segunda-feira, 18 de abril de 2011

MA CONTINUA NO TOPO DO CHEQUE SEM FUNDOS

Em março, 1,87 milhão de cheques - 2,13% do total - foram devolvidos, um índice superior aos de fevereiro  e janeiro

SÃO PAULO - O porcentual de cheques devolvidos no Brasil subiu pela terceira vez no ano, de acordo com pesquisa divulgada hoje pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. Em março, 1,87 milhão de cheques (2,13% do total) foram devolvidos, um índice superior aos de fevereiro (1,83%) e janeiro (1,70%).

Apesar dos avanços mensais verificados, o primeiro trimestre de 2011 registrou o menor número de cheques devolvidos para o período nos últimos seis anos. De janeiro a março, houve 1,89% de devoluções de cheques. Em 2005, no mesmo período, esse porcentual havia sido de 1,74%, informou a Serasa Experian.

Na avaliação dos economistas da entidade, a alta na inadimplência dos cheques em março é provocada, em parte, por efeitos sazonais. O orçamento familiar é pressionado no mês por despesas com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com o material escolar e com as férias e o carnaval.

A entidade também cita o efeito de fatores conjunturais sobre a inadimplência, como o aumento da inflação, que reduz o poder aquisitivo do consumidor, além do aperto monetário, que encarece o crédito.

Regiões
Os Estados com menor índice de cheques devolvidos em março foram São Paulo (1,45%), Rio de Janeiro (1,56%) e Paraná (1,62%). Os três estão abaixo da média do País, que ficou em 1,89%. Já os Estados com pior índice foram Roraima (10,88%), Maranhão (9,22%) e Acre (7,41%). Além disso, a Região Sudeste teve o menor porcentual (1,55%), enquanto a Região Norte registrou o maior índice de cheques sem fundo (4,03%).

Circe Bonatelli, da Agência Estado

RELATOR DE CASSAÇÃO DE ROSEANA PRESIDIU FUNDAÇÃO JOSÉ SARNEY

José Carlos Sousa e Silva foi nomeado pela Justiça Eleitoral do Estado para avaliar ação contra governadora do Maranhão. Isto parece piada, mas não é estamos no Brasil, mais precisamente no MARANHÃO.

Ex-presidente da Fundação José Sarney, José Carlos Sousa e Silva será o relator da ação impetrada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) que pede a cassação de Roseana Sarney (PMDB). Na ação, o MPF acusa a pemedebista de ter beneficiado politicamente da implantação de um programa habitacional chamado “Viva Casa”.

José Carlos Sousa e Silva é membro substituto do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA) desde novembro de 2007 e, no ano passado, foi um dos principais defensores da não aplicabilidade da lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. A indicação dele para a relatoria do processo ocorreu por meio de sorteio do TRE-MA.

Silva foi presidente da Fundação José Sarney até o início de 2009, ano das revelações feitas pelo jornal O Estado de S. Paulo de que a entidade teria desviado recursos da ordem de R$ 1,3 milhões fruto de convênios com a Petrobras. Procurado pela reportagem do iG, Silva não comentou a sua indicação para a relatoria do processo de cassação de Roseana Sarney. Disse apenas que a escolha do seu nome para dar parecer sobre o processo contra a pemedebista “era uma competência do TRE-MA”.

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do mandato da governadora Roseana Sarney afirmando que, tal qual Cássio Cunha Lima (PSDB), governador da Paraíba em 2006, a filha do senador José Sarney foi beneficiada por um programa assistencial em ano eleitoral. No caso de Roseana, o “Viva Casa”, que tinha o objetivo de construir casas populares e entregar “kits construção” contendo areia, cimento, barro, entre outros itens. Em 2010, conforme a acusação do MPF, o “Viva Casa” abriu créditos da ordem de R$ 62,8 milhões.

No entendimento do MPF, a instituição do programa habitacional foi irregular porque ele precisaria de lei específica a ser aprovada na Assembléia Legislativa do Estado (AL-MA) e antes de ano eleitoral. Oficialmente o programa foi criado em novembro de 2009, mas o procurador Régis Richael Primo da Silva argumenta que as primeiras ações do “Viva Casa” começaram em março de 2010.
 
Wilson Lima, iG Maranhão

domingo, 17 de abril de 2011

IMPERATRIZ-MA FAZ CONCURSO

A Prefeitura de Imperatriz (MA) abriu processo seletivo para 238 vagas temporárias de níveis fundamental, médio e superior. As vagas são para suprir os serviços de Proteção Social Básica e Especial, CIESI, Segurança Alimentar e Nutricional, Casa Brasil, Equoterapia, Órgão Gestor da Assistência Social e Casa dos Conselhos. Os salários variam de R$ 545 a R$ 1.350 (veja aqui o edital).

Os cargos de nível fundamental são de cuidador social, instrutor de bordado em fita, instrutor de depilação e maquiagem, instrutor de manicura e pedicura, instrutor de cabeleireiro, instrutor de rede em fio, instrutor de panificação, instrutor em ornamentação de sandálias, instrutor de vagonite, instrutor de bijuterias, instrutor de biscuit, eletricista, equitador e tratador.

Os cargos de nível médio são de educador social, supervisor de pólo, orientador de atividades lúdicas, supervisor de processo, instrutor de basquete, instrutor de oficina de trabalhos manuais (artes), instrutor de oficina de teatro, de capoeira, de serigrafia, de dança, de música, de corte e costura e de pintura, instrutora de braile, instrutor de libras, entrevistador domiciliar, instrutor de percussionista, instrutor de violinista, de pianista, de sanfoneiro, de voleibol, de handebol, de futebol, recreadores socioculturais e operador de caixa.

Os cargos de nível superior são de assistente social, nutricionista, pedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, educador físico, técnico em laboratório de ciências, técnico em sala de leitura, professor de telecentro- informática, orientador social, educador social, instrutor de natação, assistente de programas e projetos musicais e supervisão de ações.

As inscrições podem ser realizadas nos dias 18, 19 e 20 de abril, das 8h às 17h, na Casa Brasil, localizada na Rua Godofredo Viana, s/nº, Centro de Imperatriz (MA).
O processo seletivo terá análise de títulos e entrevista.

O contrato terá duração de 1 ano e pode ser prorrogado por igual período.

Com informações do 180 graus

ARMAS, O DISCURSO DOS OPORTUNISTAS DE PLANTÃO

O que se deve saber

Gostaria de  sugerir aos senhores distintos   parlamentares  que torraram R$ 1 milhão com um ponto que ninguém vái usar,  que façam um plebiscito  perguntado à sociedade brasileira se uma determinada família do Estado do Maranhão, que  locupletou-se  a vida toda, deveria deixar a cena política de uma vez por todas.
Antonio Roberto Vianna Santos antoniocaulauro@hotmail.com
Tramandai (RS)

Demagogia no plebiscito

Parabéns ao Jornal O Estado pela oportuna, esclarecedora e sintética NOTA (Notas informações A/3, 15/04/11) que desmascara o oportunismo político do Senador José Sarney e dos líderes dos partidos governistas diante da calamidade na Escola de Realengo. No momento em que a Presidente esforça-se para equilibrar as despesas, vem esses demagogos propugnar por um desnecessário repeteco de Plebiscito com uma despesa aproximada  de mais de R$ 200 milhões. O foco da questão está na “proibição total e absoluta da venda de armas de fogo e munição no País “. Ora, uma coisa é LIMITAR o exercício de um Direito, outra coisa bem diferente é SUPRIMIR  este Direito totalmente. É uma insanidade mental desarmar as vítimas para estimular os assassinos pela retirada do elemento dissuasão
José Ávila da Rocha  peseguranca@yahoo.com.br
São Paulo

A comoção e o oportunismo

O oportunistunismo do senador José Sarney, tirando uma casquinha na comoção nacional, devido a tragédia do colégio em Realengo, reacendeu o nefasto projeto do desarmamento e pleita um novo referendo popular. Sob o curtissimo ponto de vista, entende que a proibição do comércio de armas legais resolverá o problema da violência no Brasil. Quando a cerne do problemas e bem maior que isto. Pessoas de bem, assim como eu me incluo, não têem arma em casa, nem pretendem  comprar quaisquer tipo de arma. Pessoas do bem, respeitáveis, inteligentes, zelam pela vida. Bandidos não adquirem armas por via legais, razão pela qual sou contra o desarmamento, em especial nos moldes que propõem. Têem que se estabelecer normas legais e fiscalizar as nossas fronteiras, nossas instituições fraudulentas, muitas destas armas sao fornecidas por quem de direito, teria que coibir e combater. São compradas com a forma que abastece o crime e drogas pesadas, tais como: a maconha, a cocaína e o crack que entram em toneladas no Brasil ilegalmente. Obviamente, que o problema da violência em nosso país não restringe somente na arma legal, bemo como as drogas, mas sim em série de circunstâncias, inclusive, as leis frouxas, que beneficia bandidos, inclua-se os políticos na mesma proporção. Tem haver reforma duras nas leis penais, reformas políticas, combate a corrupção, cadeia para igualmente para bandidos pobres e ricos, fim da prisão especiel, todos os criminosos serão iguais e terão o mesmo tipo de tratamento prisional, inclusive políticos, juízes, advogados etc.... Fim do apadrinhamento, nepotismo e das benesses e favorecimentos. Queremos um país igualitário, justo, com homens honrados, cívicos de decentes.

Raimundo Felix da Silva rfelixdasilva@yahoo.com.br
Niterói (RJ)

sábado, 16 de abril de 2011

O MARANHÃO DE LUTO *

É como se os corvos de Edgar Allan Poe cruzassem os céus cinzentos pela borrasca impiedosa que se abate sobre São Luís. Chove lama, chove escuridão e há desânimo nos rostos, como se fôssemos incompletos pelo pesar de descobrir que não somos senhores de nossos destinos.

Um povo inferior, incapaz, a ponto de não ter direito sequer de escolher seus governantes, porque os corvos, espalhando sobre o teto de nossas consciências ‘sombras desiguais’, decidem por nós o que vamos ser e o que podemos querer.

É a ameaça. A ameaça que esteve aqui por dois anos e quatro meses, a se concretizar e garantir uma madrugada eterna, sem a luz da lua, sem promessas de alvorada. O frio a doer nos ossos, a democracia feita em postas, a vontade de um povo arrancada a fórceps para que eles, os corvos, continuem a impor sua longa noite nos umbrais do Maranhão. Como quis Edgar Allan Poe “Noite, noite e nada mais”.

Sim, de repente o mundo ficou escuro e a esperança descoarada pela presença interminável dos corvos a nos fazer pequenos, diminutos, desprotegidos, sem forças, aves e bichos à nossa volta e os corvos a repetirem: “Nunca mais”. Como lutar contra o poder desses abutres, a sede desses vampiros, esse animal súbito, dono do Maranhão, a nos olhar sanguinolento pronunciando sempre e sempre “Nunca mais”?

Os olhos fatais do escuro animal, macho ou fêmea, a reforçar nosso luto e a convencer-nos de que a vontade de meia dúzia de ministros e políticos pode mais que nossos corações. E a única reação será poética? “Profeta, profeta, demônio ou ave preta”, corvo amaldiçoado, nunca diga “Nunca mais”.

São duas tempestades, de água e morte se abatendo sobre a gente e as trevas crescendo, sombras enormes vergando São Luís de lado a lado, deixando um cheiro terrível de vingança, de carniça, de ódio derramando em forma de lei. Aves de mau agouro, uma dor de irmãos siameses apartados, assim como descreveu Augusto dos Anjos, a aumentar nossa descrença na catedral jurídica deste país. Porque um julgamento sem instâncias, a ofender o duplo grau de jurisdição, trará os corvos de volta ao poder. E nós todos maranhenses sob a tutela desses vultos perversos que nutrem essa agonia intensa de viver sem liberdade.

Literalmente, as asas lutulentas, negrejadas, os olhares de fogo informam que alguma coisa morreu aqui e o que sobrou ainda está a morrer. Um povo, um Estado inteiro lançado ao luto com todos seus valores éticos perdidos. Um povo em estado de choque, presa de raiva e hostilidades, sobrecarregado de ansiedade e fadiga, porque forçado a renunciar à própria dignidade, porque divorciado de sua inestimável cidadania. E os corvos a gargalhar e a soltar foguetes como que no cio diante de nossa tragédia, zombando da nossa cólera, da insuficiência de membros que reajam à ignomínia de suas presenças.

O Maranhão, solitário e sem futuro, em estado vegetativo, aceita silencioso o coma a que foi induzido pelas artimanhas deploráveis armadas num Tribunal dito Eleitoral e superior.

*Editorial do Jornal Pequeno publicado na edição de 17 de abril de 2009

Do Blog do Manoel Santos/JP

HÁ DOIS ANOS JACKSON LAGO FOI RETIRADO DO GOVERNO

Esta data ficou marcada na história política do Maranhão. Foi naquela noite tristemente memorável que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) oficializou a farsa costurada pelo velho dinossauro da política do Maranhão, culminando com a cassação do mandato do então governador Jackson Lago (PDT) e de seu vice, Luiz Carlos Porto (PPS).

Com a decisão, Roseana (PMDB), segunda colocada na eleição de 2006, assumiu no lugar de Jackson Lago.

Os ministros do TSE rejeitaram os recursos apresentados pela defesa do então governador contra a decisão da Corte, com a acusação forjada nos porões da perseguição dos Sarney, com o nome de abuso de poder político nas eleições de 2006.

Os ministros também rejeitaram um recurso em que João Melo Bentivi, candidato do Prona ao cargo de governador do Maranhão nas eleições de 2006, reclamava tomar posse no lugar de Roseana. Bentivi questionava o fato de a legenda não ter sido incluída no processo como parte interessada na ação. O relator dos recursos, ministro Eros Grau, afirmou que os recursos eram improcedentes.

Com informações do Blog de Manoel Santos Neto

sexta-feira, 15 de abril de 2011

AS APARÊNCIAS DAS MONOCULTURAS ENGANAM

Comparadas com as comunidades tradicionais do Baixo Parnaiba maranhense, as monoculturas de soja e de eucalipto se embranquecem e se rejuvenescem com a certificação de alguma empresa de consultoria ambiental. As aparências enganam como se soube recentemente tanto em Mangabeirinha, município de Urbano Santos, como na sede do município de Buriti de Inácia Vaz.

Por conta de um texto do começo de 2010, a empresa Suzano Papel e Celulose portou cascos e cascos de cerveja para distribuir para a comunidade de Mangabeirinha no mês de dezembro como uma forma de comemorar não sei o quê, se bem que a equipe de assistentes sociais de uma só tacada verbal fundeara em solo de Mangabeirinha um campo agrícola. Só não afiançara a data remota de quando esse campo agrícola deslancharia e como não afiançara ficou o dito pelo não dito e o campo se esterilizou como tantas outras promessas da Suzano. Os moradores de Mangabeirinha enforcaram outras posturas dos funcionários das terceirizadas da Suzano que tempos atrás pediram para os filhos do seu Crispim trabalharem na empresa, contudo os demitiram quando eles se recusaram a manusear os venenos que seriam dispersos pelos plantios de eucalipto.

Depois da matéria veiculada pelo globo rural em janeiro de 2011, na qual se encalacrava a monocultura do eucalipto nos diversos males que ela provoca nas comunidades tradicionais do Baixo Parnaiba maranhense, a Suzano fez por “bem” exigir da comunidade de Santana, município de Urbano Santos, o celibato verbal caso um jornalista porventura se achegasse na comunidade.

Em Buriti de Inácia Vaz, um plantador de soja queria tomar mais de trezentos hectares da comunidade de Brejinho e para tanto implantou um cupincha seu na comunidade para exercitar intrigas. A comunidade resistiu com a ajuda do SINTRAF de Buriti e hoje a coisa se pacificou.

Mayron Régis

CHUVA VOLTA A FAZER NOVOS ESTRAGOS NO MA

Em São Luis, muros caíram, telhados de escolas desabaram e pessoas foram arrastadas

As fortes chuvas que castigaram o Maranhão nos últimos dias trouxeram uma série de estragos em algumas cidades no Estado. Na quarta-feira, a única estrada de acesso à cidade de Centro Novo, município a 208 quilômetros de São Luís, foi cortada e os aproximadamente de 6,7 mil moradores estão isolados. Na capital, uma forte chuva ocorrida na noite de quinta-feira, deixou ruas alagadas, derrubou telhados de prédios e muros residenciais.

O problema em Centro Novo é com a MA-306. A rodovia liga o município à BR-316 e teve seu tráfego interrompido na altura do igarapé Barreiro, a aproximadamente 10 quilômetros da sede do município. Assim, os moradores de Centro Novo somente podem transpor o trecho por meio de embarcações ou a pé. Veículos motorizados não passam pelo local. A Secretaria de Infra-Estrutura do Maranhão (Sinfra) disse que já enviou uma equipe à região para fazer a recuperação emergencial da rodovia.

Em São Luís, as principais avenidas da capital ficaram alagadas com as chuvas de quinta-feira. Um casal foi levado em uma enxurrada no bairro Anil, mas passa bem. Um posto de gasolina no bairro Angelim ficou completamente alagado com as águas e o proprietário do posto, revoltado, fechou o trânsito por dez minutos na avenida Jerônimo de Albuquerque, nas proximidades do posto, como forma de protesto na manhã desta sexta-feira.

O hospital Socorrão II e o Terminal de Ônibus da Integração do Bairro Cohab, também ficaram inundados. Os equipamentos do Socorrão II foram deslocados às pressas para as áreas mais altas do hospital.

Ainda no bairro Angelim, a estrutura de uma quadra poliesportiva de uma escola cedeu. Uma parte muro de parte do Colégio Militar, no bairro Vila Palmeira e do Centro de Saúde Dr.Genésio Rêgo, na Alemanha, também caíram por causa das fortes chuvas. Muros residenciais também desmoronaram em bairros como Turu e Vila Nova. Segundo informações da Defesa Civil Municipal de São Luís, somente nas quatro horas de chuva, foram feitas 22 solicitações de atendimentos emergências na capital maranhense: três por desmoronamentos.

Wilson Lima, iG Maranhão

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MPF PEDE CASSAÇÃO DE ROSEANA, CONFIRA AQUI

O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação dos mandatos da governadora Roseana Sarney e de seu vice, Washington Oliveira, devido ao uso de convênios assistencialistas  vedados no período eleitoral.

Através de do programa Viva Casa, o governo Roseana assinou mais de 60 milhões de reais, somente em créditos suplementares, em convênios em 2010, o que no entender do MP caracteriza-se em conduta vedada por lei.

O Viva Casa tinha por objetivo a construção de moradias, bem como aprimorar as condições de habitação da população da zona urbana e rural, com a distribuição de kits construção, com areia, barro, cimento, etc.

O Ministério Público entendeu que o programa não atendeu a nenhum pré-requisito exigido por lei para a sua aplicação em ano eleitoral. Ele “foi instituído à revelia do procedimento escorreito de consignação na Lei Orçamentária Anual e da necessária edição da lei específica que lhe definisse o objeto e os critérios objetivos de concessão dos benefícios”, diz o procurador regional eleitoral, Régis Richael Primo da Silva.

O Viva Casa foi instituído por meio de mero ato administrativo, e que embora seja de 2009, o MP diz que há provas que ele teve início somente a partir de março de 2010, e sem a devida previsão orçamentária.

Régis Richael Primo da Silva lembra que o TSE durante o julgamento que resultou na cassação do mandato do ex-governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, foi reconhecida a necessidade de previsão orçamentária no exercício anterior e lei própria instituindo o programa social.

“No caso do ex-governador da Paraíba, o mandatário foi cassado por ter distribuído cerca de R$ 3,5 milhões com fins supostamente assistencialistas. Já no programa Viva Casa, apenas no ano eleitoral de 2010, foram abertos créditos suplementares, mais de R$ 60 milhões para a construção de casas e para a distribuição de materiais de construção – diga-se novamente, sem nenhum critério de aferição da renda do beneficiário”, observa o procurador.

Parecer – Além de pedir a cassação de Roseana Sarney, o MP também deu parecer favorável em outro processo que tramita no TRE que também pede a cassação da governadora e seu vice, como também dos senadores Edison Lobão e João Alberto, por utilizarem a UEMA para fazer campanha política.

Esta ação nasceu a partir de uma representação do ex-deputado Aderson Lago, autor da denúncia que chegou a ser exibida no horário eleitoral durantes das eleições passadas.
Neste caso, o MP não acatou ao argumento da defesa de que a rua utilizada, apesar de inserta na propriedade da UEMA, é via pública de uso compartilhado com a comunidade e que por isso não se enquadraria em conduta vedada como prevê a lei, que impede a utilização de bem público em ato de campanha.

Régis Richael Primo da Silva, se utiliza de depoimento do reitor da UEMA e de parecer técnico da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte para definir a área utilizada para concentrar os participantes de uma carreata, como área da universidade estadual, o que colocou por terra argumentos utilizados pelo grupo Sarney durante as eleições de que o local não pertencia a UEMA.

Os advogados de defesa, no entanto tentaram argumentar que embora pertencente à UEMA a sua destinação é de uso comum, sem restrições de acesso, e de uso compartilhado com a comunidade, o que permitiria a realização da carreata.

Régis Richael Primo da Silva, no entanto, diz que muito mais que simplesmente utilizar o espaço para o trânsito dos veículos participantes da carreata,  ele serviu para concentrar o pessoal de campanha, em movimentação típica de comitê político.

Segundo o blog do Luís Pablo, que foi o primeiro a noticiar o parecer o MP, ainda no final da tarde de quarta-feira, o relator do processo será o advogado José Carlos Sousa e Silva, que vem a ser o ex-presidente da Fundação José Sarney.

Raimundo Garrone.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

MPF PRESSIONA GESTOR NO PI POR NÃO ATENDIMENTO AO MA

Pedro Leopoldino,

O Ministério Público Federal no Piauí expediu ontem o Ofício nº 113/2011- PR/PI-GAB/TR solicitando esclarecimentos do presidente da Fundação Municipal de Saúde em Teresina, Pedro Leopoldino, sobre a suspensão do atendimento de alta e média complexidades a pacientes vindos do Maranhão na rede pública municipal de saúde. O documento é assinado pelo procurador da República Tranvanvan Feitosa, que achou mais fácil pressionar o gestor teresinense do que procurar descobrir aonde os gestores maranhenses enfiaram o dinheiro da saúde enviado pelo Governo Federal.

A medida foi provocada por notícias publicadas nos veículos de comunicação sobre o fato da Fundação Municipal de Saúde suspender o atendimento aos pacientes do SUS vindos do Maranhão. No ofício, o procurador enfatiza o princípio do acesso universal ao Sistema Único de Saúde (SUS) e a relevância do tema, solicitando resposta em 72 (setenta e duas) horas. Ainda segundo o MPF, Tranvanvan Feitosa pretende reunir informar para subsidiar a Ação Civil Pública nº 2008.40.00.002529-9 em tramitação na Justiça Federal.

Pedro Leopoldino afirmou não ter recebido ainda a documentação, mas ressaltou estar disposto a prestar todos os esclarecimentos. “O que estamos fazendo consta em documento assinado pelo secretário adjunto de saúde do Maranhão, senhor José Márcio Leite; está bem claro: o atendimento deve ser feito a pacientes referenciados e os atendimentos de pacientes com demandas espontâneas devem ser contrarreferenciados”, explicou o presidente da FMS.

O documento a que Pedro Leopoldino se refere é termo de reunião realizada na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – Advocacia Geral da União em que representantes do Ministério da Saúde, Secretaria Estadual do Piauí e Secretaria Estadual do Maranhão firmam pacto para regulamentar o atendimento de pacientes vindos do Maranhão para Teresina.

“Os procedimentos eletivos de alta complexidade não contemplados no elenco do CNRAC e os de média complexidade não financiados pelo FAEC serão motivo de um encontro de contas na Câmara de Compensação Maranhão/Piauí para posterior ressarcimento, desde que o paciente seja encaminhado pelo município de origem. Pacientes eletivos de demandas espontâneas deverão ser contrarreferenciados para o município de origem”, determina o acordo. “Estou fazendo só o que diz o documento assinado pelo próprio Estado do Maranhão”, reafirmou o presidente da FMS.

O gestor argumenta ainda que Marcos Rezende, representante do Ministério da Saúde que também assinou o documento, não autorizou o pagamento referente aos atendimentos feitos entre abril de 2010 e março de 2011 em função da ausência de assinatura do Secretário Estadual de Saúde do Maranhão – apesar da assinatura de seu representante, o secretário adjunto.

 Com informações do Portalhoje

terça-feira, 12 de abril de 2011

O PROJETO "AS CARRANCAS DO SENHOR ONÉSIO", EM BURITI DE INÁCIA VAZ/MA

Acaso se apostasse no que redundará o projeto “As Carrancas do senhor Onésio” para o município de Buriti de Inácia Vaz e para o Baixo Parnaíba maranhense como um todo em que ponto do projeto a aposta flecharia? Uma parte dos apostadores, certamente, apostaria no fracasso do projeto tendo em vista outros projetos ou quimeras de projetos  que se danaram por obra e graça de um ou mais políticos. Outra parte, certamente, apostaria que o projeto é uma forma de se apiedar com as comunidades que padecem dos efeitos deletérios da fronteira agrícola, mas nada que atormente muito o seu dia a dia. Uma mínima parte apostaria em afogar as mágoas dos outros com mudas de bacuri, de juçara e de buriti às margens do rio Preto, bacia do rio Munim, Baixo Parnaiba maranhense, antes que os desmatamentos das Chapadas assoreiem por completo o leito do rio. Esses plantios de soja, nas Chapadas de Buriti de Inácia Vaz, comportam mágoas que os moradores, simplesmente, evitam na hora do pega pra capar.
Cerrado no Baixo Parnaíba (arquivo Fórum Carajás)
Quem vendeu a sua posse de terra para os gaúchos, tão bem vendido, que a maior parte da comunidade foi pega de surpresa com o correntão espatifando a mata nativa da  Chapada? O André, plantador de soja nas Carrancas e nas proximidades, propôs para o Vicente de Paula, que detém 180 hectares na Chapada, a troca de sua posse por pingos de propriedade, do tipo aqui vai 18 hectares, ali vai mais 18 e por ai vai. O Vicente balançou com a proposta, contudo, na reunião preparatória do projeto “As Carrancas do Senhor Onésio”, no dia nove de abril de 2011, o próprio desembarcou do regatear  do André e embarcou com quase toda a família no projeto.

Na tarde do mesmo dia Vicente responderia ao representante do André com uma negativa para o regateio. O que argamassou a decisão do Vicente de suspender as tratativas foi a comparação da época em que resolvera morar naquela parte da Chapada, quando tudo era mais difícil, para aquele momento em que produzia de tudo um pouco. No seu intimo, talvez o Vicente acariciasse velhas incertezas quanto a posse dos 180 hectares. Ele protocolou junto ao Iterma um pedido de regularização fundiária e nenhuma equipe vistoriou a sua área. Quanta diferença quando o pedido surge de um agricultor familiar em vez de um plantador de soja ou de eucalipto, não é mesmo?

Por: Mayron Régis (Fórum Carajás)
http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com/

PARA ANALISTAS, OLIGARQUIAS SÃO SINAL DE ATRASO

O elevado número de parlamentares com parentes na política revela o quanto o poder se concentra, cada vez mais, nas mãos de poucas famílias e o quanto o país, apesar do crescimento econômico, ainda precisa avançar na consolidação da democracia. A avaliação é feita por dois cientistas políticos e um historiador ouvidos pelo Congresso em Foco. Os três professores afirmam ver com preocupação o fato de 328 dos 649 congressistas brasileiros combinarem laços políticos e familiares, como revelou levantamento exclusivo feito por este site. Segundo eles, esse controle pode ser mais visível no Legislativo, mas também se reproduz no Executivo, no Judiciário e até no Ministério Público.

Para o cientista político Ricardo Costa de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o poderio das famílias políticas é crescente, impede a circulação de poder, favorece grupos que combinam poder político e econômico e está associado ao encarecimento das campanhas e ao controle dos partidos por núcleos familiares.

“Há uma oligarquização da política. A política cada vez mais passa a ser um negócio de família no Brasil. Passa, muitas vezes, de pai para filho. As eleições estão cada vez mais caras, você tem de ter como condições de elegibilidade estrutura de dinheiro e estrutura familiar política. Isso é um fenômeno também de reprodução do poder político”, considera.
Redes de favores

O atual sistema eleitoral, o modelo de financiamento de campanha e a estrutura das legendas favorecem a perpetuação das famílias na política, de acordo com o professor. “A política é feita através de redes de favores, práticas como clientelismo e patronagem. É exatamente aí que as famílias têm muitas vantagens. Uma família com uma organização consegue ao mesmo tempo estar inserida no campo político, ter capital e contatos políticos. Por isso, cada vez é maior o número de jovens parlamentares filhos, netos e parentes de políticos. A cada legislatura vai aumentando a proporção de políticos que têm conexão de parentescos”, explica.

Na atual legislatura, apenas oito dos 40 deputados com menos de 35 anos não vêm de família com tradição política. “Só se elege quem é profissional, quem tem muito dinheiro, quem tem muita estrutura. Quem é amador, político novo, só com suas ideias, não consegue se eleger de primeira. Para se eleger, você tem de ter dinheiro e estrutura política, e quem tem mais dinheiro e estrutura política são famílias que já estão no poder político. Um jovem de 20, 30 anos, só se elege se for de uma família política, com raras exceções. Os próprios partidos passam a ser controlados por famílias”, afirma o professor da UFPR.

Democracia pela metade
 
O cientista político Moisés Augusto Gonçalves, da PUC-MG, diz que o controle político por famílias prejudica a ascensão de setores organizados da sociedade civil. “Sobretudo no interior, há uma dependência de boa parte da população em relação a essas famílias. O poder econômico nesses lugares passa como um trator. A situação é muito grave. Tem de distinguir o discurso de democracia e sua garantia efetiva. No plano legal, avançamos, mas na realidade efetiva e ocupação, estamos muito atrasados”, considera o professor.

Para o professor da PUC-MG, o poderio político familiar mostra o quanto ainda falta para a democracia brasileira se concretizar. Na avaliação dele, o atual modelo político-eleitoral é excludente e tende a conservar as elites no poder. Isso ocorre, em parte, porque as rupturas políticas no Brasil sempre foram resultado de acordos feitos por cima, deixando sempre a maior parte da sociedade fora das decisões, segundo Moisés.

“Nossa democracia é incipiente, embrionária, não consolidada e com verniz liberal. Há apenas um verniz liberal. Isso denota dificuldade de implantar uma democracia autêntica, onde haja alternância de poder no Legislativo”, diz. “É algo extremamente preocupante e revelador. Aquela ideia de democracia enquanto espaço aberto para a ocupação de poderes acaba sendo limitado à ocupação por uma pequena parcela da sociedade”, acrescenta.

“Neocoronel”

O historiador José Octávio de Arruda Mello, professor aposentado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), afirma que a concentração de poder nas mãos de poucas famílias revela que o país ainda não conseguiu se livrar dos resquícios do velho coronelismo. “Não tem mais o bico de pena, do voto de cabresto, mas tem o sistema de aliança, que é mais fluido. As alianças vão desde a base até em cima. É urbano. O coronel tradicional tinha cartucheira atravessada no peito. O neocoronel é um homem de cidade. São bacharéis, pessoas ilustradas, mas que sabem onde está o peso da máquina, onde está a força do poder. Eles costumam penetrar nas universidades. É um coronelismo ilustrado, mas é um coronelismo”, considera.

O “coronel ilustrado”, segundo o professor, exerce seu poder não mais pela terra, como seus ancestrais, mas por meio da burocracia. A dependência em relação a essas famílias é mais comum, na avaliação dele, em estados mais pobres. “As famílias rateiam o poder, colocando seus representantes nas posições decisórias. Elas estão também no Judiciário. É o estamento, a comunidade de poder que não se renova. No Legislativo, isso é mais visível”, diz o professor da UFPB.

Tudo dominado


O professor da Universidade Federal do Paraná Ricardo Costa de Oliveira também vê essa “contaminação” dos poderes pelas famílias. Mas ele ressalta, porém, que esse controle não é exclusividade das regiões mais pobres do país. "O Paraná, mesmo com a imagem de que é um estado moderno, de migração, tem famílias políticas e conexões de parentescos muito antigas. Então, o Paraná não é diferente do Maranhão, de Alagoas e outros estados", afirma.

Autor do livro a Teia do Nepotismo, que descreve e analisa a contratação de parentes nas instituições públicas por parte de políticos no Paraná, ele avalia que as estruturas públicas estão sendo, cada vez mais, ocupadas por famílias. “No Brasil, para entender o Tribunal da Contas, têm que entendê-lo pela dimensão do parentesco. Em qualquer estado do Brasil, tribunal de contas só é entendido pelas suas conexões de parentesco e poder político familiar”, diz. “A estrutura do Ministério Público é também ‘colonizada’ por famílias. Cartórios, a mesma coisa. A gente vê que é um fenômeno pelo qual a classe dominante se organiza no Brasil e empiricamente você realiza aquilo que chamo de cartografia do poder político pelas estruturas de parentesco”, observa.

Além de dificultar a renovação, a “familiarização” na política brasileira acarreta outros problemas, como a busca crescente de privilégios por parte dos detentores de mandato, segundo o professor da UFPR. “Há um controle arcaico do sistema político, com parlamentares querendo cada vez mais vantagens coorporativas, cada vez mais ampliar seu orçamento, vislumbrando o benefício da reeleição. Querem mais verbas indenizatórias, mais recursos para si, para assessores. Isso faz do poder Legislativo mais inchado, menos eficiente e mais propenso à corrupção”, analisa Ricardo.

Político profissional

Para Moisés Augusto, da PUC-MG, a política no Brasil tem sido abraçada cada vez mais como uma profissão, e não como uma atividade. “Há uma indistinção entre o público e o privado. A política se torna um meio de perpetuação do poder em que o bem público cede a interesses particulares. Não é apenas a esfera da representação da política que se torna meio de sobrevivência. Se torna um meio de defesa de interesses familiares e privados. As pessoas também são representantes de interesses familiares. Não há ruptura entre o imperialismo e o estado democrático de direito. É uma linha de continuidade”, afirma.

“A esfera política é uma extensão da usina, da fábrica, da fazenda, do banco. Morei muito tempo no Nordeste. Era muito comum ouvir discurso político em que o sujeito dizia: ‘Vou administrar a cidade como se fosse minha fazenda’. Ou algo do tipo: ‘Como sou uma boa dona-de-casa e sei gerir a economia doméstica, serei uma ótima prefeita’. Esse discurso também existe no Sudeste, mas ele fica no pano de fundo. Mas para quem tem um olhar mais reflexivo, ele está presente”, observa Moisés Augusto.

Para Ricardo Costa, da UFPR, é preciso institucionalizar a política e cortar vantagens e benefícios decorrentes do mandato usufruídos por parlamentares e outras autoridades. Só assim, avalia ele, seria possível inibir o interesse de famílias por tantos cargos públicos. "Precisamos ter um poder Legislativo sem vantagens e privilégios para o parlamentar. Na Suécia, por exemplo, o parlamentar não tem assessores, carro, verba indenizatória. Com isso, ele vale pelo que ele é, em termos de ideias e propostas. No Brasil, o parlamentar vale pelo dinheiro que ele consegue capturar e distribuir", diz.

Esta é a última reportagem de uma série iniciada no último dia 4 pelo Congresso em Foco que pretendeu mostrar como a política vem se tornando, cada vez mais, um “negócio de família” no Brasil, as razões e as implicações desse modelo. As matérias se basearam em levantamento exclusivo feito pelo site sobre os elos de parentesco entre os 649 congressistas que assumiram mandato este ano, entre titulares, licenciados e suplentes em exercício.

Edson Sardinha e Renata Camargo

(Congresso em Foco)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

ESTUDANTE É FLAGRADO COM REVÓLVER EM ESCOLA NO MA

Um adolescente de 16 anos foi flagrado, na noite da última sexta-feira (8), com um revólver calibre 38 dentro de uma escola na cidade de Davinópolis, no Maranhão. De acordo com a Polícia Civil, o menor foi encaminhado à delegacia, ouvido na presença da mãe e liberado. À polícia, o jovem teria dito que portava a arma porque era ameaçado por um colega.
A arma e munições que estavam com o estudante. (Foto: Reprodução/Globo)
 “A Polícia Militar local recebeu uma denúncia de que havia um aluno portando um revólver calibre 38 na cintura, dentro da escola. Eles foram até o local e, de fato, constataram que ele estava com o revólver municiado com duas balas. Ele foi imediatamente apreendido, assim como a arma, foi ouvido na presença da mãe e liberado. Segundo as informações que recebemos até o momento, não houve ameaça a ninguém nem violência”, diz o delegado Francisco de Assis Andrade Ramos, da regional de Imperatriz.

A Polícia Civil investiga como a arma chegou às mãos do menor e por que, de fato, ele estava com o revólver. O dono da arma, segundo o delegado Assis, já foi identificado e será ouvido.

O menor já era acompanhado pelo Conselho Tutelar do município, por atitudes rebeldes na escola. “Esse adolescente já era acompanhado pelo conselho tutelar da cidade por condutas de rebeldia, mas não sabíamos da gravidade do problema. Assim que soubemos do caso ele foi chamado, junto aos pais, e assim que comparecer será orientado. Nosso principal objetivo é evitar uma tragédia como a que ocorreu no Rio de Janeiro", afirma Francisco Pereira Nunes, coordenador do Conselho Tutelar de Davinópolis.

Nesta segunda-feira (11), as aulas ocorrem normalmente na escola municipal em que ocorreu o fato. Há, no entanto, preocupação por parte das autoridades locais. “As aulas não foram suspensas, mas já entramos em contato com o Conselho Tutelar, a Promotoria da Infância e da Juventude, e estamos providenciando uma conversa com o comandante da PM na região porque queremos fazer um trabalho dentro da escola de acompanhamento desse rapaz. Estamos preocupados", diz Luiz Nildo Alencar de Lima, secretário de Educação Municipal de Davinópolis.

Lima considera que o momento é importante para trabalhar a prevenção, já que a segurança nas escolas está sendo nacionalmente discutida. “Felizmente esse estudante foi desarmado, mas estamos tomando providências e vamos trabalhar para que esse seja um caso único e isolado. Esse aluno será acompanhado, assim como outros que apresentem qualquer comportamento estranho”, diz.

As informações são do G1

A CARTA EM QUE SARNEY INSULTA JACKSON E REZEK

*POR OSWALDO VIVIANI

Passou despercebida pela imprensa local e nacional a íntegra, até então inédita, da dura carta dirigida, no início de janeiro de 2009, pelo presidente do Senado José Sarney (PMDB), a Francisco Rezek, então atuando como advogado de Jackson Lago (PDT) no processo de cassação do ex-governador.

A carta foi divulgada no portal da Tribuna da Imprensa pelo jornalista Helio Fernandes, na terça-feira (5), um dia após a morte de Jackson. Nela, Sarney expressa toda sua raiva contra Rezek, que no dia 18 de dezembro de 2008 havia feito um discurso marcante no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em que afirmou, entre outras coisas, que “o eleitorado maranhense não merece o desrespeito grave e insultuoso [a cassação de Jackson] que o grupo derrotado pretende lhe impor, tendo a insolência superlativa de querer instrumentalizar esse insulto pela Justiça Eleitoral”. (Veja a íntegra do discurso de Rezek em: http://www.jornalpequeno.com.br/2008/12/21/Pagina93918.htm)

Irado, José Sarney escreveu a Francisco Rezek em 3 de janeiro de 2009, admitindo, logo no início da carta, sua influência no Judiciário brasileiro. Insinua que Rezek devia a ele, Sarney, sua entrada no Supremo Tribunal Federal (STF), para a seguir desqualificá-lo: “Sua passagem pelo STF não deixou marca significativa a não ser a de, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na eleição do presidente Collor, pedir demissão do Supremo para ser ministro das Relações Exteriores do novo governo”.

E prossegue insultando Rezek: “só teve tempo de ver os honorários, mas não leu o processo, confirmando a convicção nada edificante de seus clientes, de o considerarem mais como um advogado lobista do que como um jurista”.

Na sequência, José Sarney desanda a destilar bílis contra Jackson Lago – a quem, em nota divulgada na semana passada, logo após sua morte, classificou de “figura expressiva” e “exemplo de cidadão, chefe de família e homem público”.

O senador escreve que Jackson “é conhecido no Maranhão como político dos mais anacrônicos, atrasados”. E mostra-se especialmente encolerizado com a seguinte frase dita por Francisco Rezek no TSE: “Jackson Lago é uma tradição de integridade que nunca se quebrou”.

Retruca Sarney: “Para citar apenas um caso envolvendo ‘a tradição de integridade que jamais se quebrou’, ou seja, Jackson Lago, este, precisamente, está denunciado no STJ por recebimento de propina e formação de quadrilha na Operação Gautama [Operação Navalha]. Não foi preso porque a Constituição do Maranhão não permite”.

Esqueceu-se Sarney de que indícios mais fortes do que os que incriminaram Jackson Lago há na agenda de Zuleido Veras – dono da Gautama – envolvendo sua filha Roseana Sarney, seu irmão Ernane César Sarney Costa, o “Gaguinho”, e ele próprio, José Sarney, como mostrou o Jornal Pequeno em várias reportagens, no ano de 2008.

Mas o que mais chama a atenção na carta, pelo absurdo e non-sense, são os trechos em que José Sarney – uma cria da oligarquia vitorinista – tenta ligar Jackson Lago a Vitorino Freire e repete a mentira já dita por ele mais de mil vezes, de que “derrubou” o vitorinismo. “[Jackson Lago] Teve participação ativa no sistema político do caciquismo comandado durante décadas no estado pelo senador Vitorino Freire, sistema que desmontei com minha eleição ao governo em 1965”, afirma Sarney.

Veja a seguir a íntegra da carta de José Sarney a Francisco Rezek, a resposta de Rezek ao senador, e o artigo do jornalista Helio Fernandes sobre o assunto.

CARTA DE JOSÉ SARNEY A FRANCISCO REZEK

Senhor ministro Francisco Rezek,

Há quase 30 anos, o ministro Bilac Pinto, meu velho e querido amigo, fez-me uma carta pedindo que eu apoiasse a indicação de V. Exa. para o Supremo Tribunal Federal. Como justificativa para o pleito, ele destacava seu notável saber jurídico. Na realidade, conheci-o como zeloso assistente da Casa Civil, ocupada pelo brilhante e honrado homem público professor Leitão de Abreu, que concretizou o desejo de Bilac.

Sua passagem pelo STF não deixou marca significativa a não ser a de, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na eleição do presidente Collor, pedir demissão do Supremo para ser ministro das Relações Exteriores do novo governo. Foi um fato inédito na história política do país, que suscitou ilações controvertidas.

Com a abertura de uma nova vaga no Supremo, V. Exa. voltou ao cargo de onde saíra, abandonando o governo do presidente Collor no momento em que ele mais precisava de solidariedade. Nesse vaivém, como se exercesse função comissionada, V. Exa. transformou o cargo de ministro do Supremo em porto de passagem para “fazer biografia”, como costuma advertir o ministro Nelson Jobim.

O Senado Federal teve restrições à sua conduta e não pretendia aprovar seu nome pela segunda vez. Basta verificar o resultado da votação na qual V. Exa. obteve até hoje o maior número de votos “NÃO” nos anais de aprovações de ministros daquela Corte. Na verdade, eu mesmo, a pedido do insigne ministro Aldir Passarinho, liderei as articulações para que fossem superadas as fortes restrições a seu nome.

Depois, V. Exa. mais uma vez abandonou o STF e deu razão ao Senado, tão logo apareceu uma vaga na Corte Internacional de Justiça . Apressou-se em ocupá-la. Sua instabilidade tornou a funcionar e confirmou que, para V. Exa., o Supremo Tribunal Federal foi sempre uma espécie de supremo trampolim.

Entrou no Supremo, saiu, retornou, saiu de novo – num processo de duvidosa moralidade administrativa, pois tomou posse no dia 21 de maio de 1992 e aposentou no dia 5 de fevereiro de 1997, passados menos do que os cinco da norma constitucional – e hoje irrompe na tribuna do Supremo Tribunal Federal como terceiro defensor no processo contra um governador acusado de abuso eleitoral e negociatas, constituído pouco antes do julgamento, na tentativa dos seus clientes em tê-lo mais como lobista do que como advogado. Eles alardeavam que V. Exa. fora contratado para exercer esse papel.

Foi uma cena deplorável, triste – ver um ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro “duas vezes” do STF, ex-membro da Corte Internacional de Justiça retornar àquela Veneranda Casa não para discutir teses de Direito, mas para fazer uma defesa política e ser menos eloquente do que seu colega, o causídico do Maranhão que ali estava na tarefa de insultar-me. Ouvi de vários advogados esse testemunho. Na ausência de razões e provas, V. Exa. aderiu, esquecendo seu passado, ao uníssono discurso político impróprio e deslocado da austeridade do TSE. São de V. Exa. as palavras seguintes:

“O povo do estado do Maranhão não merece o desrespeito grave e insultuoso que o grupo derrotado pretende lhe impor tendo a insolência superlativa (um recurso de diplomação) de querer instrumentalizar esse insulto pela Justiça Eleitoral”.

“Tenho a convicção de que não passou despercebido a nenhum dos membros do Tribunal o cenário, o pano de fundo deste caso que circunda essa campanha e o quadro político do estado do Maranhão”.

E com a ousadia de quem acredita conhecer o pensamento dos juízes, afirma:
“Tenho certeza de que todos os membros do Tribunal estão conscientes daquilo que não podemos dizer no memorial ou na tribuna mas que é do conhecimento e percepção tanto tempo, de todo o povo brasileiro”.

E agride a própria Justiça quando toma como “um insulto ao TSE” o recurso processual interposto contra uma eleição fraudulenta, tão cara quanto a última eleição norte-americana. Da fraude documental constam, entre outros atos, as assinaturas de 1.817 convênios, em período eleitoral, totalizando cerca de oitocentos milhões de reais. Convênios celebrados com prefeitos e ONGs, conforme conclusões das investigações da Polícia Federal que instruem o processo, procedimentos já julgados pela Justiça Comum com sentenças transitadas em julgado condenado corruptos e corruptores. Só esse fato daria para demonstrar o caráter lesivo desses atos, que desequilibraram a eleição.

Quais seriam, contudo, esses fatos tão graves, tão secretos e infames aos quais V. Exa. não pôde se referir nos memoriais e na tribuna, mas que seriam do conhecimento do povo brasileiro?

Senhor ministro Rezek, em nome do Maranhão e no meu próprio, não se refugie no mistério, para esconder esses fatos que os juízes do TSE precisam conhecer, fatos tão relevantes que um ex-ministro do STF duas vezes, ex-membro da Corte Internacional diz que não se podem ler nos memoriais e ouvir da voz dos advogados.

Como ex-juiz e numa referencia à sua controvertida biografia, V. Exa. não pode escamotear provas tão graves do conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral, sob pena de ser tomado por leviano. Relate os fatos, dê os nomes, ajude os juízes a julgar.

Constrangedora foi a dúvida para seus ex-colegas, que o ouviram como um advogado que não conhecia o processo, nem o próprio cliente, porque constituído algumas horas antes do julgamento. Advocacia é umas das profissões mais nobres da humanidade. O advogado cumpre uma missão elevada. E ele tem, pois, o dever imperativo de estudar a lide e, pelo menos, saber quem é seu constituinte.

V. Exa. afirma:
“Jackson Lago é um médico, nunca fez da vida pública a sua principal carreira. Passou nas salas de cirurgia a maior parte do seu tempo. Seu ingresso na vida pública é relativamente recente e se fez pelo PDT, fundado há cerca de 30 anos por Leonel Brizola…”

Trata-se de uma assertiva destinada certamente a impressionar o Tribunal, mas que estaria calcada na ignorância da biografia do dr. Jackson Lago, o que não acredito. Ou trata-se simplesmente de uma afirmação vazada na má-fé que ressalta da gritante falsidade.

O dr. Jackson Lago é amplamente conhecido, sim, mas como político. Ao contrário do que diz V. Exa., ele pertence a uma das mais antigas famílias políticas do Maranhão, ligada ao antigo senador Vitorino Freire. Pelo MDB foi deputado estadual em 1974 e candidato a deputado federal em 1978. Foi prefeito de São Luís três vezes, em 1988, 1996 e 2002. Administrou, portanto, a capital maranhense durante 12 anos. Foi por três vezes candidato a governador. E não entrou na política pela mão de Leonel Brizola há 30 anos, tempo relativamente recente, como V. Exa. tem coragem de afirmar. É conhecido no Maranhão como político dos mais anacrônicos, atrasados.

Como disse, era filiado ao MDB e por essa legenda concorreu a várias eleições. Somente depois de criado o PDT é que passou a integrá-lo. Seu pai foi deputado e prefeito, um irmão foi também prefeito e um segundo irmão exerce, atualmente, o terceiro mandato de deputado federal. Outros membros da família exerceram ou exercem funções no Legislativo e no Executivo. Há mais de 40 anos na política, o dr. Jackson Lago não é um simples cirurgião a quem se atribuiu o sacrifício de comprar uma eleição!

Pois então, ministro Rezek, suas outras afirmações são iguais a essas mencionadas acima, porque V. Exa. só teve tempo de ver os honorários, mas não leu o processo, confirmando a convicção nada edificante de seus clientes, de o considerarem mais como um advogado lobista do que como um jurista.

“Jackson Lago é uma tradição de integridade que nunca se quebrou”.

Para citar apenas um caso envolvendo “a tradição de integridade que jamais se quebrou”, ou seja, Jackson Lago, este, precisamente, está denunciado no STJ por recebimento de propina e formação de quadrilha na Operação Gautama. Não foi preso porque a Constituição do Maranhão não permite. Em suma, o processo que responde está suspenso, porque a Assembléia Legislativa do Estado sustou sua tramitação, depois de negociações acusadas de venalidade.

Faço juntar um documento do Ministério Público de 09/07/2004, arrolando dezenas de crimes administrativos cometidos na gestão municipal de São Luís, arroladas em procedimento assinado pelo procurador-geral do Estado, dr. Raimundo de Carvalho Lago, que conclui pedindo a quebra de sigilo bancário e fiscal do dr. Jackson Lago (parecer Técnico 032/20040).

Outro documento é a relação de delitos apontados pelo Ministério Público referentes aos períodos 1987-1988 e 1990-2000, ensejando 20 representações na Justiça por violação á moralidade pública.

Na Procuradoria-Geral da República tramita a representação de Wilson de Carvalho, na qual se insere a noticia do blog do sr. Walter Rodrigues, sobre o vigésimo aniversário da primeira prestação de contas do Sr. Jackson Lago não aprovada.

Esta é a tradição de integridade que nunca se quebrou. Durante seus mandatos o dr. Jackson Lago nunca teve suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas nos três mandatos de prefeito.

Outra revoltante inverdade é dizer que o sr. Jackson “é estranho a toda oligarquia e coronelismo”. A família Lago, repito, milita na política maranhense, exerce mandatos eletivos, ocupa cargos públicos há mais de 70 anos. Teve participação ativa no sistema político do caciquismo comandado durante décadas no estado pelo senador Vitorino Freire, sistema que desmontei com minha eleição ao governo em 1965.

Por outro lado, são chocantes, absurdas, não condizem com a postura de um antigo membro da Magistratura, as ofensas assacadas por V. Exa. contra o Ministério Público. É absolutamente inadmissível que um antigo membro da Corte da Haia, ministro do Supremo Tribunal Federal por duas vezes, possa desrespeitar a função do procurador, cuja missão precípua é a de defender a sociedade e, para tanto, oferecer pareceres no cumprimento de seu dever institucional de tutelar a moralidade pública e sustentar a prevalência da legalidade sobre os crimes.

Quem afirma que as eleições no Maranhão foram fraudadas não são apenas os recorrentes. Transcrevo as palavras de Dom Xavier, nacionalmente conhecido como bispo progressista, presidente da Pastoral Regional da Terra, em sua mensagem de fim de ano aos seus fiéis:

“Temos a impressão de que estas eleições foram as mais corruptas destes últimos anos e isso é motivo de grande decepção e preocupação, porque os políticos que praticam ilícitos graves durante a campanha eleitoral costumam ser administradores inconfiáveis e corruptos”.

Sobre a atitude do governador do estado e o julgamento do TSE, Dom Xavier observa: “Encarar esses fatos de uma forma meramente emocional ou cegamente partidária seria desconsiderar a necessidade de manter os princípios da ética e da legalidade republicano como pontos firmes de toda atividade política”.

Não me atrevo a discutir a teoria da responsabilidade que o senhor invocou do alto de sua sabedoria, afirmando:

“O aspecto mais impressionante, sob a ótica da ciência jurídica neste processo, é a inversão fantástica da teoria da responsabilidade.”

Mas, mesmo afastado da lides jurídicas há cinqüenta anos, ouso contestar, porque é estarrecedora a afirmação de V. Exa. de ter havido, sob a ótica da ciência jurídica, a inversão da teoria da responsabilidade no processo em causa. Ora, é a própria ciência jurídica que nos ensina a impossibilidade de tal inversão, uma vez que a responsabilidade decorre da prática de atos lesivos à ordem legal e por eles respondem aqueles que os praticaram e aqueles que deles se beneficiaram, conscientes de que a prática foi materialmente executada para produzir determinado e desejado benefício. Não há como inverter fatos sob a alegação de inverter teoria.

Não são apenas as frases que incriminam o ex-governador do Maranhão [José Reinaldo Tavares, PSB], mas os atos, o uso do dinheiro público em busca do resultado eleitoral favorável a Jackson Lago, que esteve presente em comícios onde foram assinados convênios com distribuição de recursos para a proclamada compra de adesões.

Alguns desses casos estão marcados pela mais cruel forma de imoralidade eleitoral, o desvio de verbas destinadas a obras públicas, para a compra acintosa de votos. A responsabilidade não se inverte; é de quem forneceu o dinheiro, permitiu o desvio, e daquele que recebeu depois os votos para ele direcionados pelo dinheiro, consciente, pois, do processo imoral que o beneficiou porque a imoralidade foi praticada para beneficiá-lo, sob o seu pleno conhecimento no processo eleitoral. Ninguém colhe os frutos desse tipo de crime sem saber a origem delituosa do resultado ou sem tê-la pessoalmente negociado, como atentam as provas.

Tem-se aqui o caso típico da responsabilidade pelo conhecimento informado, o que torna o beneficiário do resultado co-responsável no delito pela receptação das vantagens propiciadas pela conduta do autor, cuja vontade proclamada por ele próprio era precisamente esta: eleger Jackson Lago.

Ao admitir que estas práticas imorais e criminosas foram efetivamente consumadas na eleição de Jackson Lago, V. Exa. tenta atenuar a gravidade da confissão, dizendo tratar-se de costumeira prática política no Maranhão e em vários estados da Federação. Isso, data venia, não é argumento, é um insulto.

Por acaso V. Exa. espera que os tribunais superiores do nosso país aceitem como direito consuetudinário a prática reiterada de crimes e os torne impunes em razão dessa teoria da irresponsabilidade, sob a simplista alegação de que outros os praticaram antes?

“Não temos como elevar o patamar das exigências populares ao procedimento das lideranças políticas e dos legisladores em geral, se não podemos afirmar, como premissa, que também correspondemos ao padrão ético que desejamos impor.”

Reconhece essa frase? É sua, publicada na revista “Justiça e Cidadania”, de novembro de 2008. Mire-se nela e por certo, se ainda lhe resta um mínimo de pudor, poderá se arrepender da espantosa proposta que fez ao Tribunal Superior Eleitoral – a de deixar impunes tão graves crimes com base na deterioração dos costumes eleitorais e dos padrões éticos da vida pública.

Aos múltiplos ilícitos praticados pelo governador Jackson Lago junte-se ainda sua estratégia de desafio, de desrespeito à Justiça, atacando o Tribunal Superior Eleitoral e os juízes do Maranhão, pregando a impunidade e incitando o povo a depredar e incendiar os prédios da Justiça Eleitoral, como aconteceu em vários municípios do Maranhão, nos quais os baderneiros foram protegidos pela polícia estadual.

Senhor Ministro Francisco Rezek,

Estou saindo da minha costumeira reserva por causa da revolta que me causou sua injusta intervenção do TSE, injusta porque falsa. Não por ser V. Exa. advogado do senhor Jackson Lago e defendê-lo, mas pelo desrespeito de que fui alvo de sua parte. Não aceito suas insinuações, eu que sempre o tratei com respeito. V. Exa. me feriu naquilo que sempre constituiu um dos princípios essenciais de minha vida pública – o dever de defender o Maranhão.

São Luís, 3 de janeiro de 2009

José Sarney

RESPOSTA DE FRANCISCO REZEK A JOSÉ SARNEY

Recebi uma carta de José Sarney, inconformado por haver eu aceito a defesa do mandato popular do governador Jackson Lago contra o que me pareceu uma tentativa de golpe de estado pela via judiciária.

José Sarney, tanto quanto eu saiba, é um estadista e um membro da Academia Brasileira de Letras. As nove páginas que recebi não pareciam ter sido escritas por um estadista ou por um membro da Academia. Considerei por isso o papel como apócrifo, e não me manifestei sobre ele.

Agora, uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo expõe algo que supera de longe a insolência da carta: por um lado insinua que minhas relações com Bilac Pinto, notórias desde sempre, tinham algo a ver com um parentesco entre aquele notável homem de Estado e minha ex-mulher, Myreia de Castro Cardoso, o que é perfeita fantasia.

Por outro lado, o oligarca em questão é apontado como um "padrinho" a quem eu teria sido ingrato ao aceitar a causa do governador Jackson Lago. Neste ponto o delírio supera todos os limites. Para nosso geral reconforto, a história do Supremo Tribunal Federal registra com grande acuidade as premissas de cada nomeação ocorrida, pelo menos nos últimos 50 anos. Todos sabem a quem devo minha indicação precoce a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, e não há nesse contexto nada de semelhante a José Sarney.

Carta mostra o caráter do presidente do Senado

HELIO FERNANDES*

O Maranhão entra no noticiário nacional e recebe primeiras páginas, por causa da morte de Jackson Lago, maior oposicionista da família Sarney, e principalmente do senador, o chefe de tudo. Em 1965, José Sarney foi candidato a governador do Maranhão, tendo como ponto de apoio da campanha, o compromisso: “Pretendemos acabar com a ditadura de 40 anos de Vitorino Freire”.

Apoiado pela ditadura ou golpe de 64, ganhou derrotando Renato Archer, adversário que combatia o golpe, apesar de ser oficial de Marinha. Neste ano, vai completar 46 anos que a família Sarney está no poder no Maranhão, tendo conseguido, mas não conquistado, muito mais do que Vitorino em 40 anos.

O que me revoltou particularmente, jornalisticamente, politicamente, foi o fato de a filha de Sarney ter determinado luto oficial por três dias. É demais, não é possível, não há como deixar um fato como esse em silêncio.

Desde 1979, Jackson não deu trégua à família Sarney, toda irregular. O senador e os três filhos já foram acusados de tudo. Desde enriquecimento ilícito (fortuna colossal, inexplicável) ao máximo que se possa imaginar. Os inimigos de Sarney não têm direito a coisa alguma, são pulverizados de todas as maneiras (vejam os Capiberibe do Amapá, segundo “país” de Sarney).

Jackson foi prefeito de São Luís, capital, três vezes, sempre com oposição da família Sarney. Em 2006, Jackson Lago foi eleito governador do Maranhão, derrotando precisamente Roseana, a filha querida do ex-presidente, que foi vice da Tancredo, depois de servir totalmente ao golpe de 64, o que o tornou mais rico, mais poderoso, mais intocável.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) então tomou uma decisão vergonhosa, criticada duramente por mim, ainda na Tribuna da Impressa. Cassou o mandato de Jackson, ELEITO, e empossou como governadora a SEGUNDA colocada. Não aceitei de maneira alguma a solução (?) do TSE.

Apresentei como única solução digna para todos cassar o governador e a segunda colocada, e marcar nova eleição. Isso não foi feito. Roseana, que em março de 2002 tinha sido apanhada no escritório de sua empresa [Lunus] com uma soma enorme de dinheiro, quando acreditava que ia ser candidata a presidente. Tolice.

O advogado de Jackson Lago no processo de cassação foi o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) por duas vezes e ex-ministro do Exterior, Francisco Rezek.

Sarney, que se dizia então amigo do ex-ministro e ministro aposentado do STF, enviou a Rezek uma carta que até hoje raríssimas pessoas conhecem. E que mostra a todos o caráter do ainda presidente do Senado.

(*) Jornalista, fundador do jornal Tribuna da Imprensa

domingo, 10 de abril de 2011

IGOR LAGO FALA DA LUTA DO PAI CONTRA A DOENÇA, VEJA

As lembranças que sobraram de um pai morto, para o médico Igor Lago, filho do governador Jackson Lago, se misturam às memórias que ficaram de um líder que fez história na vida política do estado.  Foi no escritório que o pedetista passava boa parte do tempo enquanto estava em casa, - um apartamento discreto na Ponta D’areia -, que Igor Lago, em entrevista exclusiva a O Imparcial, falou sobre a luta do pai pela vida e os detalhes dos últimos momentos do pedetista, que mesmo sob o risco do câncer preferiu não abandonar a política e passou, discretamente, toda a campanha eleitoral de 2010 em quimioterapia para tratar da doença.

Tudo ainda estava do mesmo jeito de quando há pelo menos quatro meses, Jackson deixou São Luís para cuidar da saúde com mais dedicação, em São Paulo. Ele não poderia imaginar que não voltaria mais. Em tom saudosista, Igor relembra o último livro que o pai leu, o romance “Guerra do fim do mundo”, do escritor peruano Mario Vargas Llosa, o último programa de televisão que assistiu na companhia do pai, uma entrevista do jornalista Flávio Tavares, sobre Che Guevara, mas logo as boas lembranças se juntam àquelas que marcaram os últimos dias. Lago tomou morfina, acordou com insuficiência respiratória e morreu no leito do Hospital do Coração, sob os olhares da esposa, Clay Lago, dos três filhos e uma neta.

Deixou incompleta a leitura do livro de Moniz Bandeira, “Fórmula para o caos”, que narra a derrubada do governo de Salvador Allende via conspiração da inteligência americana com civis de direita e militares, junto a muitos outros livros nas prateleiras, cerca de quatro mini-bandeiras do Maranhão enfeitando a mesa e um envelope postal ainda não aberto. Talvez, se pudesse fazer da vida o que realizava na política, dono de uma capacidade de articulação e tática capaz de prever cenários, Jackson Lago teria dado tempo a despedidas.

O médico Igor Lago revela todos os passos do tratamento de Jackson Lago, a evolução da doença, as questões espinhosas que restaram na política após a morte do pai, sobretudo, quem o deve substituir. Hoje, com a missa de sétimo dia marcada para acontecer na capital e em Imperatriz, militantes e familiares de Jackson Lago fazem uma última homenagem.

A doença
“Papai descobriu que ele tinha câncer de próstata em 2004, vi noticiado dizendo que ele tinha descoberto em 1996, não foi. Nesse ano ele teve hiperplasia benigna na próstata, quando ela aumenta de tamanho e tira-se uma parte da próstata, mas ainda fica tecido lá. Ele fez nessa época uma cirurgia endoscópica, que não é invasiva.”, destaca Igor Lago demonstrando que é há pelo menos 14 anos que as questões relacionadas à saúde vinham preocupando o ex-governador.

Igor explica que logo após a descoberta da doença, Lago começou o tratamento fazendo sessões de radioterapia já no final de 2004. “Ele ficou bem, fazia controles periodicamente a cada seis meses. Mas em 2007, já governador descobriu que o problema tinha voltado de forma mais agressiva e foi então que fez a hormonioterapia”, lembra o médico. Já em 2010, Jackson Lago voltou a apresentar sinais de avanço da doença novamente e foi necessário começar além da hormonioterapia, o tratamento de quimioterapia oral. “Ele começou em fevereiro até outubro do ano passado. Ele, em plena campanha eleitoral, fazia o tratamento.”declarou Igor.

Mesmo doente, Jackson Lago fez política e não chegou a divulgar, em nenhum episódio da corrida pelo voto, que estava enfrentado uma etapa perigosa de sua doença.“É um tratamento que debilita a pessoa, mas ele conseguiu fazer a campanha, aos trancos e barrancos e infelizmente, pelas circunstâncias todas da campanha ele não teve o resultado que gostaria de ter.”, ponderou.

A apatia
Igor Lago é cardiologista e trabalha na área de hemodinâmica e apesar de, por circunstâncias da profissão, dividir a residência entre passar uma semana no Maranhão e três em Ribeirão Preto, o filho acompanhou todos os governos liderados por Jackson Lago e acredita que a saúde do pai foi bastante influenciada pelos acontecimentos políticos.

Igor conta que durante o tratamento de hormonioterapia, iniciado em 2007, Lago esteve abatido e apresentava um quadro depressivo. Para a família, a política, na vida do líder pedetista era escudo e lança. Ao passo que o fazia construir em si, um homem realizado por nela atuar, o deixava exposto para as quedas. “O resultado da campanha de 2010, a operação navalha, a cassação e as coisas que aconteceram na campanha tiveram uma influência sim no ânimo dele, na psicologia. A gente não tem como medir exatamente, mas que exerceram um tipo de influência não há dúvidas. A pessoa que tem câncer vive mais se estiver com alto astral, bom ânimo, estimulada, alegre, feliz.”avaliou Igor Lago.
A via crucis

Depois de enfrentar um embate eleitoral do qual Jackson Lago não esteve livre das metralhadoras verbais e dos tiros de canhão sobre sua imagem, Igor conta que o pedetista foi levado pela família a São Paulo para fazer revisão periódica de monitoramento da saúde. O médico avaliou que, naquelas circunstâncias, o remédio seria se distrair e optar pela injeção de ânimo “Em novembro, quando ele foi fazer revisão, o médico não achou necessidade de fazer quimioterapia e estimulou ele a viajar um pouco e ele então resolveu ir a Portugal, um lugar que ele gostava bastante pra ver se melhorava o ânimo, mas continuou com o mesmo estado de apatia, de tristeza”, lembra Igor.

O filho de Lago contou que após uma viagem, já no mês de dezembro do ano passado Jackson viveu a primeira das três internações antes da morte. “Ele teve quadro de inapetência, desidratação e precisou ficar internado. Nessa ocasião ele fez a primeira aplicação da quimio”, destacou.

Igor conta que Jackson Lago gostava de ler e pedia jornais nacionais e locais, por onde era possível acompanhar ao noticiário político. “Ele ficava acordado, mas o paciente com câncer dorme mais horas por dia”, Igor pontuou que já no final da doença, ele estava dormindo de dez a doze horas por dia. Para a família, os sinais de que Lago estava indo embora. “Ele passou a ler cada vez menos, a ver menos televisão, um dos últimos programas que ele viu foi  na Globo News, uma entrevista de Flávio Tavares, sobre Che Guevara”, conta, com saudades o filho.

A morte
Nos últimos dias, Jackson Lago apresentava insuficiência respiratória grave e dormia bastante, mas não ficava sedado, chegava a acordar lúcido e conversar. No dia da morte, a insuficiência respiratória estava preocupando ainda mais e Lago chegou a tomar morfina, mas com poucas horas ele apresentou uma parada cardíaca. Os filhos, a esposa e a neta Lara estavam no leito essa hora e viram tudo de perto. “Pelo quadro dele, de doença avançada, nesses casos os médicos não atuam na reanimação. A família acompanhou tudo isso, olhando. Eu, como médico já enfrentei muito isso, mas é uma sensação muito dolorosa que você se sente impotente.”declarou Igor Lago.

Kássia Brito do O Imparcial