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sexta-feira, 29 de junho de 2018

ACORDO ENTRE O TSE, GOOGLE E FACEBOOK, PÕE OS BRASILEIROS A CAMINHO DO INFERNO, o por Fábio Ribeiro

O TSE firmou um novo acordo com o Google e com o Facebook.
Pronto, finalmente a pergunta que eu fiz no GGN foi formalmente respondida pelas autoridades judiciárias.
Através do acordo referido no início TSE transferiu para os empresários gringos o poder de dizer que notícias e opiniões os brasileiros podem consumir. Na prática nossa democracia se torna formalmente tutelada, supervisionada e censurada pela Embaixada EUA. 
Primeiro nós perdemos nossa autonomia política: o golpe de 2016 com o STF com tudo levou ao poder um informante da Embaixada EUA.
Segundo a justiça deixou de ser pública e de aplicar a legislação brasileira: a imprensa sustentada com verbas publicitárias norte-americanas acusa seus desafetos, aplaude A perseguição deles pelos juízes que aplicam no Brasil algumas Leis feitas nos EUA, antecipa o resultado que deseja e comemora a condenação e prisão dos seus inimigos (como ocorreu nos casos de José Dirceu e Lula).
Terceiro nós perdemos o controle de nossas reservas petrolíferas:  o pré-sal e de diversos pedaços da Petrobras foram entregues generosamente aos estrangeiros.
Quarto nós perderemos nossa capacidade de pensar em reagir:  os norte-americanos se tornaram proprietários do novo DOPS informa e privatizado que conduzirá o Brasil para um brilhante futuro de sujeição pacífica aos interesses norte-americanos.
O quinto golpe será a sujeição formal das nossas forças armadas: através de um acordo com o Pentágono, em troca de sucata e de ajuda financeira (eufemismo para propina paga aos oficiais) o Exército brasileiro irá se tornar uma tropa de ocupação colonial que assegurará a dependência total da colônia aos EUA.
Os EUA já estão engaiolando brasileiros e crianças brasileiras na fronteira do México. Em breve nós seremos engaiolados aqui mesmo. Quem irá construir e administrar os campos de concentração onde serão reunidos, classificados, separados, doutrinados e eventualmente torturados e exterminados aqueles que rejeitarem a submissão neocolonial do Brasil aos EUA? Se o golpe “com o STF com tudo” ganhar a eleição a resposta me parece evidente: a mesma empresa que construiu os campos de concentração nos EUA.
Do GGN

segunda-feira, 25 de junho de 2018

XADREZ DA PETROBRAS E A MAIOR CORRUPÇÃO DO PLANETA OMITIDO PELA LAVA JATO, por Luis Nassif

Peça 1 – as investigações sobre a Trafigura
Esta semana fui procurado por um jornalista inglês que veio ao Brasil com uma missão especial: investigar os motivos que levaram a Lava Jato a ignorar as operações da área internacional da Petrobras, poupando das investigações dois dos mais notórios corruptores corporativos do planeta: a Trafigura e a Glencore, tradings de comercialização de petróleo que negociam com a Petrobras.
É um trabalho ao qual dedicará seis meses. Já teve acesso a documentos internos da Petrobras, nos quais se vê Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional defendendo propostas da Trafigura, e o presidente José Gabrielli e Almir Barbassa negando.
Não apenas isso.
Sabia-se desde sempre que a área de comercialização de petróleo e derivados é aquela onde corre mais dinheiro.
Na delacão de Nestor Cerveró [2], ele fala dos negócios que aconteciam  na área de comercialização. Diz que as tradings de combustíveis movimentavam valores muito maiores do que os afretamentos de navios. Ambas as operações não necessitavam de aprovação prévia da diretoria. A Petrobras chegou a negociar 300 mil barris de petróleo e 400 mil barris de diesel por dia. Segundo ele, centavos nessa operação podem render milhões de dólares em propina ao final do mês.
Na delação, ele aponta Mariano Marcondes Ferraz como o intermediário das propinas da Trafigura. Na época Marcondes Ferraz fazia parte do board internacional da empresa.
Em sua delação, Paulo Roberto Costa, que recebeu mais de US$ 800 mil de Marcondes Ferraz, também liga os valores à Trafigura. Informa que o procurou em nome da Trafigura, pagando inicialmente US$ US$ 600 mil em propinas através de uma conta em nome da off-shore OST Invest & Finance Inc., em um banco em Genebra, Suíça.
Também o operador Fernando Soares [2], o Fernando Baiano, atribui à Trafigura o controle da empresa de tancagem Decal, em Suape, beneficiada pelas propinas de Marcondes Ferraz.
Na busca e apreensão realizada na residência de Paulo Roberto Costa [3], aparecem anotações “Trafigura – Aluguel do Terminal de Tancagem (Suape)”.
A prisão de Mariano ecoou nos principais jornais econômicos do mundo, por jogar a Trafigura no centro da Lava Jato.
A própria Lava Jato sabia estar entrando em um novo terreno “fértil de ilicitudes”.
Com a prisão preventiva do empresário Mariano Ferraz, detido no aeroporto de Guarulhos nesta quarta-feira, 26, quando estava prestes a embarcar para Londres, a força-tarefa da Lava Jato avança sobre uma área ainda não investigada na Petrobrás: o setor de compra e venda internacional de combustíveis e derivados que pode atingir, além do PT, o PMDB e o PSDB.
Segundo a Lava Jato, o grupo internacional Trafigura, do qual Ferraz é executivo, movimentou US$ 8,6 bilhões em compras e vendas de derivados de petróleo com a Petrobrás entre 2003 e 2015. Não é a primeira vez que a área de trading de combustíveis e derivados do petróleo, que é submetida à Diretoria de Abastecimento, aparece na operação.
Em suas delações premiadas, o ex-diretor Internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, e o ex-senador Delcídio Amaral relataram que essa área era um “terreno fértil para ilicitudes”, pois os preços poderiam variar artificialmente gerando uma “margem para propina”. O próprio Cerveró disse que a a Trafigura era uma das principais empresas atuantes neste setor na estatal e que as negociações diárias “podem render milhões de dólares ao final do mês em propina”.
Mencionada nos documentos iniciais da Lava Jato, gradativamente a Trafigura some das peças divulgadas, a Lava Jato não aprofunda as investigações sobre a área internacional da Petrobras e os crimes de Marcondes Ferraz ficam restritos à Decal, uma pequena empresa italiana (perto da gigante Trafigura), para quem ele fazia bico.
Essa mesma blindagem se observou na Suiça. As primeiras investigações sobre a corrupção em Angola foram encerradas em 2004 pelo Ministério Público suíço. Uma nova denúncia, em 2006, não levou à retomada das investigações. Mesmo porque envolvia a União de Bancos Suíços (UBS). 
A partir de 2013 o Ministério Público da Suíça foi rpovocado a retormar as investigações sobre o “Angolagate”. A base da nova denúncia foi o dossiê levantado pela Corruption Watch UK, e o grupo anticorrupção angolano Mãos Livres. O relatório implicava diretamente a Glencore, mas também não foi adiante.
Em 21 de novembro de 2016 a Reuters ouviu procuradores suíços sobre o envolvimento da Marcondes Ferraz e da Trafigura na Lava Jato.
"Eu posso confirmar que o Ministério Público abriu uma investigação criminal sobre um funcionário da empresa que você conhece", disse uma porta-voz em resposta enviada por e-mail para uma consulta sobre relatórios de mídia de tal investigação sobre um ex-executivo sênior da Trafigura. "Esta investigação faz parte do complexo de processos da Petrobras".
Apesar da estreita colaboração entre Ministérios Públicos brasileiros e suíços, desde então, nada mais se soube sobre as investigações envolvendo a Trafigura. A última notícia que se tem é de 1º de fevereiro de 2017, quando o MPF de Curitiba solicitou autorização para prisão preventiva, bloqueio de bens e busca e apreensão de Jorge Antônio da Silva Luz, Bruno Gonçalves e Apolo Vieira Santana, funcionários da Petrobras que atuavam na área internacional.
É esse o mistério que o jornalista inglês pretende desvendar.
Peça 2 – as comercializadoras de petróleo
Historicamente, o petróleo mundial foi explorado pelas chamadas Sete Irmãs, as grandes petroleiras, as majors que dominaram o setor até os anos 70 e operavam na exploração e na distribuição. A partir de então, começam a crescer as empresas estatais dos países produtores do Oriente Médio, África e América Latina.
As novas companhias não faziam a comercialização e, por isso, passaram a recorrer a tradings. Duas se destacaram como os piores exemplos da financeirização da economia global e do uso da corrupção em larga escala: a Glencore, de cujas entranhas nasceu a Trafigura – montada por ex-operadores da trading mãe.
Ambas deixaram um rastro de corrupção incomparável, especialmente em suas negociações com África e América Latina.  Ao contrário da Petrobras, vítima de corrupção, nas duas tradings a corrupção fazia parte de seu modelo de negócio.
Fundador da Glencore, Marc Rich conseguia que ditadores vendessem óleo através da Glencore, pagando um “por fora” de 5 a 10 dólares por barril. Com isso, ocupou o espaço de majors, como a Shell, que não pagavam comissão.
Até então, a negociação era feita com contratos de longo prazo. Rich ajudou a formar o mercado à vista. Foi condenado a 300 anos de prisão nos Estados Unidos por sonegação fiscal. Fugiu dos EUA, se escondeu na Suíça. Como fugitivo, chegou a ser considerado um dos dez mais procurados do planeta.
“seu mandado de captura internacional ficou circulando até 20 de janeiro de 2001, último dia do mandato do Presidente Bill Clinton, que lhe deu completo perdão criminal e fiscal, mandou encerrar todos seus 65 processos. A decisão de Clinton foi legal, mas ele sofreu uma bateria de críticas violentas, especialmente porque Rich e sua esposa Denise foram grandes doadores de campanha para Bill Clinton”.
Hoje em dia, a Glencore negocia US$ 800 bilhões por ano, atuando na área de petróleo e no setor de não ferrosos, através de sua subsidiária Xstrata.
A Trafigura foi montada por um grupo de operadores que havia trabalhado na Glencore, liderados por Claude Dauphin, falecido em 2015, e um corruptor à altura de Rich. Foi condenado na Costa do Marfim por jogar lixo tóxico no mar, passou seis meses na cadeia. Foi acusado de ter desviado recursos de fundos humanitários da ONU.
Nos últimos anos associou-se a fundos russos para investir pesadamente na Índia, em refinarias, tanques de armazenamento e infraestrutura de importação e exportação estrategicamente relevantes para Vladimir Putin.
O auge da corrupção foi a conquista da Angola. E aqui se juntam os destinos da Trafigura e do ex-playboy Mariano Marcondes Ferraz, que se tornou um dos meninos de ouro de Claude Dauphin.
Peça 3 – a disputa pelo petróleo em Angola
Descobertos os campos de petróleo de Angola, imediatamente a UNCTAD enviou um grupo de consultores para preparar o país para a nova realidade que se abria. Ensinaram a montar contratos com empresas estrangeiras, cantaram as vantagens de trazer o capital internacional para ajudar a desenvolver o país.
Nos anos seguintes, o que se assistiu foi o maior processo de corrupção do planeta, conduzido pela Trafigura com o presidente angolano. Foi uma corrupção praticada por majors e até pela estatal norueguesa Statoil. Do lado de Angola, a intermediária de todos os negócios era Isabel dos Santos, filha do presidente,
A vencedora foi a Trafigura. O instrumento de corrupção da Trafigura em Angola foi a Puma Energy, proprietária da distribuidora Pumangol, tendo como acionistas a estatal Sonangol (30%) e a Chochan (15%), cujo diretor- executivo é o general Leopoldino Fragoso do Nascimento 'Dino', consultor do general Hélder Vieira Dias "Kopelipa", antigo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.
Santos comandou por quarenta anos a política angolana e montou vários esquemas de corrupção, o mais evidente dos quais foi o de tentar reduzir o refino interno para poder importar todo combustível – beneficiando obviamente as grandes comercializadoras. O Ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconellos, chegou a contratar uma consultoria com a missão específica de elaborar um “estudo de viabilidade técnico-económico de processamento de petróleo bruto angolano numa refinaria fora do país”.
No ano passado, o novo governo decidiu romper de vez com o antigo padrinho. O acordo com a Trafigura foi interrompido e aberta uma nova licitação. E o petróleo de Angola saiu das mãos da Trafigura e foi para as da Glencore e da Total
Peça 4 – Petrobras na África
Quando o pré-sal de Angola foi descoberto, a Petrobras estava em condições de ocupar um espaço privilegiado.
Conforme a delação de Nestor Cerveró (1) a diplomacia brasileira havia sido eficaz. O Brasil foi dos primeiros países a reconhecer a independência de Angola, desde 1975 a Petrobras tinha representação no país, vários engenheiros da estatal angolana Sonangol vieram ao brasil fazer cursos na Petrobras.
Em 2005 a Petrobras participou de leilão do pré-sal angolano, investindo US$ 400 milhões.
Uma joint-venture formada pela Petrobras (50 por cento), BTG Pactual E&P B.V. (40 por cento) e Helios Investment Partners (10 por cento), montou a Petrobras Oil & Gas B.V. Provavelmente o ponto de contato com Isabel Santos foi o BTG-Pactual.
Além de Angola, a empresa adquiriu dois blocos em águas profundas de classe mundial na Nigéria, com início de produção previsto para o fim deste ano.
Com a entrada de Pedro Parente, a Petrobras definiu uma estratégia que caía como uma luva para as comercializadoras de petróleo e derivados.
A Petrobras reduziu o refino, aumentou as importações de derivados e está colocando suas refinarias à venda.
Colocou à venda sua participação na África. Segundo a Reuters, empresas nigerianas se candidataram cacifadas pela Vitol (outra comercializadora) e pela Glencore, que está por trás da nigeriana Seplat.
Obviamente esse desmonte e esses negócios não teriam sido possíveis sem a participação ativa da Lava Jato, destruindo a ofensiva da Petrobras na África, afastando os principais concorrentes da Trafigura (Petrobras e empreiteiras brasileiras) e da mídia, com o fake News de que a empresa estaria quebrada.
Ambos, Parente e Moro, se tornaram comensais constantes nos regabofes bancados pelos grandes centros de lobbies internacionais, como a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, principado de Mônaco etc.
Peça 5 – O caso Angolagate
As semelhanças entre Angola e o Brasil são óbvias e humilhantes para nós, da venda do pré-sal à redução do refino e ao aumento das importações de refinados. Mais ainda, na maneira como as receitas do petróleo não chegaram à população, devido aos cortes dos gastos sociais.
Em 2016, o The New York Times produziu uma reportagem acachapante sobre as riquezas de Angola e as condições de vida de sua população.
Entre cenas chocantes de crianças morrendo, subnutridas, doentes, a informação de que Angola é o país com maior índice de mortalidade no planeta. A mortalidade infantil chega a 12,5 por cada 100 nasciturnos. E tudo isso em um país riquíssimo, com reservas bilionárias de petróleo e diamante.
Na capital, há grandes hospitais modernos, porque construir hospitais permite a cobrança de propinas, mas sem médicos e sem atendimento. A reportagem informava que o governo havia cortado 30% das já escassas verbas para saúde. E mostrava aldeias onde não se via a presença de médicos.
Dizia mais. Só em carros de luxo, os governantes gastam US$ 50 milhões por ano. “Aqui, os juízes conduzem Jaguares enquanto as crianças morrem no ritmo mais acelerado do mundo”, diz o repórter.
Uma das entrevistas mostra uma angolana que perdeu dez filhos para doenças e subnutrição e que usa gasolina para desinfetar a boca. A reportagem acusa as companhias de petróleo ocidentais de terem “as mãos sujas de sangue”.
As informações que chegaram ao mundo partiram de um blogueiro independente, Rafael Marques de Morais, que está sendo processado pelas autoridades angolanas.
Em um grau mais agudo de miserabilidade e contrastes, lembra em muito o Brasil.
Em 2002, a ONG inglesa Global Witness divulgou um trabalho devastador sobre a corrupção das empresas petroleiras e dos traficantes de armas em Angola. Foi um trabalho que durou dois anos e se concentrou no “Angolagate”, o escândalo com venda de armas e exploração do petróleo nacional que atingiu assessores do presidente francês François Miterrand e financiadores da campanha do então presidente norte-americano George Bush Jr.
Nas anotações do trabalho você confere:
[2] Três quartos da população vivem em pobreza absoluta. Apenas em 2001 foram desviados mais US$ 1,4 bilhão em empréstimos bancários ruinosos para um PIB de US$ 5,1 bilhões.  Naquele ano, Angola precisou de US$ 200 milhões para ajuda internacional alimentar à sua população.
[3] Um dos principais responsáveis pela corrupção em Angola foi também um dos principais financiadores da campanha de George W. Bush. (Mas, como dizem Barroso e Dallagnol, o Brasil é o país mais corrupto do planeta).
[6] Os indicadores sociais de Angola apontam:
população 12,4 milhões de habitantes;
expectativa de vida de 48,9 anos;
82,5% da população em pobreza absoluta;
76% sem acesso a saúde;
62% sem acesso a água potável;
Taxa de desemprego em 80%.
Peça 6 – ONGs, blogs e a indústria do fake news
Todo o aparato convencional – Ministérios Públicos e Judiciários nacionais, grupos de mídia – tratou de blindar a corrupção das petroleiras e das comercializadoras de petróleo em Angola.
É uma corrupção que já envolveu, em algum momento, Bill Clinton, George W. Bush, Françoise Miterrand, perto da qual a corrupção brasileira representa trocados. Em Portugal, o esquema conseguiu subornar o então procurador do departamento central de investigação e ação penal (DCIAP).
No Brasil, o tema passou ao largo da Lava Jato, da Procuradoria Geral da República e da cobertura ostensiva da imprensa.
Internacionalmente, as denúncias foram levantadas por ONGs e por sites independentes na Suíça e na Inglaterra. O mesmo ocorreu em Angola, com o blogueiro Rafael Marques de Morais. O jornalista inglês, que veio ao Brasil, foi atraído para o tema devido ao trabalho de blogs, dentre os quais o GGN. E tudo isso foi possível devido aos sistemas de busca na Internet, dentre os quais o Google.
Por aí se entende a estratégia do Atlantic Council – que tem no seu conselho o ex-PGR Rodrigo Janot - em criar uma fantasia em torno dos fake news, para lhe permitir monitorar as redes sociais, conforma denunciamos na reportagem “Xadrez do Jogo Político do Fake News”.  
Quanto uma Trafigura, Glencore, Total, Statoil pagariam para que, mediante uma mera indicação de uma agência de checagem, as informações sobre suas atividades fossem excluídas das redes sociais e jogadas no caldeirão dos fake news?
Hoje em dia está em jogo o papel central da imprensa livre para enfrentar os grandes esquemas globais de corrupção. A cooperação internacional envolvendo procuradores de vários países não chegou perto da Trafigura e da Glencore. Mas a cooperação informal entre blogs e ONGs independentes, sim.
Do GGN

sábado, 26 de maio de 2018

A PETROBRAS É A RAIZ DO GOLPE E PEDRO PARENTE É PORTA VOZ DO MERCADO, por André Araújo

Não há nenhuma grande petrolífera estatal à venda no mundo e elas são 13 das 20 maiores empresas globais de petróleo. Especialmente não há nenhuma estatal petroleira à venda com grandes reservas de petróleo. É muito menos há estatais à venda com reservas de petróleo no Hemisfério Ocidental.
Nesse sentido a PETROBRAS  é única. Não só tem as reservas como tem os meios de extrai-la já prontos,  ganha-se três anos que levaria para explorar um campo virgem. Nesse quadro a PETROBRAS é o objetivo estratégico numero 1 na área de petróleo, especialmente com a elevação do nível de conflitos no Oriente Médio. Nada melhor que um governo frágil para permitir a execução desse projeto de privatização que já começou com a venda de ativos estratégicos da empresa, como oleodutos e a BR Distribuidora, já se anuncia a venda de refinarias, uma empresa em liquidação, a venda final será do pré-sal.
A assunção do grupo Temer ao poder só foi possível com o aval do “mercado”. O preço foi a entrega da totalidade da área econômica a delegados do mercado, Meirelles e Goldfajn na linha de frente, Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia, Maria Silvia no BNDES, Wilson Ferreira na ELETROBRAS.
Mas a base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois maiores ativos do Estado brasileiro, a ELETROBRAS, prometida à venda por 12 bilhões de Reais para ativos físicos que valem 400 bilhões de Reais e a PETROBRAS , que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até Parente abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos, navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.
Uma das bases dessa gestão foi a lenda da PETROBRAS QUEBRADA, que já mostramos aqui em  dois artigos, PURA LENDA, a PETROBRAS lançou seis emissões de bônus no periodo de dois anos antes da gestão Parente, o mercado internacional fez ofertas para compra de três a cinco vezes mais que a oferta, houve inclusive uma emissão de CEM ANOS de prazo, também com demanda muito maior que a oferta, o que jamais ocorreria com uma empresa que mesmo remotamente estivesse com problemas financeiros. Essas emissões tiveram como líderes mega bancos internacionais como J.P. MORGAN, DEUTSCHE BANK e MORGAN STANLEY, que jamais patrocinariam emissão de bônus em dólar de uma companhia quebrada.
Esses dois ativos, ELETROBRAS E PETROBRAS valem dez golpes., especialmente com preços de fim de feira, especialidade de gestão tipo Pedro Parente.
A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
Vejo nesse movimento uma amplitude muito maior do que o preço do diesel. Atraves da Historia os grandes movimentos populares tem como gatilho uma questão menor mas além do fato detonador há um pano de fundo muito maior. Neste caso há de forma subjacente a neutralização da candidatura Lula, a paralisia da economia para atender o interesse dos bancos e rentistas,  as carências antigas de moradia, saneamento, educação e saúde que este governo nem sequer tocou porque seu programa é apenas atender ao mercado que lhe deu respaldo para assumir o poder e no caminho obter algumas vantagens, o resto não interessa.
Nesse pano de fundo também está o mau cheiro do projeto de privatização da PETROBRAS.
Muitas vezes os próprios personagens do movimento não tem consciência de suas preocupações mais amplas, mas elas existem, caminhoneiros são trabalhadores precarizados,
sofridos, arriscam a vida literalmente todos os dias em acidentes e assaltos, depois de paga a prestação do caminhão resta pouco para levar para casa, é uma classe fundamental para o funcionamento do Pais, mal reconhecida, sem nenhuma assistência do Estado e agora desprezada de forma cruel e insensível  pela desastrosa gestão da PETROBRAS.
A demissão de Pedro Parente seria uma obvia mensagem de paz do Governo aos caminhoneiros, não creio que o movimento cesse sem esse gesto, Parente tornou-se o símbolo de tudo que os caminhoneiros consideram  como agressão a sua sobrevivência e sua permanência no cargo, sendo ele o pai da politica de dolarização do preço do diesel, traz enormes e razoáveis desconfianças aos caminhoneiros. Parente mostrou-se um executivo ideológico, insensivel, teimoso na sua ideologia que serve somente e exclusivamente ao mercado, ele não está interessado na sobrevivência dos caminhoneiros e estes PERCEBEM isso.
Executivos ideológicos ao fim do dia são pobres intelectualmente, são tipos menores, inadaptáveis às circunstancias, Parente tem esse e outros vários defeitos de origem, dois dos mais salientes e ser tucano de carteirinha, foi Chefe da Casa Civil de FHC e ser do grupo dos “neoliberais cariocas”, um grupo único cujo DNA remoto vem de Eugenio Gudin, fundador  dos cursos de economia no Brasil e Ministro da Fazenda do desastroso governo Dutra, que achava que o Brasil não deveria ter indústria, já estava muito bom exportar café e algodão.
Os caminhoneiros estão desmontando o grande alvo do “projeto PETROBRAS”, que era a privatização para o qual Pedro Parente está preparando o terreno, dolarizando os preços dos combustíveis, uma insanidade porque o Brasil produz 2,3 milhões de barris/dia para um consumo de 2,6 milhões de barris dia, então o Brasil é auto-sufiente em matéria prima petróleo para 88,5% do consumo, só precisa importar 11,5%,  do ponto de vista comercial não há nenhuma logica em dolarizar os preços e referencia-los no mercado spot de Rotterdam ma  a dolarização tem toda logica se for para atender aos acionistas americanos da PETROBRAS, a dolarização dos preços é uma LOGICA PARA OS ACIONISTAS ESTRANGEIROS, a quem Pedro Parente serve com exclusividade e entusiasmo, ele está no cargo para isso.
O PAPEL DE PEDRO PARENTE
Esse executivo de almanaque, que anda com crachá até para ir ao banheiro, tem cara, perfil e histórico de “organization man”, aquele tipo de executivo que subiu na vida seguindo as regras fanaticamente. Não espere desses tipos nenhuma criatividade, capacidade de enxergar longe, visão eclética, sensibilidade das circunstancias. É o tipo do executivo que não serve para a PETROBRAS se a ideia for de uma companhia  estratégica para o Brasil e seu povo.
Mas Parente não está no cargo para servir ao Pais, sua missão é atender ao “mercado”, ai representado pelos acionistas estrangeiros da PETROBRAS, é a estes que Parente atende.
Para que a companhia possa dar o melhor tratamento a esses acionistas especialmente os fundos americanos tipo Black Rock, hoje os maiores acionistas da PETROBRAS depois da União, Parente DOLARIZOU a Petrobras, porisso o preço do diesel é referenciado pelo dólar, é para atender os fundos americanos acionistas, não é para agradar caminhoneiro.
O GOVERNO TEMER
A delegação de plenos poderes a Pedro Parente tem como substrato ser ele o DELEGADO DO MERCADO FINANCEIRO na Petrobras, ele não trabalha para o Estado brasileiro, que ele odeia, ele trabalha para o mercado financeiro americano  de onde ele veio e para onde ele provavelmente vai voltar. O conglomerado BUNGE para o qual ele trabalhava antes de ir para a Petrobras tem sede em White Plains, New Jersey, perto de Nova York. O sinistro grupo BUNGE esteve por trás do golpe de 1976 que implantou o governo militar em Buenos Aires, levando ao sequestro dos irmãos Jorge e Juan Born pelos Montoneros.
O grupo BUNGE, cuja base era a Argentina mas com raízes no Seculo XIX em Antuérpia na Belgica, então conhecido como grupo Bunge & Born, por causa de sua péssima imagem que restou na Argentina mudou sua sede primeiro para São Paulo nos anos 80 (onde construiu o Centro Empresarial na Marginal Pinheiros, um imenso conjunto de edifícios). Bunge & Born, uma das quatro irmãs do trigo, um grupo tenebroso  há mais de 100 anos, é a alma mater  atual de Pedro Parente.
A submissão do Governo Temer a Pedro Parente na Petrobras  não tem nada de pessoal, é fruto de um grande acordo que avalizou a derrubada do Governo Dilma, porisso Parente parece firme na PETROBRAS (até quando ?), sustentado pelo Grupo GLOBO, as globetes a frente, Miriam Leitão é hoje a Leoa de Chácara de Parente e até a então elogiada Natuza Nery pulou para esse lado do muro, defendendo a PETROBRAx  NEW YORK, inimiga da PETROLEO BRASILEIRO S.A. criada por Getulio para dar independência de petróleo ao Brasil.
È bom não esquecer o laço que liga  Pedro Parente ao Governo FHC, o mesmo governo que colocou a frente da PETROBRAS tipos vindos do mercado financeiro como Francisco Gros, do MORGAN STANLEY, que não tinha nada a ver com petróleo mas tudo a ver com a Bolsa de Nova York, um estrangeiro nato que falava português com sotaque, o francês Henri Phelippe Reichstul e para fechar a caravana o publicitário Alexandre Machado que criou o nome PETROBRAX como preparação para a privatização, desde sempre o projeto neoliberal carioca para a PETROBRAS, era o sonho do “Grupo do Real”, Arida,  Bacha, Franco, sempre quiseram vender a PETROBRAS, ELETROBRAS, BANCO DO BRASIL, até hoje dão entrevistas para isso.
Não houve condições políticas e tempo para o grupo tucano carioca vender o controle da PETROBRAS mas eles prepararam o terreno, abrindo o capital para estrangeiros e listando a companhia na Bolsa de Nova York, era um importante etapa para em seguida vender o controle porque já haveria uma referencia de preço dada pela cotação na Bolsa de Nova York, a PETROBRAS não ganhou nada com essa listagem, só teve prejuízos.
Com a queda do Governo Dilma o “mercado”, via neoliberais cariocas que como abelhas infestam o governo Temer, viu uma oportunidade única para privatizar a ELETROBRAS e a PETROBRAS, não contavam com acidentes de percurso que podem acontecer.
O grande suporte do “projeto PETROBRAS”, como em todos os projetos anti-brasileiros é o Grupo GLOBO, que desesperadamente tenta segurar Pedro Parente exibindo-o como o melhor executivo do planeta, um medíocre que não teve a sensibilidade de PERCEBER E ANTECIPAR esse movimento dos caminhoneiros QUE É DE SUA LAVRA.
Do GGN

domingo, 5 de novembro de 2017

Decreto 9188 de Temer é o derradeiro tiro na dignidade do Brasil, diz o ex-ministro Eugênio Aragão

O que estamos esperando?
A publicação do Decreto nº 9188 no meio do feriadão enforcado pela ministra Carmen Lúcia põe a nu a desfaçatez do governo golpista e a pasmaceira que domina nossa sociedade. O Sr. Michel Temer, que conseguiu se manter na presidência usurpada graças a um leilão de ativos públicos a deputados, promove, agora, o leilão de todas as sociedades de economia mista numa penada só. Banco do Brasil, Eletrobrás, Petrobrás… a prata da casa pelas usuais misérias do mercado que “precifica” a ganância de governos corruptos. Foi assim na privatização de FHC, que rendeu míseros recursos não vistos por brasileiras e brasileiros, supostamente usados, em parte, para garantir a reeleição. Agora, com o caixa vazio, sem perspectiva de poder distribuir prebendas para parlamentares que aderem, desde que bem pagos, à liquidação de direitos, a venda das estatais é o derradeiro tiro na dignidade do Brasil.
Que a mídia comercial nada diga, é natural. O decreto teve que ser “prospectado” por assíduos leitores de diários oficiais. Mas o pior é que a sociedade não se move. Aceitou sem reclamar a derrubada da presidenta eleita por um legislativo ganancioso, vem aceitando arroubos malcriados de juízes e até ministros do STF fora dos autos, aceita a instalação de uma base americana na Amazônia, aceita a venda da estação de lançamento de foguetes de Alcântara aos mesmos americanos, aceita a entrega do pré-sal por preço de banana a multinacionais estrangeiras, aceita mudança na lei de diretrizes e bases por medida provisória, aceita a elevação da contribuição previdenciária de servidores públicos sem qualquer debate sério, aceita o perdão de dívidas a sonegadores endinheirados e bancos, aceita a reforma trabalhista que acaba com qualquer perspectiva de dignidade no emprego, aceita o perdão a trabalho indigno equiparado a escravo, aceita o aumento em mais de 50% do gás de cozinha, aceita provocações e mais provocações de um bando que se intitula governo sem qualquer legitimidade. Sem reagir. Como se fôssemos todos feitos de goma elástica, sem espinha dorsal.
Batemos palmas a um discurso idiota e mal elaborado de “combate à corrupção”, que só tem logrado destruir o parque industrial estratégico do país e tirar o emprego de centenas de milhares de cidadãs e cidadãos. E deixamos estar tudo como está: o usurpador do executivo vendendo o que é nosso para se safar da justiça, ao mesmo tempo em que ricos delatores são, depois de confessados seus crimes e inculpados os alvos políticos da investigação, deixados em paz, a curtirem seu whisky de 30 anos no novembro tão azul quanto o rótulo da garrafa da ilustre bebida.
E così la nave và…
No Chile, em que o liberalismo chicaguiano venceu a esperança, foi preciso um sangrento golpe militar para a tarefa de que aqui se desincumbem com a tranquilidade do ladrão de cofre residencial que sabe a família de férias. Nada de gritos, choros ou ranger de dentes. E ainda fazem dancinha de bunda gorda na nossa cara, que nem o líder daquilo que ousam chamar de governo na Câmara dos Deputados.
Cadê nossa altivez, nossa honra, nossa autoestima? Será que valeu a pena sacar uma presidenta honesta por isso? Por essa pinguela para a barbárie? Será que não pensamos nas nossas filhas e nos nossos filhos, sem futuro, territorializados numa economia globalizada? Sem ativos nacionais, nosso País está perdido. Está condenado a ser um ator de terceira divisão nesse mundo de cão que se nos desenha para as próximas décadas.
O que falta fazer para tirar o traseiro do sofá, para tirar os dedos do smartphone e reagir? Quando nos atentarmos para o estrago, será tarde demais e o Sr. Temer nada pagará, porque estará descansando em paz com seu bilau televisado. Mas nós teremos saudades do tempo em que poderíamos ter dado um rumo diferente a nosso destino e não demos.
É melhor reagirmos. Antes tarde do que nunca.
GGN

sábado, 8 de julho de 2017

Os ratos que a Democracia permite, por Fernando Horta

Os ratos

Comparar frações é uma das coisas mais complicadas de se fazer sem uma metodologia própria. O que é menor 7/8 ou 6/9? 7/12 avos ou 3/5? Fica sempre muito difícil sem um parâmetro, uma metodologia que nos possa servir para tornar as coisas “comparáveis”. Michel Temer é uma fração de presidente, Rodrigo Maia outra fração, como presidente da Câmara. Qual o menor?

Temer, da última vez que concorreu como candidato às proporcionais (em 2006), recebeu 99.046 votos para deputado por São Paulo. Ficou em 54º lugar naquelas eleições. Só conseguiu entrar pelo famoso “quociente eleitoral”. Seu recorde foram 252.229 votos na eleição de 2002, quando ficou em sexto mais votado por São Paulo.

Rodrigo Maia é um dos tantos “herdeiros políticos” que estão no nosso parlamento. O filho do ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, começou sua carreira na Câmara em 1998 recebendo 96.385 votos. Depois, em 2002 teve 117.229, em 2006 198.770, e em 2010 caiu para 86.162 votos apenas. Nas eleições de 2014, afundou mais ainda com apenas 53.167 votos. Ficando apenas em 29º lugar entre os eleitos do RJ. Elegeu-se, também, pelo famoso quociente eleitoral.

Enquanto o PMDB de Temer é oriundo da “oposição ao regime militar”, Maia é do antigo PFL (Partido da Frente Liberal) que teve sua sigla tão desgastada por escândalos de corrupção e pela defesa do neoliberalismo que precisou mudar de nome. O PFL é uma das ramificações da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), o partido apoiador da ditadura civil-militar. A verdade é que enquanto a ARENA, na ditadura, era um bloco monolítico de apoio aos governos ditatoriais, o PMDB juntou gente de todos os matizes políticos em seu bojo (desde os partidos comunistas até o antigo Partido Social Democrático que representava as elites latifundiárias que apoiavam Getúlio Vargas). O PMDB sempre foi, portanto, uma “colcha de retalhos”, oferecia apoio por cargos. A História diz que, durante a ditadura, o PMDB era o partido do “Sim” e a ARENA do “Sim, senhor!”.

Michel Temer tem 76 anos. Nenhuma aspiração política que envolva eleições. Da presidência partirá ao esquecimento, se antes não der uma passada na Papuda. Como acaba sua carreira política, nada teme de fato. Não deve obediência a eleitores (que de fato não tem), nem tem qualquer preocupação com as “próximas eleições”. Rodrigo Maia, tem 47 anos, e teria ainda – em tese – uma carreira política. Sob este aspecto, penso que Maia pode ser mais responsivo às ruas, já que tem efetivamente preocupação com as próximas eleições. O problema é que o espectro político que vota nele tem pouco apreço pela democracia. Especialmente uma democracia com povo. O DEM é sempre muito refratário a qualquer ampliação de participação política. Penso que Maia não é exceção.

Temer está envolvido, até o fundo, na corrupção crônica brasileira. Toda sua curruela mais próxima também. Claramente seu governo é uma quitanda para quem lhe puder oferecer apoio político que lhe salve a pele. Temer não tem vergonha de leiloar cargos, leis, medidas e tudo o mais que ele puder fazer de valor no Brasil, para barrar as investigações sobre corrupção. As reformas nunca foram um “programa de governo” seu. Foram a moeda de troca que ele usou para blindar seu grupo. O “Botafogo” (com o perdão dos alvinegros cariocas), como Maia é chamado nas planilhas da Odebrecht, também é investigado pela PF por corrupção em diversos inquéritos. Os valores são muito menores do que Temer ou Cunha, Maia sempre foi “baixo clero”. Nunca teve qualquer projeto de Brasil, e assumiria a presidência como um boneco de ventríloquo. Não sabemos que lhe manipula as cordas. Uns apostam no financismo, mas eu creio que nem para isto Maia teria capacidade.

De fato, a troca de Temer por Maia significa mais alguns minutos de oxigênio que os perpetradores do golpe tentam para aprovar as reformas e, ao mesmo tempo, saciar o apetite da Globo. Temer se mostra muito ralo e sem condições mínimas de levar o país a qualquer lugar. Suas malfadadas peripécias internacionais, combinadas com seus atos-falhos deixam ainda mais patente a posição de pária político. Nem as manipulações do PIB, nem a senhora “Bela, recatada e do lar” foram capazes de promover qualquer mudança na aceitação de Temer.

Rodrigo Maia tem também sua vaidade. É preciso considerar que em uma democracia verdadeira ele jamais teria condições de se eleger para qualquer cargo executivo, que dirá Presidente da República. Tanto Temer quanto Maia são exemplos gritantes do fracasso de nossa democracia, de nossos sistemas representativos. Mas se Maia seguir seu normal político e golpear Temer, ambos ficarão com suas fotografias como “Presidentes do Brasil”. Como historiador me sinto chocado em escrever isto. Em que mundo Temer e Maia poderiam se ombrear – sob qualquer aspecto – com Lula, FHC, Getúlio Vargas e Kubistchek, por exemplo? É o “déficit de representação”, de que falam os cientistas políticos, dando um tapa com a “mão invisível” na nossa cara. Duas vezes.

Enquanto a aliança que sustenta Temer está em direção à cadeia, a de Maia dirige-se ao “lixo da história”. Quaisquer políticos que venham a compor este arremedo de “frente nacional” ficarão marcados por terem feito parte de um momento tão baixo e mesquinho da história brasileira. O problema é que o nível do “baixo e mesquinho” é, talvez, bastante alto e aceitável para o tipo de gente que apoiar Maia. E Maia terá a foto na galeria onde figuram os governantes do Brasil. Se pudermos travar as reformas, a troca é seis por meia dúzia com o benefício de deixar Temer na condição de ser preso, e Maia evidenciando o atoleiro em que nos metemos. Se não pudermos barrar as reformas, não faz diferença quem será abandonado pelo capital, logo em seguida, se Temer ou Maia. Penso que Maia tem mais a perder e quase nada – além de sua vaidade – a ganhar. Mas ele me parece estúpido o suficiente para fazer a escolha errada.

Maia e Temer, se somados os votos das últimas vezes em que se elegeram, teriam 152.213 pessoas que lhes hipotecaram apoio. Isto representa 0,28% dos 54.501.118 que Dilma recebeu. Quem quiser entender o recado, que entenda. E mande para o STF, por favor.

GGN

terça-feira, 23 de maio de 2017

Advogado Zanin Martins descobre que os EUA investigam Petrobras em "processo paralelo" no Brasil

Órgão de investigação norte-americano teria feito questionamentos a Delcídio do Amaral em uma audiência no Mato Grosso do Sul.
Foto: Instituto Lula

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descobriu que um desdobramento da Operação Lava Jato no Mato Grosso do Sul está sendo levado a cabo, com a participação de órgão de investigação dos Estados Unidos. Questionado pelos advogados de Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral confirmou que foi ouvido por um investigador norte-americano sobre a sua delação na Lava Jato e a Petrobras. Delcídio confirmou a investigação, que na visão da defesa de Lula, é "paralela". 

A investigação dos EUA teria tido uma de suas etapas em oitiva no Mato Grosso do Sul, com a participação de um juiz local, dos advogados do ex-senador e de representantes da Petrobras. "Tais informações estavam à disposição e eram do conhecimento apenas do MPF e da Petrobras, sonegadas, portanto, à defesa", revelou a defesa.

De acordo com o advogado Cristiano Zanin Martins, o ex-executivo da Toyo Setal, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, também trouxe à tona "a incompetência do Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba". Segundo Zanin, Augusto Ribeiro teria confirmado as informações já prestadas em seu acordo de delação premiada de outubro de 2014.

Ele teria dito, em nova audiência com o magistrado do Paraná, que "o pagamento das supostas vantagens indevidas saia da 'margem da empresa' e que acreditava que isso ocorria igualmente com as demais construtoras", reafirmando as informações já fornecidas à Lava Jato de Curitiba, de que esses pagamentos eram provenientes do lucro da Toyo, e não com recursos da estatal brasileira. 

Na mesma sessão, o ex-presidente de Engenharia da Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Augusto Ribeiro não trouxeram nenhuma informação sobre os imóveis do Instituto Lula. Sem informações certas, Delcídio afirmou apenas que teria ouvido do empresário José Carlos Bumlai que ele estava cuidando da implementação do Instituto Lula, em uma referência genérica, sem clareza de informações, e que, ainda, o ex-senador desconhecia o desfecho do tema.

Do GGN

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Duque o enganou e Leo Pinheiro mentiu, disse Lula a Moro

Em seu depoimento de cinco horas ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, mentiu ao ser questionado se possuía uma conta no exterior; Lula negou que tenha orientado o empresário Leo Pinheiro, da OAS, a destruir supostas provas de propina; "Isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer", afirmou Lula ao ser questionado por Moro.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta quarta (10), o encontro com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque no hangar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo e que perguntou a ele sobre a existência de contas no exterior, o que teria sido negado por Duque.

"Lula disse que, diante dos boatos de corrupção na Petrobras, pediu para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para agendar uma conversa com Duque. "Eu pedi para o Vaccari, porque eu não tinha amizade com o Duque, trazer o Duque para conversar", afirmou. "E a pergunta que eu fiz para o Duque foi simples: 'Tem matérias nos jornais, tem denúncias de que você tem dinheiro no exterior, que está pegando da Petrobras, não sei de onde. Você tem conta no exterior?' Ele falou 'Não tenho'. Eu falei 'Acabou, se não tem...' Sabe, não mentiu para mim. Mentiu para ele mesmo."

Em depoimento dias atrás, Duque relatou esse encontro em Congonhas, mas deu uma versão diferente para o desfecho da conversa. Afirmou que recebeu orientação do ex-presidente para fechar contas no exterior.
Moro insistiu em perguntar se Lula tinha conhecimento da relação de amizade entre Vaccari e Duque. O ex-presidente repetiu várias vezes que sabia apenas que eles tinham 'relação', mas não necessariamente de amizade.

Lula negou que tenha orientado o empresário Leo Pinheiro, da OAS, a destruir provas de propina. "Isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer", afirmou Lula ao ser questionado por Moro." [Valor].

Com informações do 247

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Bateu o desespero na “República de Curitiba”, Moro quer prova contra Lula e Duque redução de pena

Depoimento de Renato Duque
Duque tenta bala de prata contra Lula, que acusa Moro de fabricar acusação

Às vésperas do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, que está preso e já foi condenado em quatro ações da Lava Jato a mais de 50 anos de prisão, afirmou que Lula pediu para que ele fechasse contas no exterior, onde recebia propinas.

Segundo Duque, Lula quis saber sobre conta que ele teria na Suíça e se nela recebeu recursos da multinacional SBM; "Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele vira pra mim fala assim 'olha, e das sondas tem alguma coisa?' E tinha né, eu falei não, também não tem".

Renato Duque atribuiu então a seguinte frase ao ex-presidente: 'Olha, presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome entendeu?'; Duque já havia ido a um interrogatório no dia 17 de abril, quando ficou em silêncio, e agora pediu para ser interrogado novamente; defesa de Lula disse que relato é 'tentativa de fabricar acusações'

Às vésperas do depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, tentou entregar uma bala de prata contra o petista, depois de ter ficado em silêncio num interrogatório no dia 17 de abril - Duque pediu então para ser ouvido novamente pelo juiz da Lava Jato.

O novo depoimento aconteceu nesta sexta-feira 5 em Curitiba, quando Duque disse a Moro que Lula 'tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando' do esquema de corrupção instalado na estatal, em palavras similares aos dos procuradores da investigação, como Deltan Dallagnol, que designou ao ex-presidente o papel de "grande general" da organização criminosa.

Duque afirmou que Lula pediu para que ele fechasse contas no exterior, onde recebia propinas. Segundo o depoente, o ex-presidente quis saber sobre conta que ele teria na Suíça e se nela recebeu recursos da multinacional SBM.

"Ele me pergunta se eu tinha uma conta na Suíça com recebimentos da SBM", relatou. "Eu falei não, não tenho dinheiro da SBM nenhum, nunca recebi dinheiro da SBM. Aí ele vira pra mim fala assim 'olha, e das sondas tem alguma coisa?' E tinha né, eu falei não, também não tem".

Renato Duque atribuiu então a seguinte frase ao ex-presidente: 'Olha, presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome entendeu?'.

O ex-diretor da Petrobras está preso - foi preso pela primeira vez em novembro de 2014 - e já foi condenado em quatro ações da Lava Jato a mais de 50 anos de prisão, além de ser réu em pelo menos outros seis processos decorrentes da operação.

Para a defesa de Lula, o depoimento de Duque "é mais uma tentativa de fabricar acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os procuradores da Lava Jato e réus condenados, em troca de redução de pena. Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos".

"O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos. A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública. Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque.

Os três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais. Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula.

O que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula, prova que não existe na realidade e muito menos nos autos", dizem ainda os advogados do ex-presidente.

Do 247

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Triplex não estava reservado para Lula nem tem conexão com Petrobras, diz diretor da OAS Fábio Yonamine

Fábio Yonamine disse que reforma no triplex foi paga pela OAS "só com recursos lícitos", sem nenhuma conexão com Petrobras, contrariando denúncia da Lava Jato.

A Lava Jato colheu mais um depoimento de empresário que contraria o testemunho de Léo Pinheiro no caso triplex. Fabio Yonamine, ex-diretor-financeiro e presidente da OAS Empreendimentos, disse em depoimento ao juiz Sergio Moro, na terça (26), que Pinheiro nunca afirmou que Lula tinha um apartamento "reservado" no Condomínio Solaris, no Guarujá.

Por outro lado, o executivo admitiu que a reforma no triplex foi feita a pedido de Pinheiro, com o objetivo de "deixar a unidade mais bonita" para venda ao petista.

"Doutor Léo nunca me disse que tinha uma unidade reservada para o ex-presidente", disse Yonamine nos minutos finais de seu depoimento a Moro, que durou cerca de duas horas. Segundo o executivo, o apartamento 164-A era, no seu entendimento, um "estoque" da OAS, "não era uma unidade reservada para Lula". "Não posso dizer se estava à venda ou não", acrescentou.

Um dos argumentos da Lava Jato para acusar Lula de ser o proprietário oculto do triplex é o fato de a unidade - que recebeu aprimoramentos que custaram em torno de R$ 1,2 milhão - não ter sido vendida ainda. Outros dirigentes da OAS já afirmaram a procuradores da Lava Jato que o imóvel, que sempre esteve em nome da OAS e consta como ativo da empresa, poderia ser "vendido a qualquer cliente", inclusive a Lula.

Já em seu depoimento a Moro, Pinheiro disse que foi "orientado" por Vaccari a não colocar o apartamento à venda porque Lula e sua família tinham interesse no imóvel. Ainda de acordo com Pinheiro, a OAS não ficaria no prejuízo porque os investimentos feitos no triplex poderiam ser abatidos de uma conta virtual que a construtora mantinha com o PT, chamada de "caixa geral".

 Yonamine disse que recebeu de Pinheiro um pedido para "decorar" o apartamento, para "deixar mais bonito" com o intuito de vender ao ex-presidente Lula. Quem tocou o projeto com detalhes, porém, foi a equipe da OAS Empreendimentos em São Paulo, liderada por Roberto Moreira. Como informou o GGN, Moreira já disse à procuradores da Lava Jato que o triplex não havia sido "destinado" oficialmente a Lula, apesar da personalização da unidade.

 Segundo Yonamine, o apartamento ficou pronto às vésperas da prisão de Léo Pinheiro na Lava Jato. Por isso, ninguém procurou Lula e dona Marisa Letícia para saber o que o casal pretendia fazer com a unidade. "Nunca fui atrás nem mandei ninguém atrás", comentou.

 Ainda de acordo com Yonamine, 100% dos recursos empregados na construção e reforma do triplex eram da OAS Empreendimento, e "só têm recursos legais". Todos os pagamentos eram feitos com recebimento de nota fiscal, pagamento de tributos e prestação de contas, informou. Além disso, ao contrário do que suspeita a Lava Jato, a OAS Empreendimentos nunca teve qualquer relação com a Petrobras.

 Segundo o executivo, o apartamento 164-A era, no seu entendimento, um "estoque" da OAS, "não era uma unidade reservada para Lula". "Não posso dizer se estava à venda ou não", acrescentou.

Do GGN