Após meses de discussão
e negociação partidárias, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta
terça-feira (22), o projeto de lei da minirreforma eleitoral (PL 6397/13).
Entre as principais mudanças está a limitação de propaganda em via pública e a
proibição em bens privados --a atual legislação permite a publicidade em bens
particulares de até 4m².
O texto-base da
proposta foi aprovado na última quarta-feira (16), mas a sessão se encerrou sem
a votação dos destaques apresentados. Na sessão de hoje, o PT propôs um
destaque para retirar a proibição de propaganda em bens privados, mas foi
derrotado por 165 a 127. Um destaque do DEM que proibia o uso de bonecos e
bandeiras pelos candidatos foi aprovado.
Outro destaque,
apresentado pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que permitia o uso de
outdoors eletrônicos na campanha, foi rejeitado. Os deputados também rejeitaram
destaque do DEM para retirar do texto a proibição de a propaganda eleitoral nas
emissoras de rádio e TV "ridicularizar" candidato, partido ou
coligação. O partido queria evitar que o juiz eleitoral enquadrasse o uso do
humor na definição do termo, proibindo inserções em que ele é usado.
Mudanças com a
minirreforma
A proposta limita a
propaganda em bens particulares (proibindo placas, cavaletes e envelopamento de
carros) e fixa teto para gastos com alimentação e aluguel de veículos em
campanhas. A matéria ainda libera atos de pré-campanha, permite a manifestação
em redes sociais, restringe o poder de auditoria da Justiça Eleitoral, entre
outros pontos.
O texto-base da
proposta acabou com a obrigação de que as legendas usem 25% do fundo partidário
para custear as fundações e cursos de formação política, conforme previsto no
texto do Senado. Também foi retirada a restrição à contratação de cabos
eleitorais.
Por sua vez, foram
mantidas outras partes, como a que facilita a troca de partidos, ao realizar a
desfiliação automática quando ocorre a filiação à nova legenda e a que
determina que o candidato só pode ser trocado até 20 dias antes da votação,
para coibir que fichas sujas façam a campanha e sejam substituídos por parentes
às vésperas do pleito.
A matéria agora será
reexaminada pelo Senado, já que sofreu alterações em relação ao texto original
do senador Romero Jucá (PMDB-RO).
Polêmicas
A parte mais polêmica,
que permitiria que concessionárias de serviços públicos pudessem fazer doações
para campanhas eleitorais, foi suprimida por emenda do PSOL e aprovada pelo
plenário na mesma sessão que aprovou o texto-base. Os senadores, entretanto,
podem retomar este artigo ao analisar novamente o projeto.
Na votação do
texto-base, PT, PSB, PDT, PSOL e PCdoB se posicionaram contra o projeto do
senador Romero Jucá (PMDB-RR), com o argumento de que dificultava as campanhas
para os candidatos menos conhecidos e de que não resolvia os problemas do
sistema eleitoral. As siglas defendiam a realização de uma reforma mais ampla,
que contemplasse o fim das doações de empresas e mais mecanismos de
participação popular na política.
PMDB, PSDB, PR, PSD,
DEM e PTB foram os principais defensores da proposta, dizendo que assegurava
mais transparência e reduzia os gastos de campanha.
Os partidos contrários
à matéria chegaram a obstruir algumas sessões para evitar a aprovação do texto.
O PT decidiu recuar das obstruções após o PMDB dizer que faria o mesmo com a
proposta do Mais Médicos, aprovada recentemente no Congresso.
Há dúvidas se as
mudanças terão validade para a eleição de 2014. Pela legislação, qualquer
alteração nas regras eleitorais tem que ser feita no máximo um ano antes do
primeiro turno --prazo que se encerrou há três semanas. Líder do PMDB e relator
da proposta, Eduardo Cunha (RJ) defendeu que parte das mudanças deve valer, por
não mexerem no sistema eleitoral. A decisão final será do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
Do UOL.