Ex-amigo,
Reinaldo diz que Antagonistas são detratores profissionais
Depois
que Diogo Mainardi o mandou "dar a bunda" no Twitter, Reinaldo
Azevedo, de Veja, conta que chegou a ser convidado por ele e por Mário Sabino,
com uma "proposta irrecusável", a participar do site O Antagonista,
que é metade da corretora Empiricus; ele promete, no entanto, aos leitores: "Não
vou deixar de lado as questões sérias sobre o país e o mundo para me ocupar de
um site, de uma corretora e de uma dupla de detratores profissionais"
O
blogueiro de Veja Reinaldo Azevedo escreveu uma resposta a quem chamou de
"dupla de detratores profissionais" - Diogo Mainardi e Mario Sabino
-, dona do site O Antagonista, que é metade da corretora Empiricus - que faz
campanha terrorista contra o ex-presidente Lula.
A
resposta aconteceu depois que Mainardi mandou Reinaldo "dar a bunda".
O colunista de Veja promete, no entanto, aos leitores: "Não vou deixar de
lado as questões sérias sobre o país e o mundo para me ocupar de um site, de
uma corretora e de uma dupla de detratores profissionais".
Confira a íntegra:
Diogo
e Mario me queriam como sócio. Recusei. Então virei inimigo
Sim,
eles me convidaram. E até lastimaram a minha recusa. Aí passaram a atacar um
amigo, sem nem rompimento prévio. Questão de mercadores...)
Vejam
como são as coisas. No dia 20 de abril, o site de humor & negócios "O
Antagonista" — metade pertence a uma corretora chamada
"Empiricus" — publicou um de seus costumeiros ataques contra mim.
Escrevi um texto em resposta. E não publiquei.
Por
quê? Já nos seus primeiros dias, Diogo Mainardi e Mario Sabino deixaram claro
que, para se estabelecer, a página precisava investir contra mim. Em vez de
ampliar, então, o espaço das ideias não esquerdistas, eles preferiram se
comportar como (de)predadores de um amigo antigo, com quem nem mesmo houve
rompimento formal.
Responder
por quê? Minha mulher e minhas filhas eram, e são ainda, as mais firmes:
"Ignore! É visível que eles o atacam só para ganhar espaço". E, mais
uma vez, silenciei. Nesta quinta, diante de nova investida, dei uma resposta
educada e bem-humorada. E Diogo Mainardi resolveu sacar uma arma política
mortal: "Vai dar a bunda, Reinaldo".
Dizem-me
que, quando o fez — sempre há alguém que conta —, a estratégia do tuitaço já
estava armada. Faz sentido. Um argumento político dessa natureza merece
circular nas redes. Não me importo, não! Acho é bom! Quero que saibam que esse
é o melhor argumento de Diogo Mainardi e de seu Leporello.
Na
sequência, vai boa parte daquele texto que não publiquei e outras coisinhas. E
fiquem calmos os leitores! Não vou deixar de lado as questões sérias sobre o
país e o mundo para me ocupar de um site, de uma corretora e de uma dupla de
detratores profissionais.
Sócio
Os
dois que agora me demonizam me chamaram para ser sócio do empreendimento. Fosse
essa uma calúnia, teria como provar. Disse "não" por uma penca de
razões então silenciadas. Afirmei apenas que já tinha sido patrão, que não
havia gostado da experiência e que eu não estava disposto a abrir mão da
segurança que tinha.
Naquele
texto do dia 20, eu os (leitores) poupava de detalhes da conversa que mantive
com Mario ao telefone. Agora revelo porque, acreditem, tem a sua graça. Aquele
que nunca se conformou em ter deixado de ser o meu "chefe" (na cabeça
dele ao menos) me fez uma proposta irrecusável (rsss), que vinha acompanhada de
elogios, ainda que à moda Sabino.
Esse
empedernido antagonista da razão sugeriu qual seria a tarefa de cada um: Diogo
entraria com o nome (???); ele, Mario, seria o comandante-geral e cuidaria,
vamos dizer, do lado empresarial; e eu escreveria — como ele disse então,
"Escrever, para você, é fácil". Ainda que eu não tivesse reservas de
outra natureza, não poderia aceitar um convite em que um entra com a fama, o
outro se dedica a jantares e afazeres sociais, e eu, ao trabalho. Mario queria
voltar a ser meu chefe, nem que, para tanto, formalmente, eu fosse um sócio.
De
resto, na análise política, quem tinha e tem um nome firmado, gostem ou não,
sou eu. Diogo — que escreve muito bem; não me arrependo de elogios que fiz a
seu texto e os mantenho — está mais para uma celebridade. Trata-se, reitero, de
algo até injusto com sua escrita — quando ele não opta por telegrafar. Mas é visível
que ele gosta desse papel. Se eu tivesse topado, seria prudente que cuidasse
dos textos. Diogo é muito ruim de análise. Erra todas. Sim, é um cara culto,
lido. Mas nada sabe de política.
Testemunha
Fui
testemunha de defesa do antigo "enfant terrible" de Veneza (está
envelhecendo mal) em dois ou três processos (como não é uma delação premiada,
permito-me a imprecisão). Sem que tenha havido briga ou rompimento, começaram a
me atacar pouco tempo depois de inaugurada a página. Entendi: "Ou é nosso sócio
ou é nosso inimigo". As pessoas fazem suas escolhas. O que falei de ambos
até hoje está em arquivo. Consultem no Google. Jamais os destratei. Nem quando
me transformaram num alvo diário de baixarias.
Passei
a ignorá-los porque entendi que tomavam unilateralmente a decisão de romper uma
amizade com o propósito de se estabelecer. Era uma disputa de mercado. Fazer o
quê? Eu continuaria a fazer o meu trabalho, como continuei. Não me dedico nem
ao humor nem aos negócios.
Lava
Jato
Quando
surgiu "O Antagonista", eu já havia tornado públicas algumas críticas
à Lava Jato. A dupla viu ali a oportunidade de me atacar. Os dois se tornaram
lava-jatistas fanáticos, e os que ousassem criticar esse ou aquele aspectos da
operação seriam vendidos.
Era
tal o ânimo de me perseguir — e parece que o meu silêncio mais lhes assanhava o
ódio — que chegaram a inferir, ainda que de forma oblíqua (até onde sei), que
as letras "RA" que apareciam nas notas de um aparelho celular de
Marcelo Odebrecht designavam "Reinaldo Azevedo". Não. Referiam-se ao
executivo da empresa "Rogério Araújo".
Sabino
e a Odebrecht
Eles
sabiam muito bem que nunca tive nenhuma relação com a Odebrecht ou com o
Odebrecht. Não é o caso de Sabino. Quando a revista "Piauí" publicou
que ele atuara por algum tempo, na condição de profissional do ramo de
assessoria, como conselheiro de Marcelo, indo à sua casa, em companhia de
Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, fiquei quieto. E instruí
Ricardo Jensen, que cuida dos comentários: "Não publique nada a respeito".
Está
relatado na "Piauí" o que teria sido o início de Sabino em sua nova
profissão:
"Aconteceu,
então, que Sabino começou a trabalhar. Participava de reuniões com clientes da
casa, às vezes com o patrão, às vezes sem. Já estava 'do lado de lá'. Mas mantinha
o figurino antigo, inclusive na afetação de certa arrogância, comum a quase
todos os jornalistas, teatral e exacerbada no caso dele. Um exemplo vazou: na
reunião com o principal cliente da casa, Sabino empalideceu os presentes —
Marcelo Odebrecht entre eles — ao sugerir, muito senhor de si, que a empresa
deveria mudar de nome — como é que ninguém pensou nisso antes? Participava do
jantar, no apartamento de Odebrecht em São Paulo, o então governador de
Pernambuco, Eduardo Campos, morto no ano passado."
Sabino
foi hábil em espalhar a versão de que a Secretaria de Comunicação da
Presidência havia exigido a sua demissão.
Questões
e jantar no Gero
Não
publiquei nada sobre aquela ocupação de Sabino, mas me perguntei à época e me
pergunto agora o que teria feito "O Antagonista" se houvesse sido eu
a me encontrar com Marcelo Odebrecht, na casa do próprio, em companhia de
Eduardo Campos, que, convenham, vivo ou morto, não faz boa figura na Lava Jato.
E não era um encontro de jornalista com a fonte. Era uma reunião, no fim das
contas, de negócios.
Há
alguns dias, sites de esquerda, históricos detratores de Mario, Diogo e
Reinaldo, resolveram explorar o trecho do depoimento de um dos delatores da
Odebrecht. Este afirmou ter visto Diogo no restaurante Gero, no Rio, em
companhia de Aécio Neves, Alexandre Accioly e Dimas Pimenta. Nesse dia, Dimas
teria se levantado da mesa e passado ao delator, segundo seu próprio
testemunho, um papel com o número de uma suposta conta secreta de Accioly em
Cingapura para depósito de uma parcela de dinheiro que Marcelo Odebrecht teria
prometido ao então governador de Minas.
Na
sequência, veio a conversa, sobre a qual não me ocupei, de que a empresa do
marqueteiro de Aécio estaria na raiz de criação de "O Antagonista".
Ignorei, de novo, os dois assuntos, como vocês sabem. Mais uma vez, não permiti
que um só comentário vazasse a respeito. Até porque, ainda que fosse tudo
verdade — Diogo nega que tenha havido o jantar —, tais eventuais ocorrências
provariam o quê, além de nada? Mas me indaguei outra vez o que não teriam feito
os meus ex-amigos se, em lugar de "Diogo Mainardi", o delator tivesse
pronunciado as palavras "Reinaldo Azevedo".
Mais:
eu não faria baixa exploração do episódio, e não estou fazendo agora, porque eu
mesmo já disse aqui que a Lava Jato aplica a Aécio Neves critérios e
procedimentos distintos daqueles dispensados a outros investigados. A Justiça
vai dizer se ele é culpado ou inocente. Eu acho que há um trabalho deliberado e
organizado de desconstrução da sua imagem. Rodrigo Janot, por exemplo, pediu a
abertura de três inquéritos sobre um mesmo episódio.
Por
quê? Obsessão!
Por
que eles agem como agem e eu como ajo? Temos moralidades distintas, está posto.
A minha não permite fazer com os dois o que a deles permite que façam comigo. E
não lembro agora alguns episódios para tentar vinculá-los a isso ou àquilo.
Eles se sentem bem no papel de policiais, promotores e juízes — desde que não
seja do próprio comportamento. Tanto é que vivem "prendendo Lula
amanhã". Eu sou jornalista.
Eles
sabem o que é viver sob ataque permanente de uma tropa organizada. Lembro-me da
consternação de Sabino quando os sites de esquerda publicaram que ele havia
manipulado a lista de "Livros Mais Vendidos" da VEJA.
Sempre
que foram atacados, saí em sua defesa. Eles preferiram se juntar aos que me
atacam. Um pragmático amoral diria se tratar de "uma questão de
mercado".
Acho
que é coisa de mercadores.
Do 247