domingo, 30 de abril de 2017

A aprovação de Lula 2018 indica o fracasso do golpe e da velha mídia encabeçada pela Globo

A liderança de Lula para 2018 revela o fracasso do golpe e da velha gande mídia.
Desculpem a nossa falha

A liderança de Lula em todos os cenários para a disputa eleitoral de 2018 revela o fracasso do golpe.

Mas não só isso.
É a derrota da velha mídia.
A Globo é a expressão maior de um tipo de comunicação que ficou para trás, assim como, num passado mais distante, a carta já foi o caminho mais rápido e seguro da informação.

Nada superaria a pena de Pero Vaz de Caminha para comunicar a celebrar a descoberta de um novo mundo.

A Globo, com seus jornais, rádios e TV, era imbatível quando podia fazer a edição de um debate presidencial sem contestação.

Também podia confundir a população ao mostrar um comício das diretas já em São Paulo e dar a entender que se tratava de uma festa pelo aniversário da cidade.

Também podia mostrar o Brasil das belezas naturais, gigante por natureza, como a pororoca do Amazonas no tempo de Amaral Netto, e esconder a tortura que acontecia nos porões da ditadura.

Hoje não é mais assim.
A Globo deu, imediatamente começa a ser contestada, em tempo real, na internet.

Na véspera da greve geral, o principal jornal da emissora gastou mais de dois minutos de seu tempo com as gracinhas trocadas entre William Bonner, Renata Vasconcellos e Maria Júlia Coutinho, a MÁ-JÚ, e nem um segundo com a notícia de que estava sendo organizada a paralisação gigante.

Numa linguagem que eles acham moderna, inteligente e engraçada, disseram que a temperatura ia cair, mas William Bonner e Renata Vasconcelos não noticiaram que, naquele mesmo instante, já se sabia da decisão tomada em assembleias lotadas – com gente de carne e osso –, que deixaria a população das grandes cidades a pé.

No dia seguinte, era nítido o engessamento dos repórteres da cobertura da maior greve da história do Brasil, ocorrida na sexta-feira, dia 28.

Não podiam falar greve geral e tinham de dar ênfase ao papel dos sindicatos na organização da paralisação – se sindicato não liderar greve, quem vai liderar?
Em outros tempos, esse tipo de manipulação demoraria para ser debatido pelo grande público.

Agora é imediato.
O conluio que existe entre a Globo e uma autoridade menor da república, o juiz de primeira instância Sérgio Moro, produz estrago, é verdade.

Mas não dura tanto como no passado.
A leitura de grampos ilegais que procuravam destruir a imagem de Lula e Dilma e a apresentação com power point do procurador Dallagnol aconteceram há um ano, um pouco menos, mas parecem muito mais antigos.

São cenas que, relembradas, ainda causam repugnância nas pessoas que amam a Justiça e a decência cívica.

Mas, sob certo aspecto, já podem ser vistas como os discursos dos militares que pregavam o Ame-o ou Deixe-o ou as entrevistas do delegado Fleury.

Se você olhar atentamente para Bonner e Renata na bancada no Jornal Nacional, você já começa a ver neles a semelhança física com os militares ou o delegado.

Uns torturavam gente, os outros espancam os princípios do jornalismo.

No final das contas, o que fazem é a mesma coisa: defendem o interesse dos mais ricos.

É, em estado puro, o que se pode definir como plutocracia.

Se ainda alguém se surpreende quando vê Lula na dianteira das pesquisas para presidente, não pense que é por ele apenas.

É o tempo.
O Brasil é o País da desigualdade e o combate a ela é a ideia que faz do seu portador um homem invencível.

Nem um exército de Moro, Bonner e Renata Vasconcelos conseguem deter o espírito do tempo.

*****
PS: 1) O texto não menciona uma única vez o nome de Michel Temer. Este já está com o destino selado: será, para sempre, visto como um homem da estatura histórica de Joaquim Silvério dos Reis.

2) O golpe fracassou como instituto político, mas seus efeitos são vigorosos e, por enquanto, intactos: o massacre dos direitos sociais.

Do DCM

Marx e Engels visitam Machado de Assis para falar de revolução, por Sebastião Nunes

Imagem: Reprodução

Corria o ano de 1882. Comodamente instalados numa velha otomana, dois alemães esperavam o dono da casa. Acabavam de chegar de Londres.

– Será que vai dar certo? – perguntara o mais velho, antes da viagem.

– Não tenho dúvida – respondeu o mais moço. – Um sujeito que escreveu uma novela como “O alienista” e um romance como “Memórias póstumas de Brás Cubas” deve compreender tudo desse país. Ou quase tudo.

Marx, o mais velho, duvidou:
– Sei não. Esses escritores são pouco confiáveis.
– Mas você não adora Balzac? – divergiu Engels, o mais novo. – Se gosta daquele janota maluco que parasitava mulheres ricas, pode gostar do brasileiro que, até onde sei, e pelo menos aparentemente, é o sujeito mais pacato do mundo.
– Veremos – disse o cético Marx. E embarcaram no Tâmisa rumo ao mar.

ANTECEDENTES
A visita fora acordada por telegrama, invenção recente e que só há 10 anos permitia mensagens da Europa para o Brasil. Entre chiados, estática e mal-entendidos, foi estabelecido que os visitantes se hospedariam num hotel do Catete.

Assim fizeram e ali estavam eles, na casa do Cosme Velho.

Alquebrado, Marx relutara bastante. No ano anterior escrevera a Engels: "Você sabe que há poucas pessoas mais avessas ao patético-demonstrativo do que eu; contudo, seria uma mentira não confessar que grande parte do meu pensamento está absorvida pela recordação de minha mulher, boa parte da melhor parte da minha vida".

Nada mais adequado, portanto, que uma viagem longa para distrair e refazer as forças, decidiu Engels. Depois de resistir bravamente, Marx concordou.

Apesar de todos os esforços de Engels, a viagem foi preocupante. Sentado no convés horas e horas, Marx deixava o olhar se perder na distância. A força do velho combatente estava minada, sua imensa capacidade de trabalho e de luta parecia no fim.

Ao avistar a costa do Rio de Janeiro, contudo, recobrou o ânimo. “Bom sinal”, alegrou-se Engels. “Vamos ver se aqui ele volta à velha forma”.

O DONO DA CASA
Machado de Assis entrou, seguido por Carolina. Conhecia a fama dos visitantes e se orgulhava dessa visita, que considerava um privilégio. Só não entendia o motivo.

Machado estendeu a mão:
– Muito prazer em recebê-los – disse em inglês, que falava com desenvoltura. – Sintam-se à vontade. Espero que tenham feito boa viagem.
– Fizemos sim, obrigado – respondeu Engels. – Até o meu amigo Marx, que durante a travessia se mostrou macambúzio, se aninou na chegada.
– Carolina Augusta – pediu o escritor –, você poderia nos servir chá? E então, senhores, o que os traz à minha humilde residência?

OS MOTIVOS SÃO ÓTIMOS
– Embora distantes – começou Engels –, ficamos sabendo de seu prestígio entre os intelectuais brasileiros. Foi isso que nos trouxe aqui.

– Estamos cansados da Europa – emendou Marx. – Escrevemos muito e muito longamente debatemos nossas ideias com os mais variados públicos.

– Estou ciente – disse educadamente Machado –, embora soubesse pouco sobre os visitantes: sabia apenas que eram esquerdistas, que pregavam a luta de classes, que não eram bem vistos na maioria dos países europeus etc... Mas nada lera deles. Soubera do bombástico “Manifesto comunista”, mas não se interessou em ler.

– Em que país teria a revolução possibilidade de sair vitoriosa? – retornou Marx. – Este é o principal dilema. Pensamos na Alemanha e na Inglaterra em primeiro lugar, como países desenvolvidos que são. Pesando prós e contras, desistimos e passamos a mirar a Rússia, com seu imenso campesinato. Mas não tem operariado. Estados Unidos? Não serve. Caótico, individualista e arrogante. Foi assim que chegamos ao Brasil. Queremos descobrir se o Brasil está maduro para a revolução.

O ZERO E O INFINITO
Machado se espantou: “Revolução no Brasil? Como assim?”, mas logo se recompôs, guardando para si o pensamento.
Sorte que Carolina Augusta entrou com o chá naquele momento. Serviu aos três, perguntando com amável sorriso: – Mais açúcar? Uma gota de leite? Conhecem nossos biscoitos de araruta? As torradas estão fresquinhas, não querem provar?

O ambiente se tornou leve e descontraído; os visitantes, bem à vontade. Marx abriu o colete e até sorriu para a dona de casa:
– Obrigado – disse ele. – Aceito um biscoito de araruta. 
Mastigaram ruidosamente. As torradas, de fato, estavam fresquinhas.
Durou bastante o silêncio. Afinal, Machado de Assis reiniciou a conversa:
– Sinto desapontá-los, mas aqui será impossível. – Sorveu um gole de chá, mordiscou um biscoito e continuou: – Não temos operariado, apenas artesãos que, quase sempre, trabalham por conta própria em pequenos cubículos. Não temos camponeses, pois a mão de obra na roça é toda ela escrava.
 – E quanto à administração pública?
 – Desculpem ser tão direto, mas são todos uns ladrões, descendentes dos ladrões portugueses que colonizaram este país. Passam rasteira uns nos outros durante o dia e, à noite, encontram-se nos salões como se nada tivesse acontecido. São uns cínicos.

E os fazendeiros?
 – Uns broncos, todos eles. Fazem-se chamar de coronel e capitão, mas os títulos são comprados junto à corte. Analfabetos e ignorantes. Mal assinam o nome.
 – Quer dizer que não podemos pensar num Brasil revolucionário?
 – Nem sonhando – concluiu Machado. – E daqui a 100, 200 anos será pior.

Foi convivendo com as nossas elites que garimpei matéria para meus livros. Se querem uma opinião sincera, sugiro que tentem o Paraguai, aqui pertinho. Quem sabe lá?
 E foi assim que a revolução comunista não aconteceu no Brasil.

Do GGN

Delação da Andrade Gutierrez líquida Aécio e PSDB

O "recall" da delação dos executivos da Andrade Gutierrez deve atingir em cheio o alto tucanato, em especial o senador Aécio Neves (PSDB.MG); derá detalhada a participação de Aécio, então governador de Minas Gerais no processo de entrada da Cemig no consórcio que venceu a licitação da hidrelétrica de Santo Antônio; assim como pagamentos de propina na bilionária obra de construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais; tucanos paulistas também terão dor de cabeça

A equipe da Lava-Jato e os advogados da Andrade Gutierrez fecharam o cardápio do recall das delações da empreiteira, que precisará explicar algumas omissões de seus primeiros depoimentos —reveladas com a delação da Odebrecht e o avanço das investigações.

Ao contrário dos primeiros depoimentos, dessa vez os tucanos terão com o que se preocupar — e muito.

"Será detalhada a participação do então governador Aécio Neves no processo de entrada da Cemig no consórcio que venceu a licitação da hidrelétrica de Santo Antônio. Assim como pagamentos de propina na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais.

Os tucanos paulistas também terão dor de cabeça. O menu inclui entre seus pratos principais propina na construção do Rodoanel e da Linha Amarela do metrô paulistano durante as gestões José Serra e Geraldo Alckmin."

Do 247

Morre aos 70 anos o Cantor Cearense Belchior

Morreu hoje, domingo, o cantor e compositor cearense Belchior, aos 70 anos, em Santa Cruz do Rio Grande do Sul; o corpo será levado para a terra natal do artista, onde será sepultado, na cidade de Sobral.

O governo do Estado do Ceará confirmou a morte e decretou luto oficial de três dias; a causa da morte ainda não foi divulgada. O corpo será levado para a terra natal do artista, onde será sepultado, na cidade de Sobral.

O Governo do Estado do Ceará confirmou a morte e decretou luto oficial de três dias. "Recebi com profundo pesar a notícia da morte do cantor e compositor cearense Belchior.

O povo cearense enaltece sua história, agradece imensamente por tudo que fez e pelo legado que deixa para a arte do nosso Ceará e do Brasil", disse em nota o governador Camilo Santana.

Do 247

Aprovação a Moro cai e lava jato já não é consenso, Vox Populi

"Há quem pense que a Operação Lava Jato é um consenso nacional. Que seus agentes são vistos como heróis pelo povo, que respalda com entusiasmo tudo que fazem", diz Marcos Coimbra, presidente do instituto Vox Populi; mas ele pondera que para frustração dos articuladores da estratégia combinada com a mídia para potencializar os efeitos da operação, os efeitos a um ano da eleição presidencial de 2018 não são os que eles esperavam,

"Apresentados há três anos como os paladinos desse combate, os responsáveis por ela deveriam, a essa altura, ser aclamados por todos Esse consenso não existe, no entanto; questionados a respeito da atuação do juiz Sérgio Moro, não chega a 50% a proporção dos que acham que ele 'faz uma luta justa e usa métodos corretos'. No inverso dos 100% que deveríamos ter na avaliação do trabalho de um magistrado, apenas 47% concordam com o enunciado de recente pesquisa CNT/Vox Populi.

"Há quem pense que a Operação Lava Jato é um consenso nacional. Que seus agentes são vistos como heróis pelo povo, que respalda com entusiasmo tudo que fazem. Pelo menos os cidadãos de bem, pois quem, senão os bandidos, poderia fazer-lhe algum reparo?", questiona o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do instituto Vox Populi, em novo artigo na revista Carta Capital.

Ele mostra em números como a estratégia montada por políticos, membros do Judiciário e imprensa não está mais dando certo, pelo menos se a pretensão é ter êxito nas eleições presidenciais de 2018.
"A Lava Jato foi construída pela imprensa conservadora como a vanguarda da luta contra a corrupção, e normal seria que tivesse 100% de aprovação.

 Apresentados há três anos como os paladinos desse combate, os responsáveis por ela no Judiciário, no Ministério Público e na Polícia Federal deveriam, a essa altura, ser aclamados por todos Esse consenso não existe, no entanto. Ao contrário, embora ainda tenha boa acolhida, o que vemos é, a cada dia que passa, diminuir o apoio de que desfruta. Na mais recente pesquisa CNT/Vox Populi, isso fica claro", escreve Coimbra.

Quando perguntados a respeito da atuação do juiz Sérgio Moro, não chega a 50% a proporção dos que acham que ele 'faz uma luta justa e usa métodos corretos'. No inverso dos 100% que deveríamos ter na avaliação do trabalho de um magistrado, apenas 47% concordam com o enunciado.

A discordância em relação aos métodos utilizados pelos agentes da Lava Jato é nítida nas respostas à pergunta a respeito de se é correto acusar Lula 'sem provas, mas com convicções', como eles próprios disseram. A proporção dos que acreditam ser isso errado é de 68%, enquanto somente 28% estão de acordo.

"No fundo, o teste do verdadeiro apoio que recebe da população é indireto. Ela (a Lava Jato) – e a imensa máquina de propaganda que a imprensa conservadora montou para potencializar seu impacto – está se revelando incapaz de provocar as mudanças que buscava. Pelo que as pesquisas mostram, se o povo puder escolher livremente os candidatos na próxima eleição presidencial, vai acontecer o oposto do que esses personagens querem", diz o presidente do Vox Populi.

Para fechar a conta, Coimbra lembra que "a insistência no discurso anticorrupção se acentuou depois da chegada do PT ao poder. Quando Lula venceu a eleição de 2002 e começou a fazer um governo com larga aprovação popular, seus adversários na política, nos aparelhos de Estado e na sociedade enxergaram na manipulação do estereótipo um meio para enfraquecê-lo, uma vez que denunciá-lo por incompetência se mostrava difícil".

Do 247

Com o fracasso do golpe 85% querem Diretas Já, Datafolha

O golpe de 2016, personificado na triste figura de Michel Temer, que traiu a presidente eleita Dilma Rousseff para chegar ao poder por meio de uma conspiração de políticos corruptos, é também um fracasso, segundo aponta o Datafolha; Temer é hoje o político mais rejeitado do Brasil, com 65% de avaliações negativas, e 85% dos brasileiros querem eleições diretas já; antes do golpe, já eram 63% os brasileiros que defendiam diretas.

Porém, como Temer foi imposto pelo establishment político e midiático para fazer suas reformas altamente impopulares; como o Brasil só fez piorar deste então, o grito por eleições diretas é praticamente um consenso nacional; Temer é mais impopular do que foi Dilma em seu pior momento, com uma diferença importante: enquanto ela foi massacrada, ele é protegido.

O golpe de 2016, personificado na triste figura de Michel Temer, que traiu a presidente eleita Dilma Rousseff para chegar ao poder por meio de uma conspiração de políticos corruptos, é também um fracasso, segundo aponta o Datafolha.

Temer é hoje o político mais rejeitado do Brasil, com 65% de avaliações negativas, e 85% dos brasileiros querem eleições diretas já. Antes do golpe, já eram 63% os brasileiros que defendiam diretas, mas Temer foi imposto pelo establishment político e midiático para fazer suas reformas altamente impopulares.

Como o Brasil só fez piorar deste então, e hoje tem 14,2 milhões de desempregados, o grito por eleições diretas é praticamente um consenso nacional.

A pesquisa também revela que Temer é mais impopular do que foi Dilma em seu pior momento, com uma diferença importante: enquanto ela foi massacrada, ele é protegido pelos barões da velha mídia.

"Segundo pesquisa do Datafolha, a gestão do peemedebista tem 61% de avaliação ruim ou péssima, com 28% a considerando regular e apenas 9%, ótimo ou bom. Logo antes de a Câmara afastá-la, em abril do ano passado, Dilma tinha 63% de rejeição e 13% de aprovação. Os 9% [de Temer] de aprovação são também similares à taxa de Fernando Collor de Mello antes de ser impedido, em setembro de 1992, embora a reprovação fosse maior (68%). Quando colocado como eventual candidato à reeleição, Temer vê a rejeição a seu nome subir de 45% para 64% de dezembro para cá", informa o Datafolha.

"A deterioração da imagem da Presidência impressiona. De dezembro de 2012, quando a pergunta foi feita pela última vez, para cá, disseram não confiar nela 58% dos ouvidos, contra 18% em 2012. É um índice quase igual ao da confiança no Congresso, historicamente baixa: 57% de 'não confio'".

Do 247

Lula dispara e vence em todos os cenários, diz Datafolha

Mesmo sendo alvo de um massacre midiático, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou em todos os cenários pesquisados pelo Datafolha, alcançando números entre 29% e 31% das intenções de voto no primeiro turno; ou seja: sem um tapetão judicial, que seria a fase 2 do golpe de 2016, com a inabilitação judicial de Lula, ele seria eleito presidente pela terceira vez.

A pesquisa também revelou o esfacelamento das principais forças golpistas: enquanto candidatos do PSDB, como Aécio Neves, derreteram, Michel Temer se tornou a personalidade política mais odiada do Brasil; no vácuo político, o único que cresceu, além de Lula, foi o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que hoje iria para o segundo turno; ontem, ao participar de um evento em defesa da indústria naval, ao lado do ex-governador Olívio Dutra e da presidente golpeada Dilma Rousseff, Lula se disse pronto para vencer mais uma vez o candidato da Globo.

O massacre diário promovido contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Globo e outros meios de comunicação da chamada velha mídia não produziu os efeitos desejados.

Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo revela  que Lula disparou em todos os cenários, alcançando números entre 29% e 31% das intenções de voto no primeiro turno. Ou seja: sem um tapetão judicial, que seria a fase 2 do golpe de 2016, com a inabilitação judicial de Lula, ele provavelmente seria eleito presidente pela terceira vez.

"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, mantém-se na liderança apesar das menções no noticiário recente da Lava Jato", reconhece a Folha.

A pesquisa também revelou o esfacelamento das principais forças golpistas: enquanto candidatos do PSDB, como Aécio Neves, derreteram, Michel Temer se tornou a personalidade política mais odiada do Brasil.

No vácuo político, o único que cresceu, além de Lula, foi o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que hoje iria para o segundo turno.

Ontem, ao participar de um evento em defesa da indústria naval, ao lado do ex-governador Olívio Dutra e da presidente golpeada Dilma Rousseff, Lula se disse pronto para vencer mais uma vez o candidato da Globo.

O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 municípios, na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral de sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Confira infográficos da Folha.
Pesquisa Datafolha realizada nos dias 26 e 27 de abril de 2017, com 2.781 entrevistados em 172 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. 

Confira a seguir os principais cenários:



Com informações do 247

sábado, 29 de abril de 2017

Cláudia Leitte, Bell Marques, Carlinhos Brown e o calote

Leitte e Brown
Claudia Leitte deve aos cofres públicos nada menos que R$ 22,5 milhões. Bell Marques, ex-Chiclete com Banana, está com uma pendura de R$ 11,2 milhões.

Além dos dois, há uma lista de artistas que inclui ainda Carlinhos Brown e É o Tchan que, no total, está dando um calote de R$ 48 milhões. O levantamento é do Buzzfeed.

O grosso desse montante refere-se a pendências com o imposto de renda, a previdência e o FGTS.

O chororô desses artistas é cínico e usa de argumentos batidos como culpar a crise político-econômica ao se explicarem.

“A gente foi pego por essa crise que assombrou o país nos últimos anos e atingiu diretamente nosso segmento. Quando tem recessão, somos os primeiros a ser cortados”, afirmou na cara dura Cristiano Lacerda, empresário do bloco baiano Ara Ketu, que tem uma dívida de R$ 2,8 milhões.

Essa turma não desautoriza o raciocínio de que acumuladores, os ricos, aqueles que mais têm, mais devem.

Claudia Leitte é um exemplo irretocável. Com cachê nas alturas, boa vendagem de discos, participa como jurada nos The Voice da vida, é garota propaganda de cerveja, de TV por assinatura, de shampoo. Enfim, dinheiro não é problema. Deixa de pagar impostos por que?

Há ainda um aspecto surreal no tema. Populares, esses grupos costumam ser agraciados por prefeituras com shows em datas como reveillon ou inauguração de ponte.

Também são campeões na utilização de leis de incentivo fiscal. Em resumo, recebem do governo, são pagos com verbas públicas e depois não pagam a parte que lhes cabe no contrato social: tributos.

Voltemos a Claudia Leitte, a Claudinha íntima da Globo. Ela foi condenada a devolver R$ 1,2 milhão aos cofres públicos por uso indevido da Lei Rouanet.

Em 2013, ela captou recursos para uma turnê, não distribuiu a quantidade combinada de ingressos gratuitos e ainda comercializou o restante com preços acima do anunciado no projeto.

Já naquele ano a empresária Sueli Dias, dona da TeleEventos, denunciava o esquema da cantora para captar R$ 5,8 milhões pela Lei Rouanet. A Claudinha tinha nada menos que oito empresas, oito CNPJs diferentes.

Como o Governo Federal só permite que empresas com nome limpo possam captar recursos para a área cultural, ela sempre tinha uma carta na manga. Pega por uma empresa, fica devendo, o nome suja, apresenta outro CNPJ.

Mas Claudia Leitte é porreta, painho. Em 2016 ela voltou à carga. Queria quase meio milhão de reais via Lei Rouanet para lançar uma biografia. Juca Ferreira era então o Ministro da Cultura e vetou.

“Claudia Leitte, como uma das artistas mais bem-sucedidas economicamente do Brasil, tem muitas possibilidades e condições de arrecadar recursos”, afirmou ele na ocasião.

Em tempo: Claudia Leitte ainda não pagou os R$ 1,2 milhão que foi sentenciada a devolver.

Essa classe ‘artística’ que mesmo sendo sucesso de vendas, com acesso a programas de TV de grande audiência, se já não valia um centavo pelo qualidade do trabalho, vale menos ainda no quesito responsabilidade social.

Enchem o camarim de dinheiro e depois sonegam impostos para o INSS, para o Ministério do Trabalho ou para a Receita Federal. Pelegos da família Marinho, muitos deles aderiram à campanha pró-impeachment (aquela campanha orquestrada pela turma que diz que a previdência está pela hora da morte).

E você, leitor? Ficaria no gargarejo no show desse pessoal? Sabe de nada, inocente.

Do DCM

Segundo o IBGE nada indica recuperação do mercado de trabalho

Apesar da constante tentativa de Michel Temer e sua equipe econômica de dizer que o golpe deu certo, a série de recordes negativos no mercado de trabalho no trimestre encerrado em março, revelados pela Pnad Contínua nesta sexta-feira (28), indica que "não há absolutamente nada que mostre qualquer indício de recuperação", afirmou o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo; desde 2012, início da série histórica da Pnad Contínua, nunca a fila de desempregados foi tão grande: 14,2 milhões de pessoas procuram emprego, mas não encontram vaga; a taxa de desocupação subiu para 13,7% no trimestre encerrado em março, recorde.

Apesar da constante tentativa de Temer e sua equipe econômica de dizer que o golpe deu certo, a série de recordes negativos no mercado de trabalho no trimestre encerrado em março, revelados pela Pnad Contínua nesta sexta-feira (28), indica que "não há absolutamente nada que mostre qualquer indício de recuperação", afirmou o coordenador de trabalho e rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo.

Desde 2012, início da série histórica da Pnad Contínua, nunca a fila de desempregados foi tão grande: 14,2 milhões de pessoas procuram emprego, mas não encontram vaga. A taxa de desocupação subiu para 13,7% no trimestre encerrado em março, recorde, conforme publicação do jornal Valor Econômico.

Os dados do IBGE mostram que a população ocupada está em forte queda desde o fim de 2015 e chegou no trimestre encerrado em março de 2017 no menor nível desde abril de 2012. Atualmente, 88,9 milhões de pessoas estão empregadas no país, contingente 1,9% menor que no trimestre encerrado em março de 2016. Em relação a igual período do ano passado, são quase 1,692 milhão de pessoas empregadas a menos no país.

"Tudo que acontece no mercado de trabalho é reflexo do cenário econômico conturbado, do cenário político instável. São coisas que desestabilizam. Essas respostas [negativas] do mercado [de trabalho] são rápidas, mas a recuperação é demorada", diz Cimar Azeredo. O nível da ocupação, que caiu para 53,1%, também é o menor da série.

Temer e Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) têm ainda outro recorde negativo: o contingente de trabalhadores com carteira assinada caiu 3,5% no trimestre encerrado em março, na comparação com igual período do ano passado, e chegou ao menor nível da série histórica da Pnad Contínua. Nesse período, houve perda de 1,2 milhão de postos de trabalho com esse tipo de garantia trabalhista, segundo o IBGE.

No trimestre encerrado em março, segundo os dados da Pnad Contínua, havia no país 33,4 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Frente ao trimestre encerrado em dezembro, houve perda de 599 mil postos de trabalho com carteira assinada, queda de 1,8% no período.

O corte do emprego com carteira assinada tem ainda os efeitos negativos de reduzir a contribuição previdenciária, de cortar o acesso ao plano de saúde concedido pela empresa e de piorar o acesso ao crédito, enumerou Cimar Azeredo. "É a perda da proteção social, principalmente nas famílias de baixa renda. Isso mexe na estabilidade dessas famílias".

Pelo lado positivo há apenas o rendimento médio real, que cresceu 2,5% em relação ao trimestre encerrado em março do ano passado, para R$ 2.110. Em grande parte, segundo Cimar Azeredo, o movimento foi beneficiado pela redução da inflação. De acordo com ele, o rendimento nominal cresceu significativamente em relação ao trimestre anterior e a inflação menor corroeu menos a renda do trabalho.

Do 247

Flávio Dino renova frota de ambulâncias no estado

Com um investimento da ordem de 1,4 milhão na aquisição, o Governo do Maranhão entregou mais nove ambulâncias, de um total de 104 já adquiridas. As nove ambulâncias foram entregues para cidades de Anapurus, Araioses, Buriti de Inácia Vaz, São Bento, Centro Novo, Vitorino Freire, Santa Quitéria, Jatobá e Buriticupu. O governo Flávio Dino vai estender o programa aos 217 municípios. As ambulâncias passam a compor o novo mapa do transporte sanitário no Maranhão. O governador Flávio Dino vai estender o programa aos 217 municípios.

O Governo do Estado investiu R$ 1,4 milhão na aquisição e entrega de mais nove ambulâncias. Ao todo, 53 novos veículos, dos 104 já adquiridos, compõem o novo mapa do transporte sanitário no Maranhão. Ambulâncias quebradas ou deterioradas, sem condição adequado de uso, são substituídas por veículos equipados para o atendimento digno da população. O governo Flávio Dino vai estender o programa aos 217 municípios.

As nove ambulâncias foram entregues para cidades de Anapurus, Araioses, Buriti, São Bento, Centro Novo, Vitorino Freire, Santa Quitéria, Jatobá e Buriticupu. "Nós temos ambulâncias. Mas a situação delas está crítica: uma está sem documentação, então, não tem como rodar. As outras duas estão paradas há muito tempo em oficinas, a manutenção é cara. Para transportar a população, eu alugo carros. Essa ambulância vai chegar em boa hora. É uma segurança saber que o povo estará sendo bem transportado", disse o prefeito de Araioses, Cristiano Gonçalves.

Para o prefeito de Buriticupu, Zé Gomes, a atitude do governador Flávio Dino em apoiar o desenvolvimento da saúde nas regiões é louvável. "É um apoio significativo, principalmente nesse momento que os municípios não têm recursos para aquisição desse tipo de equipamento. A gente agradece por ter esse olhar, mas não só pelo nosso município, mas por todas as cidades do Maranhão, porque o governador deu a palavra de que os 217 municípios vão receber. Isso deixa os gestores muito felizes, porque é um apoio que permite a gente a ajudar o nosso povo", frisou o prefeito.

Mesmo com os reparos frequentes, a ambulância disponível no município de Anapurus, segundo a prefeita Vanderly de Sousa Monteles, continua sem condições de trafegar. A cidade, que tem um hospital de pequeno porte, passa a ter condições de transportar seus pacientes com segurança para o recebimento de atendimento especializado, quando necessário. "Agora nosso povo está amparado pelo Governo do Estado. A doação dessa ambulância é muito importante. É um equipamento que irá ajudar a salvar muitas vidas em Anapurus", frisou a prefeita.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na regional de saúde de São João dos Patos, o município de Jatobá possui 9.819 habitantes. Por lá, a chegada da ambulância doada pelo Governo reduzirá os custos da prefeitura com a manutenção da atual.

"Hoje, se o povo da cidade tivesse que escolher algo que mais precisa, certeza de que a população ia pedir essa ambulância, porque é uma necessidade do povo. Nossa saúde ainda está se organizando, e para operar junto com o nosso Centro de Especialidades, que é a única unidade de saúde que temos, uma ambulância é necessária para viabilizar o atendimento dos nossos doentes em unidades mais especializadas em municípios vizinhos", explicou a prefeita Consuelo Lima.

Em Centro Novo do Maranhão, a população celebrou o anúncio da chegada da ambulância doada pelo Governo, que vai operar junto à Unidade Básica de Saúde do município. "Não temos ambulância atualmente. Para nós esse momento é tão importante que é difícil de descrever como a população está feliz com isso. É como a realização de um sonho para a população de Centro Novo", comemorou a prefeita Maria Teixeira.

E a celebração do povo do Maranhão com o fortalecimento do transporte sanitário seguro dos pacientes entre as unidades de saúde não para. "A cidade de Buriti toda está aguardando. Na segunda, vamos ter até uma comemoração por conta dessa ambulância e o povo está ansioso e feliz", disse o prefeito Naldo Batista.

Com hospital que executa atendimentos de média complexidade, a unidade de saúde recebe pacientes da sede, São Bento, e, ainda, da região. "A ambulância vai estabelecer um ritmo para nosso fluxo de transferências, que é muito alto. Então, essa que está nova e melhor equipada vai ficar para circular pelos municípios. As outras duas vamos utilizar apenas dentro da cidade. Vai facilitar o fluxo de atendimento da região, com certeza", assegurou o prefeito Luizinho Barros.

Em Vitorino Freire, de acordo com a prefeita Luana Rezende, o fluxo de transferências é alto em razão do grande número de acidentes na região. Os casos mais graves precisam ser direcionados para hospitais com maior estrutura e a ambulância recebida irá auxiliar nesta demanda. "Essa ambulância vai aliviar muito a situação do nosso hospital e facilitar as transferências dos pacientes para o hospital de alta complexidade", informou.
204 ambulâncias serão entregues pelo Governo até o final de 2017.

A recente entrega de ambulâncias realizadas, na última quinta-feira (27), pelo governador Flávio Dino e o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, reuniu gestores de nove municípios maranhenses.

O governador Flávio Dino confirmou a expansão do programa de entrega das ambulâncias e reforçou os critérios adotados. "Nós autorizamos a Secretaria de Estado da Saúde a expandir esse programa de modo que já entregamos 53 das 104 ambulâncias que foram inicialmente adquiridas. Eu já autorizei a compra de mais. A previsão é até o fim do ano atingirmos 204 municípios. Os treze que são mais estruturados recebem no próximo ano. O critério adotado para a entrega tem sido a necessidade regional", explicou o governador.

Para o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, o programa de entrega das ambulâncias permite melhorar o transporte sanitário no Maranhão. "Essa ajuda no transporte sanitário era algo necessário e, sobretudo indispensável, nesse momento de crise. Com o investimento no setor, ampliamos o cuidado com os nossos pacientes no momento da transferência entre unidades de saúde, assim como fortalecemos a gestão em saúde", disse o secretário Carlos Lula.

 Da mídia

O caso das APAEs do Paraná, os Arns e a esposa de Moro

Circula na Internet um vídeo editado de palestra que proferi no mês passado em um evento em São Paulo. O vídeo é fiel ao que eu disse. Mas o título e o texto podem induzir a conclusões taxativas que não fiz ou passar a ideia de que o vídeo faz parte dessas guerrilhas que ocorrem periodicamente em redes sociais. As informações foram divulgadas em 2014 e 2015. Estão sendo agitadas agora.

O trecho em questão faz parte de um seminário no mês passado, do qual participei com a colega Helena Chagas

Limitei-me a apontar indícios, indícios fortes, sem dúvida, que merecem ser investigados, mas não acusações frontais.
Aqui, o que falei sobre o tema, não editado. Confira o vídeo.

A história é a seguinte.
Historicamente, as APAEs (Associações de País e Amigos de Excepcionais) fizeram-se contando, na ponta, com cidadãos bem intencionados, mas passando a trabalhar com recursos públicos, sem prestar contas para os órgãos formais de controle.
Essas liberalidades abriram espaço para desvios e uma utilização política da estrutura das APAEs, através da Confederação e das Federações estaduais de APAEs, incluindo a do Paraná.

Na sua gestão, o ex-Ministro da Educação Fernando Haddad decidiu assumir a tese da educação inclusiva – segundo a qual, o melhor local para desenvolvimento de crianças com necessidades especiais seria as escolas convencionais, convivendo com crianças sem problemas.

Sabendo da resistência que seria feita pelas APAEs – já que a segregação de crianças com deficiência, apesar de tão anacrônica quanto os antigos asilos para tuberculoses, é o seu negócio – Haddad pensou em um modelo de dupla matrícula: a escola pública que acolhesse um aluno com deficiência receberia 1,3 vezes o valor original da matrícula; e uma segunda matrícula de 1,3 se houvesse um projeto pedagógico específico para aquela criança. Imaginava-se que essa parcela seria destinada à APAE de cada cidade, atraindo-a para os esforços de educação inclusiva.

As APAEs mais sérias, como a de São Paulo, aderiram rapidamente ao projeto, sabendo que a educação inclusiva é pedagogicamente muito superior ao confinamento das pessoas, tratadas como animais.

O jogo das Federações de APAES foi escandaloso. Trataram de pressionar o Congresso para elas próprias ficarem com as duas matrículas, preservando o modelo original.

O ápice desse jogo é a proposta do inacreditável senador Romário, nesses tempos de leilão escancarado de recursos públicos, visando canalizar para as APAEs e Institutos Pestalozzi todos os recursos da educação inclusiva.

É um jogo tão pesado que, na época da votação do Plano Nacional da Educação, a própria Dilma Rousseff pressionou senadores a abrandar a Meta 4, que tratava justamente da educação inclusiva, com receio de que as APAEs do Paraná boicotassem a candidatura da então Ministra-Chefe da Casa Civil Gleise Hoffmann.

O caso do Paraná
Comecei a acompanhar o tema através da procuradora da República Eugênia Gonzaga, uma das pioneiras da luta pela educação inclusiva.

Em 2002, Eugenia levantou princípios constitucionais - do direito à educação - para forçar o poder público a preparar a rede para crianças com deficiência. Na ocasião, foi alvo de 3.500 ações judiciais de APAEs de todo o país.

No auge da pressão política das APAEs, ainda no governo Dilma, decidi investigar o tema.

As APAEs tem dois lobistas temíveis. A face "boa" é a do ex-senador Flávio Arns, do Paraná; a agressiva de Eduardo Barbosa, mineiro, ex-presidente da Federação das APAEs, que pavimentou sua carreira política com recursos das APAEs.

Uma consulta ao site da Secretaria da Educação do Paraná confirmou o extraordinário poder de lobby das APAEs. O então Secretário de Educação Flávio Arns direcionou R$ 450 milhões do estado para as APAEs, com o objetivo de enfrentar a melhoria do ensino inclusivo da rede federal.

No próprio site havia uma relação de APAEs. Escolhi aleatoriamente uma delas, Nova California.

Indo ao seu site constatei que tinha um clube social, com capacidade para 2.500 ou 4.500 pessoas; uma escola particular. Tudo em cima das isenções fiscais e dos repasses públicos dos governos federal e estadual.

O argumento era o de que o clube era local para os professores poderem confraternizar com a comunidade; e a escola privada para permitir aos alunos com necessidades especiais conviverem com os demais.

Telefonei para a escola. Não havia ninguém da direção. Atendeu uma senhora da cozinha. Indaguei como era o contato dos alunos com deficiência e os da escola convencional. Respondeu-me que havia um encontro entre eles, uma vez por ano.

A república dos Arns
As matérias sobre as APAEs, especialmente sobre o caso Paraná, tiveram desdobramentos. Um dos comentários postados mencionava o controle das ações das APAEs do estado pelo escritório de um sobrinho de Flávio, Marlus Arns.

Entrei no site do Tribunal de Justiça. Praticamente toda a ação envolvendo as APAEs tinha na defesa o escritório de Marlus.

Uma pesquisa pelo Google mostrou um advogado polêmico, envolvido em rolos políticos com a Copel e outras estatais paranaenses, obviamente graças à influência política do seu tio Flávio Arns.

Quando a Lava Jato ganha corpo, as notícias da época falavam da esposa de Sérgio Moro. E foi divulgada a informação de que pertencia ao jurídico da Federação das APAEs do estado.

Por si, não significava nada.
No entanto, logo depois veio a dica de um curso de direito à distância, de propriedade de outro sobrinho de Flávio Arns, irmão de Marlus, o Cursos Online Luiz Carlos (http://www.cursoluizcarlos.com.br).. No corpo docente do cursinho, pelo menos um da força tarefa da Lava Jato.

Finalmente, quando Beatriz Catta Preta desistiu de participar dos acordos de delação, um novo elo apareceu. Até hoje não se sabe o que levou Catta Preta a ser tão bem sucedida nesse mercado milionário. Nem o que a levou a sair do Brasil.Mas, saindo, seu lugar passou a ser ocupado justamente por Marlus Arns que, pouco tempo antes, escrevera artigos condenando o instituto da delação premiada.

Sâo esses os elementos de que disponho.
Recentemente, fui convidado pela Polícia Federal para um depoimento em um inquérito que apura um suposto dossiê criado pela inteligência da PF supostamente para detonar com a Lava Jato – conforme acusações veiculadas pela Veja.

Fui informado sobre o dossiê na hora do depoimento. Indagaram se eu tinha tomado conhecimento das informações.

Informei que o dossiê tinha se limitado a reproduzir os artigos que escrevi acerca da República dos Arns.


Do GGN