Dona NENEM CHAVES, como era conhecida Ana Chaves
de Lima (26.8.1888-12.3.1982), pode ser considerada a matriarca de uma das
famílias buritienses que deixaram marcas indeléveis. Viúva do Tenente-Coronel Gaspar
Lima(1880-1934), cumpriu a árdua missão de criar e educar seus filhos
Antonio, Benedito, José, Raimunda e João, encaminhando-os na direção do BEM,
sob a proteção do CRIADOR e bênçãos da Padroeira Sant`Ana. O casarão, hoje
deformado em sua arquitetura original, impunha-se pela localização fronteiriça
da principal avenida da cidade de Buriti, de onde se abriam os rumos de
ladeiras íngremes deum lado e do outro, na rota das chapadas situadas no altiplano
do cerrado regional; ali, onde havia pequizeiros e bacurizeiros fartos de
frutos ao alcance de quem quisesse. Ao fundo do quintal protegido por um muro
vistoso, escondia-se o nascedouro do ainda vivo riacho Tubi. A casa pintada todos
os anos de cores variadas, era o lugar de parada obrigatória dos viageiros sem
conta que procediam de toda parte; era a passagem obrigatória das procissões da
Padroeira, nas tardes-noites do dia 26 de julho de cada ano. Nesse ambiente de
religiosidade aguda foi despertada avocação sacerdotal de Benedito Chaves
Lima (13.9.1926-28.9.2009). Depois de anos seguidos de viagens difíceis de
ida e volta de São Luís, ordenou-se presbítero, em memorável cerimônia
realizada no dia 04.01.1953, na Igreja-Matriz da paróquia de sua terra natal.
Naquele mesmo ano, celebraria o casamento de sua única irmã, Raimunda Chaves
Lima (13.10.1931 – 10.6.2024) com Farides Sipaúba, num acontecimento
histórico, marcado pela marcha nupcial por entre palmeiras de pati, em toda a
extensão da Rua Cel. Lago, de sua casa às escadarias daquela igreja. Foram mais
de 40 anos de sacerdócio dedicado, em sua maior parte, na Paróquia de Itapecuru
(MA), em cuja Igreja-matriz repousam seus restos mortais. Em esporádicas
visitas a Buriti, repousava em uma dependência adredemente construída ao lado
do casarão, com acesso pela sala de visitas. Ali, também celebrava missas para
poucos fiéis. Era a “Casa do Padre”! O Pe. Benedito Chaves, de cultura
invejável, também realizou outros sonhos acalentados, ao conhecer outros países
(Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Israel), além de Uruguai, Argentina e
Chile. Na passagem por Roma, teve a alegria de participar de uma audiência
geral com Papa Paulo VI, sonho de todos os católicos, ainda mais de um
sacerdote humilde, como o saudoso Pe. Benedito Chaves, exemplo devida e de
entrega.
Daquele
mesmo casarão de Dona Neném Chaves também
saiu a dedicada Professora Raimunda Chaves de Lima Sipaúba,
conhecida até os seus últimos dias como “Professora Mundiquinha”. Depois de concluir
o antigo Curso Normal, retornou à sua terra-berço para servir a uma das mais
nobres e fascinantes causas: ensinar e
educar. A dedicação ao magistério de
1954 a 1994 foi marcada pela presença infalível no Grupo Escolar Antonio Faria, do qual foi Diretora por muitos anos.
Essa experiência de vida pode ser traduzida, também, como um abençoado
sacerdócio que merece registro e reverências de todos quantos a conheceram. Sem
dúvida, deixou um legado de honradez e de humildade, de comportamento social
discreto e respeitoso, prestando valiosos serviços ao seu torrão natal. São
atributos caros que somente se explicam pela ambientação familiar propiciada
por sua mãe NENEM CHAVES. Faz muito bem a sua neta Ana Paula Chaves Sipaúba
(competente médica veterinária) em manter e conservar, como relíquias valiosas
e inegociáveis, os baús fabricados em Portugal e levados àquela mansão do
interior maranhense, com garrafas de vinhos de qualidade, ao gosto do
Tenente-Coronel Gaspar Lima.
Por Benedito Ferreira Marques
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