sábado, 23 de junho de 2018

O JOGO POLÍTICO DO STF E A DELAÇÃO DE PALOCCI, por Luis Nassif

Funciona assim:
Redesenhou-se o STF com certo equilíbrio entre garantivistas e punitivistas. No início, subordinando a lei à política, o Supremo aceitou todos os abusos e desrespeitos às garantias individuais.
Agora, parte do grupo tenta domar o monstro que foi criado no Paraná e que, agora, ameaça aliados. Mas, ao mesmo tempo, não pode permitir a candidatura de Lula à presidência.
O jogo tem várias facetas.
No Superior Tribunal de Justiça (STJ) todos os processos contra oposicionistas caem com o implacável Ministro Félix Fischer. Os demais com Ministros mais razoáveis.
No caso do STF, formou-se maioria garantista na 2ª Turma, que julga os processos da Lava Jato. Mas sendo lá, ou no pleno, sempre há uma preparação para evitar surpresas e garantir a manutenção da prisão e do veto político a Lula.
É o que explica o voto extraordinariamente confuso de Rosa Weber, no julgamento da prisão em segunda instância. Foi esse voto que permitiu a vários Ministros honrarem sua biografia e votarem contra a prisão, antes de esgotados todos os recursos, sem risco de beneficiar Lula. Ficou nítido o jogo na análise posterior do voto de Weber. Nunca mencionou antes nenhum dos juristas citados em seu voto; e todos eles são familiares a Facchin.
O restante do jogo se dá com a manipulação dos procedimentos. Ora Carmen Lúcia retira votações da pauta, ora Edson Fachin atua, como ocorreu neste sexta-feira. Ora o Supremo atropela a lei e permite à Polícia Federal fechar acordos de delação premiada um dia antes do notório desembargador João Pedro Gebran Neto aprovar a delação de Antônio Palocci fechada com a Polícia Federal. Criaram um pterodátilo, mesmo depois de expostos todos os abusos do modelo paranaense de delação, com o caso Gleisi Hoffman.
Agora, a PF pode fechar a delação, mas antes tem que consultar o Ministério Público Federal que é o titular da ação.
O MPF já tinha rejeitado a delação de Palocci. Agora, Palocci fecha com a PF, tendo como advogado Adriano Bretas, do notório grupo de advogados de delação. É uma delação suspeitíssima, que permitirá a Palocci preservar R$ 30 milhões, dos R$ 60 milhões que acumulou.
Mais que isso. Já vazaram denúncias sobre a venda de proteção, pagamento a advogados para que não incluam pessoas na delação.
É sabido que sua área de atuação sempre foi o mercado financeiro. Tinha baixíssima ascendência sobre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a área do Planejamento. Sem conhecer a delação, duvide-o-dó que inclua BTG Pactual e outros bancos com os quais atuava.
Pouco importa se a delação não vier acompanhado de provas. Assim como no caso Gleisi Hoffman, o que interessa é o uso político das denúncias. Mais à frente, se se mostrarem inconsistentes, o resultado político já terá sido alcançado.
Aliás, a decisão de Fachin acaba de vez com a presunção de que seu neo-punitivismo foi motivado pela indidnação contra a corrupção. É jogo político raso, de quem não apenas mudou de lado, mas de convicções. É o típico caráter da autoridade brasileira, tão bem representada por ele e seu colega Luís Roberto Barroso. 
Do GGN

sexta-feira, 22 de junho de 2018

LULA É LIDER EM DATAFOLHA SOBRE QUEM É O MELHOR CANDIDATO PARA A ECONOMIA

O Datafolha foi às ruas perguntar aos brasileiros qual é o melhor candidato a presidente para resgatar o crescimento da economia e Lula acabou como o favorito, com o apoio de 30% dos entrevistados. O petista tem o dobro da pontuação de Jair Bolsonaro, apontado por 15%. 
Marina Silva apareceu na pesquisa com 8% da preferência quando o assunto é economia. Geraldo Alckmin e Ciro Gomes empatam com 7%. Os demais postulantes testados (Henrique Meirelles, Alvaro Dias, Fernando Haddad, Fernando Collor, Rodrigo Maia e Flávio Rocha) estão abaixo dos 3%. 
Folha fez questão de destacar que Lula tem desempenho melhor no eleitorado mais pobre e menos escolarizado. Bolsonaro, por outro lado, tem seu melhor desempenho entre quem tem grau superior e renda acima de 10 salários mínimos. 
Embora o jornal insista em frisar que Lula está "inelegível" por causa da Lei da Ficha Limpa, que barra condenados em segunda instância, o Datafolha aferiu que cresceu o número de brasileiros que acham que o petista será candidato. 
"(...) a maioria da população acredita que o ex-presidente não será candidato, mas o número registrou queda na última pesquisa. Passou de 62% em abril para 55% no início de junho.  
Já os que avaliam que ele participará da disputa passaram de 34% para 40%." 
Quando a pergunta é se Lula deveria ser impedido de concorrer por causa da condenação na Lava Jato, o eleitorado entrevistado está dividido: para 48%, o ex-presidente deveria ser impedido, enquanto 49% a favor da candidatura.
Do GGn

quinta-feira, 21 de junho de 2018

DELEGADO EDUARDO MAUAT DA PF QUER FECHAR O MEU BLOG. Por Marcelo Auler


O delegado e registro da audiência em que pede a retirada do blog da rede
O verdadeiro – e inacreditável – propósito do delegado federal Eduardo Mauat Silva ao processar este Blog no Juizado Especial Cível de Santa Cruz do Sul (RS) – como noticiamos em Questionado, DPF Mauat, ex-Lava Jato, processa o Blog– ao que parece, não é tanto a indenização por danos morais de 40 salários mínimos (R$ 37.480), como solicitou na inicial da ação.
Bem mais pretensioso, ele reivindica o fechamento deste Blog e a identificação das fontes que nos alimentam com informações – verídicas, ressalte-se – sobre os bastidores da Operação Lava Jato. Isto foi verbalizado pelo próprio, no início da noite de terça-feira, no Juizado de Santa Cruz do Sul, cidade distante 150 quilômetros de Porto Alegre. Tal como fizemos constar da Ata de Audiência, cujo trecho reproduzimos ao lado (a íntegra apresentamos abaixo).
Com isso, ele não apenas quer calar as vozes que criticam os métodos pouco ortodoxos utilizados pela Força Tarefa da República de Curitiba. Afinal, a eles só interessam os elogios. A prepotência e o absurdo estão no fato de o fechamento do Blog significar o fim do instrumento-legítimo e legal – com o qual se ganha o pão de cada dia. Apenas e tão somente por terem sido feitos questionamentos, jornalisticamente cabíveis, Independentemente de o próprio delegado ter incentivado o público a fazê-los. Mas, o que ele desejava, é se incensado. Não criticado.
Curiosamente, embora alegue que a nossa reportagem contenha injurias, calúnias e difamações, o delegado, ao prestar seu depoimento – assim como na própria inicial da ação – não contestou nada do que ali está. O que o surpreendeu foi termos apresentado um e-mail, que lhe foi enviado três meses antes da publicação da matéria, questionando-o sobre o assunto abordado. Na ação ele alegou não ter sido procurado. Falou, inclusive, que descumprimos a ética.
Tese rebatida com veemência na contestação apresentada pelo advogado Antonio Carlos Porto Jr., do escritório Defesa Social, de Porto Alegre. Na nossa defesa por ele ajuizada, está destacado:
“Não é verdadeira a afirmação que a matéria foi feita descuidadamente; que não se buscou ouvir todos os lados. Não! O autor foi diretamente questionado por correio eletrônico pelo jornalista antes da publicação da matéria e preferiu se omitir, não responder. E, para piorar, na ação, sonega tal informação ao juízo! A ata notarial anexa prova essa afirmação. O autor poderia ter dado sua versão e explicado os fatos tal como ele os vê. Não quis fazê-lo. Calou-se. Agora acusa o jornalista de falta de ética”. (grifo do original).
O próprio Mauat, ao ser questionado por Porto Jr. confirmou seu endereço de e-mail profissional, para o qual foi enviada a correspondência jamais respondida. Da mesma forma em que admitiu que, mesmo tendo participado do concurso de remoção para a Delegacia de Santa Cruz do Sul, para onde acabou designado em meados de 2014, permaneceu trabalhando em Curitiba. Até ser dispensado da Lava Jato (em meados de 2016) esteve poucas vezes no novo posto de serviço: “No período em que atuou entre Curitiba e Santa Cruz do Sul, esteve na última cidade em cinco oportunidades”, declarou.
Ao apresentar nossa defesa – na qual trabalha Pro Bono (pela causa, gratuitamente), Porto Jr. mostrou que o delegado Mauat só se tornou notícia por ele próprio buscar notoriedade ao receber, em meados de 2016, a determinação de deixar a Força Tarefa da Lava Jato e retornar a delegacia de Santa Cruz do Sul:
“Alega a petição inicial que o réu teria publicado uma matéria difamatória e injuriosa em função da atuação do autor no Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato. Nada mais impreciso e irreal. A matéria não decorre da atuação do autor no Grupo de Trabalho da Operação Lava Jato. Antes, se origina da sua saída dele e, sobretudo, de sua extremada e inusitada reação pública contra a decisão de seus superiores.
(…) Ora, o autor se torna personagem da matéria exatamente por sua reação pública e inusitada. Ele virou notícia. Sua reação virou notícia. Aviões que decolam e pousam, salvo quando transportam algum passageiro especial, não são notícias. Quando caem, são. O inusual é notícia; o ordinário, não. O comportamento do autor foi extraordinário. Sua conduta – sobretudo a forma explícita, espalhafatosa, desafiante, com largo uso das redes sociais – despertou curiosidade da opinião pública; o autor obteve o que buscou: tornou-se notícia.
.x.x.x.
PS: Para conhecer mais dessa inusitada ação, acesse o Blog de Marcelo Auler.
Do DCM

quarta-feira, 20 de junho de 2018

DE VITÓRIA EM VITÓRIA, A DEMOCRACIA CONTRA O ESTADO DE EXCEÇÃO, DISSE LULA A GLEISI

"E agora me pergunto: quem vai te pedir desculpas por quatro anos de acusações falsas, de manchetes nos jornais e na Rede Globo", questionou ex-presidente em carta à Gleisi.
Foto: Ricardo Stuckert
"Acho que isso [a absolvição] pode ter efeitos positivos para o presidente Lula. Acho que para o PT foi importante. A gente estava perdendo muito no Judiciário. Essa absolvição foi muito importante para nós", disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, na tarde de hoje. 
Minutos antes, a senadora havia sido recebida pelos deputados e pelos senadores do PT com abraços, palavras de apoio, música e comemoração em reunião do partido no Congresso. Ao mencionar o ex-presidente Lula, que aguarda o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir da próxima semana, Gleisi também leu aos parlamentares a carta escrita por Lula da prisão em Curitiba. 
"Se tem uma pessoa feliz, sou eu, gente. Quatro anos de muita dificuldade para enfrentar esse processo. Ontem, quando começaram a sair os votos dos ministros, foi me dando um alívio", manifestou logo no início do encontro. Foi o primeiro pronunciamento da parlamentar após a Segunda Turma do STF a absolver por unanimidade das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. 
Ela, seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Rodrigues tiveram as acusações da força-tarefa da Lava Jato desmentidas e foram escancaradas as fragilidades do processo, na noite desta terça-feira (19). O relator da ação, ministro Edson Fachin, fechou minoria com Celso de Mello para a acusação de crime de caixa dois eleitoral. Entretanto, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski impediram a condenação. 
"A verdade sempre vencerá", foram as palavras de Lula lidas pela senadora em comemoração junto aos parlamentares na tarde de hoje. Da prisão, a absolvição da presidente nacional do PT pela última instância da Justiça foi recebida com "muita alegria" pelo ex-presidente.
A carta de Lula - Foto: Reprodução
"No julgamento dessa terça-feira, sua defesa mostrou que a Lava Jato construiu uma denúncia falsa a partir de depoimentos negociados com criminosos, em troca de benefícios penais e até financeiros. E pela primeira vez o STF reagiu claramente diante da indústria das delações em um caso concreto, desmoralizando o discurso e a prática da Lava Jato", escreveu Lula. 
Antes da leitura da carta enviada pelo ex-presidente a Gleisi, a parlamentar destacou as palavras do ministro Ricardo Lewandowski durante o julgamento, de que "uma delação não serve para nada", por si só, para sustentar uma condenação e criticou os ataques ao PT, sofridos por ela durante estes quatro anos, mas também pelo ex-presidente, hoje preso. 
"Sua absolvição, conquistada por unanimidade, diz muito sobre sua integridade e a reputação como pessoa honesta e líder na política. Mais do que isso, foi uma importante vitória da democracia e do estado de direito sobre os que vêm tentando impor um regime de exceção contra o PT e as forças populares e democráticas mais expressivas do país", pontuou Lula. 
A trajetória pré-eleições de Lula vem sendo levada e guiada pela presidente nacional do partido. Com a resposta do Judiciário, o ex-presidente destacou que "a verdade sempre vencerá". Mas questionou: "E agora me pergunto: quem vai te pedir desculpas por quatro anos de acusações falsas, de manchetes nos jornais e na Rede Globo, que tanto sofrimento causaram a você, sua família, seus amigos e companheiros?".
O ex-presidente comemorou que aos poucos, "de vitória em vitória", os ataques da Lava Jato ao PT vão sendo desmentidos, confiante de "reconstruir este país e restaurar a esperança na democracia, na justiça e na igualdade". 
Do GGN

domingo, 17 de junho de 2018

JANIO DE FREITAS: LAVA JATO, 227 VEZES FORA DA LEI. POR FERNANDO BRITO

Imperdível, magistral e, sobretudo, capaz de reduzir à estatura anã que possui hoje a Justiça brasileira, incapaz de enfrentar um mero juiz de província, escudado por procuradores transtornados pela sua “missão” política e por uma mídia que os transformou em cavaleiros do Apocalipse.
Justiça fora da lei. Janio de Freitas, na Folha
Foram quatro anos e três meses de ações judiciais e de críticas públicas de numerosos advogados. Enfim reconhecidas, há três dias, com a sentença que proíbe levar alguém à força, tal como um preso, para prestar depoimento.
Nesses 51 meses, ao que verificou o ministro Gilmar Mendes, a Lava Jato executou 227 desses atos de coerção, ou de força, por isso mesmo chamados de “condução coercitiva”. Em média, mais de quatro por semana, desde o início da Lava Jato. Mas a proibição à prática irrestrita desses atos, só admissíveis em caso de recusa a prévia intimação, já existia como velho e comum artigo do Código de Processo Penal. Por que repetir a proibição, até com mais abrangência?
Porque o Tribunal Regional Federal do Sul, o TRF-4, aceitou a arbitrariedade de Sergio Moro; o Conselho Nacional de Justiça concedeu impunidade à violação do Código por Sergio Moro; o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal substituíram o direito pela demagogia, a lei pelo agrado à opinião ignara, e o dever pela sujeição. Da segunda à última instância da Justiça, tornaram-se todas confrontadas pelo direito paralelo criado por Moro, Deltan Dalagnol, alguns outros procuradores, e absorvido por parte do TRF-4.
Como a lei é arma de combate à corrupção, violá-la é uma forma de corromper o combate à corrupção. A decisão do Supremo repõe e impõe uma das várias medidas de prevenção a deturpações, mas permanecem algumas não menos antidemocráticas.
A limitação do tema votado não impediu, no entanto, que fosse um bonito julgamento: as ideias de liberdade pessoal e de respeito aos direitos da cidadania tiveram forte presença. O ministro Celso de Mello, entre outros, trouxe ao debate um princípio cujo desconhecimento, pelo direito paralelo da Lava Jato, tem produzido situações deploráveis.
“O ônus da prova é do Estado”, disse o decano do Supremo, e como o inquirido “não deve contribuir para sua própria incriminação”, ele “não tem obrigação jurídica de cooperar com os agentes da persecução penal”.
Pelos quatro anos e três meses, a Lava Jato eximiu-se do ônus da prova. Transferiu-o ao próprio inquirido, exigindo-lhe a autoincriminação, forçada de duas maneiras.
Uma, a prisão protelada até o desespero, método recomendado pelos americanos para uso em terras alheias, não na sua, onde não ousariam adotá-lo. Como complemento, a compra da autoincriminação e da delação, pagas com a liberdade como moeda. Não mais nem menos do que suborno. Feito em nome da moralidade e da justiça.
O ministro Dias Toffoli, por sua vez, formulou o despertar de um sentimento há muito já disseminado no país: “É chegado o momento em que o Supremo (…) impeça interpretações criativas que atentem contra o direito fundamental” de cada ser humano.
O momento não devia ser necessário jamais, já chegou há muito tempo e percebe-se que ainda sensibiliza só seis ministros –é o que indica a vantagem de um só voto, na derrota por 6 a 5 da combinação ilegal de arbitrariedade e coerção em nome da Justiça.
Do GGN

sábado, 16 de junho de 2018

"ELES QUEREM ME TIRAR DA ELEIÇÃO", DIZ LULA EM PRIMEIRA ENTREVISTA APÓS PRISÃO POLÍTICA

Em sua primeira entrevista jornalística depois de preso, concedida ao repórter Elson Concepción Pérez do jornal cubano Granma, Lula afirma: “A injustiça contra mim é uma injustiça contra todo o povo brasileiro.” Lula diz mais: “Este é um processo político, esta é uma prisão política. Para me prender, desrespeitaram a Constituição”.
A injustiça contra mim é uma injustiça contra o povo brasileiro
O líder sindical, homem que no seu mandato como presidente do Brasil impulsionou leis e planos sociais que permitiram que cerca de 30 milhões de brasileiros saíssem pobreza, que todas as pesquisas eleitorais mostram-lhe como o favorito para ganhar a eleição presidencial de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu a uma entrevista ao Granma. As perguntas lhe foram enviadas por uma “mão amiga” brasileira.
A entrevista não poderia ser – por razões óbvias – tão ampla quanto este jornalista desejaria. No entanto, o fato dele ter dedicado parte do seu tempo para responder às nossas perguntas, agrega valor não apenas aos leitores cubanos, mas também àqueles do mundo inteiro.
– Como candidato à Presidência do Brasil com o maior apoio popular onde todas as pesquisas o indicam como favorito, como você classifica esta perseguição e prisão a que foi submetido?
-É um processo político, uma prisão política. O processo contra mim não aponta um crime, nem há provas. Eles tiveram que desrespeitar a Constituição para me prender. O que está se tornando cada vez mais transparente para a sociedade brasileira e para o mundo é que eles querem me tirar das eleições de 2018. O golpe em 2016, com a retirada de uma presidenta eleita, indica que eles não admitem que as pessoas votem em quem quiserem votar.
A prisão tem sido, para muitos líderes presos pelo simples fato de lutar pelo povo, um lugar de reflexão e organização de ideias para continuar a luta. No seu caso, como você enfrenta esses primeiros dias, já que não consegue entrar em contato com as pessoas?
-Estou lendo e pensando muito, é um momento de muita reflexão sobre o Brasil e principalmente no que tem acontecido nos últimos tempos. Estou em paz com a minha consciência e duvido que todos os que mentiram contra mim durmam com a tranquilidade  que durmo. Claro que eu gostaria de ter liberdade e estar fazendo o que fiz durante toda a minha vida: falar com o povo. Mas estou ciente de que a injustiça que está sendo cometida contra mim também é uma injustiça contra o povo brasileiro .
– Quão importante é saber que em todos os estados brasileiros há milhares de compatriotas a favor de sua libertação?
-A relação que tenho construído ao longo de décadas com o povo brasileiro, com as entidades dos movimentos sociais, é uma relação de muita confiança e é algo que eu aprecio muito, porque durante minha carreira política sempre insisti em jamais trair essa confiança, e eu não trairia essa confiança por nenhum dinheiro, por um apartamento, por nada. Foi assim antes de ser presidente, durante a Presidência e depois dela. Então, para mim, essa solidariedade é algo que me empolga e me encoraja a permanecer firme.
– Como definir o conceito de democracia imposto como patrono da oligarquia para descartar os líderes de esquerda para que eles não ocupem o poder?
– A América Latina viveu nas últimas décadas seu momento mais forte de democracia e conquistas sociais. Mas recentemente as elites da região estão tentando impor um modelo onde o jogo democrático só é válido quando eles ganham, o que, claro, não é democracia. Então é uma tentativa de fazer uma democracia sem o povo. Quando não sai do jeito que eles querem, eles mudam as regras do jogo para beneficiar a visão de uma pequena minoria. Isso é muito sério. E estamos vendo isso, não só na América Latina, mas em todo o mundo, um aumento da intolerância e perseguição política. Isso aconteceu no Brasil, na Argentina, no Equador e em outros países.
– Que mensagem você envia para todos aqueles que, no Brasil e no mundo, são solidários com você e exigem sua libertação imediata?
-Eu agradeço toda a solidariedade. É necessário estar em solidariedade com o povo brasileiro. O desemprego aumenta, mais de um milhão de famílias voltaram a cozinhar com lenha por causa do aumento do preço do gás de cozinha, milhões que deixaram a miséria estão voltando a não ter mais o que comer, até mesmo a classe média perdeu emprego e renda.
O Brasil estava em uma trajetória de décadas de progresso democrático, de participação política e com os avanços sociais, que se aceleraram com os governos do PT, que venceram quatro eleições consecutivas.
O golpe não foi só contra o PT. Eles não me prenderam apenas para prejudicar o Lula. Fizeram contra um modelo de desenvolvimento nacional e inclusão social. O golpe foi feito para eliminar os direitos dos trabalhadores e aposentados, conquistados nos últimos 60 anos. E as pessoas estão percebendo isso. E vamos precisar de muita organização para voltar a ter um governo popular, com soberania, inclusão social e desenvolvimento econômico no Brasil.
Lula aproveitou a entrevista para enviar duas mensagens especiais: “Aproveito esta oportunidade para agradecer as saudações de solidariedade de Raul Castro e Miguel Diaz-Canel, que foram transmitidos a mim por Frei Betto,” o mesmo amigo que enviou as respostas dessa entrevista.
Do GGN

sexta-feira, 15 de junho de 2018

ESPIONAGEM? COM GRAMPOS ILEGAIS, LAVA JATO MAPEOU DEFESA DE LULA, diz Valeska Martins

Espionagem? A advogado Valeska Martins, defensora de Lula na Lava Jato, revelou, segundo reportagem do Conjur nesta sexta (15), que a força-tarefa de Curitiba, com ajuda de Sergio Moro, não só grampeou ilegalmente o telefone do escritório de advocacia que trabalha com o ex-presidente mas também ouviu cerca de 400 ligações entre os advogados e, com isso, desenhou um "organograma", mapeando as ações que seriam tomadas pela defesa. 
"(...) a força-tarefa da operação montou um organograma apontando as medidas que seriam tomadas pelos procuradores do petista em diversos cenários. Isso é o que afirmou, nesta sexta-feira (15/6), a sócia da banca Valeska Teixeira Zanin Martins", apontou o Conjur. 
Segundo o relato de Valeska, a defesa foi "supreendida" por "uma reunião em que Moro convocou os advogados a ouvir todos os mais de 400 áudios nossos que foram gravados. Chegando lá, havia um ‘organograma da defesa’, desenhando a estratégia dos advogados do Lula. Ele foi baseado em conversas dos integrantes do escritório com outros advogados, como o Nilo Batista." 
De acordo com a advogada, "não há nenhum precedente de uma atitude tão violenta, tão antidemocrática como essa em países democráticos." 
O Supremo Tribunal Federal ordenou que Moro destruísse todos os áudios, mas o juiz de piso resistiu e só veio a cumprir a ordem mais recentemente. Moro sustentou que não sabia que tinha autorizado grampos no escritório dos advogados de Lula, o que é vedado por lei. Mas, segundo o Conjur - que revelou o caso - o magistrado foi avisado pela companhia telefônica. 
Os procuradores de Curitiba haviam apontado o ramal da banda de advogados como pertencente a uma das institutições vinculadas a Lula. 
Leia a reportagem completa do Conjur aqui.
GGN

Moro omite que sua mulher Rosângela é parente de conselheiro da empresa que ele desistiu de julgar

O juiz Sergio Moro abriu mão de um processo que atinge agentes do governo Beto Richa (PSDB) alegando falta de tempo, mas esqueceu de contar que sua esposa, a advogado Rosangela Wolff Moro, tem relação de parentesco com um dos dirigentes do Grupo Triunfo, investigado por suspeita de fraude em contratos dos pedágios no Paraná e pagamento de propina, tudo sob o nariz de Richa. 
Quem revelou o parentesco da mulher de Moro com o empresário Luiz Fernando Wolff de Carvalho, presidente do conselho administrativo do grupo Triunfo, foi reportagem de Amanda Audi no Congresso em Foco, nesta sexta (15). 
Segundo a matéria, Fernando é primo em segundo grau da esposa do juiz mais estrelado da Lava Jato. Eles têm em comum os mesmos bisavôs: Bernardo Wolff e Silvina do Amaral Wolff. O levantamento do parentesco foi feito pelo professor e pesquisador Ricardo Oliveira, da Universidade do Paraná, que estuda a genealogia da elite paranaense. 
Não bastasse esse elo com o presidente do conselho do grupo Triunfo, a esposa de Moro também é prima distante de Beto Richa e Rafael Greca, prefeito de Curitiba. “Todos descendem de Manoel Ribeiro de Macedo, um potentado do início do século 19″, informou o professor da UFPR ao Congresso em Foco. 
O portal ainda ouviu especialistas que avaliaram que Moro deveria ter se declarado suspeito. "O CPC (Código de Processo Penal) diz que há suspeição quando o juiz tem algum tipo de proximidade com alguma das partes do processo." 
O advogado Alvaro Quintão, presidente do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro, disse que Moro não declarou suspeição para "evitar questionamentos sobre o parentesco". 
Procurado pela reportagem, Moro declarou, por meio de nota, que "Parentescos remotos e pessoas que o juiz não conhece não têm qualquer relevância." 
POLÊMICA ATRÁS DE POLÊMICA 
Nesta sexta (15), o Paraná Portal também fez outra revelação: 3 dias antes de abrir mão do processo alegando falta de tempo, Moro decidiu anular um dos depoimentos que arrastava Beto Richa para o olho do furacão. 
O juiz derrubou o testemunho de Carlos Nesser, ex-assessor da Casa Civil do governo Beto Richa. Ele havia declarado que os recursos que recebeu da Trunfo em suas contas eram destinados à campanha eleitoral do tucano. Agora que o depoimento foi anulado, há indícios, de acordo com o Paraná Portal, de que a defesa de Nasser vai mudar de versão e alegar que ele prestou serviços ao grupo que justificam os pagamentos. 
De acordo com as investigações, as concessionárias de pedágios no Paraná "entraram em acordo" com agentes do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) para inflacionar ilicitamente o preço do pedágio. 
Moro, no final de 2017, fazia questão de ser o juiz da ação. Para isso, ele alegou que os operadores do escândalo sob o governo Richa eram os mesmos da Lava Jato: Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran. 
Contra Tacla Duran, aliás, Moro abriu um processo em paralelo, antes de declinar a competência da ação para outro juiz de Curitiba. No despacho em que abre mão da ação penal contra os agentes do governo Richa, Moro não informa o que fará com as imputações que envolvem Duran. 
Duran denunciou à imprensa que o padrinho de casamento de Moro, Carlos Zucolotto, teria cobrado 5 milhões de dólares para ajudá-lo a negociar o acordo de delação com os procuradores de Curitiba.
Do GGN

quinta-feira, 14 de junho de 2018

CAI POR TERRA A HISTÓRIA DE MORO NÃO JULGAR TUCANOS PORQUE NÃO RECEBIA DENÚNCIA

Juiz da Lava Jato abriu mão de processo que atinge governo Richa envolvendo propinas que equivalem a mais de 30 unidades do triplex atribuído a Lula.
Em meados de 2016, em passagem pelos Estados Unidos, Sergio Moro disse que não julgou casos relacionados ao PSDB porque investigações que atingem o partido não chegaram até ele em forma de acusação. Pois, agora, essa desculpa cai por terra. 
Ontem (11), o juiz da Lava Jato desistiu oficialmente de julgar uma ação penal que atinge nomes do governo Beto Richa (PSDB), no Paraná. Para isso, alegou que está muito ocupado julgando os casos da Lava Jato derivados do esquema na Petrobras. 
O argumento do juiz é questionável por dois motivos: primeiro porque ele tem encontrado bastante tempo para viagens internacionais. Foi, inclusive, duramente criticado pelo jornalista Kennedy Alencar por causa dessa sanha com holofotes. Em segundo lugar, há 7 meses era Moro quem fazia questão de abraçar a ação penal. 
Em novembro de 2017, Moro argumentou que era o juiz prevento do caso porque vislumbrou o envolvimento de dois investigados da Lava Jato: Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran. Os dois teriam operado lavagem de dinheiro para os integrantes do esquema de corrupção que funcionou logo abaixo do nariz do governador Beto Richa. 
Tacla Duran e Moro rivalizam publicamente desde que o ex-advogado da Odebrecht decidiu denunciar à imprensa a cobrança, por parte de Carlos Zucolotto (advogado e padrinho de casamento de Moro) de 5 milhões de dólares em propina, com a finalidade de "melhorar" um acordo de delação premiada com os procuradores de Curitiba. 
Moro, numa dobradinha com o Ministério Público Federal, extraiu Duran - que é considerado um "foragido" na Espanha - do processo que envolve servidores do governo Richa com a desculpa de não atrasar o julgamento dos demais réus. O delator da indústria da delação premiada ganhou um procedimento paralelo. Isso ocorreu há cerca de 1 mês. 
No documento assinado ontem, Moro não diz o que fará com este processo de Duran, mas manda sortear as acusações contra os agentes do governo Richa para outras varas em Curitiba. 
No despacho em que se declara incompentente para julgar a denúncia, Moro resume as acusações: o grupo Triunfo, incluindo a Econorte (Empresa Concessionária de Rodovias do Norte), concessionária da exploração de rodovias federais no Paraná, teria efetuado propina a servidores de Richa. 
Os beneficiados foram  o então diretor do DER (Departamento de Estradas e Rodagens) Nelson Leal Júnior, Oscar Alberto da Silva Gayer e Gilson Beckert (ambos também do DER) e o ex-braço direito de Richa, o então chefe da Casa Civil Carlos Felisberto Nasser. 
Nelson Leal é, segundo Veja, "homem de confiança de Richa". O DER, onde era diretor à época dos fatos denunciados, é subordinado à Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), comandada por José Richa Filho, irmão de Beto. 
José Richa, aliás, teria indicado Nelson Leal para o cargo no DER. Ele teria recebido um apartamento de luxo como pagamento de propina. Sua defesa é feita por uma das bancas mais atuantes na Lava Jato, dos advogados Tracy Reinaldet e Gustavo Sartor - o primeiro era sócio de Adriano Bretas. 
Segundo Moro, na denúncia ainda constam "diversos crimes de peculatos e fraudes havidas na exploração das rodovias federais no Paraná, com a apropriação de recursos obtidos na concessão mediante a simulação de despesas fictícias." 
Para lavar o dinheiro que foi entregue em espécie aos agentes do governo Richa, o grupo Triunfo fez depósitos nas contas de empresas de Adir Assad, em valores que somam R$ 79 milhões. Dá para comprar mais de 30 unidades do triplex atribuído a Lula pela Lava Jato com este montante. 
A mesma operação se repetiu em outros momentos com empresas de Tacla Duran, diz Moro, sem que existam provas de que o escritório do advogado tenha prestado serviços pelos pagamentos que somam quase R$ 6 milhões. 
"Pela denúncia, a causa dos pagamentos subreptícios efetuados pelo Grupo Triunfo aos agentes públicos estaduais seriam favores por ele obtido na exploração das rodovias federais no Paraná. Da mesma forma, as condutas de peculato estariam relacionadas à apropriação de recursos obtidos na concessão mediante a simulação de despesas fictícias pela concessionária." 
Se o modus operandi da Lava Jato em Curitiba fosse aplicado neste caso, não estaria Beto Richa encrencado por manter e avalizar a indicação de funcionários da DER que praticaram irregularidades? 
GGN

quarta-feira, 13 de junho de 2018

AGÊNCIA LUPA USA FAKE NEWS PARA DENUNCIAR FAKES

O caso começou com a visita do assessor do Papa Francisco, Juan Grabois. Em vídeo, em frente à Polícia Federal, em Curitiba, Grabois declarou que estava em visita por sua conta, mas como assessor do Papa jamais havia sido negada sua entrada em cárceres. Isso tem um motivo: ele é consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz. Ele tem uma missão que é única, e é ligada ao Papa de várias formas. 
 O site do PT denunciou o fato. Um consultor do Vaticano, em ponto nevrálgico como o Conselho de Justiça e Paz no momento atual, não conseguiu visitar o ex-presidente Lula. Isso já é notícia até não poder mais. Toda a mídia independente fez eco ao absurdo da situação. Toda ela. Em graus diferenciados de tons, toda a mídia independente fez coro. E apontavam que Grabois trouxera a Lula um terço abençoado pelo Papa. 
Então um post do Vatican News dizia, primeiro, que Grabois era ex-assessor do Papa. Bastou para começar a grita da grande mídia para desqualificar o trabalho da mídia independente. Foi um bafafá. A Agência Lupa, que se arvora a ser a checadora de notícias para identificar notícias falsas, entrou no circuito. E foi com os quatro pés ao peito da mídia independente. Sem avisar, sem pedir que se explicassem. Focando somente na questão do terço, questão menor, já que não deixar Grabois entrar havia sido o verdadeiro horror da notícia. 
No meio da tarde a situação mudou um pouco. O tal post dito do Vatican News mudou o ex-assessor para consultor. E a notícia só era alcançada se você tivesse o link original. Se fizesse uma busca no site não encontraria nada. Absolutamente nada! 
A pendenga continuou. A Agência Lupa recebeu e-mails dos responsáveis pelos sites citados, contestando a maneira como foi abordada a questão e a veracidade dos fatos. 
Ficou um sobe-no-muro-mergulha-no-fato que não acabava mais. 
Fim de tarde. A tal postagem do site Vatican News foi apagada e, no seu lugar, um erro qualquer aparecia. 
Será que a agência de checking facts não checou a procedência do link? Será que o link foi plantado?  
Isso traz à tona uma série de considerações: checar as notícias para garantir a lisura das publicações é válido. Usar esta agência para amedrontar e acuar opositores de seus sites de origem não pega bem. 
Todos nós temos compromisso com a verdade. Podemos errar pela carência de braços trabalhando conosco, mas já demos provas que somos aqueles que, verdadeiramente, buscam desmontar fake news dos grandes veículos, ligados visceralmente com o atual sistema. Se a Agência Lupa é realmente compromissada com a verdade, precisa se esforçar mais antes de desqualificar o trabalho de pessoas que dão sustentação ao bom jornalismo. Nós nos orgulhamos disso. 
Pode a Agência Lupa dizer o mesmo? 
Noite: O Vatican News soltou nova nota. A Agência Lupa vai ler? 
Vatican News
Corrigindo um nosso serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros. 
Cidade do Vaticano
Corrigindo um nosso serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros. Abaixo apresentamos a notícia correta.
O advogado argentino Juan Gabrois é Consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e Paz, que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.
Grabois concedeu uma entrevista (https://youtu.be/A7F-C1Bi5Q0) depois de ter sido impedido de visitar o ex-presidente Lula no Cárcere de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois definiu inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado.
Grabois disse que está muito preocupado com a situação política no Brasil e em vários países da América Latina. Enfim, disse estar muito triste pela proibição de realizar esta visita, mas que o importante é ter conseguido levar a Lula o Terço.
Do GGN

terça-feira, 12 de junho de 2018

O GRANDE PROBLEMA É A FALTA DE PLURALISMO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, por Luis Felipe Miguel

O pacto do jornalismo com seu público tem dois momentos básicos.
O primeiro – e mais simples – é a promessa de que as notícias que ele apresenta são verdadeiras. Se está escrito que Donald Trump e Kim Jong-un se encontraram, então eles se encontraram.
O jornalismo da mídia corporativa tem enfatizado sua confiabilidade quanto a este quesito para afirmar a si mesmo como a oposição às temidas fake news. No discurso de seus porta-vozes, o combate à disseminação de notícias falsas desliza quase que naturalmente para o privilégio ao jornalismo da mídia corporativa. A reivindicação agora é que as mídias sociais criem mecanismos para diferenciar o que é “jornalismo de verdade”, isto é, o produzido pelas empresas, de outras fontes noticiosas, que se tornam então automaticamente sinônimo de fake news.
Com isso, como quem não quer nada, o jornalismo da mídia corporativa reafirma seu poder de agenda.
Este é o segundo – e mais complexo – pacto com o público. O jornalismo promete apresentar uma seleção confiável dos fatos mais relevantes, feita a partir da aplicação, de boa fé, de critérios que são julgados pertinentes.
Se o encontro entre Trump e Kim está no jornal, então é um fato importante.
No entanto, não há um metro universal para determinar quais fatos são os mais importantes. A seleção do jornalismo é influenciada por diferentes fatores.
As rotinas de produção da notícia privilegiam determinados fatos – pela acessibilidade das fontes ou pela possibilidade de programar a cobertura, por exemplo.
A posição social dos jornalistas afeta sua visão de mundo. É por isso, por exemplo, que notícias sobre trabalho doméstico em geral se colocam mais do ponto de vista dos patrões do que das empregadas.
Mas há também, é claro, as pressões dos anunciantes e os interesses econômicos das próprias empresas jornalísticas. Às vezes, de maneira aberta – ou alguém acha que a Folha dá páginas e páginas para sua próprias coleções de CD’s ou livros por conta de seu elevado valor cultural? Mas, em geral, de forma disfarçada.
E há, por fim, as preferências políticas dos controladores da empresa. Enquanto os primeiros vieses são quase inconscientes (o que não os torna menos relevantes), os últimos são deliberados.
Rompe-se o compromisso da “neutralidade” da notícia, isto é, de que a decisão de divulgá-la não será afetada pelo fato de que vai prejudicar A ou favorecer B, mas apenas por sua relevância intrínseca, de acordo com os critérios de seleção adotados.
Quanto mais débeis são os parâmetros profissionais vigentes, mais fortes são estas últimas influências. No Brasil, como sabemos, estes parâmetros são baixíssimos.
Por isso, assassinatos de lideranças camponesas e indígenas se sucedem no interior do país sem que sequer sejam registrados nos jornais.
Por isso, o noticiário econômico martela sem parar o déficit da previdência social – com espaço próximo do zero para quem contesta o cálculo – e se cala sobre a estrutura tributária que favorece fortemente os muito ricos ou sobre a sonegação de impostos em larga escala.
Por isso, nenhum grande jornal noticia quando o chefe da Igreja Católica manda um emissário visitar no cárcere um ex-presidente, levando presente e tudo.
Os meios de comunicação alternativos são importantes para apresentar os fatos que a mídia corporativa deixa de lado. São um componente fundamental para gerar um mínimo de pluralidade no nosso ambiente informacional.
O foco na denúncia das fake news e seu complemento, o fetiche do fact checking, têm como efeito primário anular a questão da seleção das notícias. O retorno do jornalismo da mídia corporativa ao trono de “verdade confiável” busca, muito mais do que eliminar as fake news, eliminar a competição na produção da agenda.
Enquanto isso, a própria mídia corporativa produz suas fake news. Mas as produz com classe, usando as estratégias de evasão da responsabilidade que a sociologia do jornalismo identifica há décadas. Há sempre uma desembargadora para dizer que Marielle Franco era vinculada ao crime organizado, um procurador para dizer que o barco de lata é prova de corrupção, um delegado para dizer que o movimento social é desordeiro.
Notícias falsas são, sim, um problema. Mas nosso problema maior é a falta de pluralismo nos meios de comunicação, isto é, o alinhamento de toda a grande imprensa a um mesmo restrito conjunto de interesses sociais, econômicos e políticos. O enquadramento que o jornalismo da mídia corporativa quer dar à questão das fake news, que reforça sua própria centralidade, agrava nosso problema principal, em vez de remediá-lo.
Luis Felipe Miguel - Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, Professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades. Pesquisador do CNPq. Autor de diversos livros, entre eles Democracia e representação: territórios em disputa (Editora Unesp, 2014), Feminismo e política: uma introdução (com Flávia Biroli; Boitempo, 2014).
Do GGN

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A PF MACABÉA NÃO APRENDEU NADA, POR ARMANDO COELHO

Li recentemente uma notícia sobre uma tal bancada da Farsa Jato. Não sei se composta por delegados ou outros servidores da Polícia Federal. Em vários estados, policiais estariam programando candidaturas para formar uma bancada da dita operação que quebrou o Brasil. A rigor, a ópera bufa jus-moralista que encantou burros nos quatro cantos do país.
Ora, ora, Senhoras e senhores! Pelo jeito, a PF não têm noção do que é uma campanha política. Sequer se preocupou em aferir de que forma alguns poucos federais se elegeram ou quem os bancou. Melhor não. Na melhor das hipóteses, alguns bem sucedidos levaram a assinatura de “insuspeitas instituições evangélicas”.
Também não se deram conta do desempenho dos policiais eleitos e como foram os seus votos em questões cruciais e influenciados por quem. O fato é que o nome Polícia Federal, por si só, não elege ninguém. Campanhas precisam mídia e financiamento. Será que sabem o preço de cada voto? Em 2014, se elegeu quem gastou mais de R$ 5 milhões e os que menos gastaram ficaram em torno de R$ 3 milhões. Será que só o nome da PF e o rótulo sejumoriano supririam essas cifras?
Nota importante! Quem se candidatar deve saber que a Farsa Jato, com apoio da mídia, criminalizou até as doações legais. A legalidade da doação virou questão de interpretação e ou presunção: se foi para o partido X é legal, se para o Y só pode ter sido ilegal, em troca de favores genéricos e difusos, no melhor estilo DD/Sejumoro. Afinal, o capitalismo samaritano, que doa dinheiro em troca de nada não se pratica pró-Partido de Trabalhadores, mas sim e tão somente quando se trata dos bandidos de estimação da Justiça/Midia/Mercado. Nesse contexto, policiais federais irão arrecadar dinheiro e disputar espaço em grandes partidos? Irão concorrer por partidos nanicos (quase apolíticos) que vivem de fundos partidários tão condenados pela Polícia Federal? Mas, como os federais são “do bem”, os fundos partidários não serão mais tão demoníacos assim.
Desse modo, policiais federais apolíticos, negando a política, precisarão se filiar a partidos políticos (apolíticos). Como não têm noção sequer do preço de uma campanha, é improvável que saibam o que é montar um diretório em cada esquina, com equipe e material publicitário, tudo muito aquém das vaquinhas inexpressivas. Poderão fazer dobradinhas com políticos (apolíticos de preferência gestores). Negando a política, policiais federais irão fazer política e se vacilar irão mais promover o amigo da dobradinha do que conseguir voto para si próprio. Obviamente, com raras exceções, vão perder as eleições, mas terão atraído alguns votos para a legenda que não atingirá coeficiente eleitoral para ir muito longe. Leia-se, a PF negando a política está politizada e ensaia candidaturas. Justo ela que já foi Collor, Serra, FHC, Aécio agora é... pasme(!) bolsopata.
Numa conversa com setores críticos da PF sobre as candidaturas em tempos de “CaosFarsa Jato”, recebi várias mensagens. Numa delas, um interlocutor disse que a ficha dos federais não caiu mesmo, pois para eles está tudo bem: o golpe foi bem sucedido. “A justiça já encarcerou o nine...” Qualquer reprovado no psicotécnico na PF sabe que o sucesso foi além da prisão do Lula: conseguiram criminalizar  a esquerda, os movimentos sociais e os sindicatos (hoje praticamente interditados). Podem até existir, mas não têm fonte de financiamento. Existem pró-forma, com o simples direito de minguar como um preso num campo de concentração. A mídia, diz meu interlocutor, junto com a persecução penal, destruiu a política no Brasil, reduzindo o debate público ao simples roubou ou não roubou... Aliás, digo eu, nem precisa ter roubado, basta estar sendo acusado.
Insisto: a Polícia Federal politizada (partidarizada) quer fazer política negando a política, no melhor estilo João Dória, o  “prefeike” de São Paulo que foi apoiado por Sejumoro – aquele juiz para quem nada vem ao caso, exceto o seu “livre convencimento”. Aquele da “Aquarela” do cantor Toquinho, que “com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo” (tríplex).
E aí, vem outro interlocutor e diz: “Sem rodeios, buscando só os fatos, não tem escapatória mais na economia. Meirelles pulou do barco... O que aconteceu na “greve dos caminhoneiros” foi só aperitivo. O dólar está alto, os "investidores" retirando a sua grana, juros ampliados, preço dos combustíveis subindo, num intenso flerte com a inflação e o desemprego. E o processo eleitoral, ó! A classe política está destruída e a credibilidade no judiciário quase zero. A foto de juízes no puteiro paulista falam por si. Quem tem legitimidade para por ordem na casa? Nesse contexto, a  última cartada dos golpistas é a  bolsopatia e até o Reinado Azevedo já sacou. Mas, tudo isso passa ao largo e a saída para PF é ter candidatos. Ah, tá!
A PF não aprendeu nada com nada. Foi moleque de recado e capitã do mato do golpe, no melhor estilo Macabeia. Usei aqui o termo Macabéa, personagem da Clarice Lispector (A Hora da Estrela), por que de tão precária, Macabéa, não sabia quem era ela, assim como um cachorro não sabe que é um cachorro. Os federais, com os olhos voltados aos seus próprios umbigos, desconectados da realidade nacional e internacional, não conseguem aquilatar o que significa a concentração de poder nas mãos de um insano bolsopata. Não se dão conta de uma aliança entre uma legião de bolsopatas com a juristocracia. Como diz um amigo, “O poder da juristocracia só persiste como uma fase intermediária entre a ausência ou deficiência de poder político e a ditadura. É nesse interregno que a juristocracia brilha. Esse brilho não é, evidentemente, duradouro”.
Não. Os policiais federais ainda não entenderam o que está acontecendo no Brasil e no mundo. A síndrome da Macabéa não lhes deixa aprender nada, nem com o golpe, nem com Moro que recebe patrocínio de empresa investigada para receber homenagens na matriz (EUA). Vender barril de petróleo a preço de uma latinha de Coca-Cola para uma estatal norueguesa nada significa. Estatal virou sinônimo de corrupção no Brasil e ao admitir isso, a PF passa a si mesmo atestado de incompetência.
Moral da história: já existem golpistas arrependidos, entre jornalistas do PIG e até entre ministros tucanos de cortes superiores. Mas eles ainda acreditam em um príncipe neoliberal, que virá em um cavalo branco para salvar as convicções do mercado em um Brasil arrasado. Ah, tá! Preparem-se para a vinda de um ogro, no lombo de uma mula, carregando um tacape com um prego na ponta e urrando barbaridades, sob o aplauso de multidões descrentes nas instituições e ávidas de realizar seu desespero na violência contra seus semelhantes.
E aí, talvez ainda vejamos caricaturas de Sejumoros e Dalanhóis amestrados lamentando o fim do Estado Democrático de Direito. O problema é que quando isso acontecer, num breve e tétrico futuro, ninguém mais vai se lembrar quem são ou o que fizeram. Talvez o ostracismo nem lhes seja tão inquietante. Eu, ao menos, faria questão absoluta de ser esquecido, sob tais circunstâncias...
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo
GGN

domingo, 10 de junho de 2018

XADREZ DA ALIANÇA CIRO GOMES-LULA, por Luis Nassif

Nas próximas eleições há apenas duas balas na agulha para interromper o desmonte do país e o fantasma de Bolsonaro: um candidato indicado por Lula ou Ciro Gomes, mas ambos os grupos caminhando juntos no segundo turno.
Há toda uma engrenagem montada em torno do impeachment, pronta a detonar “inimigos”. É o arco constituído pelo mercado, mídia e sistema judiciário. Mesmo assim, o aprofundamento da crise e o risco Bolsonaro estão tornando dois candidatos gradativamente palatáveis ao epicentro do golpe, em São Paulo: Fernando Haddad e Ciro Gomes.
Não significa necessariamente que Haddad será o candidato de Lula. Há também os nomes de Jacques Wagner, Celso Amorim e Patrus Ananias. Mas são as duas hipóteses levantadas pelas últimas pesquisas.
A disputa tem três tempos.
O primeiro turno, para definir quem será o candidato da centro-esquerda.
O segundo turno, e as alianças que resistirem à disputa do 1º turno.
A estratégia depois de eleito, assegurando a governabilidade.
Peça 1 – a estratégia de Lula
Para as eleições, a estratégia aparente de Lula consiste em manter sua candidatura até o último momento. Perto do prazo fatal, ficando claro que o golpe não permitirá que se candidate, haverá a indicação do vice, que assumirá seu lugar na chapa como seu candidato.
A lógica é clara.
Primeiro, manter viva a chama do lulismo e conseguir o impacto da proibição de se candidatar, em um momento em que cada vez mais cai a ficha da opinião pública sobre a perseguição política de que é vítima. Com isso, aumenta seu cacife e do PT para negociar alianças.
Depois, porque se o vice for apresentado antes, será fuzilado pela estrutura Lava Jato-mídia-Judiciário.  Em cima da bucha, o PT terá o horário gratuito para defender-se dos ataques.
Para ser vitoriosa, no entanto, essa estratégia depende de algumas variáveis indefinidas ainda:
A capacidade de Lula de transferir votos.
O tiroteio que se abaterá sobre seu candidato.
É um jogo de apostas. Se a estratégia der errado e houver o segundo turno com dois candidatos de direita, serão destruídos os últimos pontos de resistência das esquerdas e da incipiente social-democracia brasileira.
Daí as últimas orientações de Lula – após encontro com Jacques Wagner – de mandar emissários conversarem com Ciro, para esvaziar as tensões acumuladas entre ele e o PT. A orientação de Lula foi a de tratar Ciro Gomes como parceiro do mesmo lado político.
Tem lógica.
Peça 2 – a estratégia Ciro Gomes
Ciro Gomes vai montando sua estratégia política dentro da seguinte lógica:
Estratégia da redução de dano: a esquerda não o vê como um dos seus, nem a direita do DEM e assemelhados. Mas, para a esquerda, é garantia de suspensão do desmonte montado por Temer e, para a direita do DEM, a possibilidade de compor um novo bloco de coalizão, papel desempenhado pelo DEM com FHC e MDB com Lula.
Identificação dos inimigos externos, de forma alinhada com a opinião pública de esquerda e centro: a quadrilha Michel Temer, o MDB e Bolsonaro.
Recuperação de propostas desenvolvimentistas e interrupção da destruição empreendida por Temer.
Apropriação do discurso anticorrupção, tentando uma vacina contra o antipetismo. Mas, com isso, criando resistência junto à militância do partido, que Lula tenta diluir.
Um discurso articulado. Ciro tem na ponta da língua o manual dos bons princípios da social-democracia, assim como Fernando Haddad. A diferença é que, até agora, Haddad tem evitado se expor.
Cada vez mais tenta se apresentar como o anti-Bolsonaro, usando a retórica virulenta do seu opositor. É uma briga de machos-alpha, claramente definida para arrostar Bolsonaro no seu único terreno: a truculência.
A fala impositiva, autoritária até, em um momento em que parte relevante da opinião pública clama por um mínimo de disciplina institucional, só possível com a recuperação do protagonismo pelo Executivo.
Ao contrário do que muitos podem imaginar, Ciro não está disputando o espaço político com Lula, mas com Geraldo Alckmin. O espaço em questão consiste em juntar setores mais liberais, assustados com a hipótese Bolsonaro, os órfãos do velho PSDB; e, na hipótese de um segundo turno com Bolsonaro ou Alckmin, o apoio das esquerdas.
A provável frente que se desenha na cabeça de Ciro, caso sua candidatura decole, ficará mais ou menos assim:
Apoio dos governadores nordestinos, que temem a demora na definição do lulismo.
Possível adesão de parcelas relevantes do PSDB, órfãos de uma liderança forte, depois do esvaziamento da banda barra-pesada – Serra-Aécio-Marconi-Richa.
Aproximação com o clube dos bilionários e com os grandes grupos paulistas que sabem o desastre que seria Bolsonaro, e não tem confiança no fôlego e na competência de Alckmin.
Com o discurso anticorrupção, aproximação com o Partido do Judiciário, que será crucial em dois momentos: para garantir votos da parte punitiva do eleitorado; e como aliados na guerra mortal contra o MDB.
Montagem de um novo bloco de coalizão, com o DEM e outros partidos menores fornecendo a base de apoio, mas com uma incógnita sobre com quem dividirá a governabilidade: se com o PT ou um bloco mais alinhado com o PSDB.
Analistas respeitáveis sustentam que, a exemplo de outras eleições, na reta final do primeiro turno vencerão os candidatos que tiverem atrás de si mais estrutura partidária. Ou seja, haveria a reedição da disputa PSDB, com Alckmin, e PT, com o candidato indicado por Lula.
Mas será que os tempos atuais repetem as mesmas características de outras eleições? Têm-se o PT e o PSDB baleados junto a parcelas da opinião pública; novas formas de mobilização com as redes sociais, e um eleitorado consolidado de Bolsonaro. A rigor, há duas únicas forças se movimentando: o lulismo e o antilulismo.
Peça 3 – os fatores de instabilidade
Além disso, há um conjunto de fatores aleatórios no ar. Têm-se um quadro de caos, um cenário aberto para novas tentativas de instabilização.
Graças à Globo e ao Supremo Tribunal Federal (STF) o país experimenta a situação esdrúxula, de estar sendo governado por um presidente que será preso, assim que deixar o cargo, mas com plena liberdade até lá para continuar montando negócios.
Do lado do grupo de Temer, a contagem regressiva para a prisão induzirá a novas tentativas de endurecimento político. Até agora, duas delas foram tiro n’água graças à baixíssima credibilidade do grupo: a intervenção militar no Rio de Janeiro e a tentativa de militarização na greve dos caminhoneiros.
Mesmo assim, se tem no STF uma presidente inconfiável, como ficou claro no episódio de desengavetamento do julgamento do parlamentarismo. Logo depois, Carmen Lúcia o tirou novamente de pauta. Imaginou-se que tivesse recuado devido às críticas recebidas, mas foi apenas porque o propositor da ação, deputado Arlindo Chinaglia, a retirou.
Continua pendente no ar a possibilidade de um novo golpe jurídico-midiático, mesmo porque o STF está dominado pela politização, com os Ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux, Alexandre Morais, Rosa Weber e Carmen Lúcia atuando com despudor, e o antipetismo explícito condicionando a atuação dos garantistas Celso de Mello e Gilmar Mendes.
De qualquer modo, o fator Temer promoveu um desgaste também no coração do impeachment – a própria mídia.
Ao contrário de outros tempos, as tentativas de desenhar cenários esbarra em fatores de imprevisibilidade inéditos. Ninguém pode ter certeza de nada.
do GGN