A
inacreditável história do “amigão” e assessor de Michel Temer não durou um mês.
Traz
a Folha hoje que José Carvalho Filho, entregador de dinheiro
da Odebrecht, diz que não foi Lúcio Funaro quem levou R$ 1 milhão ao escritório
de José Yunes, em São Paulo.
Yunes,
portanto, mentiu sobre a identidade de quem lhe trouxe o “pacote” de dinheiro.
Mais importante: mentiu sobre a quem se destinava.
Diz
a delação de Carvalho que houve outra entrega, em Porto Alegre, no escritório
de Eliseu Padilha.
Não
havia, portanto, razão para entregar algo a Yunes para que repassasse a
Padilha, pois havia uma entrega direta ao próprio ainda ministro da Casa Civil
de Temer.
Há
pouco mais de dez dias isso já tinha sido registrado aqui:
O
provável destino do dinheiro era São Paulo, onde fica a sede da Odebrecht, onde
Funaro tinha escritório, assim como Yunes.
Então
vejamos: segundo o delator da Odebrecht Cláudio Melo Filho, o grupo que
negociava ajuda ao “PMDB da Câmara” era formado por Geddel Veira Lima, de
Salvador; Moreira Franco, que é do Rio de Janeiro; Eliseu Padilha, que
é tem apartamento no elegante bairro dos Moinhos de Vento, em Porto
Alegre. Ah, sim, tinha também o “MT”, que mora em…
Naquela
ocasião, escrevi que havia duas questões a serem esclarecidas na incrível
história de Yunes, que era mula, mas não de Padilha.
A
primeira, quem levou o pacote, cujo nome está registrado e será conhecido na
sexta-feira, quando José Carvalho Filho depuser ao ministro Herman Benjamin. E
porque dizer que era Funaro? Provavelmente para enfiar Cunha como o “apanhador”
original do dinheiro e livrar Padilha e Yunes do “molha a mão” direto com a
Odebrecht.
A
segunda, a quem se destinava o pacote. O que, agora, parece estar bem
claro.
Que
doação legal, registrada, não se faz com entrega de pacotes é evidente.
Fica,
então a alternativa que Aécio Neves disse ontem ser imperdoável: “crime praticado por quem
obteve recursos para enriquecer pessoalmente”.
E
que Fernando Henrique definiu ao defender os recursos de caixa 2 para campanha
ou para proveito próprio: é “crime puro e simples de corrupção”.
PS.
E, se não bastasse, a empresa de Yunes, repassada a seus filhos, recebeu
R$ 1,3 milhões das empresas de fachada do doleiro Adir Assad, tomador de
dinheiro da Andrade Gutierrez, Delta Engenharia (aquela de Fernando Cavendish)
e UTC Engenharia…
Tijolaço,
por Fernando Brito