O Ibope liberou hoje mais uma pesquisa de intenção de voto
para a eleição presidencial. De acordo com a pesquisa, o candidato do PSL, Jair
Bolsonaro, tem 32% das intenções de voto, seguido por Fernando Haddad, do PT,
com 23%. Ciro Gomes (PDT) tem 10%, Geraldo Alckmin (PSDB) tem 7% e Marina Silva
(Rede) manteve os 4%.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2018
terça-feira, 2 de outubro de 2018
O SISTEMA SE ENTREGA A BOLSONARO, POR LUIS NASSIF
A lógica de Bolsonaro é
ser anti-sistema, o representante do país sombrio, da maioria silenciosa que
nunca se viu representada na política. No parlamento, é o baixo clero. Na
mídia, é personagem secundário, restrito aos veículos regionais. Ou
limitando-se a ver o país através das lentes dos programas policiais e do
filtro dos jornais nacionais, sempre na posição passiva.
Os bolsonaristas são
cidadãos de um país anacrônico, que acompanhava, passivamente, o cosmopolitismo
provinciano do Rio e de São Paulo, mas não se sentia politicamente integrado.
É o valentão da moto,
que só consegue se impor fisicamente sobre os nerds, esses moleques exibidos
que querem falar chic. São os grupos, as gangs que se formaram em torno de
temas não-políticos, colecionadores de motos, de veículos antigos, valentões de
bar, grupos religiosos, colegas de bar, irmãos de maçonaria. Ou apenas cidadãos
classe-média que escondiam preconceitos e ódios, comuns à pré e a
pós-modernidade e que, graças às redes sociais, se descobriram maioria em seus
redutos.
Junte-se a esse grupos
empresários que aprenderam apenas a ganhar dinheiro, sendo submetidos dia após
dia ao liberalismo superficialíssimo do sistema Globo, condenando qualquer
forma de regulação e de atuação do Estado.
Quando a Globo decidiu
levar o povo para as ruas, para atropelar a Constituição, e o STF (Supremo
Tribunal Federal) convalidou o golpe, esse Brasil soturno emergiu com toda
força. Pensaram repetir as maiorias silenciosas de 1964 que, depois de usadas,
foram deixadas de lado. Não se deram conta do poder de aglutinação das redes
sociais. Eles, agora, têm voz própria e se valem da desorganização total no
sistema, da quebra de todas as regras e leis, para ocupar espaços, trazendo consigo
agentes oportunistas de todas as espécies. -derrotados políticos, economistas,
lideranças que foram sucessivamente derrotadas no jogo eleitoral e que, agora,
se julgam em condições de cavalgar o leão sem ser devorado.
Tudo isso ocorre no
país de Macunaíma. Aproveitam-se do jogo Ministros do Supremo, ministros de
tribunais, economistas de mercado, mais abaixo um pouco, promotores liberados
para prender, juízes liberados para condenar, fazendo acertos de contas em cada
canto do país. Abrem a jaula achando que vão parlamentar com o leão faminto.
E aí acontece o
paradoxo.
O Brasil que saiu às
ruas no sábado, nas históricas manifestações das mulheres, é o país civilizado,
defendendo bandeiras adequadas aos tempos modernos. O Brasil anacrônico dos
grandes meios de comunicação, segura a informação. A reação da maioria
silenciosa é aumentar a adesão a Bolsonaro – se a pesquisa IBOPE foi
efetivamente séria, captando um soluço ou uma tendência.
A cada jogada de cena
combinada, nos debates de presidenciáveis, mais se esboroa o Brasil
institucional. A cada autodesmoralização do Supremo, mais gás para a besta.
O antipetismo
desvairado da mídia, o oportunismo de presidenciáveis, de explorar o fantasma
do suposto autoritarismo do PT tem efeito multiplicado nas redes sociais.
Revive as maluquices do “comunista-comedor-de-criancinhas” e é tiro nos dois
pés. Não demoniza apenas o PT, desmoraliza as instituições, o “sistema” – que
Bolsonaro, mais uma vez, anunciou que irá destruir. E até Ciro Gomes, o
presidenciável com melhores propostas, embarca nessa aventura que, em vez de
levá-lo para o segundo turno, poderá levar Bolsonaro ao poder.
O PT tem defeitos
enormes. Mas o oportunismo do país institucional, de atribuir ao partido
propósitos ditatoriais, para navegar nas águas fáceis do anticomunismo mais
primário, tem um efeito multiplicador terrível na base, nos escaninhos das
redes sociais de onde se alimenta o bolsonarismo.
E fica o Brasil
institucional aguardando o momento em que FHC descerá do seu ego e engrossará a
frente contra o atraso. Sabe o que vai acontecer? Nada. Será anulado com um pum
que Bolsonaro reteve no hospital.
GGN
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
IBOPE DE HOJE HADDAD VAI A 22% E GANHA NO SEGUNDO TURNO, BOLSONARO EMPACA EM 28%
Pesquisa ainda registrou a vitória de Haddad contra Bolsonaro em um segundo turno, por uma diferença de 6 ponto percentuais. O candidato da extrema direita só empata com Marina Silva, perdendo para todos os presidenciáveis em segundo turno.
A mais recente pesquisa eleitoral aproxima Fernando Haddad,
candidato do PT à Presidência da República, ao até então líder isolado Jair
Bolsonaro (PSL). Haddad aparece com 22% das intenções de voto e o
presidenciável da extrema direita mantém 28% no IBOPE, divulgado há pouco.
A pesquisa também mostra que, agora, Haddad ganha de
Bolsonaro em um segundo turno, com 43% contra 37%, respectivamente. O candidato
do PSL perde de todos os presidenciáveis questionados em segundo turno,
empatando apenas com Marina Silva (Rede).
O candidato do PT apresentou um crescimento de três pontos
percentuais, em comparação à pesquisa anterior, feita a menos de uma semana
atrás. Já Bolsonaro mantém a liderança com o mesmo nível de expectativa de
votos do dia 18 de setembro.
Os resultados do candidato escolhido por Lula demonstram,
também, um isolamento na possibilidade de ir a segundo turno contra Jair
Bolsonaro. Isso porque até então empatado com Haddad no IBOPE, o presidenciável
Ciro Gomes (PDT) mantém os 11%, sem crescimento.
Assim, Fernando Haddad agora registra o dobro das intenções
de voto que marca Ciro. Já o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin mantém as
baixas intenções de voto, com 8%. E Marina Silva, da Rede, cai um ponto
percentual para 5%.
Abaixo, os resultados da pesquisa IBOPE:
Jair Bolsonaro (PSL): 28%
Fernando Haddad (PT): 22%
Ciro Gomes (PDT): 11%
Geraldo Alckmin (PSDB): 8%
Marina Silva (Rede): 5%
João Amoêdo (Novo): 3%
Alvaro Dias (Podemos): 2%
Henrique Meirelles (MDB): 2%
Guilherme Boulos (PSOL): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 0%
Vera Lúcia (PSTU): 0%
João Goulart Filho (PPL): 0%
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 12%
Não sabe/não respondeu: 6%
E os questionamentos para o segundo turno:
Haddad 43% x 37% Bolsonaro (branco/nulo: 15%;
não sabe: 4%)
Ciro 46% x 35% Bolsonaro (branco/nulo: 15%;
não sabe: 4%)
Alckmin 41% x 36% Bolsonaro (branco/nulo: 20%;
não sabe: 4%)
Bolsonaro 39% x 39% Marina (branco/nulo: 19%;
não sabe: 4%)
A pesquisa divulgada hoje ouviu 2.506 eleitores entre este
sábado e domingo (23) e apresenta um nível de confiança de 95% da população,
com margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
GGN
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
BOLSONARO É AMEAÇA A DEMOCRACIA E AMÉRICA LATINA, DIZ THE ECONOMIST
"Os brasileiros não devem ser
enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro tem uma
admiração preocupante pela ditadura", alerta revista britânica para riscos
do candidato da extrema direita.
"Hoje em dia os brasileiros
devem se perguntar se, como a divindade no filme, Deus saiu de férias",
escreveu a revista britânica "The Economist", no artigo "Jair
Bolsonaro, a mais recente ameaça da América Latina", publicado nesta quinta-feira
(20).
A reconhecida revista não só
apresentou o candidato da extrema direita como ameaça em editorial, como também
estampou na capa da edição desta semana, com uma fotografia do presidenciável
nas cores do Brasil, com a manchete: "A
última ameaça da América Latina: BOLSONARO PRESIDENTE".
No texto, a publicação faz menção ao
filme "Deus é brasileiro", ao valorizar as riquezas naturais, a
música e a beleza do país, que agora tem tudo a perder. "O Sr. Bolsonaro
seria uma adição particularmente desagradável ao clube de populistas no mundo.
Se ele vencesse, poderia colocar em risco a própria sobrevivência da democracia
no maior país da América Latina", pontua.
A reportagem lembra que os grandes
índices de intenções de voto a Bolsonaro se devem às justificativas de uma
economia fracassada, com alto nível de desemprego, a corrupção do colarinho
branco, o descrédito da classe política deflagrado pela Operação Lava Jato, um
Congresso que torna a corrupção de Michel Temer impune, etc.
"Até então, ele era um
congressista de sete mandatos pelo estado do Rio de Janeiro, reconhecido de
longa data por ser grosseiramente ofensivo. Bolsonaro disse que não iria
estuprar uma congressista porque ela era 'muito feia'; que preferiria um filho
morto a um gay; que os quilombolas que vivem em assentamentos são gordos e
preguiçosos", enumerou.
"Mas, de repente, essa
disposição de 'quebrar tabus' está sendo interpretada como uma prova de que ele
é diferente dos padrões políticos da capital, Brasília", concluiu The
Economist: "E, assim, para os brasileiros desesperados por se livrarem de
políticos corruptos e traficantes de drogas assassinos, o Sr. Bolsonaro se
apresenta como um xerife sensato."
Sobre o recente ataque a Bolsonaro
durante um comício, a revista afirma que "só o tornou mais popular e o
protegeu de uma crítica mais minuciosa pela mídia e por seus
adversários".
Mas a edição pede cuidado, ao se
lembrar do que diz a própria história da América Latina. "Os brasileiros
não devem ser enganados: além de suas visões sociais não liberais, Bolsonaro
tem uma admiração preocupante pela ditadura".
Um dos exemplos citados é o caso da
ditadura no Chile de Augusto Pinochet (1973-1990), que misturou políticas
autoritárias com a economia liberal do "Chicago Boys". "Eles
ajudaram a estabelecer o terreno para a prosperidade relativa de hoje no Chile,
mas a um custo humano e social terrível", relembrou.
Por fim, o editoral sugere que os
brasileiros não devam se deixar levar por Bolsonaro, cujo lema poderia chegar a
ser "eles torturaram, mas agiram". "A América Latina conhece
todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis".
E os riscos são grandes, considerando
que "a democracia do Brasil ainda é jovem" e que "até mesmo um
flerte com autoritarismo é preocupante".
"Em vez de cair nas promessas
vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os
seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua
democracia e reformar sua economia não será fácil, nem rápida. Algum progresso
foi feito - como a proibição de doações corporativas a partidos e o
congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. O senhor
Bolsonaro não é o homem que o fornece", finaliza.
GGN
sábado, 8 de setembro de 2018
XADREZ DA ÚLTIMA CARTADA DA GLOBO, COM BOLSONARO, POR LUIS NASSIF
Cena 1 – o retrato
atual das eleições
Há um desenho nítido, com o esperado crescimento de Fernando
Haddad e a consolidação da candidatura de Jair Bolsonaro. Desenha-se um segundo
turno entre ambos. Haverá um confronto entre o anti-petismo e o
anti-bolsonarismo, com boa possibilidade de o fator Bolsonaro garantir a
vitória de Fernando Haddad.
Até agora, os personagens-chave do jogo se posicionam assim:
1. Mercado: aproximando-se de ambos e, especialmente de Haddad.
A gestão de Haddad no Ministério da Educação e na Prefeitura são o seu
principal aval. Em ambos os casos, foi uma gestão eminentemente técnica,
fiscalmente responsável, com portas abertas para movimentos sociais e ONGs
empresariais e foco claro na defesa das minorias.
2. Classe média: assustada com os arroubos de Bolsonaro, contra
mulheres, minorias e a favor da violência, refletindo-se no aumento de suas
taxas de rejeição.
Pesquisas recentes indicam que pelo menos 40% dos eleitores
de Geraldo Alckmin poderiam votar em Haddad. Gradativamente foi caindo a ficha
que nem o horário eleitoral seria suficiente para colocar Alckmin no segundo
turno. E o crescimento das taxas de rejeição de Bolsonaro poderiam garantir a
vitória de Haddad.
É por aí que se explica o reposicionamento dos principais
atores políticos, resolvendo apostar suas fichas em Bolsonaro. E também o vídeo
de João Doria Jr com a derradeira traição ao seu padrinho Alckmin: admitindo a
ida de Bolsonaro para o segundo turno.
Cena 2 – o pacto
Bolsonaro-Globo
Pouco antes do incidente em Juiz de Fora – no qual um
alucinado enfiou a faca em Bolsonaro – o candidato deu declarações mencionando
um fato novo relevante na eleição. Muitos imaginaram, depois, ser um anúncio do
suposto atentado. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas de novo, mesmo, foi o
pacto firmado com a Globo. Bolsonaro teve uma reunião com os herdeiros de
Roberto Marinho onde, aparentemente, foi selado o pacto para o segundo turno.
As três entrevistas da Globonews, com Katia Abreu, vice de
Ciro Gomes, Fernando Haddad e o general Hamilton Mourão, foram a prova
definitiva do acordo.
Com Haddad, pressão total, com os entrevistadores fazendo
questão, em todos os momentos, de enquadrá-lo no estereótipo do petista
clássico, justamente para enfraquece-lo junto ao centro, que o vê como
administrador racional e inclinado a pactos de governabilidade. É só anotar a
quantidade de vezes, na sabatina da Globonews, em que foi invocado o adjetivo
“petismo”, para cravar o estereótipo na testa de Haddad, ou a maneira
como se tentava mudar de tema cada vez que Haddad demonstrava seu estilo de
gestão responsável. Como na inacreditável cena em que ele mostra que a Prefeitura
de São Paulo recebeu o grau de investimento das agências de risco, e Mirian
Leitão tenta mudar de assunto alegando que se estava discutindo “política
econômica”. Grau de investimento é o Santo Graal do mercado.
No caso de Katia Abreu, Mirian recorreu ao padrão tatibitate
de seu colega Luis Roberto Barroso, dividindo os agricultores entre os “do bem”
– que respeitam o meio ambiente – e os “do mal”, representados por Katia Abreu.
Nos dois episódios, levou invertida, mas revelou a nova estratégia da Globo.
Ontem, pelo contrário, os entrevistadores implacáveis
montaram um convescote, levantando sucessivamente a bola para que o general
pudesse mostrar a face racional e humana do bolsonarismo.
Cena 3 – a reconstrução
da imagem de Bolsonaro
A entrevista e o suposto
atentado a Bolsonaro deixaram evidentes a estratégia de reconstrução da imagem
do candidato, com vistas ao segundo turno. Será apresentado como o impulsivo
boa-gente, cujas declarações mais chocantes são apenas um reflexo da
informalidade. E, por trás dele, haverá duas forças racionalizadoras: na parte
econômica, Paulo Guedes, na parte institucional as Forças Armadas, tendo como
representante oficial o general Mourão que, no final da entrevista à Globonews,
se declarou um telespectador e seguidor fiel das lições diárias da emissora.
A facada em Bolsonaro caiu como uma luva nessa estratégia. As
próprias declarações do candidato – “nunca fiz mal a ninguém” – demonstram essa
estratégia de vitimização, apresentando-o apenas como um boquirroto do bem.
Alguns fatos chamam atenção:
1. Quatro advogados imediatamente assumiram a defesa do
agressor. É evidente a intenção de criar uma blindagem. Quem os banca?
2. A investigação ficará a cargo da Polícia Federal de Minas
Gerais, a mais partidarizada, depois do Paraná. É a mesma PF que alimentou
durante um ano a imprensa com denúncias contra o governador Fernando Pimentel,
tomando por base apenas uma delação permanentemente requentada. Como dois e
dois são quatro, nos próximos dias serão levantadas supostas ligações do
acusado com organizações de esquerda.
3. O Facebook do agressor, com postagens recentes contra
Bolsonaro. E sua insistência em explicar a agressão pelo seu perfil no
Facebook. É como se as postagens tivessem sido colocadas apenas como álibi para
o ataque.
4. As declarações iniciais do filho de Bolsonaro, de que os
ferimentos foram superficiais, porque o pai estava protegido por coletes.
Por enquanto, são apenas indícios, mas que merecem ser
aprofundados.
Cena 4 – o que seria um
governo Bolsonaro
Não é preciso nenhum talento especial para imaginar o que
seria um futuro governo Bolsonaro.
Nele, haveria a reconstrução do pacto de 1964 – Forças
Armadas, sistema Globo, arrastando consigo o Partido do Judiciário e Partido do
Ministério Público-Lava Jato. O fator de união será o combate ao inimigo-comum.
O país será cada mais dividido entre o Tico “do bem” e o Teco “do mal”, como
Luis Roberto “só faço o bem” Barroso, e a Globonews “só defendo o bem contra o
mal”.
Ao primeiro sinal de impasse com o Congresso, a estratégia
óbvia já está montada. A Globo criará midiaticamente o clima de caos, como fez
em vários momentos com Brizola – superestimando arrastões de praia – ou na
própria campanha do impeachment. E esse clima servirá de álibi para a
presidência invocar a Lei de Segurança Nacional e convocar as Forças Armadas.
Quem os enfrentaria? O Supremo Tribunal Federal? A Procuradora Geral da
República? O Congresso?
Chegou-se a esse estágio de barbárie justamente devido à
falta de coragem dos poderes em relação a um movimento ainda com face
indeterminada. São esses valentes que enfrentarão o poder armado?
É sintomático a descrição do G1 sobre o momento mais tenso da
entrevista, quando Mourão trata o coronel Brilhante Ustra como herói militar:
"Meus heróis não morreram de overdose, e Carlos Alberto
Brilhante Ustra foi meu comandante quando era tenente em São Leopoldo. Um homem
de coragem, um homem de determinação e que me ensinou muita coisa. Tem gente
que gosta de Carlos Marighella, um assassino, terrorista. Houve uma guerra [no
regime militar]. Excessos foram cometidos? Excessos foram cometidos. Heróis
matam". Diante da resposta, houve silêncio dos jornalistas”.
A partir dali, submissão total ao entrevistado, mesmo estando
na banca um ex-guerrilheiro, Fernando Gabeira, e uma ex-torturada, Mirian
Leitão. Nem a menção a Ustra alterou os olhares apaixonados de Gabeira às
declarações de Mourão, e as declarações amistosas de Mourão em direção a
Gabeira.
Dentro da “legalidade”, haverá liberdade total de retaliação
dos procuradores ligados ao MBL e da Polícia Federal contra os recalcitrantes,
incluindo até colegas – fenômeno que já ocorre hoje em dia, em todos os níveis,
ante o silêncio dos grupos de mídia.
Se terá o ápice da ditadura legalizada, com os jovens turcos
tendo o respaldo oficial das Forças Armadas. Fora da “legalidade”, a
participação ativa de grupos paramilitares, estimulados pela caça aos inimigos.
Cena 5 – civilização x
barbárie
Para combater a radicalização, a estratégia de Haddad deverá
ser em duas frentes. Externamente, a de continuar propondo o diálogo, de se
mostrar a alternativa civilizatória contra a barbárie e, cada vez mais,
disputar o centro racional. Internamente, isolar os provocadores.
É tradição dos grupos de direita recorrer aos agentes
infiltrados - utilizado não apenas em 1964, mas nas manifestações contra a
globalização em Seattle. Os Cabos Anselmos visam não apenas construir álibis
para a repressão, mas, ao mesmo tempo, atrapalhar as tentativas de criação de
consenso contra a radicalização.
Será uma batalha épica em que estará em jogo o futuro do
país. Esse será o maior estímulo à resistência democrática até 7 de outubro,
quando ocorrem as eleições do primeiro turno, e 28 de outubro, quando se vota
no segundo turno.
GGN
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
JAIR BOLSONARO: QUANTO MAIS O CONHECEM, MENOS VOTOS TEM
Duas pesquisas divulgadas esta semana mostram que os caminhos
de intenção de votos para Jair Bolsonaro (PSL) são gradualmente pior a medida
que o eleitorado passa a conhecer o candidato à disputa presidencial. Foi o que
divulgaram os levantamentos do XP/Ipespe, realizado entre os dias 30 de julho e
1º de agosto, e o DataPoder360, entre 25 a 28 de julho.
A primeira delas foi realizada logo após a entrevista
concedida pelo deputado federal ao programa Roda Viva, nesta segunda-feira
(30). E mostrou que o candidato teve queda em todos os cenários de primeiro
turno e atingiu o maior patamar de rejeição, 57%.
Quando são apresentados os nomes dos candidatos, sem Lula,
Bolsonaro tem 22% no mês de agosto, uma queda de 1 ponto percentual em
comparação ao mês passado. O mesmo ocorre quando os candidatos incluem Lula e
Fernando Haddad. Já quando o nome do ex-prefeito de São Paulo, Haddad, aparece
com a menção de "apoiado por Lula", a queda de Bolsonaro é de dois
pontos percentuais, de 22% a 20% das intenções.
A pesquisa foi feita com mil entrevistados de diversas
regiões do país, por meio de questionários feitos por telefone de rede fixa e
celular, com 95,45% da taxa de confiança, sendo a margem de erro de 3,2 pontos
percentuais para mais e para menos.
A outra pesquisa, produzida pelo site Poder360, foi feita com
3 mil entrevistados, usando a mesma metodologia de ligações, entre os dias 25 e
28 de julho. O resultado surpreendente do levantamento foi com a pergunta de
rejeição entre aqueles eleitores que conhecem o deputado.
A resposta foi de 76% entre quem conhece Jair Bolsonaro que
declaram não votar nele de nenhuma maneira. Em comparação, aqueles que dizem
conhecer apenas "de ouvir falar", a rejeição é inferior, 55%. E
apenas 33% rejeitam Bolsonaro não o conhecendo.
Ao mesmo tempo, entre os que dizem conhecer Bolsonaro, apenas
6% votaria com certeza no candidato:
A pesquisa do Poder360 foi feita em 182 cidades de todas as
regiões do país e indica uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Do GGN
domingo, 26 de novembro de 2017
O que Bolsonaro fez pelo pobre Rio em 26 anos na Câmara? Nada, a não ser colocar os filhos na política. Por Kiko Nogueira
Jair
Bolsonaro foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2014, com 464
mil votos.
Em
seu sétimo mandato, Bolsonaro está na Câmara há 26 anos. Quando chegou a
Brasília, no início da década de 1990, atendia os interesses dos militares.
Mais
recentemente, passou a incluir qualquer coisa em sua agenda, desde que renda
assunto nas redes sociais entre seus seguidores de extrema direita.
Também
anda se travestindo de “liberal” para ver se engana o “mercado”.
A
tragédia da segurança pública no Rio de Janeiro é uma oportunidade excelente
para saber: o que Jair fez pela segurança de sua terra? Quais suas propostas
nesse sentido? Ao longo de mais de duas décadas, o que ele conseguiu
implementar para tornar o cotidiano do carioca menos apavorante?
Resposta:
nada.
Jair
é um fanfarrão especializado em tagarelar e angariar apoio e eventual adoração
de otários fascistoides com soluções incríveis como castração química de
estupradores, pena de morte, fim das cotas e distribuição de armas para a
população.
Volta
e meia põe um nióbio ou um grafeno no meio. Na hora de legislar, de
trabalhar, um fiasco.
Desde
1991, Jair apresentou 171 projetos de lei, de lei complementar, de decreto de
legislativo e propostas de emenda à Constituição (PECs). O número é auto
explicativo.
Apenas
dois foram aprovados: o benefício de isenção do Imposto sobre Produto
Industrializado (IPI) para bens de informática e a autorização para o uso da
chamada “pílula do câncer”, a fosfoetanolamina sintética.
A
primeira emenda de sua autoria, aprovada em 2015, determina a impressão de
votos das urnas eletrônicas.
Ele
se defende dizendo que “tão importante quanto apresentar propostas, é
rejeitá-las”.
Assim
tenta vender o peixe de que acabou com o “kit gay”, material didático contra a
homofobia vetado na gestão de Dilma Rousseff, em 2011.
Bolsonaro
é um populista desmiolado, limítrofe e despreparado. Numa entrevista ao amigo
Danilo Gentili, falou sobre sua “plataforma” para 2018: “Muita coisa está
ligada à violência (…) Vivendo num país inseguro como o nosso, você não tem
turismo. (…) Precisamos dar um cavalo de pau na política de direitos humanos.
(…) Precisamos acabar com o estatuto do desarmamento”.
Como
seu eleitorado é feito de gente como ele, o que o sujeito precisa é apenas
repetir a retórica do “bandido bom é bandido morto”. Nenhuma ideia concreta.
Não
é necessário que ele trabalhe em Brasília pelo estado e a cidade que o
elegeram. Basta vomitar ódio e burrice.
Você
ganha um pirulito se adivinhar o que ele declarou sobre o Rio nestes últimos
dias de caos.
Exato:
o mesmo que apresentou nesse tempo todo como parlamentar.
DCM
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Doria e Bolsonaro e a marcha fascistóide, por Fornazieri
Algumas
pessoas de esquerda e democratas bem pensantes se apressaram em condenar a
ovada que o prefeito João Dória recebeu em Salvador. Na verdade, os
manifestantes soteropolitanos devem ser parabenizados, pois Dória merece ser
alvo de muitas ovadas por ser um elemento provocador, desrespeitoso,
estimulador do ódio, usando frequentemente uma linguagem e práticas que
resvalam para a arruaça política. Dória precisa ser tratado como inimigo, já
que ele trata as pessoas progressistas e de esquerda como inimigas.
O
condoer dos progressistas com a situação de Dória mostra o quanto muitos
setores de esquerda perderam a noção da luta política. Antes de tudo, note-se
que ovadas são práticas de protesto recorrentes nas democracias. Para citar
casos recentes, Emmanuel Macron foi atingido com um ovo na cabeça nas últimas
eleições francesas, Marine Le Pen recebeu uma chuva de ovos e François Fillon
foi enfarinhado. Níccolas Maduro também foi atingido por ovo nas últimas
manifestações. Para lembrar outros casos aqui no Brasil, José Serra, Paulo
Maluf, Marta Suplicy, Mário Covas e vários outros políticos também foram
atingidos por ovos. Nessas ocasiões, ninguém fez tanta fumaça como está sendo
feito agora com o prefeito bem-vivente dos Jardins.
Os
progressistas condoídos parecem ser seguidores da moral dos evangelhos e dos
pacifistas, bem assinalada por Max Weber: "se alguém te ferir na face
direita, ofereça-lhe também a outra", o "não resistas ao mal pela
força" ou o pacifista que depõe as armas e as lança longe em respeito ao
Evangelho. Em política, todas essas máximas expressam uma ética sem dignidade,
como indica o sociólogo. É assim que hoje vemos progressistas dóceis,
domesticados, sem virtù e sem coragem em face da virulência dos brutos,
dos soberbos, dos violentos, dos pregadores do ódio, dos arrogantes e dos
raivosos. Dória e Bolsonaro são dessa estirpe. Todos os estudos sobre o
totalitarismo e o fascismo mostram que onde esses movimentos e líderes
triunfaram, em grande medida, se deveu à covardia e à omissão dos democratas,
dos liberais e dos progressistas.
A
pregação da violência e do ódio por parte de Bolsonaro dispensa comentários,
pois ele o faz de forma explicita, aberta e direta, galvanizando a simpatia de
milhões de pessoas que perderam as esperanças nos partidos e nos políticos. Já,
Dória, vai pela via da mentira, da sinuosidade e do cinismo, num jogo em que
estimula a violência ao mesmo tempo em que imputa aos seus alvos a prática da
violência, enquanto ele se apresenta como o pacifista, o educado, o civilizado.
Basta ver os vídeos que gravou após a ovada para ver esse método tão praticado
por movimentos totalitários, quanto por charlatões que enganaram suas vítimas
em todos os tempos.
Após
receber a ovada de militantes do PC do B, Dória afirmou que aquela intolerância
expressa o caminho do PT, de Lula e das esquerdas. Esta declaração é uma
provocação clara. Nos dias seguintes se manifestou contra o ódio ao mesmo tempo
em que chamava Lula de mentiroso e mandava os ativistas de esquerda para a
Venezuela. Outras declarações de Dória: "É melhor ser um nada do que ser
um ladrão como o Lula"; "Trabalho desde os 13 anos e o Lula nunca
trabalhou. Vive às custas dos amigos". Afirmou várias vezes que visitaria
Lula em Curitiba onde o petista estaria preso, provocou ativistas nas ruas e em
eventos e recorre a uma linguagem de ódio e de exclusão. Tudo isto são formas
de violência política que desencadeia mais violência política. Acrescente-se
que Dória sequer tem respeito aos fundadores do PSDB, como demonstrou com FHC e
outros, e está empenhado de corpo e alma na empreitada de traição a Alckmin,
seu padrinho, na disputa pela candidatura presidencial.
Tal
como a propaganda totalitária dava ênfase às supostas fundamentações
científicas de seus argumentos, Dória confere status de infalibilidade aos
métodos de gestão empresarial que estaria aplicando na Prefeitura. Ocorre que,
tal como a cientificidade dos totalitários era falsa, a gestão empresarial de
Dória também é falsa. A gestão Dória é uma montanha de mentiras. Quase todos os
programas novos que anunciou são programas antigos que estavam em andamento,
simplesmente rebatizados com nomes novos. A "Cidade Linda" é a
maior das mentiras, assim como o João trabalhador, o João gari, o João varredor
de ruas etc. São Paulo, como assinalaram alguns líderes tucanos, está
abandonada, tem um prefeito que não prefeita, um gestor que só viaja pelo
Brasil e pelo mundo, gastando o dinheiro dos cofres públicos para fazer
proselitismo político e demagógico visando sua candidatura presidencial.
Basta
ler as "Origens do Totalitarismo" de Hannah Arendt para saber a razão
do sucesso de Dória junto à opinião pública. Esse sucesso conta com três
pilares principais: 1) carência, descrença e desesperança das massas; 2) sua
atomização e desinformação; 3) sua crença nas ficções criadas pelas mentiras da
propaganda. O sucesso desses lideres e movimentos de viés totalitário e
fascistizante antes de chegarem ao poder, se assenta, diz Arendt, "na sua
capacidade de isolar as massas do mundo real".
Dória
ou Bolsonaro, certamente, não seriam capazes de criar um regime totalitário no
mundo de hoje. Mas o totalitarismo e o fascismo hoje se manifestam de outras
formas, em ondas parciais, que envolvem vários aspectos da vida social e
arrastam as pessoas para práticas nada democráticas mesmo que acreditem na
democracia.
Esses
líderes e movimentos, investidos de poder, se tornam perigosos. No passado
praticaram à larga o terrorismo de Estado e o extermínio em massa. Dória se
mostrou capaz de pequenas vilanias, praticando pogrons contra drogados e
doentes e mandando jogar jatos de água fria, em pleno inverno, em moradores de
rua.
Os
bem pensantes progressistas e de esquerda pregam que é preciso reduzir o ódio e
aumentar o diálogo, promover debates de alto nível. Sim, tudo isto é
necessário, mas onde é possível e com quem é possível. Com Dória e Bolsonaro
não é possível. Usar boas maneiras, oferecer a outra face, significa se deixar
passar por cima por essas ondas protofascistas que estão vindo com força.
Subestimá-las, representa um erro fatal. Convém lembrar que quase todos os
líderes totalitários e fascistas foram subestimados no início de suas
carreiras.
Para
combater Dória e Bolsonaro é preciso entender o fenômeno que eles representam,
compreender a especificidade de cada um e os seus métodos de fazer política e
de se promover através da propaganda e das mentiras. Os progressistas e as
esquerdas vêm colhendo derrotas e fracassos sucessivos. Poderão colher uma
estrondosa derrota em 2018. Se é para ser derrotado, que o seja com luta,
coragem e dignidade. Que não seja com o mi mi mi das boas maneiras para com
quem as trata como inimigas. E se for para buscar a vitória, que se mudem os
métodos, os discursos e os modos de agir e que se saiba quem são e como
agem os inimigos.
Aldo
Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política (FESPSP).
GGN