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O
fim da saga de Eduardo Cunha coloca um ponto final em um dos mais
constrangedores episódios políticos da história da República, desde a
redemocratização.
O
vácuo político produzido pelos erros da presidente Dilma Rousseff promoveram
uma abertura inédita da porteira e abriram espaço para oportunistas da pior
espécie.
A
crise colocou Cunha no papel de touro conduzindo o estouro da boiada. E, atrás
dele, a malta do congresso, o universo dos pequenos políticos sem expressão, o
chamado baixo clero, cuja atuação, em outros tempos, era moderada por
lideranças de maior fôlego.
A
cada eleição, os grandes políticos - à esquerda e à direita - foram se
afastando do Congresso, permitindo que políticos de grande habilidade e nenhum
escrúpulo - como Cunha - assumissem a liderança, bancados por contribuições
milionárias de campanha garantidas pelo negocismo amplo que se implantou no
Congresso.
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A
queda de Cunha era questão de tempo. Figuras como ele são eficientes para agir
nas sombras, não na linha de frente. Ainda mais com a megalomania que sempre o
acompanhou, acima de qualquer limite de prudência.
Em
ambiente democrático, não há espaço para os superpoderosos. Tanto assim, que um
dos truques históricos da mídia, quando quer marcar um inimigo, é superestimar
seus poderes. O sujeito entra na marca de tiro, torna-se alvo não só de jornais
como de outros poderes.
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No
início adulado pela mídia, Cunha não precisou de nenhum empurrão para expor sua
falta de limites. As demonstrações inúteis e abusivas de músculos incumbiram-se
de quebrar a blindagem e transformá-lo em uma ameaça às instituições, ainda
mais liderando um exército de parlamentares que parecia emergia das profundezas
do preconceito.
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Com
o fim de Cunha, o PMDB volta às mãos de figuras moderadas e responsáveis, como
o vice presidente Michel Temer, e de figuras polêmicas mas cautelosas, como
Renan Calheiros, até que seja colhido pela Lava Jato. Pacifica-se, assim, uma
das frentes que impedia a volta à normalidade política.
No
plano Jurídico, com a parte mais relevante da Lava Jato sendo assumida pelo STF
(Supremo Tribunal Federal), e com os conflitos internos na Polícia Federal,
haverá menos espaço para o show midiático.
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Na
outra ponta, caiu a ficha do PSDB quanto à irresponsabilidade política de Aécio
e a loucura que seria o impeachment da presidente. Não interessa nem a José
Serra nem a Geraldo Alckmin, em suas pretensões presidenciais, nem a quem tem
um mínimo de vislumbre do caos que se instalaria no país, caso o golpe fosse
bem sucedido.
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Para
retomar a normalidade, falta Dilma começar a governar.
Nos
últimos dias, a Fazenda passou a desovar projetos mais consistentes, de
simplificação tributária. Há boas iniciativas na Agricultura e no MDIC
(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Ainda há o
risco de um Banco Central descontrolado, praticando uma taxa de juros que
poderá criar uma dinâmica insustentável na dívida pública. E Dilma, que ainda
não pegou a batuta de maestrina para articular um plano de ação integrado do
segundo governo.
Por
Luis Nassif dp GGN
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