Cinco fatos dos últimos
dias decretam o fim político da Operação lava jato e trazem de maneira
definitiva à luz do dia a constatação: é uma grande fraude e existe com o
objetivo explícito de perseguir o PT e Lula como um tribunal de exceção. A lava
jato é a República do Galeão do século 21. Em 1954, sob o discurso de combate à
corrupção, o alvo foi Getúlio. Agora, sob o mesmo discurso, o alvo é Lula.
Vamos
aos fatos que desnudaram a "lava jato" e prenunciam seu encerramento:
01.
A acusação dos doleiros Vinícius Claret e Claudio de Souza de que enviavam US$
50 mil mensalmente a um personagem central da lava jato, o advogado Antonio
Figueiredo Basto, o “rei” das delações premiadas e responsável pelas delações
de Alberto Youssef e Delcídio Amaral, por exemplo. A revelação do repórter Ricardo Galhardo é que o dinheiro visava
protegê-los em seus acordos de delação. A reportagem do Estado de S.
Paulo ao mesmo tempo que contém a revelação bombástica tenta desarmar a
bomba para proteger a lava jato. O texto diz que o advogado recebia a “taxa de
proteção”. Ora, advogados nunca são destinatários de propina. Aqueles que se
prestam a tal papel intermedeiam a grana, que é sempre repassada
àquele(s) que detêm o poder, os funcionários públicos. O texto apenas insinua
que a taxa de proteção era repassada ao Ministério Público e à Polícia Federal,
mas não haveria sentido numa “mesada” para proteção dos doleiros que não fosse
destinada aos agentes públicos. A notícia de agora confere ainda mais
consistência às denúncias do o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran de
que há um esquema de negociação de liberação de recursos dos investigados que
cedam às chantagens para fazer as “delações premiadas”. No caso, dois prêmios:
penas reduzidas à insignificância e fortunas a salvo.
02.
A 8ª Turma do TRF quatro, que andou em velocidade supersônica para condenar
Lula em janeiro, voltou a caminhar em seu tradicional passo de tartaruga. O
trio de juízes, que chegou a julgar quatro processos da lava jato em novembro,
só concluiu decisão sobre um caso desde que aumentou a pena de Lula para 12
anos e um mês de prisão;
03.
A nababesca viagem do juiz Sérgio Moro a Nova York, esta semana,
a um custo equivalente a um mês de sua remuneração líquida média (R$ 30 mil)
sem que se saiba até hoje quem custeou a farra. Além do mistério sobre o(s)
patrocinador(es) da viagem, a passagem do juiz por Nova York foi marcada por
sua performance como garoto propaganda da campanha de João Doria ao
governo de São Paulo. O juiz, de quem se espera comportamento reservado para
preservação de sua função, foi carinhosamente chamado de “meu amigo Sérgio” por
Doria no evento em que recebeu o prêmio de Personalidade do Ano da
Câmara de Comércio Brasil-EUA, numa plateia composta por banqueiros,
empresários, políticos de direita e lobistas.
04.
As sucessivas decisões do ministro Gilmar Mendes, do STF, em proteção ao PSDB.
A mais recente e escandalosa foi a concessão em 11 de maio de um habeas corpus a Paulo
Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, o grande operador financeiro
do PSDB que, segundo autoridades suíças, mantinha o equivalente a R$ 113
milhões em contas fora do Brasil. O operador foi solto às vésperas de fechar um
acordo de delação premiada dos tucanos. Nomeado por Fernando Henrique Cardoso,
Mendes foi um dos principais articuladores do golpe contra Dilma e da
estruturação do governo Temer, sempre advogando pelo PSDB. De grande defensor
da lava jato tornou-se inimigo da operação depois da condenação de Lula.
05.
O habeas corpus concedido nesta sexta (18) pelo STF, que mandou soltar 11 traficantes internacionais de drogascondenados
no Ceará. A ordem do ministro Marco Aurélio Mello deveu-se ao fato de a
condenação ter ocorrido apenas na 1ª instância. A decisão do Supremo contraria
o entendimento da Operação lava jato, que tem mantido diversos réus em prisão
preventiva sem condenação ou com condenação apenas na 1ª instância. Se o STF é
a Suprema Corte do país, a decisão de Marco Aurélio escancarou o fato de que a
Operação lava jato tornou-se um tribunal de exceção, à margem da legislação do
país.
06. Acrescentaria mais
três infrações relevantes que não foram anotadas acima que são: a) a
informalidade das informações trocadas com os EUA, sem passar pelo Ministério
da Justiça que é o órgão oficial para tratar desse intercâmbio; b) os
vazamentos intencionais para imprensa de inquéritos sigilosos, nunca investigados
de quem era a responsabilidade; c) a parceria com João Dória PSDB desde o início
da “lava jato”, as fotografias com Aécio, a reverência ao Michel Temer. São muitas as
infrações que caracterizam a parcialidade rasteira do juízo da “republica de Curitiba”. O resultado disso não pode ter isenção. Não passa de perseguição seletiva, escancarada a um partido e a um líder político (PT e Lula). Sem falar no Caso Zucolotto denunciado por Tacla Duran.
A lava jato é a versão
atualizada da República do Galeão de 1954 Na época, foi a arma das
elites que pretenderam liquidar Getúlio Vargas –o mote era o combate
à corrupção. A lava jato é a arma das elites que pretenderam liquidar Lula e o
PT –omote novamente é a corrupção. Em 24 de agosto de 1954, a campanha de
ódio das elites levou Getúlio ao suicídio. Em 7 de abril de 2018, a campanha de
ódio das elites atingiu seu objetivo e levou Lula à prisão.
Um fato pouco
conhecido: um mês depois da morte de Getúlio, a República do Galeão foi
extinta. A lava jato, da mesma forma, caminha para sua extinção, pouco mais de
um mês da prisão de Lula.
Depois de extinta a
República do Galeão, revelou-se que a operação, à margem da Lei, utilizava-se
de todo tipo de pressão, chantagem e tortura psicológica e física. É o que
começa a vir à luz hoje, acrescentando-se à lista da lava jato de 1954 as
denúncias de extorsão.
O descalabro da
República do Galeão nunca foi objeto de investigação da imprensa conservadora
da época, com o perfil idêntico à de hoje. Basta dizer que um dos veículos
principais de combate das elites a Getúlio foi o jornal O Globo, precursor
das Organizações Globo, a grande organizadora do combate ao maior líder
nacional desde Getúlio, Lula.
As elites jogaram a
República do Galeão para baixo do tapete, depois da derrota política da
operação com a reação popular ao suicídio de Getúlio. Agora, tentarão fazer o
mesmo com a lava jato, que está da mesma forma derrotada politicamente.
Do Brasil247
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