Marina
Todo fim de ciclo
político abre espaço para os outsiders da política.
São períodos em que
ocorre um aumento da inclusão, da participação popular e os mecanismos
políticos tradicionais não mais dão conta da nova demanda. Há o descrédito em
relação à política e, no seu rastro, o cavaleiro solitário, cavalgando o
discurso moralista e trazendo a esperança da grande freada de arrumação.
Fazem parte dessa
mitologia políticos como Jânio Quadros, Fernando Collor e, agora, Marina Silva.
***
Tornam-se fenômenos
populares, o canal por onde desaguará a insatisfação popular com o velho
modelo.
No poder, isolam-se por
falta de estrutura partidária ou mesmo de quadros em qualidade e quantidade
suficiente para dar conta ro recado de administrar um país complexo como o
Brasil.
Com poucos meses de
mandato, a população percebe que não ocorrerá o milagre da transformação
política brasileira e se desencantará com o salvador. Sem base política, sem o
canal direto com o povo, perdem o comando e trazem a crise política.
***
Desde a
redemocratização de 1945 o Brasil tornou-se um país difícil de administrar,
dada a complexidade de forças e setores envolvidos. Só é administrável através
das composições políticas.
Na última década, a
complicação ficou maior porque floresceram uma nova sociedade civil, novas
classes de incluídos e o fantasma da hiperinflação (e dos pacotes econômicos)
não mais funcionava como agente organizador das expectativas e de desarme das
resistências.
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O maior momento de
Marina foi quando, na OMC (Organização Mundial de Comércio) defendeu a o
direito do Brasil proibir a importação de pneus. No episódio Cessna descobre-se
um sócio oculto do ex-governador Eduardo Campos, que enriqueceu com incentivos
fiscais (do estado de Pernambuco) justamente para a importação de pneus.
***
Não apenas isso.
Sua vida profissional
indica uma personalidade teimosa e desagregadora.
Começou a vida política
com Chico Mendes. Depois, rompeu com ele e aderiu ao PT. Foi parceira de Jorge
Vianna, governador do Acre. Rompeu com Jorge, tornou-se MInistra de Lula.
Teve embates com a
então Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff acerca da exploração da
energia na Amazonia. Perdia os embates nas reuniões Ministeriais, mas criava
enormes empecilhos no licenciamento ambiental.
Nas reuniões
ministeriais, jamais abria mão de posições. Quando derrotada, se
auto-vitimizava e, nos bastidores, jogava contra as decisões com as quais não
concordava.
Saiu do governo Lula no
dia em que anunciou seus planos para a Amazonia e Lula entregou a gestão para
Roberto Mangabeira Unger.
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Saiu do governo, entrou
no PV e promoveu um racha no partido. Tentou montar a Rede, juntou-se com o PSB
e criou conflitos de monta com os principais auxiliares de Campos.
A teimosia em geral
estava a serviço de ideias e conceitos totalmente anticientíficos.
Combateu as pesquisas
em células tronco. Em 2010, em uma famosa entrevista no Colégio Marista, em
Brasilia, anunciou que proibiria ensinar Darwin nas escolas, por ser a favor do
criacionismo.
Se o país resolver
insistir na aposta no personagem salvador, só há uma coisa a dizer: bem feito!
Relativizando a posição
de Marina sobre o criacionismo e a célula tronco.
FOLHA - Antes de mudar
de partido, a sra. mudou de religião, de católica para evangélica. No ano
passado, equiparou a teoria da evolução de Charles Darwin ao criacionismo, que
atribui a origem da vida a Deus. Entre fé e ciência, a sra. fica com a fé?
MARINA SILVA - Houve um completo mal-entendido. Fui dar palestra em uma universidade adventista, que é uma faculdade confessional. A legislação brasileira permite as escolas e as faculdades confessionais, que têm o direito de fazer a abordagem do ensino a partir da perspectiva religiosa.
Um jovem me perguntou o que eu achava de as escolas adventistas ensinarem o criacionismo. Respondi que, desde que ensine também a teoria da evolução, não vejo problema. A partir daí, as pessoas começaram a dizer que eu estava defendendo o criacionismo. Sou professora, nunca defendi essa tese e nem me considero criacionista. Porque o criacionismo é uma tentativa de explicação como se fosse científica para responder a questão da criação em oposição ao evolucionismo. Apenas acredito em Deus, é uma questão de fé. Nunca tive dificuldade em respeitar e me relacionar com os ateus, com pessoas que professam outras crenças ou outra forma de pensar diferente da minha.
MARINA SILVA - Houve um completo mal-entendido. Fui dar palestra em uma universidade adventista, que é uma faculdade confessional. A legislação brasileira permite as escolas e as faculdades confessionais, que têm o direito de fazer a abordagem do ensino a partir da perspectiva religiosa.
Um jovem me perguntou o que eu achava de as escolas adventistas ensinarem o criacionismo. Respondi que, desde que ensine também a teoria da evolução, não vejo problema. A partir daí, as pessoas começaram a dizer que eu estava defendendo o criacionismo. Sou professora, nunca defendi essa tese e nem me considero criacionista. Porque o criacionismo é uma tentativa de explicação como se fosse científica para responder a questão da criação em oposição ao evolucionismo. Apenas acredito em Deus, é uma questão de fé. Nunca tive dificuldade em respeitar e me relacionar com os ateus, com pessoas que professam outras crenças ou outra forma de pensar diferente da minha.
Jornal - GGN
Luis Nassif
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