O Procurador-geral da
República Rodrigo Janot enviou ofício à governadora do Maranhão Roseana Sarney
(PMDB). No texto, o chefe do Ministério Público Federal dá três dias à filha do
senador José Sarney para prestar informações sobre a situação do sistema
prisional maranhense. Janot cogita requerer ao STF intervenção federal no
Maranhão.
O Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), presidido por Janot, e o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ), presidido pelo ministro Joaquim Barbosa, enviaram representantes
aos presídios do Maranhão nesta quinta-feira para realizar uma inspeção.
Penitenciária de Pedrinhas
Nos últimos 12 meses,
50 presos morreram no Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas, em São Luís.
A estatística foi engrossada por uma briga de presidiários ocorrida há dois
dias. Morreram cinco detentos, três deles decapitados. A cena medieval acendeu
o pavio do procurador-geral.
Há dois meses, em
outubro, Roseana Sarney assumira o compromisso de colocar ordem no sistema
carcerário do Maranhão. Em seis meses, ela levantaria 11 presídios —um na
capital e dez no interior. Entre outros problemas, resolveria a superlotação
que faz da cadeia de Pedrinhas uma sucursal do inferno.
Além das respostas que
espera receber da governadora, Janot vai dispôr de informações independentes.
Junto com o ofício do procurador-geral seguiram para o Maranhão nesta
quinta-feira dois olheiros: Alexandre Saliba, membro do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) e presidente da Comissão do Sistema Prisional; e
Douglas Martins, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em visita às prisões
maranhenses, Alexandre e Douglas terão a oportunidade de verificar as condições
dos locais e eventuais descumprimentos à legislação que rege o sistema
penitenciário e o que mudou desde que a governadora prometera tomar
providências.
Além das mortes nas
Pedrinhas, há a superlotação e a incapacidade do estado de separar os presos
por critérios específicos, dando-lhes maior segurança. Ao todo, o complexo
penitenciário abriga 2.200 presos. A maior penitenciária do estado tem
capacidade, no entanto, para 1.700 presos. Os crimes ocorridos esta semana são
investigados pela Delegacia de Homicídios.
Ao todo, 57 mortes
ocorreram este ano, cinco vezes mais que no ano passado, e quase 100 presos
fugiram.
A Organização dos
Estados Americanos (OEA) emitiu documento cobrando providências e deu prazo de
15 dias para o governo brasileiro informar as medidas que foram tomadas. O
Ministério Público reconheceu que a superlotação nos presídios do Maranhão é um
desrespeito aos direitos humanos.
Da Blogosfera