O
ex-presidente Lula é o homem mais odiado pela oligarquia nacional desde que por
aqui aportou a esquadra de Pedro Álvares Cabral.
Nem
Getúlio Vargas, nem Jango, igualmente políticos detestados pelos homens de bem,
mereceram tratamento igual.
A
perseguição a Lula é implacável, feroz, incansável.
Seu
destino já está traçado: vai morrer numa cela, por crimes tão absurdos quanto a
natureza do ódio que o vitima.
Para
seus algozes, prendê-lo é pouca coisa - além disso, é necessário assassinar a
sua reputação, humilhar o seu legado, punir todos os que têm admiração por ele,
ou são seus amigos ou mesmo familiares.
Para
os manda-chuvas do Brasil, Lula é tudo aquilo que não deveria ter ocorrido na
história do país.
Não
é só o velho ódio de classes que está explícito na caçada ao ex-presidente.
É
a aversão radical a qualquer tipo de entendimento entre o capital e o trabalho,
entre os servos e o senhor, entre a Casa Grande e a Senzala.
Para
os endinheirados pouco importa que tenha sido Lula o único presidente que foi
capaz de promover, em seus dois governos, a paz social, o diálogo entre os
desiguais, a conciliação entre os opostos - ao mesmo tempo em que reduzia a
miséria e a desigualdade, manchas de iniquidade que envergonham a nação perante
as outras, e garantia que o andar de cima nadasse de braçadas num mar de
prosperidade.
É
inacreditável que hoje os que veem em Lula um inimigo mortal tenham se
esquecido de quem foram os seus auxiliares, seus ministros, e mesmo o seu vice.
Para
refrescar a memória dessa gente, vão aí alguns nomes que integraram o
ministério da era Lula, nomes que, absolutamente não estavam - e nem estão -
ligados àqueles que, pejorativamente, são chamados de "companheiros"
do ex-presidente, ou sequer possam ser acusados de, alguma vez na vida, ter
tido um pensamento "esquerdista":
Roberto
Rodrigues, Luis Carlos Guedes Pinto, Reinhold Stephanes, Wagner
Rossi, Roberto Mangabeira Unger, Eduardo Campos, Sérgio Machado
Rezende, Eunício Oliveira, Hélio Costa, José Artur
Filardi, Jorge Hage, Gilberto Gil, Nelson Jobim, Luiz Fernando
Furlan, Miguel
Jorge, Cristovam Buarque, Pedro Brito, Geddel Vieira Lima, Marina
Silva, Silas Rondeau, Márcio Zimmermann, Nelson José Hubner
Moreira, Edison Lobão, Amir Lando, Romero Jucá, José
Saraiva Felipe, José Gomes Temporão, Carlos Lupi, Anderson
Adauto, Alfredo
Nascimento, Valfrido dos Mares Guia, sem esquecer de seu vice, José Alencar.
Vários
desses nomes são hoje inimigos declarados do ex-presidente, e partícipes do
golpe que trocou uma presidenta honesta, eleita com mais de 54 milhões de votos,
por um governo de corruptos e ladrões.
Há
no Brasil poucas pessoas com a capacidade de diálogo de Lula.
A
cegueira ideológica e a doença mental de que são acometidos os donos do capital
impedem, porém, que, em vez de ver o ex-presidente como parte da solução para
os gravíssimos problemas em que meteram o Brasil, o vejam como o principal
entrave para a superação dessa crise.
Matar
Lula é matar qualquer esperança de ver o país progredir, ou sequer de que se
transforme numa moderna democracia.
GGN