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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A Globo já tem plano B para o desgastado Moro: o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio. Por Kiko Nogueira

O PT pode não ter plano B para Lula, mas a Globo tem um para o desgastado Sergio Moro: o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio de Janeiro.
A mesma tática de superexposição encomiástica que transformou o juiz paranaense em super herói — e, hoje, sombra daquela grande esperança branca — está sendo aplicada para alavancar Bretas.
Completamente avesso a qualquer noção de discrição, usuário sem controle do Twitter, vaidoso, fundamentalista que cita a Bíblia em despachos, até ontem um completo desconhecido, Bretas é alvo fácil para a emissora.
Nos dois últimos dias os veículos do grupo bombardearam sua audiência com a “notícia” incrível, espetacular, divina da visita de Bretas ao papa Francisco.
Quem pagou a viagem? Quem combinou o “furo” da Globo?
Em entrevista à repórter Ilze Scamparini, correspondente na Itália e uma das maiores panacas da TV brasileira (um dia eu conto do meu colóquio com ela na cobertura da morte dos Mamonas Assassinas), MB contou que não consegue levar uma vida normal no Rio por causa das ameaças que sofre.
Que ameaças? Não sabemos, mas elas estão sendo “investigadas”.
“Se quiser ir à praia tenho que sair do Rio de Janeiro”, diz ele, externando uma preocupação comum a 99% de seus conterrâneos que, infelizmente, não têm direito a guarda costas pagos pelo contribuinte.
“Sou forçado a sair do local em que vivo para me sentir um pouco mais à vontade. Como aqui em Roma, onde posso andar na rua com tranquilidade.”
Ora, mas que surpresa. 
O papo furando foi ao ar no G1, na Globo News (com vários repetecos), no Jornal Nacional. Poucos dias antes, ele já tinha passado momentos agradáveis no programa de Pedro Bial, curtindo o alto astral do apresentador gente boa.
Para Bretas, há uma movimentação da parte de alguns agentes políticos para aprovar leis que dificultem o trabalho da Lava Jato.
Ilze pergunta o que pode ser feito a respeito disso. Ele devolve, fazendo média: “Controle da sociedade, liberdade de imprensa”.
De acordo com o magistrado, a intenção do encontro com Francisco no Vaticano foi agradecer as “declarações muito oportunas, dirigidas inclusive aos brasileiros”.
“Estamos entrando agora em eleições, um ano muito importante a todos nós. Então, a ideia também era pedir também para que ele mantenha essa pauta, esse tema”, afirmou. 
Nas imagens, ele segura a mão do papa enquanto fala algumas palavras incompreensíveis. Francisco sorri protocolarmente, mais ou menos como fez com João Doria, provavelmente pensando na lasanha que encararia na sequencia. Tudo para as câmeras.
MB sonha com a criação de um tribunal internacional contra a corrupção — e não vê nenhuma contradição em revelar esse deseja numa emissora enrolada até o pescoço no escândalo da Fifa.
“Tenho visto na atualidade que uma das marcas do trabalho do Ministério Público, do Poder Judiciário, das forças tarefa que estão atuando, é que as provas são de muito boa qualidade”, declarou.
Bretas não é lá muito brilhante, mas tem o que a Globo precisa: uma vontade invencível de aparecer e de dizer exatamente o que está no script.
Se der xabu, não faz mal. Outro entra em seu lugar. Ninguém é insubstituível na novela. Nem Barbosa, nem Moro, nem Bretas. E todos conhecem os próximos capítulos.
Do DCM