domingo, 24 de dezembro de 2017

A Lava Jato quer preservar o poder de prender e soltar sem prestar contas, por Luis Nassif

As declarações dos procuradores da Lava Jato contra o indulto de Natal são ilustrativas do seu amadorismo.
Segundo Deltan Dallagnol, o indulto acaba com a Lava Jato, por comprometer sua maior arma: a possibilidade de manter o sujeito preso até que abra o bico.
Com essa afirmação, Dallagnol dá razão a todos os que apontavam essa característica da delação – que atropela qualquer princípio de direito. Dallagnol confirma que a delação se vale dos mesmos recursos da ditadura, de torturar o preso até que delate – em um caso, através de tortura física; no outro, com a privação da liberdade e com as visitas de procuradores praticando terror psicológico.
E, olha, o Ministério Público Federal gastou bits e bytes com suas campanhas para demonstrar que a maior parte das delações foi obtida de forma espontânea, sem uso de ameaças. O craque Dallagnol, que conseguiu desmoralizar a Lava Jato com um Power Point, agora desmoraliza a delação com um mero Twitter.
O segundo ponto relevante surge da comparação entre os apenados da Lava Jato e os beneficiados do indulto de Natal. Os principais agentes da corrupção estão ou soltos, ou em prisão domiciliar, gozando de parte da riqueza acumulada no período. É só conferir Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, João Santana.
Qual a razão da indignação, então, com o indulto? O fato da Lava Jato querer preservar para si o monopólio dos benefícios aos condenados. É a capacidade de prender e soltar, sem prestar contas, que garante o poder de juiz e procuradores. É por isso que agitam as redes sociais e as manchetes da imprensa amiga a cada tentativa de prestação de contas, mesmo aquelas exigidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Dispondo desse poder absoluto, com definições puramente subjetivas sobre penas e benefícios, quem garante a lisura do processo? O procurador cujo irmão enriqueceu com as delações premiadas? O juiz cujo primeiro amigo tentou entrar nessa seara? O advogado que atuava com a esposa do Juiz nas ações das APAEs?
Hoje em dia, já existe um acervo considerável de indícios, provas e dúvidas sobre a atuação da Lava Jato. O que a sustenta exclusivamente é a perspectiva de bloqueio da candidatura de Lula – a grande fatura que permitiu à Lava Jato todos os abusos e extravagâncias.
Daqui a algum tempo, haverá uma de duas possibilidades: ou Lula inocentado, ou a candidatura Lula interditada. Em qualquer hipótese, não haverá mais blindagem à Lava Jato.
Aí, haverá um enredo já conhecido. Gradativamente, as matérias engrossando as suspeitas contra a operação sairão dos rodapés para o meio das páginas. Mais algum tempo, para as manchetes principais.
Na série sobre a indústria da delação, puxamos vários fios da meada. Quando começar a debandada, as torneiras das fontes em off jorrarão sem parar, com cada fonte querendo montar sua própria blindagem comprando apoio do jornalista por denúncias.
E, aí, aprenderão sua última lição. Só existe uma categoria mais volúvel do que a de delator: a de jornalista. Em pouco tempo verão famílias de donos e famílias de jornalistas pulando fora do barco e, assumindo contra a Lava Jato o tom mais radical dos neo-convertidos.
Está certo Dallagnol em dizer que, ampliando o indulto de Natal, Michel Temer está resguardando seu próprio futuro. Mas sua sagacidade não chega ao ponto de entender que, quanto mais radicalizar o discurso agora, maior será a volta do cipó de Aroeira.
GGN

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

LAVA JATO me ROUBOU equipamentos e DIREITOS!, queixa-se Eduardo Guimarães

Desde 21 de março deste ano sou prisioneiro da Lava Jato. Nunca fui indiciado, mas tampouco fui absolvido. Como não devolveram meu equipamento confiscado durante a condução coercitiva que Sergio Moro ordenou contra mim, e como não dizem que estou livre de suspeitas, por orientação do meu advogado não posso nem participar de uma entrevista coletiva com Lula como a que houve nesta semana, mesmo tendo participado das outras três que ocorreram de 2010 para cá.
Repudio e denuncio a situação absurda e atentatória a meus DIREITOS como cidadão brasileiro, pois essa dúvida que paira sobre mim paralisou meus negócios comerciais e prejudica muito minha atividade como blogueiro, já que, ao não dizer que não tem nada contra mim, a Lava Jato parece querer que eu morra de fome, pois não consigo nem tocar meus negócios para sustentar minha família e ainda enfrento obstáculos na atividade jornalística. Querem, pois, que eu morra de fome.
Convido a todos a assistirem, abaixo, reportagem em vídeo sobre o que a Lava Jato está fazendo comigo. Confira:
Blog da Cidadania

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Analfabetismo e falta de escolaridade no Brasil têm cor e lugar

Os dados da educação divulgados hoje pelo IBGE não são dos melhores: o Brasil tem quase 12 milhões de analfabetos e quase 25 milhões de pessoas entre 14 e 29 anos fora da escola. Ainda, 51% da população adulta no país concluiu apenas o ensino fundamental contra 15,3% que detém ensino superior.  
Mas os dados revelam que os baixos níveis de educação têm cor e localização geográfica: enquanto mais de 22% dos brancos tem nível superior, a porcentagem reduz para 8,8% na população preta ou parda. E as menores médias de anos de estudo estão no Norte (7,4 anos) e no Nordeste (6,7) do país. 
É no Nordeste também onde há a maior taxa de analfabetismo do Brasil, com a estimativa de 14,8% para pessoas de 15 anos ou mais, quase quatro vezes mais do que no Sudeste (3,8%) e no Sul (3,6%). Em todo o país, a porcentagem é de 7,2%, que em números reais são 11,8 milhões de analfabetos. Enquanto para pretos ou pardos a taxa foi de 9,9%, branco representam menos da metade, com 4,2%. 
Taxa de escolarização das pessoas de 18 a 24 anos de idade, por cor ou raça, segundo as Grandes Regiões - 2016 
Os valores proporcionais são superiores no caso de idosos, com 20,4% de analfabetismo no Brasil. A desigualdade em relação à cor também ocorre com o analfabetismo: enquanto 11,7% dos idosos brancos são analfabetos, idosos pretos ou pardos são 30,7%.
Distribuição das pessoas de 25 anos ou mais de idade, por cor ou raça, segundo o nível de instrução - Brasil – 2016.
Já nos números de frequência escolar, são alarmantes para principalmente duas faixa-etárias: Quase 70% das crianças até 3 anos de idade não frenquentavam a creche e a mesma porcentagem para jovens de 18 a 24 anos, que estão fora da escola.  
Em números gerais, de 14 a 29 anos, são quase 25 milhões de brasileiros que não foram à escola ou não concluíram o ensino. A justificativa é que mais da metade deles afirmaram estar trabalhando, outros 24,1% não tinham interesse em seguir nos estudos.  
Leia a íntegra do relatório abaixo:
Arquivo
GGN

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Pela primeira vez, maioria desaprova atuação de Sergio Moro, diz nova pesquisa Ipsos

Pela primeira vez, a desaprovação ao juiz Sergio Moro superou a aprovação e ele já é rejeitado por 53% dos brasileiros. É o que aponta a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos divulgada nesta quarta (20).  
Segundo o estudo, 40% dos entrevistados disseram que aprovam a atuação de Moro na Lava Jato. O índice caiu 10 pontos percentuais em relação à pesquisa de novembro, quando 50% disseram que aprovam o juiz.
Mas o resultado ainda é um revés para o juiz que, neste mês, teve de lidar com a exposição das denúncias de Rodrigo Tacla Duran. O ex-advogado da Odebrecht denunciou que o amigo pessoal de Moro, Carlos Zucolotto, teria cobrado propina para "melhorar" um acordo de delação com os procuradores de Curitiba.
Duran falou à CPI da JBS, mas a imprensa vem tentando abafar as denúncias do advogado.
Desde 2015, a aprovação de Moro vinha superando a desaprovação. Nesta última sondagem, só 7% dos brasileiros dizem não ter opinião formada sobre o magistrado.
 Além de Moro, a pesquisa também indicou que o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa é desaprovado por 44%. A desaprovação a Gilmar Mendes chega a 85%.
 João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo, não agrada 68% dos brasileiros e o ministro da Fazenda do governo Temer, Henrique Meirelles, é rejeitado por 75%.
 TEMER - O governo Michel Temer também foi avaliado, mas por pesquisa CNI/Ibope, que mostrou que ele é considerado ruim ou péssimo por 74% dos entrevistados.
Em setembro, a avaliação negativa de Temer era de 77%. Já a avaliação ótima ou boa ficou em 6% em dezembro, mostrando crescimento de 3% (dentro da margem de erro). Os que acham que Temer é regular somaram 19%, contra 16%.
 GGN                                                                                                                

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Xadrez dos limites aos abusos da Lava Jato, por Luis Nassif

No dia 14 de novembro passado publicamos a verdadeira história da delação premiada de Glaucos Costamarques, a pessoa que, a pedido de José Bumlai, amigo de Lula, adquiriu o apartamento vizinho a Lula e o alugou ao ex-presidente.
Havia movimentação suspeita em sua conta. Os ideia-fixa da Lava Jato imediatamente formularam sua Teoria do Fato Único: só podia ser dinheiro do Lula para simular a compra do apartamento.
Descobriu-se que era movimentação do filho de Costamarques, diretor de relações institucionais da Camargo Correia - ou seja, o homem das propinas. Em vez de investigar o dinheiro do filho, para identificar autoridades subornadas, a Lava Jato preferiu chantagear Costamarques para que mudasse seu depoimento inicial - no qual garantia que havia comprado, de fato, o apartamento.
​A nova versão dizia que o apartamento era de Lula, e havia simulação dos recibos de aluguel pagos. Quando percebeu que perderia o apartamento, Costamarques tratou de admitir que o apartamento era dele. Mas como fazer com a delação, se não atendesse às exigências dos procuradores de implicar Lula?
Montou-se o samba do crioulo doido. Nenhuma de suas informações bateu com as provas, como a história de que Roberto Teixeira o visita no Hospital Sirio Libanês, ou a versão de que assinara todos os recibos do ano de uma vez. 
Os advogados de Lula contrataram uma perícia, que comprovou que as assinaturas ocorreram em épocas diferentes. E a Lava Jato teve que desistir da perícia requerida.
Só que o pobre do Costamarques já tinha atendido às exigências do tal processo por incidente de falsidade e enviado sua resposta.
São 20 parágrafos.
No 2o diz que as cópias de recibos apresentados pela defesa de Lula não batem com os recibos que possui. Nem sabia que os procuradores já tinham jogado a toalha.Como a perícia concluiu que os recibos foram assinados em datas diferentes, com assinaturas do mesmo Costamarques, ele se arrisca a um processo por falsidade ideológica se apresentar recibos.
No 3o presta contas sobre os recibos não localizados e informa que a cópia do recibo de 05.10.2012 “ao que parece, contem erros de data e deve se referir a 05.10.2011, já que o valor apontado corresponde ao da locação do ano de 2011 e a guia de recolhimento I(..) também se refere ao ano de 2011”.  Fantástico! Corrige o recibo e apresenta como evidência o valor do aluguel (que ele disse que não recebia) e a guia de recolhimento do Imposto de Renda.
No 6o menciona a determinação do juiz Sérgio Moro, de oficiar a direção do Sirio Libanes para entregar o registro de visitantes, para identificar a presença de Roberto teixeira.
No 12o formula uma Teoria do Fato à altura dos bravos procuradores da Lava Jato. Teixeira saiu sem devolver o crachá e usou o crachá na volta.
No começo de outubro já estava claro a inconsistência dos depoimentos de Costamarques. No dia 14 de novembro, a série sobre a indústria da delação premiada, do GGN e do DCM, mostrava o que estava por trás do volteios de Costamarques: as ameaças de envolvimento do seu filho.
Agora, a Lava Jato decide não periciar os recibos, sinal de que não conseguiria demonstrar qualquer falsificação. Mas mantém a versão de Costamarques, mesmo à custa de barrar as investigações sobre as incursões da Camargo Correa nas propinas.
As perseguições implacáveis
O caso Costamarques é apenas um exemplo das distorções provocadas pelo direcionamento político da Lava Jato, e pela falta de freios aos seus abusos. Hoje em dia, o trabalho pertinaz dos advogados de Lula conseguiu romper a blindagem da mídia. Os jornais não abrem manchetes para a denúncias dos abusos. Mas publicam. Gradativamente começa a entrar no cérebro da parte menos robotizada da imprensa - e dos leitores - que não se trata mais de uma luta entre PT e antiPT, mas entre a legalidade e a barbárie.
O repórter Marcelo Auler tem feito um trabalho exemplar, mostrando como a leniência com a Lava Jato tem reproduzido o clima de perseguição política do regime militar. Delegados da Lava Jato, acumpliciados com procuradores, também da Lava Jato, moveram perseguição implacável contra colegas que ousaram questionar seus métodos. E mais, associados ao pior tipo que o jornalismo produziu em toda sua história: os repórteres de polícia que se transformam em policiais.
A reportagem de Auler, “MPF da Lava Jato, enfim, joga a toalha”, é um retrato chocante dessa parceria. No meu livro “O jornalismo dos anos 90” relato o episódio do Bar Bodega, no qual jornalistas testemunharam por um mês as sevícias praticadas por um delegado exibicionista contra jovens da favela, acusados injustamente do crime. Trinta dias! E nada fizeram para impedir ou para denunciar.
Essa mesma insensibilidade atingiu os repórteres escalados para a Lava Jato, tendo de comer diariamente nas mãos de delegados e procuradores inescrupulosos.
Durante três anos(!), procuradores da Lava Jato levaram em banho-maria denúncias contra o delegado Paulo Renato Herrera, que criticou a Lava Jato e foi alvo de uma falsa denúncia, de ter vendido dossiê com os perfis de Facebook dos delegados da Lava Jato atacando Dilma e Lula e torcendo por Aécio Neves.
Três anos, para concluir que não houve crime algum. E, na versão da acusação, informações falsas de que o dossiê tinha sido oferecido, antes, à Folha. O delegado acusador mentiu, atribuindo a informação a um repórter. A justiça reconhece sigilo de fonte ao jornalista. Mas não existe sigilo de fonte ao delegado que mente.
Quem paga pelos transtornos que a denúncia trouxe à vida de pessoas inocentes?
Eu mesmo fui convocado como testemunha de um inquérito interno da PF, destinado a apurar supostos dossiês envolvendo as APAEs e a esposa de Sérgio Moro. Queriam que identificasse uma suposta fonte que teria me passado os dados. Se decepcionaram quando informei que eu havia levantado os dados muito antes da Lava Jato e que, se houve algum dossiê, foi plágio dos meus artigos.
Mais que isso, os delegados da Lava Jato trataram de entupir jornalistas da contra-corrente com denúncias sempre feitas em Curitiba. 
Levará algum tempo para a Polícia Federal constatar o mal que foi para a corporação o protagonismo de delegados como Igor Romário de Paula, Erika Marena, Rosalvo Ferreira Franco, Maurício Moscardi Grillo, Márcio Anselmo. 
Ao não coibir os abusos da Lava Jato, o Ministério Público Federal - que tem por obrigação constitucional a supervisão da PF -, o delegado-geral e o próprio Supremo Tribunal Federal se tornaram co-responsáveis pelo suicídio do reitor Luiz Carlos Cancellier, da Universidade Federal de Santa Catarina.
Hoje em dia, Lula é o único fator que impede que a opinião pública, da imprensa e das redes sociais, montem uma frente contra os abusos da Lava Jato. A Globo continuará refém do MPF por conta dos escândalos da CBF.
Quando o álibi desaparecer, não se tenha dúvida de que os detritos da Lava Jato aparecerão na praia e ela terá seu lugar no lixo da história.
Mesmo sendo alvo de três ações propostas por Gilmar Mendes, não tenho mais dúvidas: o maior risco que a democracia brasileira enfrenta é a eventual vitória dos porões do Judiciário.
Do GGN

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

“Núcleo duro” de Lula já ultrapassa um terço do eleitorado brasileiro – e avança, diz José Roberto Toledo

A população confia mais em Lula do que numa justiça plutocrática, com seus membros furando teto, ganhando R$ 500 mil por mês, condenando sem prova, fazendo o jogo do governo entreguista e da mídia corrupta.
***
A gravidade de Lula
Alimentado por sua mais recente pesquisa, modelo estatístico desenvolvido pelo Datafolha classificou 38% dos eleitores como próLula. Um mês antes, ranking do Ideia Big Data ouviu de 34% do eleitorado que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve. Em outubro, o Ibope encontrou, em média, 35% de intenções de voto para o petista nas simulações do 1º turno presidencial. Os três fizeram perguntas distintas e acharam a mesma resposta.
Nenhum desses institutos têm conexões preferenciais com o PT, com Lula ou com forças interessadas no retorno do ex-presidente ao Planalto. Ao contrário. Logo, quem acha que todos esses resultados são forjados poupará tempo se parar de ler agora. Ganhará mais se voltar à mídia social de onde escapuliu.
Se chegou a este terceiro parágrafo, persistente leitor, é porque considera verossímil ao menos um dos conjuntos de dados citados acima. Como esboçam fundamentalmente o mesmo fenômeno, importa pouco em quais deles se acredita mais ou se crê menos.
Todas essas pesquisas mostram que um terço ou mais do eleitorado brasileiro permanece lulista – a despeito de condenações e acusações que pesam sobre o ex-presidente. Nenhum outro ator político exerce a metade de sua atração. Por isso, acerta o Datafolha ao dividir o eleitorado em três, todos com a mesma referência: próLula (38%), antiLula (31%) e pendulares (31%).
Goste-se ou odeie-se, é em torno de Lula que orbita a atual corrida presidencial. Nisso, ela pouco difere das quatro ou seis últimas disputas eleitorais pela Presidência da República. Lula ainda é o candidato a ser batido (1994, 1998, 2002, 2006), o cabo eleitoral a ser usado ou neutralizado (2010 e 2014).
As questões colocadas neste fim de 2017 nada têm de ímpar, salvo no calendário. Ecoam as mesmas perguntas ouvidas nos anos imediatamente anteriores aos pleitos presidenciais das últimas décadas: Lula vai conseguir sustentar sua força eleitoral quando a campanha começar para valer? Ou: Lula é capaz de transferir seu prestígio para quem ele vier a apoiar? Se o crescimento da economia acelerar, quanto poder ele perderá na urna?
Agora, como no passado, especulações em torno de tais dúvidas são incursões a remo em um mar de incertezas. Mar cada vez mais agitado. O desencanto com a política e a insegurança jurídica disseminados a partir de junho de 2013 avolumaram os vagalhões e acresceram riscos aos que navegam à procura de respostas. Qual será o tamanho da abstenção? Haverá mais votos brancos e nulos?
São fatores que tendem a ganhar peso quanto mais apertada for a disputa por uma vaga no 2º turno. O engajamento do eleitor será mais importante do que nunca. O mesmo tipo de disposição para votar que fez a diferença a favor de Trump em 2016 provocou a derrota de seu candidato ao Senado no Alabama um ano depois.
Tão importante quanto o desejo de eleger quem se admira é a gana de impedir a vitória de quem se odeia. Segundo o Datafolha, Bolsonaro lidera com folga no terço antiLula do eleitorado. O Facebook confirma: a maioria das publicações que viralizam nas redes de movimentos como MCC e Avança Brasil são contra o petista. Ambos apoiam o militar reformado porque é o candidato a presidente que mais bem personifica esse papel. Tomou-o do PSDB.
Eis o desafio de Alckmin. Ser do contra já não lhe garante passagem ao 2º turno. Como outros que tentam ocupar o vácuo no centro do espectro político, o tucano precisará ser a favor de algo forte o suficiente para atrair o terço restante, o dos eleitores pendulares, volúveis. São os que decidem a eleição, ao gravitarem rumo ou contra Lula – seja ele candidato ou não.
Do Cafezinho

domingo, 17 de dezembro de 2017

A resposta de TACLA DURAN aos meganhas vingativos da lava jato, da republiqueta de Curitiba

O ex-advogado da Odebrecht, que pegou Sergio Moro e seus capangas do MPF de Curitiba na mentira, está sendo alvo, segundo ele, de vingança, por causa de suas revelações.
Assista aqui ao vídeo com as devastadoras revelações de Tacla Duran contra a Lava Jato.
Confira a nota dele divulgada há imprensa, há pouco.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DE TACLA DURAN
Esta é a segunda denúncia do Ministério Público de Curitiba contra mim desde que decidi me defender publicamente, esclarecendo fatos e exibindo evidências até então inexplicavelmente omitidas. É a prova cabal de uma vingança sem limites, onde a lei, desvirtuada, se transforma em arma. Virão muitas outras denúncias, não tenho dúvida, cujo único objetivo é o de me condenar à revelia.
Minha extradição foi negada, mas inexplicavelmente até hoje meu processo, acompanhado das devidas provas, não foi remetido para a Espanha. Permanece em Curitiba, contrariando parecer da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal e ignorando leis e acordos internacionais como os de Mérida e Palermo.
Todos sabem que o fórum adequado para me processar não é Curitiba e, por isso, não me pronunciarei, porque seria colaborar com esta manobra patrocinada por quem se considera acima da lei, menospreza a decisão da Justiça Espanhola e tenta impedir que eu seja processado corretamente por um juízo neutro e isento. Prestarei todos os esclarecimentos sobre mais esta denúncia ao juiz que cuida do meu caso na Espanha, para que ele tenha conhecimento pleno de tudo o que está acontecendo, pois este é o foro onde devo me defender.
Madrid 16 de dezembro de 2017.
Rodrigo Tacla Duran
Do Cafezinho 

No Judiciário brasileiro 71% dos juízes são foras da lei (des) respeitam a Constituição, ganhando acima do teto

Os números pedidos pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármem Lúcia, aos tribunais de justiça de todo o país mostra quão estarrecedor é o quadro de super-salários no Judiciário.
71,4% dos juízes – 11,6 mil do total de 16 mil existentes no país – ganha acima do teto de R$ 33,763  por mês que Cármem e seus colegas de STF recebem  e estão, portanto, com vencimentos fora da lei constitucional.
De acordo com tabulação feita por Marlen Couto, em O Globo, este grupo recebe, em média, R$ 42,5 mil mensais, por cabeça. E 52 ultrapassam R$ 100 mil.
São eles que vão ensinar ao pais o que é legalidade e o que é ética?
É claro que uma minoria não está entregue à farra de vantagens, mas 71%, sete em cada dez juízes não tem condições morais em falar de moralidade, ao pedirem – como a “escrava” Luislinda Valois – ou aceitarem,  em seu próprio benefício, arranjos e vantagens que os colocam como privilegiados.
Não é muito diferente a situação de seus “parceiros da pureza” do Ministério Público.
São os homens da lei brasileiros, que vergonha!
Que noção podem ter das carências, dos sofrimentos, das privações dos cidadãos a quem julgam, a quem mandam prender, mais de 700 mil deles, atualmente?
E se a D. Cármem Lúcia quiser falar algo, que só fale depois de cobrar ao valente Luiz Fux, o topetudo ministro que sacramentou a indecência do “auxílio-moradia” sem moradia.
Para por ordem na casa dos outros é bom começar na sua própria.
Do Tijolaço

sábado, 16 de dezembro de 2017

Por que a mídia de direita ataca Gilmar Mendes. Por ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão

Notícia de jornal e de hebdomadários é que nem jabuti em árvore. Não chega sozinho lá. Alguém ali o coloca. Para entender noticiário é preciso conhecer a história por detrás dele. Há sempre uma razão para ter este ou aquele título, este ou aquele lead, esta ou aquela abordagem. Há uma intenção latente em cada palavra, em cada frase, em cada parágrafo. O comunicador profissional é um formador de opinião e usa de toda a técnica para atrair o leitor para seu conceito da realidade.
O problema é que o leitor comum é desavisado, distraído. Toma a notícia por seu valor de face e, assim, não é difícil engambelá-lo. Engole qualquer coisa pelo argumento de autoridade: “se foi a Veja que disse, então é verdade”.
Pois bem. A tal revista Veja, do esgoto do jornalismo tupiniquim, que ajudou a desgastar o governo Lula, que trabalhou intensamente com Demóstenes Torres, Carlinhos Cachoeira para lançar estrume no PT e com quem o Ministro Gilmar Mendes sempre pôde contar politicamente, resolveu atacá-lo, na contramão de sua linha editorial. Acusa-o de fazer negócios com o grupo JBS, através do IDP, faculdade de que é sócio. Foi seguida pela menor IstoÉ, apelidada no mercado editorial de QuantoÉ, que, nesta semana apôs a foto do magistrado em sua capa, para denunciar suposto escândalo que envolveria a venda de uma faculdade ao governo estadual, em Diamantino, sua cidade natal,  em Mato Grosso. Onde Veja vai, IstoÉ costuma ir atrás.
O noticiário contra Gilmar, embora cuide de graves denúncias, parece ser coisa articulada. Veio de modo bem concertado na mídia reacionária. Um jabuti colocado na coroa da árvore. Uma curiosidade que merece cuidadoso exame.
Não dá para dizer que Gilmar é um magistrado padrão. Sua atuação fortemente politizada não é um ponto fora da curva no STF. É uma curva torta, sem ponto. É corajoso e até temerário. Ninguém pode lhe tirar isso. Dá a cara a tapa e tem posições firmes na política partidária. Defende os seus com unhas e dentes e, se precisa para criar precedente, beneficia também os do outro lado. Por isso consegue, mesmo sendo na maioria das vezes implacável com o PT, tirar, aqui e acolá, uns gritinhos de apoio entusiasmado por seu “garantismo penal”, até do canto da esquerda política.
O Ministro Gilmar faz uso da imprensa. Tem seus fiéis escudeiros em jornais e blogs da direita empedernida. Aqueles que atacam a esquerda com discurso de raivosa falsa indignação. O pouco sério Antagonista, por exemplo. Usou-o para buscar instaurar investigação contra uma gráfica que prestara serviços à campanha de Dilma Rousseff. A notícia de que serviria de lavanderia de ativos logo se revelou insustentável e teve que amargar um despacho de arquivamento do Procurador-geral Eleitoral. Não se conformou. Gritou, berrou, deu pulinhos na cadeira do Plenário do TSE, mas fatos são fatos. A gráfica prestara serviços não só para Dilma, mas também para seu amigo Aécio Neves, para Marina Silva e até mesmo para o falecido Eduardo Campos.
Não pede perdão por seus erros. Demonstrar fraqueza não é com Gilmar. Nega-os até a morte, como o marido traidor encontrado pela esposa no motel. Por isso, coleciona uma vasta grei de desafetos.
E olha que Gilmar tem tudo para se impor como um jurista diferenciado no indigente cenário jurídico nacional. Em terra de cego, quem tem olho é rei. Tido como brilhante, consegue argumentar, é muito produtivo e aprendeu a boa retórica argumentativa alemã. Conseguiu transmitir seu conhecimento e sua cultura aos filhos e são poucos que conseguem competir com ele no debate doutrinário, quando o pratica com honestidade, o que é raro, pois prefere, na sua inteligência, usar a destreza para sofismar em favor deste ou daquele aliado.
A matéria da Veja
Cai em contradição, mas não se importa. Forçou o andamento de três ações do PSDB no TSE para a cassação da chapa Dilma-Temer. Rechaçou os fundamentos do voto da então corregedora-geral eleitoral, Ministra Maria Tereza, que demonstrou cabalmente a insustentabilidade das iniciativas do PSDB. Estas inovavam na causa de pedir, para incluir acusações desconhecidas à época da propositura das ações. Gilmar insistiu em que fossem consideradas delações da Operação Lava-Jato, obtidas muito depois. Queria porque queria a cassação da chapa para depor Dilma Rousseff.
Ocorre que Dilma foi vítima de sórdido golpe parlamentar protagonizado por seu vice de chapa, o Sr. Michel Temer. Gilmar tornou-se íntimo amigo do golpista e passou já a não ter mais interesse na cassação. Deu um cavalo de pau na Avenida Brasil às seis horas da tarde e passou a acolher a tese que antes rechaçara, da Ministra Maria Tereza. Deixou na mão o corregedor que a sucedeu, Ministro Herman Benjamin, que se esforçando por dar curso às ações do PSDB na linha anterior de Gilmar, ficou, ao final, com a brocha na mão. O TSE, por maioria, em apoio a seu presidente, julgou improcedentes as ações e preservou o golpista Temer no cargo usurpado de presidente da república.
Este é só um exemplo dos vários golpes de João-sem-braço do Ministro Gilmar.
Mas, ultimamente passou a adotar tom cada vez mais crítico ao Ministério Público Federal e seu festejado “Combate à Corrupção”. Sem dúvida, com razão. Não poupou ninguém acometido pela sanha corporativa de perseguição, nem mesmo o Procurador-geral da República, o trôpego Rodrigo Janot. Bateu com vontade e passou a ser generoso nos mandados de habeas corpus em favor de vários investigados, alguns desconhecidos seus; outras, pessoas de sua relação e, até, aliados e amigos. Reforçou a fama maledicente no ministério público de que era excelente laxante, pois relaxava até prisão de ventre.
Comprou briga com a turminha tagarela e desaforada de Curitiba. O esgrimista mais atrevido, o Dartagnan Carlos Fernando Lima, chegou a admoestá-lo de público por diversas vezes, em suas narcisistas entrevistas cotidianas jornais afora. E a turma da Lava-Jato, que foi essencial ao golpe parlamentar ao destruir a reputação do governo com publicação criminosa de interceptação telefônica ilegal da Presidenta da República, é a queridinha da mídia golpista.
Entre Gilmar e Dallagnol, Veja e Isto É parecem ter optado ficar com o último. Querem manter a Lava-Jato em fogo brando, sempre pronta a ser usada com este ou aquele escolhido para ser o crucificado da vez.
A Lava-Jato para a imprensa é “imexível”, já Gilmar parece que não mais. Este só foi acolhido enquanto fez a cara de mau que forçou no processo do chamado “Mensalão”. Atingindo o PT, o Ministro foi um ferrabrás implacável, no melhor estilo curitibano. E, depois, quando Janot direcionou a metralhadora contra o governo Dilma, contou com todo apoio de Gilmar.
Mas, ao decidir o procurador-geral, nas suas xambreganças com seus auxiliares, alvejar Aécio Neves e o golpista Temer – est’último, segundo dizem, para garantir a permanência de seu grupo à frente do ministério público – o magistrado se tornou crítico ferrenho da persecução penal destrambelhada e adotou discurso garantista. Confirmou-se inimigo do Ministério Público Federal, merecendo até notinhas de repúdio da Associação Nacional dos Procuradores da República.
E essa turma com quem passou a se atracar é muito midiática. São artistas da conspiração com uso de pós-verdades. Gilmar, com as matérias de Veja e IstoÉ, caiu na rede e virou o peixe da vez. Não pelo que fez de errado, mas pela correção, embora interesseira, de seu rumo que não se amolda à ação dos jovens procuradores ativistas e nem à linha editorial dos que os bajulam no noticiário.
O jabuti está no topo da árvore. Compete a Gilmar tirá-lo de lá e talvez aprenda que, quem com ferro fere, com ele será ferido. A mídia – jornais e hebdomadários – não é amiga de ninguém. Tem sua pauta  com dinâmica que não se confunde necessariamente com a desta ou daquela agenda de atores políticos. Nem do governo, nem do judiciário e nem do ministério público. Talvez esta lição também seja útil para o homilieiro e o esgrimista de Curitiba.

GGN