemia, que um dia foram submetidos a ditaduras.
Hoje, é o Dia do Silêncio no Uruguai, e daqui a pouco as pessoas sairiam às ruas de Montevidéu carregando retratos de assassinados pelos ditadores e que são considerados até hoje como ‘desaparecidos’.
Com a clausura, que impede a realização da passeata, disseminou-se pelo país o Dia do Silêncio virtual. Na semana passada, o semanário Brecha antecipou a marcha e colocou em sua capa as fotos das vítimas dos militares.
Hoje, o Plenário Intersindical de Trabalhadores-Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT), que vem a ser a central sindical deles, divulgou essa imagem poderosa, que está na capa do jornal La Diária.
A central colocou sobre as cadeiras, no auditório da sua sede, os retratos de 197 desaparecidos, mostrados por familiares, com a frase ao fundo que exalta: memória, verdade e justiça.
É dali da sede da PIT-CNT que saem muitos dos que participam da Marcha do Silêncio todos os dias 20 de maio. Em 1973, a ditadura prendeu e sumiu com 18 líderes sindicais, que nunca mais foram localizados.
Hoje, no centro de Montevidéu, uma área teve o asfalto pintado com marcas de pés no chão, para mostrar que, mesmo simbolicamente, a marcha acontecerá agora à noite. Ao fundo, dependurados num varal, aparecem retratos de desaparecidos.
Parques e praças foram ornamentados com margaridas de papel. Os uruguaios não saem atrás de pretextos para não fazer o que fazem há 25 anos.
E no Brasil? Aqui, nós debatemos a ocupação do Ministério da Saúde por uma tropa de choque do Exército.
Do DCM

terça-feira, 19 de maio de 2020

O EXÉRCITO BRASILEIRO INFECTA-SE COM A IMAGEM DA MORTE, POR FERNANDO BRITO

O Exército Brasileiro está sendo levado a uma armadilha que lhe será fatal por anos.
Virou “bucha de canhão” na guerra já perdida contra o novo coronavírus.
Não porque os militares sejam por natureza incapazes. Mas são incompetentes para este combate.
Nem mesmo durante a ditadura militar o Ministério da Saúde foi ocupado por um militar, como agora, com o general Edson Pazzuelo.
Aliás, como informa O Globo, o Ministério da Saúde está sendo, literalmente, ocupado por militares.
É um sinal inequívoco de que as equipes técnicas estão sendo desmontadas.
Os que ficam estão intimidados, procurando as sombras, os cantos, os desvãos para não serem eliminados.
Por mais que apareçam por toda a parte pessoas querendo se promover com “modelos estatísticos” que preveem para depois de amanhã o pico da epidemia, o fato concreto é que a baixa quantidade de testes e os precários registros de notificação que compõe a nossa contabilidade de contagiados e de mortos, impedem qualquer avaliação precisa.
Nosso mais confiável indicador infelizmente são as mortes e, sobre isso, o que temos é o recorde batido hoje em São Paulo, com 324 mortes, cem a mais que o recorde anterior, de 224 óbitos, também registrado numa terça-feira, 28 de abril.
A mancha que ficará no Exército pela ambição de generais medíocres que estão levando a corporação a fantasiar-se de “abre-alas” da cloroquina para agradar um psicopata.
Do Tijolaço