Na última
terça-feira, meu nome foi lembrado por muita gente na internet por conta da
vingança sórdida da Lava Jato contra o jornalista Reinaldo Azevedo. Antes de
comentar mais esse episódio triste e danoso à democracia, porém, há que rever o
meu caso pela perspectiva de mais esse jornalista pisoteado pelo arbítrio
estatal vigente no país.
Vamos rever
o que Azevedo escreveu sobre a investida da Lava Jato contra este blogueiro em
21 de março último.
Reinaldo não
me conhece. Se conhecesse, saberia que, aqui nesta página, defendi até Fernando
Henrique Cardoso e Gilberto Kassab (quando era cupincha do José Serra) por
terem sido alvo de baixarias da esquerda.
O mais
engraçado é que sempre que eu relatava que mantive contato com Reinaldo Azevedo
durante bastante tempo, travando com ele debates sobre o que ele publicava na
revista do Luiz Carlos Mendonça de Barros, a Primeira Leitura, muitos
duvidavam, achavam que era invenção.
Sim, minha
relação com Reinaldo era cortês. E até divertida. Certa feita, trocamos acho
que uma dezena de e-mails até ele se dar por vencido no debate que travamos
sobre a falta de isenção da grande imprensa e, assim, oferecer-me espaço em sua
revista para eu manifestar minha posição.
Obviamente
que declinei do convite, dizendo a ele que não tinha nada a dizer ao tipo de
gente que lia a Primeira Leitura.
Mas o
jornalista se enganou quando se queixou das críticas que venho lhe fazendo
desde meados da década passada, quando a Veja o contratou.
Azevedo diz
que eu o insultava. Não eram insultos, era inconformismo com a desgraça que ele
estava ajudando a implantar no Brasil e que terminou por vitimá-lo. Esses
cretinos que hoje ele chama de “direita xucra” foram criados por ele.
O termo
“petralha”, essa tese odienta que envenenou gente de mente curta e língua
comprida, ajudou a criar o caldo de cultura que exalta um bando de esbirros de
uma ditadura policialesca que congrega setores do judiciário, do Ministério
Público e da Polícia Federal, sem falar nos grupos de mídia e em partidos que,
tal qual Azevedo, já começam a entender que o arbítrio nunca se basta, sempre
quer mais.
Pobre
Reinaldo Azevedo. Não sabia o que estava fazendo. Tão erudito, não estudou a
história mais recente do país no capítulo dedicado a Carlos Lacerda, quem, como
o agora ex-colunista da Veja e ex-apresentador da Jovem Pan, achou que poderia
se dar bem com o arbítrio até descobrir o mesmo que seu herdeiro
político-ideológico.
Lacerda,
para quem não sabe, foi um jornalista e político de direita que pediu e ajudou
a implantar a ditadura militar no Brasil de 1964.
Em novembro
de 1966, porém, descobriu que ditaduras só são boas para os ditadores e lançou
a Frente Ampla, movimento de resistência ao regime militar (1964-1985), que
seria liderada por ele com seus antigos opositores João Goulart e Juscelino
Kubitschek.
Lacerda foi
cassado em dezembro de 1968 e levado preso para um Regimento de Cavalaria da
Polícia Militar. Morreu vítima de infarto no miocárdio.
Reinaldo,
como Lacerda, vibrou com o golpe, vibrou com a Lava Jato até que esta começasse
a chegar perto do grupo político que ele integra, ou seja, a eterna aliança
demo-tucana.
Reinaldo
também é muito ligado a Gilmar Mendes e José Serra, além de Aécio Neves.
A Lava Jato
havia grampeado a irmã de Aécio e flagrou uma conversa dela com Reinaldo. Uma
conversa sem maior importância, mas na qual ele criticou a Revista Veja por ter
publicado capa atacando o tucano.
Reinaldo fez
na ligação o que vem fazendo publicamente. Nada havia contra ele. Foi uma
vergonha o que a Lava Jato fez. Divulgou a gravação para o jornalista perder o
emprego.
A Lei 9.296/1996
regula o uso de interceptações telefônicas em processos e determina que a
gravação que não interessa à produção de provas em processo deve ser destruída.
É o caso da gravação que a Lava Jato divulgou para prejudicar Azevedo.
Reinaldo diz
que me defendeu mesmo sem eu merecer e que defendeu Lula do arbítrio porque é o
que manda o Estado de Direito.
Perdoe-me,
Reinaldo, não quero tripudiar, mas você precisa refletir que ninguém é bobo.
Todo mundo sabe que você me defendeu, defendeu Lula e começou a criticar a Lava
Jato porque sabia que a batata do seu grupo político estava assando.
Espero que
não haja nada de mais grave envolvendo Reinaldo. E até acho que não vai haver.
Minha
percepção é a de que a divulgação dessa gravação foi uma vingançazinha da Lava
Jato por Reinaldo criticar a operação policialesca que está fazendo mais mal do
que bem ao Brasil, pois, apesar de pegar alguns corruptos, está acabando com a
economia e criando uma perigosa horda fascista que não se sabe aonde vai parar.
Reinaldo,
espero que você tire uma lição de tudo isso. E espero que em seus novos
empreendimentos use sua inteligência prodigiosa, seu português castiço,
prazeroso de ler, para ajudar a desfazer o mal que você mesmo fez ao criar
esses zumbis fascistas que acabaram se voltando contra o seu criador.
Boa sorte,
Reinaldo. De coração.
Do Blog da Cidadania