terça-feira, 29 de maio de 2018

XADREZ DE COMO PEDRO PARENTE PREPARA-SE PARA O GOLPE DO SÉCULO, por Luis Nassif

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, virou o fio. E não propriamente pela política de preços com reajuste diário. Sua estratégia de esvaziamento da Petrobras se tornou muito óbvia, tornando-o vulnerável a qualquer investigação, assim que o país sair do torpor atual
A lógica:
Passo 1 – Petrobras é uma empresa sem problemas de crédito, cujas colocações de títulos no exigente mercado norte-americano tiveram uma demanda várias vezes superior. Mesmo assim, Parente optou por vender ativos para antecipar pagamento de dívidas, comprometendo a receita futura da empresa.
Passo 2 -  Praticou uma política de preços para derivados visando viabilizar a competição dos importados, gerando uma capacidade ociosa de 25% nas refinarias próprias. Ou seja, entregou mercado de graça (ou não) para a concorrência, ao mesmo tempo que está colocando refinarias à venda.
Passo 3 – Fechou um acordo bilionário, de US$ 3 bilhões, com acionistas norte-americanos, muito superior ao que o próprio mercado esperava.
Passo 4 -  agora, entra-se na fase final, que consiste em inviabilizar o mercado de títulos para a Petrobras e, com isso, forçar a venda das reservas do pré-sal.
Como fica nosso quebra-cabeças:
Peça 1 – a jogada da Eletrobras
Pedro Parente segue o mesmo modelo de atuação da 3G – de Jorge Paulo Lehmann – na Eletrobras. No artigo “A 3G e o negócio do século com a Eletrobras” detalhei essa estratégia.
Primeiro, fincou posição na empresa, tendo acesso ao conselho. Depois, divulgou estudos para justificar um valor contábil ridículo. Uma companhia com ativos avaliados em 400 a 600 bilhões de reais, com dividas de 39 bilhões e passivos ocultos de 64 bilhões, mas que podem ser liquidados por um terço disso, cujo controle poderia ser comprado por R$15 bilhões.
A 3G é um sócio minoritário da Eletrobrás. A empresa está sendo preparada para ser vendida aos chineses. No plano de privatização está embutido a descontratação da energia. Ou seja, a possibilidade de toda a energia produzida pela empresa ser jogada no mercado livre – com a previsível explosão das tarifas.
Sem investir um tostão, os grandes acionistas, como a 3G e o grupo Jabbur, ganharão literalmente bilhões de dólares com a mera valorização de sua participação.
Peça 2 – a jogada da Petrobras
Parente fez pior ainda. Sua estratégia é inviabilizar o mercado de crédito internacional para a Petrobras. E, com isso, tornar inevitável a venda de ativos e a posterior privatização da empresa por preço vil.
A SEC norte-americana exige, anualmente, o preenchimento do relatório 20-F, uma espécie de prestação de contas ao mercado, com perspectivas e riscos das empresas listadas em Bolsa.
Esses relatórios listam alguns fatores de risco. E, depois, tentam demonstrar como a estratégia adotada visará criar um ambiente positivo para a empresa. Todo relatório busca apresentar uma visão positiva da empresa e expectativas favoráveis à implementação da estratégia adotada.
Parente montou um relatório tão alarmista, que ficaram nítidas, como as impressões digitais no guardanapo de um sujeito que se lambuza de ketchup, suas intenções em relação à empresa.
A colocação desses papéis depende fundamentalmente da previsibilidade do investimento. O que Parente faz é apresentar uma série infindável de fatores imprevisíveis, visando fechar o mercado para a empresa.
1.Dramatiza problemas trabalhistas
Na página 16, o relatório diz que os planos da Petrobras incluem a venda de aproximadamente US$ 21 bilhões em ativos, para melhorar a liquidez. Essa venda obrigará a transferir os funcionários para outras áreas da empresa, “o que pode gerar custos adicionais, inquéritos judiciais relativos a ações trabalhistas, greves e pode prejudicar nossa reputação”.
2.Lança dúvidas sobre o Compliance
A Petrobras está pagando centenas de milhões de dólares a escritórios de advocacia norte-americanos, para montar seu programa de compliance.
Na página 18, mesmo após a Lava Jato, Parente diz que “para nós é difícil garantir que todos os nossos funcionários e contratados, aproximadamente 185.000, seguirão nossos princípios éticos”.  E aí, a dramatização inacreditável. “Qualquer um que não siga – de fato ou que aparentemente não siga – tais princípios ou que não cumpra as obrigações de governança ou regulatórias aplicáveis pode prejudicar nossa reputação, limitar nossa capacidade de obter financiamento ou afetar de maneira negativa os resultados de nossas operações e condição financeira”.
3.Coloca em dúvida seus próprios relatórios financeiros
Na página 19, o relatório lança dúvida sobre todos os relatórios financeiros dos últimos anos, inclusive o último, de 2017: “Qualquer falha em manter nosso controle interno sobre relatórios financeiros pode afetar negativamente nossa capacidade de reportar nossos resultados financeiros em períodos futuros com precisão e em tempo hábil”.
4.Lança incertezas sobre as ações do Departamento de Justiça
O relatório revela a informação reservada, de que a empresa já está sob a lupa do Departamento de Justiça norte-americano (DoJ), nos mesmos moldes da Embraer. Ou seja, todos as informações estratégicas da empresa ao alcance do DoJ.
Diz o relatório: “O DoJ [Departamento de Justiça dos EUA] está realizando uma investigação semelhante e, tanto a sindicância interna quanto as demais conduzidas pelo governo a respeito de tais questões, estão em curso. Apesar de nossa total cooperação com tais investigações, há o risco de que seu alcance seja expandido ou de que as autoridades decidam realizar uma denúncia formal na esfera civil ou criminal”.
E trata de jogar mais imprevisibilidade no caldeirão:
“Pode ser exigido de nós o pagamento de multas ou outras assistências financeiras, além do cumprimento de medidas liminares, determinações ligadas a condutas futuras ou, ainda, a imposição de outras multas, que podem surtir efeito material adverso. Também é possível que informações que prejudiciais à nossa imagem e aos interesses venham à tona durante as investigações de corrupção deflagradas pelas autoridades brasileiras”.
5.Lança incertezas sobre as multas pagas
Diz, à página 20:
“Se, no futuro, surgirem informações adicionais substanciais demonstrando que, em retrospectiva, nossos ativos pareçam ter sido consideravelmente subestimados ou superestimados em nossas demonstrações financeiras, é possível que sua reformulação seja exigida, o que pode ter um efeito material adverso nos resultados de nossas operações e condição financeira, além de afetar o valor de mercado de nossos valores mobiliários”.
6.Incertezas sobre as concessões públicas
“Caso alegações que envolvam um valor significativo e para os quais não tenhamos provisões sejam decididas em nosso desfavor, ou caso as perdas estimadas se revelem significativamente superiores às provisões disponíveis, o custo agregado de decisões desfavoráveis pode ter efeito adverso significativo sobre os resultados das nossas operações e condição financeira. Também podemos estar sujeitos a disputas judiciais e processos administrativos ligados a nossas concessões e demais autorizações governamentais, que podem resultar na revogação de tais concessões e autorizações governamentais. (…)”
7.Incertezas sobre os passivos fiscais
“No futuro, pode ser que tenhamos de lidar com situações semelhantes nas quais nossa interpretação das leis fiscais possa ser diferente da interpretação das autoridades fiscais ou, ainda, em que as autoridades fiscais contestem nossa interpretação e possamos ter de assumir provisões e custos não previstos”.
8.Incertezas sobre desinvestimento e o fluxo futuro
Explicita a estratégia óbvia de reduzir o fluxo de resultados com a venda de ativos:
“A impossibilidade de implantar com sucesso nosso programa de desinvestimento pode ter um impacto negativo em nossa empresa, nos resultados de nossas operações e condição financeira, inclusive nos deixar com liquidez limitada em curto e médio prazo. Além disso, a venda de ativos estratégicos sob nosso programa de desinvestimento resultará na diminuição de nossos fluxos de caixa advindos de operações, o que pode ter impacto negativo em nossa perspectiva de crescimento operacional de longo e médio prazo”.
9.Incertezas sobre as eleições
“As eleições no Brasil ocorrem a cada quatro anos, e as mudanças nos representantes eleitos podem levar a uma mudança dos membros de nosso conselho de administração nomeados pelo acionista controlador, o que pode impactar ainda mais a gestão de nossa estratégia e diretrizes de negócios.
Além disso, o governo federal brasileiro pode tentar alcançar alguns de seus objetivos macroeconômicos e sociais através de nós”.
10. Incertezas sobre corrupção política
“Nossa condição financeira e resultado das operações podem ser prejudicados pelos seguintes fatores e pela reação do governo federal brasileiro a tais fatores: (...) -alegações de corrupção contra partidos políticos, agentes eleitos ou outros agentes públicos, incluindo alegações feitas relativas à investigação da Lava Jato;
11.Incertezas sobre a economia
“Historicamente o cenário politico tem influenciado o desempenho da economia brasileira e crises políticas tem afetado a confiança de investidores e do público em geral, o que resultou num declínio econômico e aumentou a volatilidade dos títulos emitidos no exterior por empresas brasileiras. (...) qualquer desdobramento na investigação da Lava Jato (previsível e imprevisível) poderia prejudicar relevantemente a economia brasileira assim como nossos resultados operacionais e condição financeira”.
12.Incertezas sobre novas denúncias
Assim que assumiu a Petrobras, Parente contratou a Pinheiro Neto para um pente fino nos e-mails da empresa – remontando ao começo da década de 2.000. Já foram identificados e-mails de políticos com solicitações para a empresa. Agora, o escritório tenta estabelecer relações de causalidade entre os e-mails e obras. Tudo indica que haverá uma leva de novas denúncias, levantadas agora pela própria gestão Parente, visando tornar a Petrobras mais vulnerável ainda.
No relatório à SEC, há indícios:
“Atualmente, funcionários eleitos e outros funcionários públicos no Brasil estão sendo investigados por alegações de condutas antiéticas e ilegais identificadas durante a investigação Lava Jato realizada pela Procuradoria Federal do Brasil. O resultado potencial dessas investigações é desconhecido (...) Tais alegações podem levar a mais instabilidade, ou novas alegações contra funcionários do governo brasileiro e outros podem surgir no futuro, o que poderia ser relevantemente prejudicial para nós. Não podemos prever o resultado de tais alegações nem seu impacto na economia brasileira”.
Peça 3 – o desfecho do fechamento do mercado
Velho parceiro do PSDB na área de energia, no governo Fernando Henrique Cardoso,  o deputado baiano José Carlos Aleluia (DEM) apresentou projeto de lei autorizando a Petrobras a vender até 70% das áreas não concedidas da camada pré-sal.
“Entre os ativos passíveis de serem desinvestidos, os campos de petróleo são uma opção especialmente interessante, porque, além de angariarem recursos para abater a dívida, agregam parceiros para dividir os investimentos necessários para colocar esses campos em produção. No caso dos campos contratados no regime de cessão onerosa, a sua transferência viria para o bem da Petrobras e do Brasil, pois permitiria a antecipação da extração do petróleo que jaz enterrado nas profundezas do pré-sal”, justificou.
Peça 4 – o desafio das instituições
STF (Supremo Tribunal Federal), Procuradoria Geral da República (PGR), TCU (Tribunal de Contas da União), AGU (Advocacia Geral da União) foram personagens centrais do impeachment, em nome de uma suposta moralidade.
Agora, estão em andamento jogadas capazes de transformar a corrupção apurada pela Lava Jato em troco. Não se trata se contrapor estatismo e liberalismo. O que se tem são negociatas em andamento, com reflexos perpétuos sobre o país, na forma de aumento dos cistos de energia, vulnerabilidades na oferta de combustíveis.
Vai ser o grande teste para se saber se essas autoridades foram apenas conduzidas pelos ventos das manifestações populares, ou compactuam com esse jogo.
GGN

segunda-feira, 28 de maio de 2018

CUT/VOX – COM 39% DAS INTENÇÕES DE VOTO, LULA VENCE NO PRIMEIRO TURNO, por Marize Muniz

Mesmo preso há 52 dias e atacado ferozmente pela mídia golpista, o ex-presidente Lula mantém a vantagem sobre os demais candidatos a presidente da República e seria eleito no primeiro turno se as eleições fossem hoje. E se houvesse segundo turno, Lula também derrotaria qualquer adversário por ampla margem de votos.
No cenário estimulado, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados, Lula alcançou 39% das intenções de voto contra 30% das soma dos adversários, mostra pesquisa CUT/Vox Populi, realizada entre os dias 19 a 23 de maio e divulgada nesta segunda-feira (28).
O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, chama a atenção para o pífio desempenho dos candidatos ligados ao ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) que, juntos com o presidente, deram o golpe de estado e levaram o Brasil para o caos atual.
“Apesar do proselitismo de parte da imprensa brasileira, eles patinam em índices muito baixos. Entre eles, o que mais chama a atenção é o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que está aquém do que alcançaram outros candidatos tucanos no passado”.
“Parece que a opinião pública não perdoa o comportamento do partido de 2014 para cá”, diz Coimbra.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, os brasileiros não esquecem que Lula aqueceu a economia, gerou mais de 20 milhões de empregos e distribuiu renda, apesar da crise de 2008 que derrubou bolsas em todo o mundo e levou a economia da Europa e dos Estados Unidos à bancarrota.
“O que temos agora são quase 14 milhões de desempregados, fora os subempregados, aumentos absurdos da gasolina, diesel e gás de cozinha e um governo acuado, desacreditado e sem capital político sequer para negociar o fim de uma mobilização de caminhoneiros”, pontua Vagner.
Na pesquisa estimulada, o segundo colocado, com praticamente um terço das intenções de voto de Lula, está o deputado Jair Bolsonaro (PSL), com 12%; seguido de Marina Silva (Rede), com 6%; Ciro Gomes (PDT), com 4%; Geraldo Alckmin (PSDB), com 3% e Álvaro Dias (Podemos), com 2%.
Henrique Meirelles (MDB-GO), Manuela D’Ávila (PC do B) e João Amoedo (Novo-RJ) têm cada um 1% das intenções de votos. Já Flávio Rocha (PRB-RN), Guilherme Boulos (Psol-SP), João Vicente Goulart (PPL), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Paulo Rabelo de Castro (PSC) não pontuaram. O percentual dos que não vão votar em ninguém, brancos e nulos totalizou 21% e não sabem ou não responderam, 9%.
No Nordeste, Lula tem 56% das intenções de votos, contra 7% de Bolsonaro e Ciro, que empatam na Região; Marina tem 6% e Alckmin apenas 1%. Os demais não pontuaram. No Sul, 31% dos entrevistados votariam em Lula, 18% em Bolsonaro e 10% em Álvaro Dias; Marina e Ciro empatam, com 4% cada e Alckmin aumenta para 2%, empatando com João Amoedo. Meirelles, Manuela e outros têm 1%.
Pesquisa espontânea
No cenário espontâneo, Lula também está bem na frente dos demais candidatos. O ex-presidente tem 34% das intenções de votos, Bolsonaro surge em segundo lugar, com 10%; Ciro e Alckmin voltam a empatar, com 3% cada; Marina e Joaquim Barbosa, que desistiu da candidatura, surgem com 2% cada; e Álvaro Dias, com 1%. E 5% dos entrevistados disseram que vão votar em outros, 25% ninguém, brancos e nulos, e 16% não sabem ou não responderam.
Segundo turno
Nas simulações de segundo turno, Lula venceria todos os adversários com larga vantagem. Venceria Marina com 45% contra 14% da candidata da Rede; Já contra Alckmin e Bolsonaro, Lula alcançaria 47% dos votos contra 11% e 16%, respectivamente.
A pesquisa CUT/Vox Populi foi realizada com brasileiros de mais de 16 anos, residentes em áreas urbanas e rurais, de todos os estados e do Distrito Federal, em capitais, regiões metropolitanas e no interior, de todos os estratos socioeconômicos.
Foram ouvidas 2.000, em entrevistas feitas em 121 municípios. Estratificação por cotas de sexo, idade, escolaridade e renda.
A margem de erro é de 2,2 %, estimada em um intervalo de confiança de 95%.
Do GGN

A RENDIÇÃO DE TEMER E A NÃO-SOLUÇÃO PARA A GREVE DOS CAMINHONEIROS, por Luis Nassif

O tic de fechar a boca, como quem está engolindo a saliva que escorre do beiço; as mãos magras, desossadas, melífluas, espelhos da alma; a dissimulação de disfarçar a leitura do teleprompter com observações vazias, e, principalmente, o tom impositivo, ridículo para cenas de rendição, como que estivesse batendo em retirada de costas, para não levar projéteis no traseiro. Todo esse conjunto ajuda a compor a mais execrável personalidade política da história da República.
Depois de ameaçar os caminhoneiros com processo e prisão, depois de anunciar o fim dos bloqueios várias vezes, Michel Temer encerra o dia pedindo pelo amor de Deus para os caminhoneiros voltarem ao trabalho. E paga a conta com recursos fiscais, sangrando ainda mais um quadro fiscal desastroso. Aliás, em todos esses movimentos, não foi notada a presença do Ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
A subordinação da política energética à lógica de mercado atropela o próprio documento legal que dispõe sobre o tema, a Lei 9478/97, como informa a economista Ceci Juruna. Aliás, a posição de parte majoritária da velha mídia, não aceitando qualquer decisão que possa impor algum custo aos acionistas da Petrobras, ainda que à custa do bolso do contribuinte e do consumidor, é significativa desses tempos de profunda ignorância jurídica, de desconhecimento sobre o chamado interesse nacional e de adesão cega ao mercadismo mais irresponsável.
É um tratamento escandaloso, a começar do mega-acordo da Petrobras, nas ações propostas por minoritários norte-americanos.
Diz a lei:
CAPÍTULO I
Dos Princípios e Objetivos da Política Energética Nacional
Art. 1º As políticas nacionais para o aproveitamento racional das fontes de energia visarão aos seguintes objetivos: 
- preservar o interesse nacional;
II - promover o desenvolvimento, ampliar o mercado de trabalho e valorizar os recursos energéticos; 
III - proteger os interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos; (...)
Sendo privada ou pública, como empresa quase monopolista, a Petrobras tem responsabilidades impostas por qualquer princípio de direito econômico. Às vantagens do monopólio deve corresponder a responsabilidade pela política de preços. Em nenhuma sociedade minimamente civilizada, admite-se o poder absoluto de um monopólio em fixar preços. Ainda mais em um preço chave da economia, como o dos combustíveis.
O encontro de contas
Aliás, se houvesse governo, seria o momento de experimentar o encontro de contas, especialmente com estados e municípios. Há um enorme passivo acumulado pela Lei Kandir – que obriga a União a ressarcir os estados de isenções tributárias para produtos exportados. E, na outra ponta, dívidas consolidadas de 1995, que impõem custo alto aos estados devedores. Aliás, dívidas profundamente infladas pelas taxas de juros praticadas pelo Banco Central no período.
Muitos dos estados credores – na ponta da Lei Kandir – estão se inviabilizando na questão previdenciária ou na quitação das dívidas com a União. O encontro de contas ajudaria a normalizar o quadro fiscal, dando um fôlego aos estados e quitando passivos históricos da União.
Do GGN

domingo, 27 de maio de 2018

PT LANÇA A PRÉ-CANDIDATURA DE LULA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA EM TODO O PAÍS

O PT oficializou neste domingo (27) a escolha do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o pré-candidato da legenda para a Presidência da República. Foram realizados atos em dezenas de cidades do país.
Na quinta-feira (24), Lula recebeu a visita dos deputados federais José Guimarães e Paulo Pimenta. Aos parlamentares, Lula demonstrou estar animado e confiante e disse ter convicção que voltará a ser presidente.
Lula vem liderando todas as pesquisas.
A última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha em abril, mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo cumprindo mandado de prisão, segue liderando as intenções de voto. Nos cenários em que o petista aparece como candidato, seus índices são em torno do dobro do segundo colocado.
O levantamento do Instituto MDA feito no início de maio para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostrou Lula com 32,4% da preferência do eleitor brasileiro. Segundo a mesma pesquisa, Lula teria de 63,82% a 85,51% dos votos válidos – excluídos brancos, nulos e indecisos – em todos os cenários de segundo turno nos quais aparece.
Do nocaute

ENTENDA OS PREÇOS ABUSIVOS DOS COMBUSTÍVEIS SOB TEMER, segundo os petroleiros

A disparada dos preços da gasolina, do gás de cozinha e do diesel não pode ser tratada como uma questão apenas de tributação. É, acima de tudo, um problema de gestão da Petrobrás, que vem sendo administrada para atender exclusivamente aos interesses do mercado.
Com o aval do governo Temer, o presidente da empresa, Pedro Parente, adotou em outubro de 2016 uma política de preços internacionais para os derivados produzidos pela estatal, sem estabelecer qualquer mecanismo de proteção para o consumidor. A FUP denunciou na época que quem pagaria a conta seria o povo brasileiro e que o País estaria refém das crises internacionais de petróleo.
Mesmo sabendo das consequências, Temer e Parente optaram por satisfazer o mercado e, em julho do ano passado, os reajustes nas refinarias passaram a ser diários. Desde então, a Petrobrás alterou 230 vezes os preços nas refinarias. Isso resultou em aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel, enquanto os preços do GLP tiveram 60% de reajuste.
Não adianta, portanto, reduzir os impostos, que o governo já havia aumentado em 100% no ano passado, se não houver uma mudança estrutural na gestão da Petrobrás. Os combustíveis continuarão subindo de forma descontrolada, enquanto o principal foco do problema não for atacado.
O alinhamento internacional dos preços de derivados faz parte do desmonte da Petrobrás. O objetivo é privatizar as refinarias, os dutos e terminais, assim como já ocorreu com os campos do Pré-Sal, gasodutos, subsidiárias, entre dezenas de outros ativos estratégicos da estatal. Para facilitar a entrega, Pedro Parente, subutilizou o parque de refino e passou a estimular a importação de derivados por empresas privadas.
Em 2013, a Petrobrás tinha capacidade de atender 90% da demanda interna de combustíveis. Em 2017, esse percentual caiu para 76%. Algumas refinarias já operam com menos da metade da capacidade de produção, como é o caso da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, uma das quatro unidades que Parente colocou à venda.
Beneficiadas por essa política, as importadoras de combustíveis fazem a festa. Os derivados importados já representam 24% do mercado nacional. Ou seja, a cada 10 litros de gasolina vendidos no Brasil, 2,5 litros são importados. Enquanto isso, a Petrobrás está sendo reduzida a uma mera exportadora de petróleo, quando poderia abastecer integralmente o País com diesel, gasolina e gás de cozinha a preços bem abaixo do mercado internacional.
Pedro Parente, que no inicio dos anos 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso, ficou conhecido como o ministro do apagão, de novo criou uma armadilha para o povo. Com a enxurrada de importação de combustíveis, ficará mais difícil controlar os preços, pois, sem a paridade internacional, as importadoras saem de cena, deixando o prejuízo para a Petrobrás. Se a estatal não voltar a ocupar lugar de destaque no refino e na distribuição de derivados, ficará cada vez mais refém dos preços internacionais.
Estamos, portanto, diante de mais um apagão imposto por Pedro Parente. Um desmonte que a mídia esconde, fazendo a população pensar que a disparada dos preços dos combustíveis é apenas uma questão de tributação.
Por isso os petroleiros farão a maior greve da história da Petrobrás. Uma greve que não é por salários, nem benefícios. Uma greve pela redução dos preços do gás de cozinha, da gasolina e do diesel. Uma greve pela retomada da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras e pelo fim das importações de derivados de petróleo. Uma greve contra o desmonte da empresa que é estratégica para a nação.
Porque defender a Petrobrás é defender os interesses do povo brasileiro.

sábado, 26 de maio de 2018

A PETROBRAS É A RAIZ DO GOLPE E PEDRO PARENTE É PORTA VOZ DO MERCADO, por André Araújo

Não há nenhuma grande petrolífera estatal à venda no mundo e elas são 13 das 20 maiores empresas globais de petróleo. Especialmente não há nenhuma estatal petroleira à venda com grandes reservas de petróleo. É muito menos há estatais à venda com reservas de petróleo no Hemisfério Ocidental.
Nesse sentido a PETROBRAS  é única. Não só tem as reservas como tem os meios de extrai-la já prontos,  ganha-se três anos que levaria para explorar um campo virgem. Nesse quadro a PETROBRAS é o objetivo estratégico numero 1 na área de petróleo, especialmente com a elevação do nível de conflitos no Oriente Médio. Nada melhor que um governo frágil para permitir a execução desse projeto de privatização que já começou com a venda de ativos estratégicos da empresa, como oleodutos e a BR Distribuidora, já se anuncia a venda de refinarias, uma empresa em liquidação, a venda final será do pré-sal.
A assunção do grupo Temer ao poder só foi possível com o aval do “mercado”. O preço foi a entrega da totalidade da área econômica a delegados do mercado, Meirelles e Goldfajn na linha de frente, Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia, Maria Silvia no BNDES, Wilson Ferreira na ELETROBRAS.
Mas a base ideológica do golpe foi o compromisso das privatizações dos dois maiores ativos do Estado brasileiro, a ELETROBRAS, prometida à venda por 12 bilhões de Reais para ativos físicos que valem 400 bilhões de Reais e a PETROBRAS , que vale só pelas suas reservas 350 bilhões de dólares, sem considerar o valor do mercado brasileiro do qual ela é a única fornecedora (até Parente abrir a importação para concorrentes), mais as refinarias, oleodutos, navios, enormes bases de distribuição, tancagem, apesar de boa parte desses bons ativos terem sido vendidos com sofreguidão pela desastrosa gestão Parente.
Uma das bases dessa gestão foi a lenda da PETROBRAS QUEBRADA, que já mostramos aqui em  dois artigos, PURA LENDA, a PETROBRAS lançou seis emissões de bônus no periodo de dois anos antes da gestão Parente, o mercado internacional fez ofertas para compra de três a cinco vezes mais que a oferta, houve inclusive uma emissão de CEM ANOS de prazo, também com demanda muito maior que a oferta, o que jamais ocorreria com uma empresa que mesmo remotamente estivesse com problemas financeiros. Essas emissões tiveram como líderes mega bancos internacionais como J.P. MORGAN, DEUTSCHE BANK e MORGAN STANLEY, que jamais patrocinariam emissão de bônus em dólar de uma companhia quebrada.
Esses dois ativos, ELETROBRAS E PETROBRAS valem dez golpes., especialmente com preços de fim de feira, especialidade de gestão tipo Pedro Parente.
A PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS
Vejo nesse movimento uma amplitude muito maior do que o preço do diesel. Atraves da Historia os grandes movimentos populares tem como gatilho uma questão menor mas além do fato detonador há um pano de fundo muito maior. Neste caso há de forma subjacente a neutralização da candidatura Lula, a paralisia da economia para atender o interesse dos bancos e rentistas,  as carências antigas de moradia, saneamento, educação e saúde que este governo nem sequer tocou porque seu programa é apenas atender ao mercado que lhe deu respaldo para assumir o poder e no caminho obter algumas vantagens, o resto não interessa.
Nesse pano de fundo também está o mau cheiro do projeto de privatização da PETROBRAS.
Muitas vezes os próprios personagens do movimento não tem consciência de suas preocupações mais amplas, mas elas existem, caminhoneiros são trabalhadores precarizados,
sofridos, arriscam a vida literalmente todos os dias em acidentes e assaltos, depois de paga a prestação do caminhão resta pouco para levar para casa, é uma classe fundamental para o funcionamento do Pais, mal reconhecida, sem nenhuma assistência do Estado e agora desprezada de forma cruel e insensível  pela desastrosa gestão da PETROBRAS.
A demissão de Pedro Parente seria uma obvia mensagem de paz do Governo aos caminhoneiros, não creio que o movimento cesse sem esse gesto, Parente tornou-se o símbolo de tudo que os caminhoneiros consideram  como agressão a sua sobrevivência e sua permanência no cargo, sendo ele o pai da politica de dolarização do preço do diesel, traz enormes e razoáveis desconfianças aos caminhoneiros. Parente mostrou-se um executivo ideológico, insensivel, teimoso na sua ideologia que serve somente e exclusivamente ao mercado, ele não está interessado na sobrevivência dos caminhoneiros e estes PERCEBEM isso.
Executivos ideológicos ao fim do dia são pobres intelectualmente, são tipos menores, inadaptáveis às circunstancias, Parente tem esse e outros vários defeitos de origem, dois dos mais salientes e ser tucano de carteirinha, foi Chefe da Casa Civil de FHC e ser do grupo dos “neoliberais cariocas”, um grupo único cujo DNA remoto vem de Eugenio Gudin, fundador  dos cursos de economia no Brasil e Ministro da Fazenda do desastroso governo Dutra, que achava que o Brasil não deveria ter indústria, já estava muito bom exportar café e algodão.
Os caminhoneiros estão desmontando o grande alvo do “projeto PETROBRAS”, que era a privatização para o qual Pedro Parente está preparando o terreno, dolarizando os preços dos combustíveis, uma insanidade porque o Brasil produz 2,3 milhões de barris/dia para um consumo de 2,6 milhões de barris dia, então o Brasil é auto-sufiente em matéria prima petróleo para 88,5% do consumo, só precisa importar 11,5%,  do ponto de vista comercial não há nenhuma logica em dolarizar os preços e referencia-los no mercado spot de Rotterdam ma  a dolarização tem toda logica se for para atender aos acionistas americanos da PETROBRAS, a dolarização dos preços é uma LOGICA PARA OS ACIONISTAS ESTRANGEIROS, a quem Pedro Parente serve com exclusividade e entusiasmo, ele está no cargo para isso.
O PAPEL DE PEDRO PARENTE
Esse executivo de almanaque, que anda com crachá até para ir ao banheiro, tem cara, perfil e histórico de “organization man”, aquele tipo de executivo que subiu na vida seguindo as regras fanaticamente. Não espere desses tipos nenhuma criatividade, capacidade de enxergar longe, visão eclética, sensibilidade das circunstancias. É o tipo do executivo que não serve para a PETROBRAS se a ideia for de uma companhia  estratégica para o Brasil e seu povo.
Mas Parente não está no cargo para servir ao Pais, sua missão é atender ao “mercado”, ai representado pelos acionistas estrangeiros da PETROBRAS, é a estes que Parente atende.
Para que a companhia possa dar o melhor tratamento a esses acionistas especialmente os fundos americanos tipo Black Rock, hoje os maiores acionistas da PETROBRAS depois da União, Parente DOLARIZOU a Petrobras, porisso o preço do diesel é referenciado pelo dólar, é para atender os fundos americanos acionistas, não é para agradar caminhoneiro.
O GOVERNO TEMER
A delegação de plenos poderes a Pedro Parente tem como substrato ser ele o DELEGADO DO MERCADO FINANCEIRO na Petrobras, ele não trabalha para o Estado brasileiro, que ele odeia, ele trabalha para o mercado financeiro americano  de onde ele veio e para onde ele provavelmente vai voltar. O conglomerado BUNGE para o qual ele trabalhava antes de ir para a Petrobras tem sede em White Plains, New Jersey, perto de Nova York. O sinistro grupo BUNGE esteve por trás do golpe de 1976 que implantou o governo militar em Buenos Aires, levando ao sequestro dos irmãos Jorge e Juan Born pelos Montoneros.
O grupo BUNGE, cuja base era a Argentina mas com raízes no Seculo XIX em Antuérpia na Belgica, então conhecido como grupo Bunge & Born, por causa de sua péssima imagem que restou na Argentina mudou sua sede primeiro para São Paulo nos anos 80 (onde construiu o Centro Empresarial na Marginal Pinheiros, um imenso conjunto de edifícios). Bunge & Born, uma das quatro irmãs do trigo, um grupo tenebroso  há mais de 100 anos, é a alma mater  atual de Pedro Parente.
A submissão do Governo Temer a Pedro Parente na Petrobras  não tem nada de pessoal, é fruto de um grande acordo que avalizou a derrubada do Governo Dilma, porisso Parente parece firme na PETROBRAS (até quando ?), sustentado pelo Grupo GLOBO, as globetes a frente, Miriam Leitão é hoje a Leoa de Chácara de Parente e até a então elogiada Natuza Nery pulou para esse lado do muro, defendendo a PETROBRAx  NEW YORK, inimiga da PETROLEO BRASILEIRO S.A. criada por Getulio para dar independência de petróleo ao Brasil.
È bom não esquecer o laço que liga  Pedro Parente ao Governo FHC, o mesmo governo que colocou a frente da PETROBRAS tipos vindos do mercado financeiro como Francisco Gros, do MORGAN STANLEY, que não tinha nada a ver com petróleo mas tudo a ver com a Bolsa de Nova York, um estrangeiro nato que falava português com sotaque, o francês Henri Phelippe Reichstul e para fechar a caravana o publicitário Alexandre Machado que criou o nome PETROBRAX como preparação para a privatização, desde sempre o projeto neoliberal carioca para a PETROBRAS, era o sonho do “Grupo do Real”, Arida,  Bacha, Franco, sempre quiseram vender a PETROBRAS, ELETROBRAS, BANCO DO BRASIL, até hoje dão entrevistas para isso.
Não houve condições políticas e tempo para o grupo tucano carioca vender o controle da PETROBRAS mas eles prepararam o terreno, abrindo o capital para estrangeiros e listando a companhia na Bolsa de Nova York, era um importante etapa para em seguida vender o controle porque já haveria uma referencia de preço dada pela cotação na Bolsa de Nova York, a PETROBRAS não ganhou nada com essa listagem, só teve prejuízos.
Com a queda do Governo Dilma o “mercado”, via neoliberais cariocas que como abelhas infestam o governo Temer, viu uma oportunidade única para privatizar a ELETROBRAS e a PETROBRAS, não contavam com acidentes de percurso que podem acontecer.
O grande suporte do “projeto PETROBRAS”, como em todos os projetos anti-brasileiros é o Grupo GLOBO, que desesperadamente tenta segurar Pedro Parente exibindo-o como o melhor executivo do planeta, um medíocre que não teve a sensibilidade de PERCEBER E ANTECIPAR esse movimento dos caminhoneiros QUE É DE SUA LAVRA.
Do GGN

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A PETROBRAS, A GREVE DOS CAMINHONEIROS E O CASO PEDRO PARENTE, por Luis Nassif

A crise do combustível é a comprovação prática dos males do pensamento monotemático na economia, temperado com uma dose excessiva (por isso suspeita) de ideologismo, do qual o presidente da Petrobras Pedro Parente tornou-se o caso mais simbólico.
A visão desse pessoal é que, se cada ponto se concentrar na sua própria busca de eficiência, o resultado final será uma economia mais eficiente. A de Parente é mais tosca. Ele lembra CEOs dos anos 90, capazes de comprometer o futuro da empresa apenas para salvar os resultados trimestrais.
Especialistas em petróleo sabem que a lógica econômica de uma petroleira reside na interação das diversas atividades que compõem a cadeia produtiva: prospecção, refino, distribuição e transporte.
Com uma commodity exposta à volatilidade das cotações, a problemas políticos internacionais e aos problemas internos - administrando um preço-chave da economia – a lógica econômica é reduzir a vulnerabilidade através da integração dos diversos setores.
Nem esse princípio foi seguido por Parente, que passou a desmontar a empresa, vendendo-a em pedaços.
Pior.
Com o petróleo em alta, teoricamente aumentam seus lucros, pelos ganhos com a produção interna e pelo refino. E vice-versa. A queda dos preços do petróleo reduz o valor dos seus ativos. Tanto assim que o grande prejuízo da Petrobras, em 2015, foi decorrente da reavaliação do balanço, em função da redução dos preços dos derivados – que obrigou a reduzir contabilmente o valor dos ativos da empresa – e não da corrupção, conforme foi ventilado na época.
Surpreendentemente, Parente definiu a seguinte estratégia, conforme revelado por estudos da Associação dos Engenheiros da Petrobras:
A partir de outubro de 2016, passou a praticar preços mais altos para os combustíveis, viabilizando a importação de derivado.
Com essa política, a Petrobras perdeu mercado e a capacidade ociosa das refinarias saltou para 25%.
Com menos refino, explodiram as exportações de óleo cru e as importações de derivados.
O maior beneficiado foram os Estados Unidos: enquanto as importações de diesel se multiplicaram por 1,8 desde 2015, a importação de diesel dos EUA dos EUA aumentou 3,6 vezes. Passou de 41% em 2015 para 80% do total de importados pelo Brasil, ao mesmo tempo em que a Petrobras abria mão da refinaria de Pasadena.
Os grandes ganhadores foram os “traders” internacionais, dentre as quais o maior é a Trafigura, a gigante que montou o maior esquema de corrupção da história de Angola, estava envolvido até o pescoço com os escândalos da Petrobras e foi surpreendentemente liberada pelos procuradores da Lava Jato e pelo juiz Sérgio Moro.
A política de preços de Parente acabou provocando uma crise política de proporções, com o blackout dos caminhoneiros. A saída encontrada pelo governo Temer foi garantir o lucro dos investidores com recursos orçamentários.
Primeiro, pensou-se em eliminar os tributos sobre a gasolina; depois, a de ressarcir a Petrobras pela redução de ganhos que viesse a ter com a diminuição dos preços dos combustíveis. Ou seja, o país imerso em uma crise fiscal gigantesca, criando uma enorme conta fiscal para impedir a redução dos dividendos dos acionistas da Petrobras.
Não há outra explicação, que não a suspeita de corrupção da grossa.
Do GGN

quinta-feira, 24 de maio de 2018

XADREZ DA ESTRATÉGIA DA CANDIDATURA DE LULA, por Luis Nassif

O Xadrez abaixo foi montado pelo analista político Alberto Carlos Almeida a partir de deduções – não necessariamente com informações que colheu junto ao PT ou com decisões que o PT já tomou.
Apostas principais:
Fato 1 – Lula crescerá mais ainda com a prisão. E mais ainda com os preços da gasolina. Será enorme a transferência de voto para quem ele indicar.
Fato 2 – É correta a tática do PT de manter a candidatura Lula até o último momento. Primeiro, para evitar a desmobilização da militância. Depois, para impedir que qualquer candidatura própria entre na alça de mira do inimigo.
Fato 3 – Justamente para preservar o candidato, vai-se manter o suspense até o último minuto, daquela que será a eleição mais curta da história.
Fato 4 – o candidato menos exposto do PT seria Patrus Ananias, político sem mácula. Mas Almeida vê grande potencial em Jacques Wagner, com sua fala mansa e enorme prestígio no nordeste.
Fato 5 – Assim que o candidato do PT for anunciado, haverá uma investida da Lava Jato e da mídia, incluindo novas sessões de prisões de impacto, como ocorreu nas últimas eleições. Mas, à esta altura, o PT terá o horário gratuito para se defender.
Fato 6 – Daqui até as eleições, haverá a desidratação de Ciro Gomes, de Marina Silva e de Bolsonaro por falta de palanque, como ocorreu com todas as candidaturas isoladas nas eleições passadas. 
Fato 7 - A candidatura de Lula impedirá a adesão dos governadores nordestinos a Ciro. E quase todos eles já estão com a eleição garantida. Confirmada a estratégia de Lula, abre-se espaço para a presidente do PT Gleisi Hofmann consolidar a aliança com demais partidos de esquerda.
Fato 8 – Assim como em todas as eleições a partir de 1994, restarão o PT de um lado e Geraldo Alckmin de outro. São os dois únicos que têm palanques e alianças em todos os estados. Mas há que se tomar cuidado com o apoio de Michel Temer, o anti-Midas.
Fato 9 – Lula não é apenas, disparado, o maior estrategista da política. Consegue se antecipar a todos os adversários e prova maior é o comício que antecedeu a prisão. Além de ser o melhor estrategista, ele tem a segurança de saber que é o melhor.
GGN

quarta-feira, 23 de maio de 2018

NELSON WILLIANS - JOÃO DORIA - SÉRGIO MORO, UMA LIGAÇÃO QUE PRECISA SER DESVENDADA


O repórter Joaquim Carvalho levantou informações relevantes sobre o evento que premiou o juiz Sérgio Moro em Nova York, pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, e sua palestra no Forum Investment Lide, de João Sória, especialmente no papel do advogado Nelson Willians.
Segundo a reportagem do DCM, o evento da Lide teve quatro patrocinadores, entre os quais o escritório de advocacia Nelson Willians, que se apresentou como o maior do Brasil.
A reportagem levantou que Willians conseguiu causas na Petrobras, após a Lava Jato. E indicou que a palestra de Moro foi remunerada por valor não revelado.
Levantou também que em abril de 2016, na véspera do impeachment, a esposa de Sérgio Moro, Rosângela, visitou o escritório de Willians em Curitiba, para tratar de temas relativos à APAE do Paraná, da qual era diretora jurídica. E também participou de um jantar restrito em homenagem a Sandra Marchini Comodaro, sócia do escritório Nelson Willians em Curitiba.
Formado em Toledo, Paraná, o advogado é pouco conhecido no meio dos grandes escritórios de São Paulo. Mas opera há tempos em parceria com Doria, inclusive atuando como seu advogado, além de colocar seu jatinho à disposição dele.
O escritório especializou-se em causas que dependem de lobby político, como desapropriações, grandes cobranças do Banco do Brasil e até o papel de mediador do caso Libra com o Porto de Santos, zona de influência de Michel Temer, que lhe poderá render a bagatela de R$ 23 milhões.
É um dos grandes financiadores da Lide, ao lado de Washington Cinel, da Gocil – outro empresário polêmico.
Do GGN

terça-feira, 22 de maio de 2018

STF FAZ CHAMADA DUVIDOSA PARA INVESTIGAR O ALGORITMO SUSPEITO, por Luis Nassif

Qualquer análise de probabilidade considerará matematicamente impossível a sucessão de sorteios no STF (Supremo Tribunal Superior) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nos julgamentos-chave para o avanço do impeachment de Dilma Rousseff.
Começou com os sorteios, no TSE, das relatorias das prestações de contas da campanha de Dilma e da própria Dilma, ambas caindo com Gilmar Mendes. Na época, mostramos que a probabilidade estatística dessa coincidência:
A probabilidade dos dois processos caírem com o mesmo Ministro era de:
1/6 x 1/6 = 1/36 ou 2,78%
Havia seis ministros no TSE. E um deles, Gilmar Mendes, o diretamente empenhado em fazer avançar o impeachment. A probabilidade dos dois processos caírem com qualquer um dos demais 5 Ministros do TSE:
5/6 x 1/6 = 5/36 = 13,89%
A probabilidade dos dois processos caírem justo com Gilmar era:
2,78 / 5 = 0,56%
Não se ficou nisso.
Todos os HCs em favor de direitos de Lula caíam com Gilmar. A maioria dos processos envolvendo caciques tucanos também. Caíram com ele os processos e Aécio Neves, José Serra, Aloisio Nunes e Cássio Cunha Lima.
Qualquer estudo probabilístico demonstraria o viés do tal algoritmo do Supremo. E as suspeitas se espalharam.
Os métodos
No início, julgava que havia um especialista na lógica do Supremo assessorando os presidentes. O trabalho consistiria, então, em estudar a ordem dos sorteios e aguardar a vez do Ministro-alvo para submeter o caso ao algoritmo.
Mas a hipótese continha furos:
O sorteio é de responsabilidade do presidente do STF. Aceitar essa hipótese significaria supor que todos os presidentes compartilhassem com essa manipulação, o que não é crível.
Em conversas com especialistas em TI, percebeu-se que havia caminhos muito mais fáceis. Bastaria um profundo conhecedor do sistema desenvolver uma gambiarra que permitisse selecionar os Ministros que participariam de determinados sorteios. Haveria até a possibilidade de se incluir apenas um nome no caso selecionado.
No Xadrez dos algoritmos do Supremo trouxemos um conjunto de informações, de indícios capazes de justificar uma investigação.
São apenas suspeitas, mas que precisam ser consideradas. O caminho correto seria a presidente do Supremo solicitar reservadamente uma checagem no sistema, sabendo-se que qualquer alarido poderia alertarr os responsáveis.
A auditoria no sistema
O que fez a douta Ministra Carmen Lúcia? Decidiu abrir uma chamada pública visando uma auditoria no tal algoritmo..
“Considerando  que o art. 22  da Lei 12.527/2011  (Lei de Acesso àInformação) deixa claro que estão preservadas as demais hipóteses legais de sigilo,   a divulgação do chamado “código-fonte” do sistema eletrônico que gerencia a distribuição dos processos  poderia afrontar a exigência legal da alternatividade e a exigência regimental da aleatoriedade, pressupostos para que se alcance a regra geral da imprevisibilidade das novas relatorias, pois atualmente não se tem a segurança necessária para afirmar a ausência de possibilidade  de ambiente de replicação das distribuições de processos doSTF, embora seja seguro afirmar que o sistema não está sujeito a manipulação, externa ou interna.
Desse modo, é necessária a auditoria no sistema de distribuição do STF para que se elimine qualquer dúvida da sociedade quanto à sistema e para que seja avaliada a necessidade de melhorias (principalmente no  que diz respeito às regras de compensação da distribuição entre os ministros) e, principalmente, a possibilidade de divulgação do código-fonte.
A  escolha   pelo formato   de chamamento público   visa evitar a realização de despesa com uma consultoria e confere maior credibilidade nos relatórios a serem elaborados pelas entidades que se prontificarem a realizara auditoria”.
E aí, dona Carmen Vapt-Vupt abre as inscrições no dia 15 de maio. E encerra no dia 22 de maio, uma semana depois. O prazo dos recursos irá até o dia 28.
Do GGN

PIPOCAM DENÚNCIAS CONTRA A INDÚSTRIA DA DELAÇÃO PREMIADA EM SEDE DA OPERAÇÃO LAVA JATO

O STF começa a examinar os inúmeros casos de omissões e contradições nas delações premiadas, uma verdadeira indústria que abriga um "abjeto submundo", segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; os primeiros casos da lista do STF são os do ex-senador Delcídio Amaral, do lobista Júlio Camargo, de Nelson Mello, ex-diretor de Relações Institucionais da Hypera Pharma, e do  operador Lúcio Funaro; são apenas a ponta de um enorme iceberg, como ficou patente depois que os doleiros Vinícius Claret e Claudio de Souza denunciaram o pagamento de propina mensal de US$ 50 mil durante vários anos para proteger seus acordos de delação premiada. 
Depois que os doleiros Vinícius Claret e Claudio de Souza denunciaram o pagamento de propina mensal de US$ 50 mil durante vários anos para proteger seus acordo de delação premiada, começam a chover denúncias contra aquela que se transformou numa verdadeira indústria. Um auditor da Prefeitura de São Paulo revelou ter sido chantageado pelo Ministério Público para envolver o  ex-prefeito Gilberto Kassab -como não o fez, sua delação não foi aceita. Advogados relatam bastidores que esta chantagem é recorrente em Curitiba, com os presos sendo forçados a envolverem o PT e especialmente o ex-presidente Lula em suas delações. O assunto já chegou ao STF. Há omissões e contradições em várias delas, o que pode indicar que foram manipuladas politicamente, como o caso do ex-senador Delcídio do Amaral, cuja delação foi peça-chave na derrubada de Dilma em 2016. 
Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é possível dizer que "há um abjeto submundo nas delações premiadas, uma verdadeira indústria", o que revela-se com mais nitidez agora. Em reportagem, o jornal Valor Econômico relaciona, além do caso de Delcídio, um dos mais escandalosos, o STF deverá analisar em breve as delações do lobista Júlio Camargo, de Nelson Mello, ex-diretor de Relações Institucionais da Hypera Pharma, e do  operador Lúcio Funaro.
Leia os trechos mais relevantes da reportagem do Valor Econômico:
Passados quatro anos desde as primeiras delações premiadas da Operação Lava-Jato, uma série de incertezas ronda esses acordos. Um dos pontos que o Supremo Tribunal Federal (STF) terá que analisar em breve é a consequência jurídica da omissão de fatos por um colaborador ou da apresentação de versões diferentes entre eles. Pela ótica da Procuradoria-Geral da República (PGR), o delator é obrigado a revelar todos os crimes que cometeu. Mas algumas delações, se analisadas em conjunto, omitem fatos ou apresentam contradições.
 O STF irá se pronunciar pela primeira vez sobre o assunto no caso dos executivos da J&F. Na sexta-feira, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a pedir ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, a rescisão dos acordos de Wesley Batista e Francisco de Assis e Silva. Dodge fez a manifestação final da PGR após a defesa dos executivos, levando a discussão a um momento decisivo. A PGR também defende a rescisão das delações de Joesley Batista e Ricardo Saud. Se confirmada a rescisão, os delatores perderão os benefícios. Agora, caberá a Fachin homologar a rescisão, rejeitar o pedido ou levar o assunto ao plenário do STF.
Dodge acusa os delatores de omitir "de forma intencional fatos criminosos dos quais participaram ou tinham conhecimento" ao fechar os acordos. Ela cita a participação de Marcelo Miller na negociação das delações enquanto ele ainda era procurador da República; a prática de "insider trading", pelo uso de informação privilegiada sobre a própria delação para atuar no mercado financeiro; e o pagamento de R$ 500 mil ao senador Ciro Nogueira (PP-PI) para mudar o posicionamento sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Para Dodge, os delatores agiram com a intenção de "ludibriar o Ministério Público e proteger aliados, em conduta claramente desleal e afrontosa." (...)
O Judiciário já se deparou até agora com pelo menos um caso comprovado de omissão, na delação do lobista Júlio Camargo. Em seus primeiros depoimentos, Camargo omitiu o repasse de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em contratos de navios-sonda da Petrobras. Quando o fato veio à tona na delação do doleiro Alberto Youssef, Camargo alterou a versão original para incluir o pagamento a Cunha.
Ao analisar a situação de Camargo o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, reconheceu que houve omissão, mas manteve os benefícios do acordo por entender que o lobista apresentou uma razão plausível para sua conduta: o receio de retaliações.
 Outros casos ainda devem chegar ao crivo do Judiciário. A delação do ex-senador Delcídio do Amaral, por exemplo, entra em choque com fatos narrados por ex-executivos da Odebrecht. Delcídio relatou que pediu ajuda ao ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e ao ex-diretor de serviços da estatal, Renato Duque, para quitar dívidas da campanha para o governo do Mato Grosso do Sul em 2006. Ele confessou ter recebido US$ 1 milhão em espécie, a mando de Cerveró - mas sem oferecer contrapartida, e assegurando não ter usado a mesma conduta em outras ocasiões. 
Enquanto isso, ex-executivos da Odebrecht narraram supostas irregularidades também nas campanhas de Delcídio para o Senado, em 2010, e para o governo de Mato Grosso do Sul, em 2014. Segundo o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedito Júnior, o grupo pagou R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha de Delcídio em 2014. O ex-diretor da diretor da empreiteira Rogério Araújo também afirmou que, em 2010, Cerveró solicitou à Odebrecht contribuição para a campanha de Delcídio como contrapartida à eventual aprovação de projeto de gasoduto que seria realizado por uma empresa controlada pela Petrobras Energia Argentina. (...)
Outro caso de possível omissão é a delação de Nelson Mello, ex-diretor de Relações Institucionais da Hypera Pharma, antiga Hypermarcas. Ele relatou repasses milionários a parlamentares do MDB por meio de contratos de serviços não prestados - e assumiu sozinho a responsabilidade pelas tratativas. O operador Lúcio Funaro, por sua vez, disse em sua delação que o esquema contava com a participação do principal acionista da Hypera, João Alves de Queiroz Filho, o Júnior da Arisco. 
Do Brasil 247