O líder do PT na
Câmara, deputado Paulo Lula Pimenta (RS), anunciou nesta segunda-feira
(13) que a bancada petista vai entrar com uma série representações contra o
juiz Sergio Moro; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; o presidente
do TRF-4, Thompson Flores; e o desembargador Gebran Neto, “que se associaram de
maneira ilegal, formando uma quadrilha de toga para impedir que a lei fosse
cumprida e o ex-presidente Lula fosse colocado em liberdade no dia 8 de julho”.
Segundo o líder, o mais
estarrecedor é que a confissão das ilegalidades praticadas por esse “consórcio
criminoso” é do diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, em
entrevista publicada no domingo (12), no jornal Estado de S. Paulo.
“Quando três ou mais
pessoas se associam para atividades criminosas, formam uma quadrilha”, definiu.
Pimenta afirmou ainda
que, a partir da entrevista, o que era uma suspeita passou a ser uma realidade:
“existe uma quadrilha de toga chefiada por um juiz de primeira instância, que é
Sérgio Moro”.
Na realidade, o que o
diretor da PF revela é um conjunto de relações e de intimidades que são
absolutamente ilegais.
“Foi uma confissão
pública de um crime cometido por altas autoridades do Poder Judiciário e do
Ministério Público Federal, diante do qual não podemos ficar calados”,
indignou-se.
Para o deputado,
atitudes como essa reforçam a parcialidade da Operação Lava Jato. “A
perseguição a Lula passou a ser o objetivo maior da operação”, lamentou.
Confissão –
O diretor-geral da PF afirmou na entrevista que sofreu e aceitou pressões de
Sérgio Moro; recebeu um alerta da procuradora-geral, Raquel Dodge; e ouviu
ordem de Thompson Flores para desobedecer a decisão judicial de soltar Lula.
“E é estarrecedor,
segundo noticiou a imprensa, o desembargador Gebran Neto ainda disse a amigos
que agiu ‘fora da lei’ para ‘evitar o mal maior’, que seria soltar Lula”,
completou o líder do PT.
Paulo Pimenta não
descartou também uma representação contra o próprio diretor da Polícia Federal
por crime de prevaricação no descumprimento da decisão judicial. “Foi ele mesmo
que relatou a prática de ilegalidade. Foi ele quem disse que foi consultado e
que consultou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sobre o caso”.
O líder do PT destacou
ainda, em coletiva à imprensa, dois fatos que ele considera inaceitável.
“Tratava-se de uma
liminar [para soltar Lula] de um desembargador do TRF-4 direcionada à juíza de
Execuções Penais. Sequer tinha relação com a vara do juiz Sergio Moro. Eu
estava na PF e foi uma surpresa. O agente de plantão, sem qualquer tipo de
constrangimento ou cerimônia, se dirigiu a nós e disse: ‘eu não vou autorizar
por causa de uma ligação do juiz Moro para não cumprir a decisão enquanto ele
não ler a ordem’.
Ora, se qualquer pessoa
tem discordância de uma decisão judicial, que recorra na forma da lei”, bradou.
Paulo Pimenta também
disse que é inaceitável Raquel Dodge ter ligado para o diretor-geral da PF para
pedir que a decisão não fosse cumprida.
“Eu fico me perguntado
qual é o papel do MPF em algo tão grave, do ponto de vista da legalidade? Com
essa ilegalidade, Dodge acaba revelando um consórcio de agentes públicos que
atua de forma combinada para não cumprir a lei, prejudicando uma pessoa”
denunciou.
Consórcio criminoso –
O líder do PT detalhou as várias representações judiciais e criminais que serão
apresentadas contra cada um dos integrantes do que ele chamou de “consórcio
criminoso”.
As representações
contra o juiz Sergio Moro e os desembargadores Thopson Flores e Gebran Neto
serão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Sobre Raquel Dogde,
Paulo Pimenta disse que o mais provável é que seja um comunicado geral ao
Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a suspensão da procuradora-geral das
suas funções. “Não faremos ação no Conselho Nacional do Ministério Público,
porque ele é presidido pela própria Dogde”, frisou.
Convocações –
Paulo Pimenta também anunciou ações legislativas sobre o caso. A Bancada do PT
vai encaminhar requerimentos para comissões permanentes da Casa pedindo a
convocação do ministro Raul Jungmann, a quem a PF é subordina, e da
procuradora-geral, Raquel Dodge.
Também haverá
requerimentos convidando os demais integrantes desse “consórcio criminoso”
denunciado pelo diretor da PF.
Viomundo