sexta-feira, 13 de maio de 2011

POPULAÇÃO REVOLTADA MATA DOIS PRESOS NO MEIO DA RUA

Populares do município de Pedro do Rosário, a 465 quilômetros de São Luís, invadiram a delegacia da cidade e mataram dois presos na tarde desta sexta-feira (13). Um deles foi degolado.

Os dois homens teriam matado um morador identificado por Daniel Alves, 45, no último fim de semana.

Os dois presos identificados por Sebastião dos Santos Monteiro e Fábio dos Santos Monteiro foram presos às 11h da manhã. A população teve conhecimento da prisão e foi até a delegacia onde atearam fogo na tentativa de tirar todos os presos da delegacia.

Os presos Sebastião e Fábio foram mortos brutalmente a pedradas, pauladas e marretadas. Um deles foi degolado no meio da rua.

LATROCÍNIO
A vítima do final de semana, Daniel Alves, era proprietário de um comércio onde vendia roupas e acessórios para cidades do interior.

Os acusados assassinaram Daniel para roubar. A dupla teria levado uma moto, dinheiro, documentos e celular da vítima. O comerciante ainda foi degolado pela dupla.

Central de Notícias

FILHO DE LOBÃO SOFRE GRAVE ACIDENTE EM SLZ, CONFIRA

Político colidiu sua BMW de frente com uma picape Mitsubishi, no momento em que se deslocava até o aeroporto;  Edison Lobão Filho sofreu fraturas nas pernas e nas costelas, mas não corre risco de morte.

Lobão Filho, 46, do PMDB-MA, filho do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, está internado desde as 21h30 de quinta-feira, 12, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital UDI, em São Luís (MA), após se envolver em um acidente automobilístico na rodovia MA-202, na cidade de Paço do Lumiar, na região metropolitana de São Luís.

Lobão Filho, ao volante de um BMW, colidiu de frente contra uma picape Mitsubishi L200, no momento em que se deslocava até o aeroporto para tratar de assunto relativo ao helicóptero do qual é dono e que está na base aérea. O senador sofreu fraturas nas pernas e nas costelas, mas não corre risco de morte. Nem a administração nem a assessoria de imprensa do hospital foram encontradas.

O senador teria sido socorrido por um empresário, que o encaminhou até o hospital em razão da demora na chegada do resgate. O plantão do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de São Luís afirmou não ter informações sobre o acidente e indicou a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública, mas ninguém foi encontrado.

Ricardo Valota, do estadão.com.br

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MA DOS SARNEY É DESTAQUE EM NÚMERO DE MISERÁVEIS

O Maranhão é o Estado que tem proporcionalmente a maior concentração de pessoas em condições extremas de pobreza. Da população de 6,5 milhões de habitantes, 1,7 milhão está abaixo da linha de miséria (ganham até R$ 70 por mês). Isso representa 25,7% dos habitantes -mais que o triplo da média do país, que é de 8,5%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo IBGE.

O conceito de miséria foi estabelecido oficialmente na semana passada pelo governo federal, que resolveu considerar em estado de pobreza extrema quem ganha até R$ 70 por mês.

O segundo pior Estado é o Piauí, com 21,3% dos moradores ganhando até R$ 70 mensais. Em terceiro, vem Alagoas, com 20,3%.

Na outra ponta, o Estado com menor nível de miseráveis é Santa Catarina. De seus 6,2 milhões de habitantes, 103 mil estão na linha da pobreza extrema, o que representa 1,6% da população.

Em segundo lugar, vem o Distrito Federal, com 1,8% de miseráveis. São Paulo está em terceiro, com 2,6%. O Rio de Janeiro tem um índice de 3,7% de pessoas vivendo com até R$ 70 por mês.
País tem 16,2 milhões vivendo com menos de R$ 70

O Brasil tem 16,2 milhões de pessoas vivendo em condições extremas de pobreza. Isso representa 8,5% dos 191 milhões de habitantes do país. Na terça-feira da semana passada, o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu o valor de R$ 70 per capita ao mês como referência para definir quem são os brasileiros mais carentes.

Por essa medida, a região Nordeste é a que conta com mais pessoas em extrema pobreza. São 18,1% da população, em comparação com os 8,5% nacionais. Em seguida aparecem o Norte (16,8), Centro-Oeste (4), Sudeste (3,4) e Sul (2,6).

Os números, baseados em dados do Censo 2010, ajudarão a formular o plano Brasil Sem Miséria, uma das principais bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff.

Do UOL

terça-feira, 10 de maio de 2011

GRUPO MATEUS DO MARANHÃO PREPARA INVASÃO NACIONAL

Dono de um grupo varejista que fatura R$ 2,3 bi por ano, Ilson Mateus anda de carro popular e mora em apartamento alugado

Algo que chama a atenção nas ruas de São Luís (MA), além dos muitos buracos, é a quantidade de carros novos. Várias concessionárias abriram as portas na cidade recentemente, para atender a uma população que comemora um expressivo aumento de renda. Uma exceção é o empresário Ilson Mateus, 48. O maior varejista do Maranhão, com 22 supermercados, 10 mil funcionários e faturamento anual de R$ 2,3 bilhões dirige um Gol branco 1.0 sem ar-condicionado e com quatro anos de uso. Mas seu negócio vai pegar a estrada – o Grupo Mateus, que passa por auditoria para receber investimento de fundos de capital, vai inaugurar filiais este ano no Pará e no Tocantins.
Foto: iG Ampliar
Crescimento apoiado no consumo da classe C: “Nosso plano vai além de Norte e Nordeste”

Ilson chegou morar na rua quando criança, depois engraxou sapatos e trabalhou como garimpeiro em Serra Pelada, mas foi salvo da miséria por um agudíssimo instinto de comerciante. Tinha apenas 19 anos quando colocou 70 caixas de refrigerante numa Chevrolet A10 e saiu à caça de mercadinhos do sul do Maranhão. Em menos de um ano, juntou dinheiro para comprar a segunda caminhonete. “Sempre investi tudo que ganhei no próprio negócio”, conta – o que ajuda a explicar o fato de não dirigir um carrão hoje. Numa época (ainda mais) difícil de virar empreendedor no Brasil, em 1986, Ilson inaugurou a mercearia de 50m2 que daria origem ao Grupo Mateus.

O faro de varejista fez o empresário passar ileso por planos econômicos que levaram muita gente a perder dinheiro – na verdade, os lucros dele cresceram nessas épocas. “Quando a inflação era aquela loucura, eu vendia 100 latas de óleo de manhã e fechava o mercado, para poder comprar 110 latas à tarde”, conta. “Também pagava mercadoria com cheque sem fundo no Alto Parnaíba, onde iam demorar 40 dias para descontar e dava tempo de vender as coisas.” Nem o Plano Collor foi problema. “O povo sentiu que ia ter algum congelamento e colocou tudo na poupança, porque não acreditava que mexeriam nela. Eu comprei tudo em mercadoria”.

Por fim, Ilson construiu um império. O Mateus tem 52% do mercado maranhense e é um dos maiores grupos de varejo e distribuição do Norte e do Nordeste brasileiro. Em São Luís, tem três vezes mais lojas que Carrefour e Wal-Mart somados. (O primeiro, com a bandeira Atacadão, possui só uma filial na capital maranhense; o segundo tem seis, com a rede Bom Preço.) “A gente consegue sentir a temperatura dos bairros mais promissores antes, por causa de nossa distribuidora”, explica Mateus. “Assim, dominamos as regiões primeiro e não deixamos eles avançarem.”

Após inaugurar cinco lojas no ano passado – três delas no mesmo dia, para causar impacto –, o empresário anuncia ao iG que vai abrir mais seis em 2011 e outras 12 no ano que vem. E, depois de 25 anos no ramo, o grupo sairá do Maranhão. Em Palmas, capital do Tocantins, Ilson já adquiriu dois terrenos e deve começar a construir em breve. No Pará, ele vai atacar uma área praticamente virgem de concorrentes, no sul do estado. E não deve parar nisso. “Nosso plano vai além de Norte e Nordeste”, adianta.

Dinheiro para isso não deve faltar. Primeiro, a empresa está capitalizada – as vendas cresceram 56% em 2010, 44% em 2009 e 26% em 2008. Além disso, ela está na mira de fundos de investimento, interessados em adquirir 15% do negócio, avaliado no total em cerca de R$ 1,6 bilhão. Normalmente, isso permite pagar parte do endividamento bancário de uma companhia, o que exclui os juros do balanço mensal. O Grupo Mateus passa agora por auditoria da Ernst&YoungTerco para viabilizar o aporte.

Para os especialistas, a aposta de Ilson parece correta. “O consumo dos segmentos emergentes vem se mostrando o que mais tem dado retorno, enquanto os segmentos luxo e médio já mostram certa saturação”, explica Marcos Gouvêa, sócio da GS&MD, uma consultoria especializada em varejo. “Isso deve continuar e ser a tendência mais marcante dessa década”, afirma. Segundo pesquisa divulgada essa semana pela Associação Paulista de Supermercados, as classes D e E consumiram 16% a mais em 2010, com relação ao ano anterior – nas classes C e A/B, o aumento foi de 13%.

Enquanto sua rede atinge cifras dignas de multinacional, Ilson segue andando de carro popular e morando em um apartamento alugado por R$ 1.400 na capital maranhense. “Rapaz, esse carro resolve a minha vida, então não penso em comprar outro, não”, informa. “Quando a gente sabe o que é passar necessidade, dá valor a cada centavo”. Perguntado sobre luxos com os quais aceita gastar, ele diz apenas que gosta de pescar. “Às vezes vou a uma fazenda de um amigo, no rio Xingu, onde dá tucunaré de dez quilos”. Mais do que sovinice, parece ser estratégia de negócios. “Não tenho um dólar no exterior, não tenho fazenda, nada – aplico tudo no grupo”.

Pedro Carvalho, enviado a São Luís, IG

segunda-feira, 9 de maio de 2011

BANDIDOS INVADEM FÓRUM NO MA E LEVAM PROCESSOS, VEJA

Alguns documentos foram retirados; funcionários fazem contagem para avaliar perdas

 

SÃO PAULO - O Fórum de Rosário, município localizado a 70 km da capital maranhense, foi invadido na madrugada do último domingo, 8. Segundo um funcionário do Fórum, Mauro Menezes de Castro, os criminosos coletaram diversos processos e jogaram no rio Itapecuru, que corre atrás do prédio. 

Alguns processos foram retirados do rio e serão recuperados. Funcionários do Fórum realizam uma contagem dos documentos para saber se algum processo não foi perdido na água. Até a tarde desta segunda-feira, 9, a contagem ainda não havia sido finalizada. 

Vários móveis foram danificados no Fórum, incluindo do gabinete da juíza, da sala de audiência, da secretaria e da cozinha. 

Nesta tarde, a juíza de Rosário se reuniu com demais representantes da Justiça e da Polícia Militar para tratar sobre o caso. A delegada da cidade também esteve no prédio para realizar uma vistoria.

Estadão

domingo, 8 de maio de 2011

NOTAS RÁPIDAS DO BLOG DO JOHN CUTRIM, CONFIRA

Sem governo
Penso que o governo ainda não começou a responder as inquietações da população. Qualquer avaliação responsável vai comprovar que o nível educacional do estado nunca esteve tão ruim; não há qualquer colaboração entre estado e municípios na intenção de melhorar a situação. Na segurança o que temos assistido é um aumento dos níveis violência em todos os cantos do estado. No interior a situação é ainda mais caótica.

O estado deixa a segurança pública nas mãos das prefeituras que são obrigados a disponibilizar os poucos recursos para alimentar presos, fornecer combustível e em muitos casos, bancar a reforma das estruturas físicas das delegacias. A saúde carece de investimentos. Os maranhenses passam o vexame de não serem atendidos nos hospitais dos estados vizinhos, segundo vi algumas notícias. Há um aumento de diversas moléstias e corta-se até o apoio a humanização do tratamento do câncer, só para citar um exemplo.
Os hospitais prometidos, se entregues, correm o risco sério de se tornarem elefantes brancos. Na agricultura e nos outros ramos de governo, sinto que falta uma definição política para atuação, falta vontade política, investimento e idéias para alavancar o estado e tirá-lo da situação de miséria em que se encontra.

A impressão que se tem é que estamos há cem anos sem governo. (Abdon Marinho, advogado)

Cassação
Não se fala outra coisa no meio político e jurídico de Brasília se não o processo que pede a cassação da governadora Roseana Sarney (PMDB). Os comentários são de que se o processo chegar a ir a julgamento não haveria como Roseana não ser condenada, uma vez que as acusações são praticamente idênticas as usadas para cassar o ex-governador Jackson Lago. “A Corte (TSE) ficaria numa tremenda saia justa caso fosse a julgamento, não teria como não cassá-la”, afirmou um jurista ao blog. Será?

Desleixo
O suplente de deputado estadual Costa Ferreira (PSC) foi visto neste domingo, no supermercado Mateus do Turu, comprando um gigantesco bolo confeitado, provavelmente para dar de presente à sua mãe. O que chamou a atenção foi a forma desleixada do ex-secretário do governo Roseana, que mais parecia ter acordado naquele momento.

Carlinhos sondado
O deputado estadual Carlos Amorim (PDT), pretenso candidato a prefeito de Imperatriz, conversa com partidos da oposição e coloca sua candidatura à disposição. No entanto, tem dito que o mais importante é a disputa majoritária de 2014. Apenas um detalhe: não se pode esquecer que o atual prefeito, Sebastião Madeira (PSDB), também integra o grupo de oposição no estado.

Roseana estuda Roberto
Em entrevista ao jornalista Décio Sá, a governadora Roseana Sarney disse que existe a intenção do seu grupo lançar um candidato para disputar a Prefeitura de São Luís em 2012. Entre os nomes a serem estudados, citou o do deputado Roberto Costa. Ou seja, isto significa que Costa deverá permanecer ainda por muito tempo na Assembleia antes de assumir a secretaria de Juventude.

Emendas devem sair
Em entrevista a jornalista Aline Louise (O Imparcial), o secretário de Relações Políticas do governo, Hildo Rocha, explicou que o dinheiro do restante das emendas dos deputados deve sair a partir de julho. Hildo afirmou ainda que as emendas de aplicação nas festas juninas já tiveram o aval da governadora Roseana Sarney para serem adiantadas para o final deste mês.

Cão de guarda
Chiquinho Escórcio mostrou a que veio. Diante de um discurso feito por Domingos Dutra no plenário da Câmara, repleto de críticas à família de José Sarney, Escórcio saiu em defesa do aliado. Suas falas chegaram a ser retiradas das notas taquigráficas, tamanho o nível do debate travado. Depois, aos colegas que o cercavam, Escórcio vangloriou-se: disse que estava disposto a ter um pico de hipertensão por uma “boa causa”. Então, beleza. (Lauro Jardim)

Cabresto
“Essa ignorância a respeito do papel da imprensa ainda existe nos lugares onde sobrevive o voto de cabresto, que Sarney conhece bem há 50 anos”. Do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), sobre o presidente do Senado, que acusa a imprensa de disputar com o Congresso papel de representante do povo.

Blog do John Cutrim-JP

DILMA: AFINANDO O DISCURSO DA INFLAÇÃO

Ainda se recuperando da pneumonia, a presidente Dilma Rousseff começou a trabalhar cedo na sexta-feira (06). Do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, ela convocou alguns assessores logo cedo para afinar o discurso sobre um número nada agradável que seria divulgado praticamente no mesmo momento no Rio de Janeiro: o IPCA de abril, de 6,51%, que bateu o teto da meta de inflação.

A ordem da presidente Dilma era tentar evitar visões "pessimistas" e "alarmistas" sobre a notícia ruim a ser divulgada pelo IBGE. Afinal, a inflação acumulada nos últimos doze meses superou o teto da meta antes do que o governo gostaria. Tecnicamente, diz o governo, ainda não superou. Bateu no teto, mas não o teto. Um detalhe, porque em maio, com certeza, vai superar o teto de 6,5%, dois pontos acima do centro da meta, de 4,5%.

Dilma está convencida de que precisa ganhar a batalha das expectativas, que seu governo vinha perdendo desde o início do ano. Daí sua decisão de reunir sua equipe logo cedo para ensaiar o discurso a ser divulgado para imprensa, mercado e empresários nos próximos dias.

O momento, apesar do dado ruim divulgado, é mais favorável ao governo na sua busca de convencer os agentes econômicos de que a inflação tende a cair nos próximos meses. Resultado das últimas decisões da equipe da presidente Dilma: juros em alta por tempo "suficientemente prolongado", decisão real de fazer um ajuste fiscal e nada de pauladas no câmbio que poderiam colocar mais fogo na inflação.

Durante a reunião que realizou com assessores no Alvorada, Dilma ensaiou com sua equipe o discurso de que a inflação divulgada ontem era um "olhar no retrovisor", que o "pior momento já passou" e que é preciso olhar para a frente. Mais precisamente os dados mensais dos índices de preços, e não o percentual acumulado nos últimos doze meses.

Esse último dado vai continuar subindo nos próximos meses. Começa a declinar apenas a partir de outubro. Os índices mensais, contudo, já vão começar a declinar a partir de maio. Projeção tanto do governo como do mercado. Enquanto a inflação mensal de abril ficou em 0,77%, o governo já fala em número abaixo de 0,50%. O mercado, na média, projeta 0,43%.

A certeza advém, em boa parte, de uma informação que o próprio governo não gosta de comemorar. A economia está desacelerando. E vai desacelerar mais no segundo semestre, quando as medidas já adotadas pelo governo começarão a surtir mais efeito na contenção do crédito, na busca de esfriar o apetite de consumo dos brasileiros.

Por enquanto, a equipe do Ministério da Fazenda insiste que o crescimento da economia em 2011 deve ficar em 4,5%. O Banco Central fala, oficialmente, em 4%. Reservadamente, porém, há quem diga no governo que o número pode ficar um pouco abaixo de 4%. Tudo bem, seria o preço a ser pago para garantir uma inflação declinante neste ano, para convergir ao centro da meta em 2012.

Em outras palavras, o governo Dilma deve ser forçado a aceitar algo que não queria. Em nome de segurar a inflação, a presidente deve concordar que o crescimento não seja exatamente o que ela desejava. Esse discurso, contudo, o governo não vai assumir publicamente.
 
Fonte: O Imparcial

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O AVESSO DO AVESSO

Está bombando no YouTube e provocando acessos de gargalhadas e deboches um filme de sete minutos em preto e branco com o prosaico título Maranhão 66. Aparentemente é um documentário sobre a posse de José Sarney no governo do Estado, feito por encomenda do eleito. Mas é assinado por Glauber Rocha.

Com 35 anos, cabelos e bigode pretos, Sarney discursa para o povo na praça, num estilo de oratória que evoca Odorico Paraguaçu, mas sem humor, à sério, que o faz ainda mais caricato e engraçado. Sobre seu palavrório demagógico, Glauber insere imagens da realidade miserável do Maranhão, cadeias cheias de presos, doentes morrendo em hospitais imundos, mendigos maltrapilhos pelas ruas, crianças esquálidas e famintas, enquanto Sarney fala do potencial do babaçu.

Só alguém muito ingênuo, ou mal-intencionado, poderia imaginar que Glauber Rocha fizesse um filme chapa branca. Em 1964, com 25 anos, ele tinha se consagrado internacionalmente com Deus e o diabo na terra do sol e vivia um momento de grande prestígio, alta criatividade e absoluto domínio da técnica e da narrativa cinematográfica. E odiava a ditadura que Sarney apoiava.

Em Maranhão 66, a narrativa se estrutura na dialética entre as imagens da realidade dramática e a demagogia caricata do jovem político provinciano que está tirando do poder um velho coronel - para se tornar ele mesmo o novo coronel.

O filme dentro do filme é imaginar o susto de Sarney quando o viu. Em vez de filmar uma celebração vitoriosa, Glauber usou e abusou da vaidade e do patrocínio de Sarney para fazer um devastador documentário sobre um arquetípico político brasileiro. E uma pesquisa para Terra em transe, que filmou em seguida e hoje é considerado a sua obra-prima. Sarney foi a base para o líder populista interpretado por José Lewgoy, famoso como vilão de chanchadas.

Glauber dizia que o artista também tem de ser um profeta; mas a sua obrigação é de profetizar, não de que as suas profecias se realizem. O discurso de Sarney e as imagens de Maranhão 66 são os mesmos do Maranhão 2011, num filme trágico, cômico, e, 46 anos depois, profético.

Nelson Motta - O Estado de S.Paulo

A DEMOCRACIA DO TERROR

A história dos Estados Unidos da América nos últimos séculos é a história da farsa. A maior democracia do mundo faz fora o que não é capaz de fazer dentro, em seu território, contra seu povo. Inventam inimigos para ganhar eleições. Financiam e empossam ditadores para escravizar povos e confiscar suas riquezas naturais. Assim é, assim foi, em anos e anos de domínio e desprezo por povos menos desenvolvidos.

Até bem pouco tempo, fez da América Latina sua latrina, legando a nós a submissão e as atrocidades de sanguinárias ditaduras que vitimaram, sobretudo, o desenvolvimento de um sentimento de nação, de povo, de Estado.

Depois de engordarem e adestrarem Saddan Hussein, em sua eterna luta pelo domínio do Oriente Médio e de seu petróleo, elegeram-no inimigo, viabilizando mais uma eleição para o presidente de olhos miúdos George W. Bush. Tudo, com uma farsa inventada pelos EUA e aprovada pelo servilismo do mundo inteiro, das maiores potências mundiais. Era o início do martírio e do inferno para o pobre povo do Iraque, que com a ajuda das maiores democracia do planeta, viu seus dias de paz mutilados, contando com uma cumplicidade e complacência planetária. 

Uma escandalosa vergonha mundial! Depois desse episódio, que decepou o sentido de liberdade no Planeta, instaurou-se um lamentável sentimento de constrangimento no mundo. Ainda assim, alguns anos depois, o presidente dos EUA, um negro com nome árabe, viaja o mundo falando em liberdade, em democracia, na autodeterminação dos povos. 

No Brasil, com desenvoltura de um esgrimista, defendeu isso em todos os canais de comunicação, quando, no outro dia, invadia e matava líbios, tendo a participação de aviões não tripulados. Os EUA são isso, um país que faz guerras enviando aviões não tripulados. Onde tem gente, lançam bombas, sem considerar os que estão ao redor de seus alvos.

O êxito das ações de Osama Bin Laden e sua rede de terror só foi possível pelo seu treinamento especial recebido nas trincheiras nebulosas da CIA. Os EUA investiram no dedicado discípulo para bombardear, instabilizar e dominar o mundo árabe. Suas fotos ao lado do líder mundial Bush pai estão aí, publicadas mundo afora. E os EUA mentindo e matando, matando e mentindo. 

Um, faz o terrorismo de Estado, aprovado e aplaudido por aqueles que defendem a liberdade e a democracia. Um terrorismo oficializado, sem rosto, eufemizado. Outro, faz o terrorismo escancarado, das ruas, do rosto exposto e divulgado mundo afora. 

A grande diferença entre eles é que são iguais, que matam e mutilam povos, que escravizam corações e mentes, aterrorizam a Humanidade. Se buscarmos nas páginas da memória, encontramos as mais belas lições da História escritas pela luta da independência dos EUA, coisa que orgulha a Humanidade até os dias de hoje. 

No entanto, o país que ousou lutar e conquistar a liberdade, com seu exército de homens e ideais, hoje é apenas um fantasma, uma sombra, um vulto, que assombra e atormenta o mundo inteiro.

Petrônio Souza Gonçalves petroniosouzagoncalves@gmail.com 

São Paulo

quinta-feira, 5 de maio de 2011

COM CHUVAS, RODOVIA DO MA É DESTRUÍDA POR RIO

Foto: Jarivânio Alencar/blog "jarivanio.com"
Temporais que castigam o Estado romperam três trechos da rodovia, a principal ligação entre o Maranhão e o Pará

As chuvas que castigam o Maranhão desde o início do ano estão deixando milhares de desabrigados e comprometendo a infraestrutura do Estado.

Desde a semana passada, a BR-316 vem sofrendo com as chuvas. Três trechos da rodovia foram destruídos entre as cidades de Governador Nunes Freire e Maracaçumé (respectivamente a 459 e 470 quilômetros de São Luís).

Estrada é destruída pelo rio, no interior do Maranhão
Um deles, o km 58 da rodovia, rompeu-se no último domingo e interrompeu o tráfego de veículos durante 48 horas. Nos km 62 e km 65, a rodovia foi parcialmente destruída, mas a circulação de automóveis ainda ocorre em meia pista. As enxurradas foram provocadas pela inundação do Rio Rurupi, que corta a rodovia.

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) está no local realizando reparos emergenciais e, na noite de terça-feira, liberou parcialmente o tráfego de veículos no km 58. Apesar disso, no trecho ainda existe um congestionamento de aproximadamente 10 quilômetros, conforme informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Outro trecho destruído
Alguns caminhoneiros ainda não conseguiram transpor o trecho desde domingo. A rodovia BR-316, neste trecho interrompido, é a principal ligação do Maranhão com o Pará e também liga o extremo norte do Estado com a capital, São Luís.

Chuvas no Nordeste:
Em função da inundação do Rio Gurupi, 1.018 moradores de Governador Nunes Freire foram obrigados a deixar as suas casas, conforme dados da Defesa Civil Estadual.

A cidade hoje, sozinha, já responde por aproximadamente 10% dos desabrigados em todo o Maranhão. Dez mil pessoas ainda estão alojadas em abrigos públicos (desabrigados) ou em casas de parentes (desalojados) no Estado em função das chuvas.

Wilson Lima, iG Maranhão

quarta-feira, 4 de maio de 2011

IGOR LAGO DIZ QUE ASSUMIRÁ O LEGADO DO PAI NO PDT/MA

Tendo vindo a Timon para prestigiar a missa de trigésimo dia e um ato público em homenagem ao pai, nesta quarta-feira(04) à noite, o médico Igor Matos Lago se comprometeu – durante entrevista à rádio Timon-FM – a assumir o legado do ex-governador Jackson Lago junto ao PDT-Partido Democrático Trabalhista; e na continuidade da luta em defesa dos menos favorecidos no Estado do Maranhão.

Sempre acompanhado do ex-prefeito e ex-deputado Chico Leitoa, que foi fundador do PDT maranhense junto com Jackson Lago, Igor Lago contou na entrevista ao programa “Jornal dos Cocais”, da rádio PortalTimonFm e que é apresentado por Leal Filho e Márcio Beckmann, que resolveu assumir a direção da comissão provisório do PDT maranhense depois de conversar bastante com a mãe e outros familiares.

Mas Igor Lago frisou que esta era uma vontade de seu próprio pai, para que ele pudesse manter a unidade do PDT maranhense e, em seguida, conseguir sensibilizar os demais partidos e políticos que fazem oposição no Maranhão, por entender que esta é a única forma de tomar o poder da família Sarney, mais uma vez, através de eleições diretas e legítimas, onde prevalece a vontade do povo e não do judiciário.

Chico: convite suprapartidário
Ao se pronunciar na rádio o ex-prefeito Chico Leitoa convidou os timonenses para prestarem mais esta homenagem ao Doutor Jackson Lago, que começa com uma missa, às 18 horas, na quadra de esportes do Centro da Juventude de Timon, localizado na Fundação Cidadania, no bairro Parque União (veja convite ao lado). Em seguida será apresentado um vídeo/documentário de 12 minutos, contando a vida do Doutor Jackson, elaborado por técnicos de Timon.

Chico Leitoa disse que todos os timonenses serão bem-vindos à homenagem ao ex-governador, independente de cor partidária. “Graças ao trabalho que fez em sua breve passagem pelo Governo, o doutor Jakcson passou a ser suprapartidário em Timon. É tanto que ganhou a eleição em nossa cidade”, arrematou Chico.

Os bons não morrem, adormecem!
Jackson adormeceu nos braços do Pai Eterno para descansar do trabalho, das lutas por um Maranhão mais justo e desenvolvido, para aliviar o cansaço das dores e injustiças.

Deixa uma lacuna e uma saudade imensa!
Enquanto dorme, fica um legado de familiares, amigos, companheiros de lutas, e pessoas que passaram a admirá-lo, pela dignidade, caráter e destemor.

Um LAGO silencia, mas ficam muitos outros que continuarão honrando a luta iniciada pelo nosso bisavô Coronel do Exército Imperial, e depois deputado Luis Pereira do Lago Júnior.

O sobrenome não nos veio à toa, pois a Pereira é uma das árvores mais resistentes e de frutos saborosos, logo, quanto mais podados for, brotarão novos galhos que sustentarão novos frutos. E, quanto ao “LAGO”, nunca secará.

*Gracinha Lago (prima de Jackson Lago)

terça-feira, 3 de maio de 2011

ASSALTO EM LUZILÂNDIA(PI) DEIXA 2 PESSOAS MORTAS

Um bando de seis homens armados com metralhadoras e fuzis assaltou hoje uma agência do Banco do Brasil na cidade de Luzilândia, no Piauí. Na fuga, o grupo trocou tiros com a Polícia Militar e matou Humberto Rodrigues Veloso, gerente do banco, que havia sido levado como refém. Um dos bandidos também foi morto e um policial ficou ferido. O valor levado não foi informado.

Os seis homens chegaram ao banco na hora abertura da agência. Havia cerca de cem pessoas no local, por ser o segundo dia útil do mês. Os clientes foram rendidos e o gerente foi tomado como refém. O bando mandou os clientes deitarem no chão e depois saírem da agência apenas com a roupa de baixo.

A polícia foi acionada e tinha três homens para fazer a segurança do município, de 24.257 habitantes. Os policiais estavam armados com revólver 38 e, mesmo assim, enfrentaram os bandidos. No tiroteio, que durou cerca de 40 minutos, um dos assaltantes, conhecido como Magnus, foi atingido. Ele chegou a ser levado para o Hospital Regional Gerson Castelo Branco, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Testemunhas informaram que ele não era da cidade, mas estava lá há alguns meses. A polícia suspeita que ele era o informante do grupo, que levantou as informações para o planejamento do assalto.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública mandou reforço policial, viaturas e um helicóptero para auxiliar no combate aos assaltantes. Na fuga, em uma Toyota Hillux, a quadrilha levou o gerente do banco e mais sete pessoas como reféns. Os pneus do carro dos bandidos foram alvejados pela polícia e eles executaram um dos reféns.

Segundo informações da Secretaria de Segurança, duas metralhadoras foram apreendidas pela polícia. O restante do bando está foragido e a polícia continuava procurando os bandidos nesta tarde, fazendo um cerco entre os estados do Piauí e do Maranhão. A polícia do Maranhão também foi acionada. Dois helicópteros sobrevoavam a região para tentar encontrar o bando.

O secretário Estadual de Segurança, Robert Rios Magalhães, disse que os bandidos estão cercados entre o município de Joca Marques e a divisa com o Maranhão. Segundo o secretário, pela ousadia do crime, a quadrilha não é amadora. "São profissionais. Não será inútil a morte desse gerente. Ser bancário, de repente, se tornou profissão de alto risco e isso não vai ficar assim. Todos os esforços serão desenvolvidos e depois vamos repensar a segurança de Luzilândia", afirmou.

Greve
A Polícia Civil está em greve no Estado do Piauí há 18 dias, reivindicando um reajuste de 24% e melhores condições de trabalho. Mas o secretário de Segurança afirmou que a greve não prejudica as investigações ao assalto em Luzilândia, porque não há nenhum policial civil da cidade em greve.

LUCIANO COELHO - Agência Estado

segunda-feira, 2 de maio de 2011

MA É O ESTADO MAIS RURAL DO BRASIL

Ao todo, 36,9% dos 6,5 milhões de maranhenses vivem longe das zonas urbanas. Cidade mais rural do Estado está praticamente isolada.

Os dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Maranhão é o Estado que detém o maior percentual da população vivendo em áreas rurais. Pelos dados do IBGE, 36,9% dos 6,5 milhões de maranhenses não moram em zonas urbanas. Isso representa um universo de 2.427.640 pessoas em todo o Estado.

Marajá do Sena, a cidade mais rural do Estado mais rural do Brasil, fica a 400 quilômetros de São Luís, capital do Maranhão.

Normalmente, essas pessoas que vivem na zona rural do Maranhão são pessoas que dependem da agricultura de subsistência e vivem praticamente no isolamento. Pelos dados do IBGE, o Maranhão apenas confirmou uma tendência vista desde a década de 1960. Segundo o Censo demográfico de 1960, o Maranhão já registrava o maior percentual de habitantes da zona rural em todo o Brasil. Mas, naquela época, 82% dos maranhenses não viviam nas zonas urbanas.

Entre os 217 municípios maranhenses, aquele que pode ser considerado o “mais rural” é Marajá do Sena, cidade na região do Mearim, distante cerca de 400 quilômetros de São Luís. Marajá do Sena tem 8.051 moradores e 85,6% deles moram na zona rural. Mas a cidade está isolada há aproximadamente dois meses. As chuvas destruíram as principais estradas de acesso ao município.

Para chegar à cidade mais rural do Estado menos urbano do País,  a pessoa precisa chegar à cidade mais próxima, Lago da Pedra, a aproximadamente 70 quilômetros de Marajá do Sena, e enfrentar uma viagem de duas horas de moto ou de “pau de arara” e lancha. “Carro não entra mais. A situação aqui é muito difícil mesmo. Muitos lavradores vivem na região, mas eles estão em povoados. Normalmente, tem apenas uma plantação de milho, uma de arroz ou farinha e plantam o que comem”, disse Lauricéia Sousa, moradora de Marajá do Sena.

Wilson Lima, iG Maranhão

domingo, 1 de maio de 2011

AVENTURAS ATRÁS DA CÂMERA DE CINEMA

Em primeira pessoa, Zelito Viana revê a própria trajetória em novo volume da Coleção Aplauso - contando, com humor, por exemplo, passagens da acidentada produção de Terra em Transe e um inusitado 'intercâmbio' com os xavantes

 

Irmão de Chico Anysio, José Viana de Oliveira Paiva começou a vida como engenheiro, virou produtor de cinema por acaso e tornou-se diretor. A vida múltipla de Zelito Viana é captada com muito bom humor neste Histórias e Causos do Cinema Brasileiro, escrito por sua filha, a também cineasta Betse de Paula. Família de artistas, já que Zelito, além de irmão de Chico, também é pai do ator Marcos Palmeira. O livro sai pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, e segue o molde do selo: depoimento em primeira pessoa, perfil autorizado de si mesmo.

Betse, como autora, teve acesso privilegiado ao personagem. Em geral, esses livros são produzidos a partir de uma sequência de entrevistas com o biografado. Sendo filha do personagem, Betse teve a vida toda para conhecê-lo e ir recolhendo seus casos divertidos. Mas não são apenas histórias engraçadas; muito se aprende sobre os bastidores do cinema brasileiro lendo os "causos" aqui transcritos. Mesmo porque Zelito foi um privilegiado companheiro de estrada dos principais cineastas do Cinema Novo, tido até hoje como o mais importante momento vivido pelo cinema de autor no País.

A aproximação com os jovens fundadores do Cinema Novo se deu graças ao estudo de engenharia, pois Zelito foi colega de um deles, Leon Hirszman. Na escola, um veterano o advertiu: "Toma cuidado com aquele ali porque, além de judeu, é comunista". Foi o bastante para aproximá-los. Ficaram amigos e fizeram política estudantil. Zelito se formou e foi ser engenheiro metalúrgico. Quando o colocaram no setor de vendas, ficou insatisfeito. Um dia, passou pela rua seu antigo colega Leon, que ele nunca mais vira. Zelito estava a pé, pois havia estacionado o carro em lugar proibido e tivera os quatro pneus furados segundo determinação de um truculento diretor de trânsito daquela época. Pegou carona e contou suas desditas na empresa metalúrgica. Leon perguntou: "Por que você não entra para o cinema?" Foi a senha. Como só sabia fazer contas, Zelito entrou no cinema pela porta da produção. Tinha 26 anos. 

Com sócios como Glauber Rocha, Walter Lima Jr. e Paulo César Saraceni, fundou a Mapa Filmes, empresa que tirou o nome de uma revista na qual Glauber, ainda crítico de cinema, escrevia na Bahia. A Mapa produzia cinema numa época em que não havia leis de incentivo como as de hoje, nem a Embrafilme tinha sido fundada. Era na base do empréstimo bancário e auxílio da Caic (Comissão de Auxílio à Indústria Cinematográfica), do antigo Estado da Guanabara. Para completar o quadro, Zelito fundou, junto com dez colegas, entre eles Luiz Carlos Barreto, Cacá Diegues e Joaquim Pedro de Andrade, a distribuidora e coprodutora Difilm. Com o esquema montado, tocava-se o negócio do cinema. Com alguns percalços, como o hábito de Ruy Guerra fumar charutos enquanto montava os filmes na moviola, o que provocava eventuais furos no negativo. Glauber gostava de trabalhar nu. Mas, como era sócio da empresa, ninguém o impedia. 

O primeiro filme que a Mapa produziu para valer foi A Grande Cidade, de Cacá Diegues. Zelito lembra de incidentes. Othon Bastos, numa crise de estrelismo, resolveu não participar, na véspera do início das filmagens. Foi substituído por um profissionalíssimo Leonardo Vilar, que dirigiu ao produtor uma única frase durante toda a filmagem: "Hoje é meu último dia. Gostaria de receber meu dinheiro no final da tarde." Zelito virou-se como pôde e pagou. Filme lançado, foram observar a reação da plateia. Chegaram a um cinema enorme, de 4 mil lugares, em Bonsucesso. Na penumbra, um casal namorando e mais umas três pessoas espalhadas pela sala imensa. "O público sempre foi complicado", comenta Zelito. 

Agruras do cinema nacional, que Zelito acompanhou de perto. Mas também viveu de perto sua aventura e glória. Por exemplo, esteve com Glauber na filmagem de Maranhão 66, institucional encomendado pelo governador do Estado da época. Adivinhe quem. José Sarney, claro. Com o roteiro de Terra em Transe já escrito, Glauber achou que o trabalho, além de grana, lhe renderia bom material para o longa de ficção. E foi em frente. Tinha razão: as cenas de multidão de Terra em Transe saíram diretamente das filmagens de Maranhão 66. Mas Sarney, quando viu o copião do institucional, chegou à conclusão de que havia escalado o time errado: "Vocês são muito bons para fazer filme contra. A favor não dá." Foram demitidos no ato. 

Talvez sua grande aventura como produtor tenha sido em Terra em Transe, a obra-prima absoluta do cinema nacional e de percurso acidentado. Como Paulo Autran dava muito palpite, Glauber queria demiti-lo. José Lewgoy não se conformava com as ordens do diretor e vociferava: "Pensa que é Carl Dreyer, que é um Robert Bresson! É um idiota de um baiano, um babaca que fica me dando ordem! Não aguento mais!" E as confusões não pararam por aí. Numa época de censura às artes, Glauber teve de forjar a anuência do Itamaraty para que o filme fosse enviado a Cannes. Concorreu. Perdeu para Blow Up, de Antonioni, o que não é vergonha para ninguém.

Entre as aventuras de Zelito Viana, estão também as que viveu ao dirigir seus próprios filmes. Em Terra dos Índios, queria aprender o que era a realidade indígena. Falou com Darcy Ribeiro, que lhe disse uma frase: "Ninguém visita uma aldeia de índios impunemente". Sábias palavras, admite Zelito. A armadura que você veste para viver em sociedade pode, de uma hora para outra, ser destruída no contato com a civilização indígena. Os índios passaram a fazer parte da vida de Zelito, a tal ponto que alguns deles foram morar em sua casa, no Rio, e lá ficaram vários meses. Seu filho, Marcos Palmeira, foi mandado para uma aldeia, lá foi adotado e ganhou nome índio. O famoso intercâmbio, que os brasileiros realizam com famílias dos Estados Unidos ou da Europa, Zelito fazia com os xavantes. Aniceto, o pai adotivo de Marcos Palmeira quando este tinha 16 anos, revelava suas inquietações a Zelito: "Estou preocupado com o Marquinhos. Ele é grande e não sabe nada... Não sabe andar no mato, não sabe atirar uma flecha... Como é que eu vou ensinar tudo pra ele?"

A temática indígena voltaria depois em Avaeté - Semente da Vingança. E com mais aventuras. Algumas indesejadas. A equipe construiu uma aldeia cenográfica para ser incendiada durante a filmagem. E assim foi feito, para fúria dos índios, que exigiram da equipe dois brancos para matar em represália. Tiveram de pedir a intervenção de dom Thomas Balduíno, o sacerdote benfeitor das aldeias, para que a ameaça não fosse cumprida. E assim a equipe, composta por atores como Renata Sorrah e Hugo Carvana, além dos dois filhos do cineasta, pôde salvar a pele. As aventuras de Zelito prosseguiram com filmes focando vidas ilustres como as de Villa-Lobos e Juscelino Kubitschek. Mas nenhuma delas foi tão intensa quanto a do convívio com os índios.

Luiz Zanin Oricchio - O Estado de S.Paulo

CONCEITO DE ÉTICA

Seria impreciso dizer que o Senado chegou ao fundo do poço quando decidiu constituir um Conselho de Ética ao arrepio do decoro indispensável à atividade parlamentar. Isso porque o poço em que o Poder Legislativo resolveu já há algum tempo jogar sua credibilidade parece não ter fundo.

Entra ano, sai ano, entra escândalo, sai escândalo, os acontecimentos bizarros não têm fim, medida nem limites.

A presença de oito processados na Justiça entre os 15 titulares do conselho soa como uma contradição em termos. Agride à lógica da vida normal, mas está absolutamente de acordo com as regras do Congresso.

Mais: compõe perfeitamente o cenário da degradação. Todos os integrantes do conselho destinado a zelar pela ética na Casa são tão senadores quanto qualquer outro. A partir do momento em que seus pares não impuseram reparos a condutas julgadas no passado e os eleitores lhes confiaram delegação, podem participar de todas as atividades sem restrição.

A questão não é o que Renan Calheiros, que trocou a renúncia à presidência do Senado pela absolvição em processos por quebra de decoro, ou Gim Argello, investigado pela Polícia Federal e obrigado recentemente a renunciar à relatoria do Orçamento da União por suspeita de desvios na distribuição de emendas, estão fazendo no Conselho de Ética.

A pergunta correta é o que esses e outros estão fazendo no Senado e o que o Senado faz consigo ao, entre outras façanhas, reconduzir à presidência da Casa José Sarney e seu manancial de escândalos, cuja mais recente leva data de dois anos atrás.

Esse episódio do conselho ganhou repercussão, é tratado como um grande problema, mas é apenas parte do infortúnio que assola o Parlamento e, em boa medida, a sociedade que não exerce ela mesma o voto limpo enquanto não se institui de vez a obrigatoriedade legal da ficha limpa: a indiferença à ética, ao conjunto de valores que disciplinam o comportamento humano como atributo essencial à vida civilizada. Pública ou privada.

Embora a completa ausência de pudor, ainda que em grau apenas suficiente para a manutenção das aparências em colegiado presumidamente ético, fira os espíritos mais sensíveis, não se configura uma novidade em face da revogação geral de quaisquer valores balizadores de condutas.

Em ambiente onde um senador pode roubar um gravador - como fez Roberto Requião ao surrupiar o equipamento pertencente à rádio Bandeirantes e apagar do cartão de memória uma entrevista que não lhe interessava ver divulgada - e ainda assim ser defendido pelo presidente da Casa, não há poço que seja fundo o bastante para delimitar a fronteira entre a civilidade de fachada e a selvageria total.

Terra arrasada. Aos arquitetos do PSD não falta ousadia para cogitar da possibilidade de atrair políticos aparentemente inamovíveis do DEM.

O senador Demóstenes Torres já recebeu convite e, segundo consta, ficou de pensar. Ninguém menos que o presidente do DEM, senador Agripino Maia, integra a lista das próximas investidas.

Não se pode dizer que o plano do PSD seja deixar que os últimos dos moicanos apaguem a luz, porque a ideia é que não reste luz para ser apagada.

Precedente. A decisão do Supremo Tribunal Federal em favor da posse de suplentes de deputados levando-se em conta o cálculo da coligação e não do partido, foi ao encontro do entendimento da Mesa da Câmara, que resolveu adotar esse critério mesmo antes da sentença do colegiado.

Descumprindo, portanto, a decisão liminar que estava em vigor até então instruindo exatamente o oposto: que a posse dos suplentes deveria levar em conta o partido e não a coligação.

A Câmara venceu no final, mas durante três meses ignorou o imperativo da obediência a determinações judiciais. Um desapreço mediante o qual o Poder Legislativo subtrai de si e das demais instituições relevância na sustentação do Estado de Direito.

 Dora Kramer - O Estado de S.Paulo