Foto: Agência Brasil
O Natal que chega trouxe ao jornalista Janio de Freitas as
memórias do final de 1954. "O país agora dividido, dizem, desde a eleição
presidencial de 2014, naquele ano era reconhecido como dividido e
irreconciliável."
Naquele ano, 4 meses antes do Natal, "Getúlio se matara,
e os defensores de uma política de desenvolvimento industrial e exploração
própria de petróleo, contra a política americana de retenção da América Latina,
estavam apreensivos e desnorteados. Os conservadores ocupavam outra vez o
poder, e as conquistas do governo de Getúlio ficavam ameaçadas. Não é difícil
encontrar paralelos entre aquela e a atual fase."
"O que mais aproxima os dois momentos", escreveu
Janio neste domingo (23), "é o estado de ânimo dos opostos. Os abatidos na
Lava Jato e destituídos do poder reproduzem hoje os sentimentos dos golpeados
com Getúlio e retirados do poder. Situações políticas e anímicas
equivalentes."
"Mas a direita de 54 não desfrutou do otimismo que a
vitória, por si, podia lhes dar. A situação febril continuou. O ano entrante
era esperado com inquietação pelos conservadores, tanto mais que seria ano de
eleições e o seu recente controle do poder estaria sob risco."
Hoje, a "euforia dos apoiadores populares de Bolsonaro
(...) não é correspondida no segmento de fato e de direito representativo do
conservadorismo. Por mais que evitada a sua exposição, a insegurança sobre o
próximo governo é o senso comum no empresariado e na classe média, de sua
camada central para cima."
"As muitas incógnitas do plano e do próprio Paulo
Guedes, os já iniciados problemas de comércio exterior decorrentes de política
externa, e a reforma tributária produzem um quadro de tensões que dá
equanimidade aos conservadores de 54 e de hoje", completou.
GGN