Um
bom amigo de Lula, Leonardo Boff, já escreveu que “a festa é o tempo forte no
qual o sentido secreto da vida é vivido mesmo inconscientemente” e que, nela,
todos estão juntos não para aprenderem ou ensinarem algo uns aos outros, mas
para alegrarem-se, para estar aí, um-para-o-outro comendo e bebendo na amizade
e na concórdia”.
A
festa de posse de Lula, ontem, foi assim e não poderia ser mais carregada de
símbolos do que foi.
Como
em todas as festas, sobra um pouco ainda para hoje – uma agenda repleta de
encontros com autoridades estrangeiras, e não é ainda dia para voltarem as
intolerâncias e os ódio que, como ontem, ficam restritos aos resmungos dos
derrotados.
Mas
logo voltarão e o de novo Presidente Lula sabe que, desta vez, tudo será mais
rápido e urgente.
Ele
não terá o período de boa vontade com que, normalmente, novos governos contam e
lhe será todo o tempo exigido que abandone seus compromissos de estadista para
agir como um contabilista que pratique a mesma política de transferência da
renda nacional para o rentismo que há quase uma década passamos a viver.
Dois
serão os alvos destes primeiros dias e semanas: uma reaceleração da inflação e
crises na base de sustentação política do governo no Congresso.
Não
é à toda que, numa gag em seu discurso de posse, agora de manhã (assista
abaixo), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recomendou a seu auxiliar
Guilherme Mello, pediu que este “aguentasse o tranco”, “porque a turma está
batendo duro”.
Vai
bater mais duro ainda e será preciso enfrentar a polêmica e foi apenas isso
que, ao cumprimentar ontem Haddad, este blog lhe pediu: que sua equipe
sustentasse a polêmica econômica, porque é com isto que se tentará deslegitimar
o projeto social e democrático que está a cargo do governo Lula levar à frente.
Nenhuma
ingenuidade será possível neste campo e, diante da absoluta ausência de
políticas que temos, com o festival de gambiarras econômicas que nos é legado
pelo período guedesiano de gestão que Fernando Haddad estimou em “um rombo de
cerca de R$ 300 bilhões, provocado pela insanidade”.
É
preciso, porém, que passe rápido das intenções declaradas para os gestos
tomados, porque o longo prazo, o melhor e mais consistente em economia, para o
“mercado” brasileiro é nada, viciado em voracidade e gula.
Mas
ciente de que haverá palmas ilusórias para decisões que, embora bem recebidas e
apoiadas pelo “andar de cima” são armadilhas para que se desgaste Lula onde ele
deve permanecer invulnerável: o povão. Confira o primeiro pronunciamento de
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