Perfil do estagiário capturado pela
revista Fórum: Delivar de Mattos Advogados Associados. Um dos sócios do
escritório é Rodrigo (esquerda), que se tornou advogado de João Santana; ele é
irmão do procurador da Lava Jato Diogo (direita), que por sua vez é professor
da PUC-PR, onde estuda o estagiário.
‘Um rascunho de e-mail não serve
para prova nenhuma’, diz Eugênio Aragão.
Para
ex-ministro da Justiça de Dilma, caso de delação de Monica Moura e suposto
e-mail “está muito mal contado”. “Delatores dizem exatamente o que querem que
digam”, afirma.
Eduardo Maretti, da Rede Brasil
Atual
Para
o ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff Eugênio Aragão, o caso da
suposta conta de e-mail que Monica Moura, esposa do publicitário João Santana,
afirmou à Operação Lava Jato que era usado para falar com Dilma, “está muito
mal contado”.
“O
que mais espanta é que, quando João Santana e a Monica foram presos, deixaram
bem claro na época que não tinham nada contra a Dilma”, diz.
“Há
um contraste entre as primeiras declarações e aquelas que depois se tornam
públicas em cima de uma delação que sabe-se lá como foi feita. Não se sabe o
que é discutido nessas delações, como foram negociadas.”
Aragão
observa que “o mecanismo e a dinâmica (das delações) são sempre os mesmos”.
“São
como peças de um quebra-cabeça. Se encaixam num molde de uma teoria que o
Ministério Público já montou. A gente sabe o que eles querem que os delatores
digam e os delatores dizem exatamente o que eles querem que digam.”
Na
opinião do ex-ministro, “tudo indica” que o e-mail é forjado.
Uma
ata notarial foi registrada em um cartório de Curitiba em 13 de julho de 2016,
por Felipe Pedrotti Cadori, que seria estagiário no escritório Delivar de
Mattos e Castor Advogados Associados.
O
casal foi solto em 1º de agosto de 2016. O escritório passou a ser defensor de
João Santana há um mês, em 17 de abril.
Na
quinta-feira (11), Dilma Rousseff divulgou nota na qual afirma que “João
Santana e Monica Moura prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em
seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores”.
No
sábado (13), em outra nota, ela disse que “o jornalismo de guerra promovido
contra mim e o presidente Lula é a prova de que a escalada autoritária
contaminou radicalmente os formadores de opinião pública”, em referência ao
jornalista Merval Pereira, que sugeriu no jornal O Globo que a ex-presidente
seja presa por obstrução da Justiça.
A
suposta conta de e-mail registra uma única mensagem, na pasta de rascunhos:
“Vamos visitar nosso amigo querido amanhã. Espero não ter nenhum espetáculo nos
esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?”.
“Primeiro,
um rascunho de e-mail não serve para prova nenhuma. Não tem sequer um e-mail
que foi enviado. E um rascunho é facílimo de ser forjado. Pode até colocar a
data que quiser ali. Isso precisa ser esclarecido”, diz Aragão.
Ele
considera “mais curioso ainda” o fato de que as delações se tornaram públicas,
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), logo depois do depoimento do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva Lula, na quarta-feira (10), ao juiz Sérgio Moro.
No
depoimento, o petista teve “uma performance muito além do que se esperava”.
Para Aragão, fica a impressão de que a intenção da nova polêmica “é tirar um
pouco o sucesso do depoimento do Lula e colocar na sombra eventuais pontos
ganhos pela defesa”.
O
ex-ministro defende que se faça no país uma profunda reflexão sobre a
necessidade de um marco normativo da atuação do Ministério Público,
principalmente quanto às delações premiadas.
“Cada
dia temos uma novidade. Essa Lava Jato nunca acaba. O país não merece isso. O
MP tem que ter um prazo para investigar. Não dá para ficar o resto do tempo
destruindo o tecido institucional do país, com esse tipo de trabalho midiático
que está sendo feito há três anos.”
Segundo
ele, se Monica Moura forjou provas, ela pode ser incriminada. É preciso saber,
primeiro, quem está por trás de uma eventual fabricação de provas.
“É
preciso saber, caso seja uma fraude, se ela forjou provas porque quis, ou se
foi obrigada. Essas circunstâncias têm que ser examinadas devidamente. Afinal,
Monica Moura estava presa (quando o e-mail foi registrado). A pessoa na cadeia
tem dificuldade de fazer as coisas. Está sob vigilância do Estado. Em segundo
lugar, se houver realmente uma fraude, temos um crime de fraude processual,
falsificação de prova. É um processo que pode pegar para ela e eventualmente
outros que participaram da empreitada.”
Chico Vigilante:
Estarrecida,
a Nação toma conhecimento de que a absurda história alegada por Mônica Moura da
criação de uma conta secreta de e-mail para comunicação com a presidenta Dilma
Rousseff é falsa.
Um
estagiário do escritório de advocacia Delivar de Matos e Castor Advogados e
Associados registrou em cartório, em 13 de julho de 2016, uma imagem da
mensagem de e-mail desta conta como prova da existência da conta. Neste dia, a
publicitária estava presa.
Essa
história, por si só, é risível. A mensagem contida na pasta ‘Rascunho’ e
registrada no cartório, tem data de criação em 22 de fevereiro. No mesmo dia,
22 de fevereiro de 2016, a Lava Jato deflagrou a Operação Acarajé com ordem de
prender João Santana. Como o casal estava fora do país, só se apresentou à
justiça brasileira em 23 de fevereiro de 2016.
Ou
seja, a mensagem eletrônica registrada em cartório foi criada um dia antes da
prisão do casal de publicitários, em uma improvável coincidência. Forjaram uma
farsa envolvendo a criação de uma conta de e-mail que nunca foi acessado pela
presidenta Dilma.
Também
é uma baita coincidência o fato de que, desde abril deste ano, o mesmo
escritório Delivar de Mattos e Castor Advogados Associados faz a defesa de João
Santana.
Isso
é de estarrecer a Nação. A sociedade brasileira começa a ter uma visão clara do
submundo pelo qual se movimentam estas pessoas que estão a aniquilar a
democracia e a República Brasileira.
Tudo
isso, à base de farsa, de chantagem e de mentiras com o objetivo claro de
tentarem atingir a honra e a dignidade de Dilma Rousseff e de Luiz Inácio Lula
da Silva.
Acredito
que a Nação está tendo clareza exata do que está em disputa no Brasil e o papel
que essas pessoas desempenham. Em nenhum lugar do mundo, essa delação faria
sentido e seria anulada de imediato.
Por
fim, seria razoável que a criação deste factoide, como forma de aliviar a pena
de Mônica Moura e de João Santana, ao contrário do planejado, servisse como
agravante e implicasse no aumento do tempo de condenação do casal pela Justiça.
Chico
Vigilante, deputado distrital (PT).
PS
do Viomundo: Para complicar ainda mais essa história, um dos sócios do
escritório de advocacia do estagiário, Rodrigo Castor de Mattos, é irmão de um
dos procuradores da Lava Jato, Diogo Castor de Mattos. Rodrigo entrou na defesa
de João Santana em 17 de abril deste ano. Um perfil do procurador Diogo Castor
de Mattos, publicado pela revista Ideias em janeiro de 2016, revela que àquela
altura ele era professor de Direito Penal na PUC de Curitiba, justamente onde,
segundo o perfil do Facebook, o estagiário Felipe Cadori — que foi ao cartório
registrar o e-mail de Monica Moura — estuda Direito. O site da universidade
confirma que Diogo ainda é professor da Faculdade de Direito.
Do perfil:
Diogo
Castor de Mattos estudou no Colégio Santa Maria, depois no Colégio Dom Bosco;
–
Graduado em Direito em 2009 pela PUC-PR;
–
É Mestre em Função Política do Direito pela UENP – Universidade Estadual do
Norte do Paraná (2015);
–
Fez concurso, mas não foi aprovado, para Procurador do Banco Central;
Para
a segunda fase, tomou aulas com o prof.º Belmiro – em 2009;
–
Foi aprovado em concurso para Defensor Público Federal, mas não assumiu a vaga
– em 2010;
–
Foi aprovado em concurso para Procurador Federal da Advocacia da União – em
2010. Assumiu o cargo em Junho de 2011;
–
Fez concurso para Promotor de Justiça do Paraná, assumindo em Julho de 2012;
–
Em Fevereiro de 2013, assumiu o cargo de Procurador da República, em que
permanece até o momento;
–
Passou um ano em Jacarezinho, no Norte Pioneiro do Paraná. Em Março de 2014,
foi convocado para integrar a então recém-criada equipe da força tarefa da
Operação Lava Jato. Convocado por Deltan Dallagnol (idealizador do projeto);
–
É professor de Direito Penal na PUC-PR;
Nasceu em 18 de Junho de 1986, em Curitiba. Pai:
Delivar Thadeu de Matos, falecido em 05 de Outubro de 2007; Mãe: Maria Cristina
Jobim Castor de Matos.
Trecho da entrevista:
A
partir de quê foi idealizado o projeto da Lava Jato?
Foi
idealizado em 2014, após a prisão de Alberto Youssef, em 17 de Março. Dada a
magnitude do que se apresentava na época, o colega Deltan achou que era
conveniente pedir ajuda para montar um grupo de procuradores, que depois ficou
conhecido como “força-tarefa”. Eu fui estagiário do Deltan em 2009.
Coincidentemente, o pai dele foi colega do meu pai (MP Estadual do Paraná).
Djamila:
O que realmente aconteceu em Londres no debate com Moro, aqui.
Do
Vi o Mundo e outros