Vai
ficar chupando dedo quem fica exigindo “para ontem” que Lula indique seus
ministros, a começar pelo da Fazenda.
E
a razão é que o novo presidente só vai definir quem ocupa cada banco do ônibus
que pretende ser seu governo quando todos os passageiros possíveis, mesmo os
mais renitentes e mal-encarados, subirem a bordo.
Erra
também – e há muitos cometendo este erro – quem acha que o novo Ministro da
Fazenda será o xerife dos gastos públicos e da economia
Não
será mais – como no desastroso período Paulo Guedes – o “dono do pedaço”,
porque atuará dentro de um sistema de freios e contrapesos com um renascido e
forte Ministério do Planejamento, ou algo que, com outro nome, faça este papel.
Se
batismo fosse tudo, seria melhor chamar o primeiro de Ministério da
Recuperação Econômica e da “Mão de Vaca” e o segundo de Ministério da
Despesa Controlada, servido de filtro apertado às demandas, estas imensas, dos
demais setores da economia.
A
própria composição heterogênea da equipe responsável pela transição na área
econômica já indica isso: o presidente eleito não será prisioneiro de um único
ponto de vista econômico, mas estimulará o contraditório nos métodos, desde que
haja unidade nos fins.
Lula
sabe que é preciso fazer com que a a tensão entre funções e visões diferentes
vá se acertando, como quem regula a temperatura da água de um chuveiro e, no
caso, é ele próprio quem a regulará.
Ao
contrário do que fez Bolsonaro, não terceirizará para um “Posto Ipiranga” a
gestão econômica e não é possível acreditar que a gente tão “sabida” do mercado
não tenha entendido que o Ministro da Economia de Lula é Lula, seja quem for a
pessoa que ele nomeie Ministro da Fazenda.
É
tolo também achar que a autorização, via PEC, do aumento de despesas, que os
comentaristas tratam como uma “licença para gastar”, vá, necessariamente,
transformar-se em gasto efetivo. Significa, essencialmente, “paz para
governar”, porque devolve ao governo o mínimo de margem para fazer frente à
necessidades que podem surgir e não podem deixar a administração manietada.
Tijolaço.
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