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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Antonio Dornas: Revisita a Hobbes explica o avanço da Direita

De volta a Hobbes

No mundo em geral, os movimentos de direita avançam sobre as instituições. No Brasil, especificamente, naquilo que se relaciona ao modus operandi, nada de novo. Uma intervenção do sistema judiciário na política, um aparelhamento do estado a serviço da elite, que, em muitos aspectos, retoma práticas políticas da velha república. Práticas estas que nunca deixaram de se fazer presentes, mas cujo grau se intensifica absurdamente. Interesses de natureza corporativos se organizam no poder judiciário, tradicionalmente o menos aerado dos poderes, em conchavos e conluios que alimentam os folhetins. Apresenta sua versão como fato e, ao serem confrontados, adotam máximas do tipo: “Todo político é corrupto” para justificar atitudes abusivas.

Nisto, o sistema judiciário assume um papel semelhante ao dos antigos coronéis. Interpõem-se entre os interesses da elite e a revolta do povo para servir de uma forma muito mal disfarçada aos primeiros e conter à base de logro quando possível, do porrete quando necessário, aos últimos. 

Mas o país hoje é muito mais complexo!

É fato. A urbanização em particular alterou a estrutura social, acelerando a reação às tramas da elite. Assim, a resposta tarda, mas não falha, haja visto a recente greve geral.

A classe política se vê, desta forma, emparedada. Atende o esquema que sustenta a lava-jato, o povo reage. Atende o povo, o judiciário morde seu calcanhar. Assim, o golpe é um movimento que somente se sustenta no curto prazo. Daí a ferocidade com que avança sobre os direitos sociais.

Em algum momento, é o que se espera, o lobo saciado, “estanca a sangria”. Já foi o impeachment, cassação e prisão de Eduardo Cunha, prisão de Sérgio Cabral, uma lei draconiana que congela os gastos públicos por vinte anos, Aécio Neves, o governo Temer prestes a cair. Até mesmo a poderosa Rede Globo, com toda sua estrutura e organização, se vê arrastada para o redemoinho, tendo que improvisar uma mudança de rota, um verdadeiro “cavalo de pau” no programa do golpe, que parecia tão bem encaminhado para o desmanche das estruturas sociais, assumindo Temer para si o papel de carrasco e se dizendo satisfeito com a baixa popularidade. Seria hilário, se não fosse trágico.

A classe política tradicional esperava que, acendendo ao interesse da elite, estaria abrindo portas para o “grande acordo nacional”. E realmente, esta seria a tese mais ponderável seguindo a tradição política do país. Na velha república, por exemplo, uma vez vencida a pauta progressista, o sistema se acomoda para manter tudo como sempre foi. Hoje, ao contrário, o sistema cria o impasse sem formular saídas, o que margeia o imponderável. É evidente que o imponderável é a antítese da manutenção do status.

Toda esta circunstância do momento político brasileiro faz lembrar um processo recente, também inédito e surpreendente, a que se denominou primavera árabe. Naquela oportunidade o que aconteceu? Nações ricas em recursos naturais, sociedades caracterizadas pela injustiça social secular imposta à maioria de seus cidadãos, se veem diante de uma revolta popular que desestabiliza o sistema político tradicional. Como lá, existe aqui uma estrutura política frágil e uma classe política corrompida e vulnerável. Até então a estabilidade era garantida pela apatia. De uma hora pra outra somos transportados para uma realidade que remete àquela vivida pela Inglaterra ainda do século XVII com duas grandes diferenças:

1.    Lá, tal circunstância correspondia a um momento histórico típico, o fim da idade média, a ascensão da burguesia, etc... Aqui não há como identificar tais relações.

2.    Lá a ausência de um sentido de nação não carregava como peso a pressão dos interesses externos com a organização e ferocidade que vivenciamos aqui.

Conclui-se que tal processo não é natural. É possível identifica-lo a partir de um novo agente de natureza efêmera, característico da era digital. Este político sem rosto, este partido sem partido, pode ser tudo, menos identitário do interesse nacional. Seu DNA é externo e trata-se de um fenômeno internacional promovido pela direita, haja vista a trama russa nas eleições americanas. Sua demanda é a instabilidade política para apropriação das riquezas nacionais pelas potências estrangeiras.

E, estando correto este raciocínio, Síria, Afeganistão, Líbia, Egito e Iraque, são as referências mais apropriadas para nosso futuro se algo não for feito de imediato. Destruição, guerra civil, caos, ditaduras ferrenhas, e acima de tudo a perda da soberania. E as potências externas fazendo a festa, é claro.

Ainda preciso dizer quem, de fato, esta por trás de toda esta trama?

Do GGN

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Os movimentos sociais sustentam que é a maior greve da história do Brasil #BrasilEmGreve

Antes mesmo de a #BrasilEmGreve atingir os trends topics mundiais do assunto mais comentado no mundo nas redes sociais e de o país aderir em massa à paralisação, contando com todos os segmentos e sindicatos de trabalhadores, os movimentos sociais já calculavam o 28 de abril como uma das maiores greves da história do Brasil.

Organizado por sindicatos e pela Central de Movimentos Populares (CMP) e da Frente Brasil Popular, as ações foram aderidas por grande parte da população para mostrar a insatisfação com a Reforma Trabalhista e da Previdência do governo de Michel Temer.

De acordo com o coordenador da CMP, Raimundo Bonfim, em entrevista à Rede Brasil Atual ainda nesta quinta-feira (27), quando as mobilizações estavam ainda sendo discutidas pelas centrais, a dimensão do ato de hoje ocorre graças à coesão e unidade de amplos setores sociais e populares.
  
"Além do engajamento do movimento sindical, que tem a tarefa de parar a produção e circulação das riquezas e pessoas, é uma greve que vai ter muitas ações desenvolvidas por movimentos sociais e populares. Existe uma forte unidade dos movimentos popular e sindical, das centrais sindicais, das frentes Brasil Popular e Povo sem Medo", afirmou.

Segundo o dirigente, o cenário é suficiente para "afirmar que será a maior greve da história do Brasil". Bonfim também negou que as paralisações sejam apenas reações de sindicatos e de federações trabalhistas.

"Tem muita gente que acha que a greve é uma tarefa só do movimento sindical, e a novidade dessa greve é que os movimentos populares e sociais estão fortemente engajados na sua construção", disse. Uma vez que toda a sociedade está sendo alvo dos ataques a direitos trabalhistas, com as reformas e o projeto de terceirização, juntamente com a grande reprovação ao governo Temer, fica claro que o engajamento para os atos de hoje vem de todos.

"A greve está sendo discutida mesmo pelas pessoas que têm alguma contrariedade. Existe de fato um sentimento da população de que haverá essa greve geral no Brasil", contou. "Vamos manifestar de forma tranquila e pacífica, de acordo com o direito de manifestação garantido pela Constituição", concluiu.

Após os preparativos, o fechamento de fábricas, escolas, universidades, transportes, aeroportos, comércio, rodovias, e a ampla adesão deu a resposta clara da população nas ruas contra as medidas econômicas tentadas pelo governo peemedebista.

Logo pela manhã, além das principais fábricas e petrolíferas acordarem sem trabalhos. Em São Paulo, além dos ônibus e metrôs paralisados, movimentos sociais barraram as principais vias de acesso ao aeroporto Internacional de Guarulhos, e outras rodovias importantes, como a Regis Bittencourt. No Rio de Janeiro, foram bloqueadas a ponte Rio-Niterói e a Transoeste.

Em Recife, o bloqueio ocorreu na Avenida Norte e Cruz Cabuçá. Em Natal, os movimentos e grupos de trabalhadores fecharam a BR 101. Metalúrgicos, montadoras e indústrias químicas de todo o Brasil, principalmente na grande São Paulo, tiveram a produção suspensa.

Somente no ABC Paulista e em Ribeirão Pires, os trabalhadores fecharam as fábricas da Ford, Volkswagen, Mahle, Arteb, ZF, Alpina, SMS, Arteb, Magna Cosma Internacional, Basf, Lukscolor, Sanko, EMS, Novak, Sherwin Willians, TRW e Marcolar. 

Servidores públicos também não temeram as paralisações. Funcionários da Saúde, Previdência e Assistência Social aderiram aos movimentos junto à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS/CUT). 

Trabalhadores do transporte de São Paulo e de Belo Horizonte tampouco se deixaram assustar pelas ameaças de multas dos governos municipais e estaduais com a paralisação das operações. Garantiram a greve geral por 24 horas. 

Os aeroviários da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil da CUT (Fentac) iniciaram as mobilizações da categoria, desde o aeroporto internacional de Guarulhos, mas também Salgado Filho, em Porto Alegre, e o Gilberto Freyre, no Recife. Professores de escolas públicas e particulares, além de universidades, também públicas e privadas, aderiram à paralisação geral. 

Durante o lançamento do manifesto Projeto Brasil Nação, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) resumiu o sentimento da população manifestado por todo o país neste 28 de abril: "O Brasil não aguenta até 2018".

Do GGN

segunda-feira, 19 de março de 2012

Da Bíblia à música de Jesus e Barrabás do Maranhão, história e realidade

Eles formaram a banda "Jesus, Barrabás e os Fariseus", mas depois se separaram; o iG promoveu o reencontro dez anos depois no Maranhão.
 Foto: Wilson Lima/iG Maranhão
Jesus e Barrabás se reencontram em São Luís
A história ou lenda, como defendem alguns, muitos conhecem. Segundo o Novo Testamento, Jesus e Barrabás foram presos e Pôncio Pilatos perguntou aos judeus, quem eles queriam que fosse libertado por ocasião da Páscoa. O povo pediu que o suposto assassino, Barrabás, fosse libertado. Jesus foi condenado, crucificado e morto.

Pelo Novo Testamento, Jesus e Barrabás tiveram destinos diferentes; o primeiro, inocente, morreu na Cruz; o segundo, assassino, gozou da liberdade e nunca mais foi visto.

Vinte e um séculos depois, Jesus e Barrabás se encontraram no Maranhão.
Jesus Marmanillo e Luís Carlos Barrabás Araújo se conheceram em 1998 quando estudavam no colégio Alternativo Maranhense. Filhos de classe média, os dois estavam no ensino médio e tinham a mesma idade. Mas não foi a relação bíblica dos nomes que aproximou os dois, mas sim gosto pelo rock. Jesus era fã de Metal e Barrabás, de punk.

Além da proximidade em relação ao gosto musical, os dois descobriram que eram vizinhos, no Cohatrac, bairro de São Luís. “Começamos trocando cds informações e escutando música. Quando percebi, estávamos andando juntos”, disse Jesus.

Um ano depois, Jesus e Barrabás formaram uma banda de punk. Barrabás era o guitarrista; Jesus, o vocalista. O nome escolhido para a banda foi: “Jesus, Barrabás e os Fariseus”. Depois, virou apenas “Jesus e Barrabás”.

Por andarem muito juntos na adolescência, ouviram piadas constantemente: “Jesus, Barrabás vai te matar!” ou “Barrabás, entrega Jesus!” ou ainda... “Jesus, te vinga de Barrabás”.

A dupla mesmo brincava com a situação. Eles encarnavam os personagens em festas. Uma vez, um pastor evangélico tentou converter Jesus.

Foi advertido por Barrabás, que disse ao pastor: ‘Você quer converter Jesus? É muita cara de pau. Vai procurar outro’. Foi super engraçado”.

Anos depois, no entanto, Barrabás converteu-se a uma igreja Evangélica e tentou fazer de Jesus uma de suas ovelhas. E o resultado: Jesus negou Jesus, como diriam os evangélicos na época.
Os dois entraram na Universidade Estadual do Maranhão (Uema) em 2001 e a amizade continuou. Os dois fizeram cursos distintos. Jesus, Geografia; Barrabás, História.
 Foto: Wilson Lima/iG Maranhão
Barrabás e a imagem de São José de Ribamar
Barrabás deixou a universidade em 2003 e foi conhecer o restante do País. Os dois acabaram se separando. Barrabás viajou para cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2005, passou a morar nas ruas do Centro Histórico de São Luís. Chegou a ser preso, por desrespeito à autoridade policial.

Jesus, que era considerado um rebelde, formou-se. Fez mestrado e doutorado em Ciências Sociais na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Hoje, Barrabás é artesão. Quer montar um grupo de tambor de crioula em São Luís e dá aula de cultura maranhense para jovens. Cristão, Barrabás montou um altar em sua casa com peças religiosas, inclusive uma réplica de, santo padroeiro do Maranhão. Jesus não tem religião. Não é devoto de santos e agora estuda para conseguir uma vaga como professor de universidade.

Após quase dez anos separados, eles voltaram a conversar na semana passada, quando o iGconseguiu unir Jesus e Barrabás. Os dois estão com 33 anos, idade em que Jesus foi morto.
 
Wilson Lima, iG Maranhão |