Senhoras
e senhores, peço vossa atenção para a afirmação que já vai expressa no título
do post. Antes, porém, quero explicar a razão que me leva a escrevê-lo. Escrevo
este post para alertar as pessoas sobre uma variedade imensa de “saídas” para a
crise que estão sendo aventadas e que dificilmente irão prosperar por não
passarem da mais pura lorota.
A
cassação do mandato de Temer pelo TSE nunca foi uma possibilidade real. Estava
sendo operada por uma Corte que agiu deliberadamente para dar fôlego ao
golpismo contra Dilma Rousseff.
Derrubada
a presidente legítima, desapareceu o interesse pelo processo por parte da Corte
golpista chamada TSE, que admitiu levar adiante a farsa que o PSDB armou,
apesar de a fraude ser escandalosamente clara, já que os tucanos acusavam os
petistas de receberem dinheiro de financiadores que também lhes fizeram doações
em condições idênticas.
Havia
caixa 2 e dinheiro de corrupção nas campanhas de Dilma, Marina e Aécio? Talvez.
Os candidatos sabiam? Aécio a gente percebe que sabia. Marina e Dilma ninguém
sabe.
O
fato é que essa “solução”, para o país não ficar sendo governado até 2018 por
um bandido confesso, não nos serviria porque partiria de uma premissa
equivocada fundada em uma falsidade. E ainda tiraria os direitos políticos de
uma pessoa inocente – até prova em contrário.
Temer
ainda pode ser cassado pelo STF, mas todos sabemos da força que o usurpador do
mandato legítimo de Dilma tem no Congresso, de modo que é muito provável que
não venha a ser feita nem eleição direta nem indireta.
Se
Temer ficar se equilibrando no cargo até 2018, a economia irá piorar muito.
Mesmo que não entre em colapso e Temer consiga aprovar suas reformas genocidas,
os brasileiros sofrerão um empobrecimento tão rápido que jamais foi visto na
história recente do Brasil.
E
o mais provável é que aconteça isso.
Não
adianta querermos contar com o Congresso e/ou com o STF para tirar Temer do
cargo. Ele pode até sair, mas o processo vai demorar – porque a Câmara vaia
resistir – e, enquanto isso, a economia afundará ainda mais.
Aécio
não será preso. Se for preso, o PSDB está mais escangalhado do que o PT. Vai
sobrar pra meio mundo se Aécio for preso. E não é meio mundo pela esquerda…
Então
Aécio não irá em cana, Temer muito menos e, assim, vai ficar difícil condenarem
Lula sem uma mísera prova, já que não condenam aqueles contra os quais há uma
avalanche de provas.
Aliás,
mesmo que mandassem Aécio e Temer para a cadeia seria difícil usarem isso para
encanar o petista, já que contra ele ainda não surgiu prova alguma.
Como
resolver a crise política? Pelo visto, vamos ter que esperar. A única forma de
dar um governo viável ao país será através da legitimidade das urnas. Ano que
vem, cada partido submeterá seu candidato à decisão popular e o escolhido terá
a missão de conduzir o país para fora do atoleiro – com o risco de que o eleito
possa afundar o Brasil de vez.
É
neste ponto que levantarão dois “argumentos”:
1
– Golpistas não permitirão que haja eleições
2
– Lula não poderá disputar porque estará preso ou inelegível
3
– Se Lula ou algum outro esquerdista vencer, será derrubado de novo pela
maioria de direita no Congresso, que se forma a cada eleição desde o
descobrimento.
Em
primeiro lugar, vamos estabelecer que é isso o que importa à esquerda
brasileira: haver eleições e a esquerda ter um candidato viável. Nada mais
importa. Portanto, a esquerda tem que lutar em defesa da manutenção do
calendário eleitoral brasileiro.
Em
segundo lugar, a esquerda deve se unir em turno de um único candidato, um
candidato viável. Se não puder ser Lula, nenhum candidato de esquerda se
elegerá sem o apoio dele. Quem pede que deixemos Lula de lado e procuremos
outro candidato não está sendo capaz de enxergar isso.
Em
terceiro lugar, a esquerda deve fazer uma campanha todinha voltada para o risco
de o presidente que venha a ser eleito ser derrubado por uma maioria
parlamentar de direita.
Logo
após um impeachment fraudulento (o de Dilma) que afundou as vidas dos
brasileiros, vidas que tanto melhoraram durante o governo Lula, não será
difícil fazer o eleitor ver que, se votar naquele candidato a presidente de
esquerda, terá que votar nos parlamentares ligados a ele ou seu eleito será
derrubado.
Ponto.
Desse
modo, a Lula da esquerda está muito bem definida. Se a esquerda não cuidar
desses três pontos, o Brasil pode mergulhar em uma guerra civil.
Confesso
que fiquei muito preocupado ao ver uma importante liderança de esquerda pregar
que fiquemos nos concentrando nos efeitos de termos um governo radical de
direita – que são injustiça social, abusos do Estado contra os cidadãos,
discriminação, violência policial – e, em vez de tentarmos eleger Lula ou quem
ele apoiar, que aceitemos mais um governo de direita.
O
Brasil não aguentará outro governo de direita. A precarização das condições
sociais que estão impondo via destruição de direitos trabalhistas e extinção de
programas sociais vai colocar o país em uma guerra civil. A esquerda não pode
recair nos erros fatais que cometeu em 2013. Desta vez o resultado da
irresponsabilidade seria muito mais trágico.
Blog da Cidadania