terça-feira, 1 de setembro de 2015

O Feitiço virou-se contra o feiticeiro a crise atinge o globo: 400 demissões

João Roberto ao lado de um exemplar de O Globo

Cortes nos jornais O Globo e Extra, do Rio de Janeiro, devem atingir de 300 a 400 pessoas, principalmente no jornalismo e no comercial, e devem ser anunciados nesta terça-feira 1º, segundo o site propmark; áreas de circulação e marketing dos dois jornais devem se unir, enquanto a área digital do Extra pode ser reduzida à metade; deixou ontem o Globo o jornalista Pedro Dória, editor executivo de plataformas digitais; algumas editorias como Esportes, TV e parte de Cidades poderão ser fundidas; no sábado 29, o jornal comandado por João Roberto Marinho destacava em sua manchete principal a recessão da economia

A crise da mídia impressa atingiu a Infoglobo e deve resultar em demissões de até 400 funcionários nos jornais O Globo e Extra, do Rio de Janeiro, de acordo com fontes do portal propmark.

A empresa pertence às Organizações Globo e é responsável pela publicação dos jornais do grupo. Os cortes devem ser anunciados neste terça-feira 1º e atingem principalmente os departamentos de jornalismo e comercial.

Nesta segunda-feira 31, deixou o Globo o jornalista Pedro Dória, que havia assumido em março de 2011 o cargo de editor executivo de plataformas digitais. Também deixaram o veículo o colunista George Vidor (economia), Marceu Vieira (editor da coluna do Anselmo Góes), Luciana Froes (gastronomia) e Pedro Motta Gueiros (esportes). Dória e Luciana seguem como colunistas.

Outras mudanças deverão ser feitas, como a fusão de algumas editorias – a exemplo de Esportes, TV e parte de Cidades. Além disso, as áreas de circulação e marketing dos dois jornais devem se unir, enquanto a área digital do jornal Extra pode ser reduzida pela metade.

No sábado 29, o Globo, uma das vozes da imprensa mais críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e ao PT, destacava com letras garrafais, na manchete principal, a recessão da economia brasileira.

Brasil 247

domingo, 30 de agosto de 2015

"Não há corpo de delito, nada incrimina Dilma", diz deputado Chico Alencar

Para líder do Psol, Congresso não tem moral para liderar deposição da presidente.

Líder da bancada do Psol na Câmara, o deputado Chico Alencar (RJ) afirma que a ideia de impeachment da presidente Dilma Rousseff - que vinha sendo levantada pela oposição e por peemedebistas rebelados da base aliada - perdeu força com a desmoralização do presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Além disso, ele argumenta que o impedimento que vem sendo aventado tanto no Tribunal de Contas da União (TCU) por conta de "pedaladas fiscais" quanto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não devem prosperar.

"Não há corpo de delito, nada que incrimine Dilma. Rejeição de contas do TCU a partir de pedaladas que outros governos já fizeram também? E o TSE condenar contas de campanha de Dilma, que teve os mesmos financiadores do Aécio Neves (PSDB) ficaria uma coisa meio esdrúxula", analisa o parlamentar.

Líder do Psol lidera movimento com assinaturas pela 
saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara.

Apesar das dificuldades do governo diante de uma crise política e econômica, o parlamentar não vê com alarme a saída do vice-presidente Michel Temer (PMDB) da articulação política. Para ele, é praxe que o partido se coloque na condição de espectador, sem abrir mão, no entanto, de "cargos e nacos do orçamento público em todos os governos", desde a tentativa de Ulysses Guimarães de se eleger presidente da República.

"É um jogo tático, um pequeno recuo, mas não significa abandono do governo, já que as negociações estão em curso e Renan Calheiros passou a ser o maior sustentáculo de Dilma agora. Eles venceram a negociação de cargos, que é bem fisiológica e típica do PMDB", conclui o deputado do Psol.

Confira a entrevista, na íntegra:

Jornal do Brasil - Como o senhor avalia a saída de Michel Temer da articulação política?

Chico Alencar - O PMDB tem como programa estar no governo, qualquer que seja ele. O projeto do PMDB, que é um partido egresso daquela amplíssima frente da luta pela democracia, é ser mais ou menos o ponto de equilíbrio do pacto das elites. Desde a tentativa frustrada da eleição de Ulysses Guimarães, o PMDB sempre se colocou em condição de expectativa, aderindo e participando com cargos e nacos do orçamento público em todos os governos. O partido, agora, não saiu do governo, Temer quis ficar mais à vontade para o caso de um impedimento e esperar o fim do ano para ver se vai para a oposição, já na expectativa de 2018, passando pelas eleições municipais de 2016. É um jogo tático, um pequeno recuo, mas não significa abandono do governo, já que as negociações estão em curso e Renan (Calheiros, PMDB, presidente do Senado) passou a ser o maior sustentáculo de Dilma. Eles venceram a negociação de cargos, que é bem fisiológica e típica do PMDB.

Jornal do Brasil - Alguns rumores em Brasília dão conta de que Temer estaria montando um governo, em caso de impeachment...

Chico Alencar - Não creio. Ele deixou de ser o articulador político principal, na medida em que o governo Dilma está terceirizado – a macroeconomia para Joaquim Levy e a articulação política para o PMDB, mas o ministro Eliseu Padilha (PMDB) continua. Eles estão liberando as emendas orçamentárias. O PMDB não é de ficar agarrado em governo com menos de 10% de aprovação, mas ele não deu xeque-mate, ele está avaliando o cenário. Tanto que adiaram a convenção nacional do partido para novembro, ela deveria acontecer agora. São raposas da política.

Jornal do Brasil - O senhor crê num governo semi-parlamentarista, dada as imposições do Congresso ao Executivo?

Chico Alencar - É um governo absolutamente enfraquecido e que não tem uma base majoritária no Parlamento, a não ser nominalmente, sobretudo na Câmara. Mas o Executivo e a cultura presidencialista no Brasil ainda é muito forte. O Brasil gosta de fazer parlamentarismo de imitação – assim foi no Império, com o imperador e o primeiro-ministro, mas o primeiro mandava através do Poder Moderador, e tivemos a experiência parlamentarista para conter o ímpeto das reformas de base do Jango – nesse caso, um parlamentarismo formal mesmo. Tanto é que já se falava que na Inglaterra é parlamentar e no Brasil é “pra lamentar”. É típico de uma situação de crise: se a presidência está fraca, sem hegemonia política, avulta o parlamento, mas isso é um fenômeno passageiro, até porque os chefes do parlamento estão aí alvejadíssimos pela Lava Jato e sem moral para se consolidarem como condutores da política nacional.

Jornal do Brasil - Como o PT tem se colocado em relação a Eduardo Cunha no Congresso, sobretudo na Câmara?

Chico Alencar - O PT é refém da maioria que se forma, está recuado e atemorizado. Cunha é político fisiológico e tem algum poder, ainda que transitório. De alguma maneira, ele controla a oposição conservadora do PSDB e do DEM, mas o fato de estar denunciado na Lava Jato o enfraquece e ele não teria condições políticas de liderar um impeachment. Mas continua sendo o pavor do PT.

Jornal do Brasil - Qual é a atual temperatura na Câmara em relação ao impeachment?

Chico Alencar - A ideia deu uma esfriada, na medida em que o PSDB entendeu que o impeachment só prospera se o PMDB quiser. O PSDB fica no dilema de apoiar um impeachment sem novas eleições, porque aí subiria o Michel Temer. Eles estão vendo que a crise econômica é muito profunda, e não vai ser um governo A ou B que vai resolver. PSDB como consórcio de um governo atrapalha a candidatura de 2018. Por outro lado, eles reconhecem que não há moral para Cunha e Renan liderarem esse movimento. O próprio Cunha recolheu a metralhadora giratória, porque está com medo do processo, e o Renan, não se sabe até quando, tem sido aliado do governo.

Jornal do Brasil - É um Congresso com lideranças desgastadas?

Chico Alencar - São vários parlamentares com funções importantes que estão denunciados, temos o roto falando do esfarrapado, na medida em que o PT estaria envolvido e isso desencadearia um impeachment. Mas o próprio Jarbas Vasconcelos (deputado federal pelo PE), que é do PMDB, falou que não há corpo de delito, nada que incrimine Dilma. Rejeição de contas do TCU a partir de pedaladas que outros governos já fizeram também? E o TSE condenar contas de campanha de Dilma, que teve os mesmos financiadores do Aécio Neves (PSDB) ficaria uma coisa meio esdrúxula. Um governo estar impopular não significa que deve ser retirado, ou você quebra o princípio da soberania do voto popular. É preciso elementos muito fortes para se processar um impeachment.

Jornal do Brasil - Em duas ocasiões praticamente 20% da Câmara recorreu ao STF por contas de manobras regimentais do Cunha em votações do plenário.

Chico Alencar - O Supremo tem uma posição de não querer interferir em outro poder.

Jornal do Brasil - Mas quem fiscaliza, então?

Chico Alencar - O mérito de ambas as ações (financiamento de campanha e redução da maioridade penal) ainda não foi julgado em plenário. Mas a questão de agora, o “Fora Cunha”, não é nenhum procedimento regimental, é uma manifestação política e um apelo. É claro que depois pode virar representação no Conselho de Ética e que pode mudar com o acolhimento da denúncia pelo Supremo. Eu vejo que é possível que venham outros pedidos de ação penal contra o Cunha que a Procuradoria-Geral da República está examinando. Com o processo evoluindo, acho que conseguiremos acrescentar um zero atrás das 35 assinaturas dos deputados que se manifestam contrários ao Cunha.

Jornal do Brasil - O Senado segura questões mais conservadoras da Câmara, como no caso da redução da maioridade penal?

Chico Alencar - O Senado é casa dos oligargas, conservadores, mas nessa conjuntura ele está mais progressista e mais qualificado até nas análises políticas do que a Câmara.

Jornal do Brasil - Há uma frente de esquerda no Rio de Janeiro, com o ex-governador Tarso Genro (PT) como um dos líderes, que ensaia aproximação ao Psol nas eleições municipais.

Chico Alencar - Não sei se o PT consegue se livrar do PMDB aqui, mas se vier como dissidente é muito bem-vindo. Mas não seria coligação formal, não. E não tem que ter contemporização com aqueles que entraram no esquema do “petróleo”. O Tarso é um dissidente e eu respeito muito as posições dele, mas ele não fala pelo PT do Rio. Temos que aguardar.

Jornal do Brasil

Relatora do TSE diz que a campanha de Aécio Neves tem 15 irregularidades

Tribunal informou que há diferenças entre valores recebidos e declarados
Aécio tem três irregularidades graves, diz TSE

Relatora do processo que examina a prestação de contas da campanha do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, a ministra Maria Thereza de Assis Moura solicitou ao tucano esclarecimentos sobre 15 suspeitas de irregularidades detectadas nos documentos entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de acordo com informações do jornal "O Estado de S.Paulo" deste domingo (30).

Entre as supostas irregularidades, estão doações feitas pelas empreiteiras Odebrecht e Construbase que somam R$ 3,75 milhões. A assessoria do PSDB afirmou que as respostas já foram dadas e que as irregularidades apontadas pelo TSE são falhas contábeis.

De acordo com a assessoria técnica do TSE, Aécio repassou para o PSDB uma doação de R$ 2 milhões da Odebrecht, mas não registrou a transferência na prestação de contas. A empreiteira é alvo das investigações da operação Lava Jato. Em relação às doações da empresa Construbase, o TSE aponta diferenças entre o valor declarado (R$ 500 mil) e o recebido (R$ 1,75 milhão).

Além disso, de acordo com o tribunal, a campanha do senador mineiro à Presidência da República deixou de declarar R$ 3,9 milhões em doações estimáveis, só contabilizadas na retificação da prestação de contas.

O TSE considerou três das 15 irregularidades detectadas como infrações graves. Estas dizem respeito a doações recebidas antes das prestações de contas parciais e que só foram registradas nas prestações finais, somando mais de R$ 6 milhões.

Do JB

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ex-secretário de Governo de Roseana João Abreu foi indiciado pela PC/MA


 João Guilherme de Abreu é acusado de receber R$ 3 milhões para facilitar recebimento de precatórios.
Roseana Sarney

A Polícia Civil do Maranhão indiciou por corrupção João Guilherme Abreu, ex-secretário da Casa Civil da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que deixou o governo no último dia 10 de dezembro. Ele é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propinas para garantir o pagamento de precatórios no valor de R$ 134 milhões devidos à empreiteira Constran-UTC, do empresário Ricardo Pessoa, delator da Lava-Jato. As propinas foram pagas, a pedido de Pessoa, pelo doleiro Alberto Youssef, outro delator da Lava-Jato, e que também foi indiciado pela polícia maranhense.

Além deles, foram indiciados ainda Rafael Ângulo Lopez e Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte. Os dois estiveram três vezes no Maranhão para levar dinheiro, enrolado no corpo, para João de Abreu. O dinheiro, segundo Youssef, seria para Abreu distribuir a pessoas do governo do Maranhão. Foi indiciado ainda o corretor Marco Antonio de Campos Ziegert, elo entre Youssef e Abreu. Os indiciamentos aconteceram no último dia 10.

O pagamento da propina foi relevado pelo próprio doleiro, que no seu acordo de delação premiada no ano passado acabou confessando que pagou os R$ 3 milhões a João de Abreu para garantir o pagamento do precatório da Constran. Em depoimento à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), Youssef confirmou o pagamento da propina. O doleiro foi preso no dia 17 de março de 2014, no Hotel Luzeiros, em São Luis (MA), pela Polícia Federal, deflagrando a Lava-Jato.

No depoimento à PF, Youssef disse que tinha ido a São Luis para resolver uma pendência do pagamento da propina, pois, segundo João de Abreu, ficou faltando R$ 1 milhão do dinheiro que lhe seria devido. A polícia apurou que Abreu esteve no hotel momentos antes do doleiro ter sido preso. Ele teria saído com o dinheiro.

Rafael Ângulo Lopez, carregador de malas de dinheiro de Youssef, que também virou delator da Lava-Jato, deu mais detalhes de operação do pagamento da propina a Abreu, dizendo que ele e Adarico Negromonte estiveram três vezes em São Luis levando dinheiro em espécie, enrolado no próprio corpo, que foi entregue a João de Abreu. Em depoimentos prestados em janeiro deste ano, Lopez deu detalhes das dependências do Palácio dos Leões e interior da Casa Civil onde o dinheiro foi entregue a Abreu.

A polícia do Maranhão ouviu como testemunha a contadora Meire Poza, que disse que Adarico Negromonte lhe contou que ao levar dinheiro a Abreu, ele disse que o valor era pequeno e que isso seria comunicado à governadora Roseana. Outra testemunha, Leonardo Meirelles, sócio de Youssef no Laboratório Labogen, disse à polícia que viu Adarico no escritório de Youssef colocando o dinheiro no corpo para viajar para o Maranhão.

O Globo

O mundo todo noticiou que Aécio teria recebido propina, por Luís Nassif


 
 Aécio Neves

Agências internacionais, jornais regionais e mídias dos cinco continentes noticiaram que candidato derrotado à presidência da República e senador Aécio Neves (PSDB-MG) pode ter recebido propina, de acordo com depoimento do doleiro Alberto Youssef. Enquanto isso, aqui no Brasil, os principais veículos impressos trataram de esconder a manchete (bit.ly/1WUs6u6).

 Dê uma volta pelo mundo e acompanhe os que as populações de diversos países ficaram sabendo:

 INGLATERRA
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Do GGN

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Delator Alberto Youssef confirma que Aécio recebeu dinheiro de Furnas, veja

Delatores em depoimento na Câmara

O doleiro Alberto Youssef confirmou, nesta terça (25), durante depoimento na CPI da Petrobras, que o senador Aécio Neves (PSDB) recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas; "Eu confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção) por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele", disse o doleiro; o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu que Aécio seja investigado por ter sido citado por Youssef; em seu discurso, Pimenta ironizou a atuação do PSDB e do DEM; ele disse que a atuação da oposição é para que só “meia corrupção” seja investigada e criticou os trabalhos da CPI; “É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de tratar esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos alguns episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef estava lá", disse.

O doleiro Alberto Youssef confirmou, nesta terça-feira (25), durante depoimento na CPI da Petrobras, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu dinheiro de corrupção envolvendo Furnas, subsidiária da Eletrobras. "Eu confirmo (que Aécio recebeu dinheiro de corrupção) por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele", disse o doleiro. 

A declaração de Youssef foi resposta a pergunta do deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla questionou se houve "dinheiro de Furnas para Aécio" e Youssef diz que confirmava versão passada anteriormente. Paulo Roberto Costa disse que não tem conhecimento do assunto.

Em seguida, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) defendeu que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja investigado por ter sido citado por Alberto Youssef. Pelo Twitter, o petista afirmou que os tucanos da CPI ficaram "perplexos". "Alberto Youssef acaba de confirmar que Aécio recebeu dinheiro de  Furnas - Aqui na CPI da Petrobras silêncio total de tucanos perplexos", postou.

"Meia corrupção"
Em seu discurso, Pimenta disse que a atuação da oposição é para que só “meia corrupção” seja investigada e criticou os trabalhos da CPI que decidiu por não apurar o pagamento de propina na estatal durante os governos FHC. Segundo um dos delatores, o esquema de corrupção na Petrobrás iniciou em 1997, no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique.

“É curioso porque há um esforço por parte de alguns partidos de tratar esse tema como se fôssemos um bando de ingênuos. Se observarmos alguns episódios de maior repercussão do governo FHC, vamos ver que o Alberto Youssef estava lá. Se formos na CPI da Banestado, quem estava lá? O Youssef e o Ricardo Sérgio. Quem é Ricardo Sérgio? O tesoureiro da campanha do José Serra. Agora, na denúncia do Janot aparece o Júlio Camargo juntamente com um cidadão chamado Gregório Marin Preciado. Quem é o Gregório? Primo do Serra, sócio do Serra. Capítulo 8 da Privataria Tucana”, indicou Pimenta.

O deputado também reafirmou que as contribuições recebidas pela campanha da presidente Dilma Rousseff foram legais. De acordo com o parlamentar, “ninguém é bobo” para acreditar que a mesma empresa que doava para Dilma fazia porque o dinheiro era “propina”, enquanto as doações para Aécio - muito maiores - eram feitas por “generosidade” e por “amor”.

Sobre o esforço do PSDB e do DEM, que ao longo de seus governos se especializaram em abafar as operações de investigação, Pimenta cobrou um patamar mínimo de coerência dos parlamentares para que a CPI da Petrobras tenha alguma credibilidade junto à sociedade. "O PSDB e o DEM tratam os brasileiros como se fossem uma população sem memória, como se não conhecessem a história do Brasil e não soubessem quem eles são. Nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado. Vamos investigar a fundo todas as irregularidades, mas nós não vamos aceitar o PSDB e o DEM como parâmetros de conduta ética na gestão da coisa pública, porque eles não são", acusou Pimenta.

Delação
Em depoimento gravado em vídeo, o doleiro Alberto Youssef afirmou que recolhia propinas na empresa Bauruense, subcontratada de Furnas, para o deputado José Janene (PP-PR), já falecido. Youssef disse ainda que, numa das viagens a Bauru, ficou sabendo que a diretoria da empresa, ocupada por Dimas Toledo, era de responsabilidade do então deputado Aécio Neves, apontando o senador como beneficiário do esquema. Apesar do relato, Youssef negou ter tido contato com Aécio, que foi deputado federal por Minas entre 1987 e 2003. "O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves", disse Youssef em fevereiro.

Mesmo depois do depoimento, a procuradoria-geral da República entendeu que não havia elementos suficientes para abrir uma investigação contra Aécio no âmbito do esquema Petrobras. Em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), no começo de março, Rodrigo Janot pediu arquivamento do procedimento.

PSDB nega envolvimento de Aécio
Em nota, o PSDB disse que "como já foi afirmado pelo advogado de Alberto Youssef e, conforme concluiu a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF), as referências feitas ao senador Aécio Neves são improcedentes e carecem de quaisquer elementos que possam minimamente confirmá-las".

"Não se tratam de informações prestadas, mas sim de ilações inverídicas feitas por terceiros já falecidos, a respeito do então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, podendo, inclusive, estar atendendo a algum tipo de interesse político de quem o fez à época. Em seu depoimento à Polícia Federal, conforme a petição da PGR, Youssef afirma que: "Nunca teve contato com Aécio Neves" (página 18) e que "questionado se fez alguma operação para o PSDB, o declarante disse que não" (página 20)", informa.

Segundo o PSDB, "na declaração feita hoje, diante da pressão de deputados do PT, Youssef repetiu a afirmativa feita meses atrás: de que nunca teve qualquer contato com o senador Aécio Neves e de que não teve conhecimento pessoal de qualquer ato, tendo apenas ouvido dizer um comentário feito por um terceiro já falecido". "Dessa forma, a tentativa feita pelo deputado do PT Jorge Solla, durante audiência da CPI que investiga desvios na Petrobras, buscou apenas criar um factoide para desviar a atenção de fatos investigados pela Polícia Federal e pela Justiça e que atingem cada vez mais o governo e o PT", atacou.
  
Do Brasil 247

domingo, 23 de agosto de 2015

“Postura de Mendes é falso moralismo e nula juridicamente”, diz Dalmo Dallari

Jurista critica decisão de ministro de determinar que PGR e PF investiguem contas de Dilma.
Na opinião de Dallari, atitude de Gilmar Mendes é "lamentável"

 “A atitude dele é puramente política, sem nenhuma consistência jurídica”, afirma o jurista Dalmo Dallari a respeito da determinação do ministro Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de que a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal (PF) investiguem eventuais irregularidades nas contas eleitorais da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.

De acordo com Gilmar Mendes, existem indícios de que crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica foram cometidos durante as eleições do ano passado, o que poderia levar à abertura de ação penal. Embora as contas já tenham sido aprovadas com ressalvas pelo TSE, o ministro manteve o processo aberto para incluir nas apurações novas informações descobertas pela Operação Lava Jato.

O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, que coordenou a parte financeira da campanha eleitoral da presidente no ano passado, destacou em nota que as contas da presidente foram aprovadas por unanimidade. "Todas as contribuições e despesas da campanha de 2014 foram apresentadas ao TSE, que, após rigorosa sindicância, aprovou as contas por unanimidade"

O PT também se manifestou e informou que todas as doações que o partido recebeu durante a campanha eleitoral "foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e foram posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral.”

Na visão do jurista Dalmo Dallari, o objetivo do ministro Gilmar Mendes é pressionar para a retomada do julgamento de uma Ação de Investigação de Mandato Eletivo (AIME) proposta pela Coligação Muda Brasil, que teve Aécio Neves (PSDB) como candidato à presidência em 2014. O ministro Luiz Fux pediu vista do processo, que foi movido contra a Coligação Com a Força do Povo e pedia a cassação dos mandatos de Dilma e do vice-presidente Michel Temer (PMDB). “Ele está pretendendo exatamente isso, mas como não tem consistência jurídica, acho que não vai ter seguimento”, opina Dallari.

Confira abaixo a entrevista de Dallari, que é especialista em Direito Constitucional e professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, ao JB:

JB - Do ponto de vista jurídico, é legítimo retomar a análise de contas de campanha que já haviam sido aprovadas pelo TSE?

Dallari – Não, acho que não é legítima e é lamentável essa atitude do ministro Gilmar Mendes. O ministro, quando foi procurador-geral, fez coisas muito piores do que isso. É lamentável que agora tome essa postura falsamente moralista e nula juridicamente. Ele realmente não tem base jurídica para fazer o que fez, então fica evidente o seu envolvimento político. E além do mais, a imprensa revelou também que há poucos dias ele teve reuniões com grupos partidários, tem inclusive ligação com o [presidente da Câmara] Eduardo Cunha. Gilmar Mendes participou de reuniões com ele para discutir a possibilidade de impeachment da Dilma. Isso já torna extremamente suspeita a atitude dele, já seria um fator de nulidade de sua iniciativa porque a torna juridicamente suspeita. Então, realmente, o que se pode dizer é que é lamentável essa postura do ministro Gilmar Mendes que até confirma o que eu já disse e sustentei: ele não atende às condições necessárias para ser ministro do Supremo Tribunal. Se tudo é possível voltar atrás, vamos voltar atrás na carreira do próprio Gilmar Mendes. A atitude dele é puramente política, sem nenhuma consistência jurídica. 

JB - O TSE já estava julgando uma Ação de Investigação de Mandato Eletivo proposta pela Coligação Muda Brasil, que teve Aécio Neves como candidato à presidência, contra a coligação de Dilma, mas o ministro Luiz Fux pediu vistas do processo. O pedido de abertura de investigação de Gilmar Mendes, na sua opinião, seria uma forma de pressionar para a retomada do julgamento do recurso?

Dallari – Ele está pretendendo exatamente isso, mas como não tem consistência jurídica, acho que não vai ter seguimento. Acho que pura e simplesmente vai ser rejeitada a iniciativa do ministro Gilmar Mendes. Essa seria a forma juridicamente correta. Então não acredito que isso vá ter desdobramentos.

JB – O senhor já se pronunciou publicamente a respeito do impeachment, dizendo que não existe nenhuma possibilidade legal, jurídica e constitucional de ele acontecer. No caso de uma eventual condenação das contas de Dilma pelo TSE, com que cenário estaríamos lidando?

Dallari – Acho que realmente ninguém indicou qualquer fundamento legal, legítimo para dar  seguimento às exigências de impeachment ou de qualquer coisa desse tipo. E não há fundamento jurídico para um procedimento dessa natureza. Essa iniciativa do ministro Gilmar Mendes também não acrescenta em nada, é apenas mais uma manifestação política sem fundamento jurídico. [Caso eles consigam condenar as contas de Dilma no TSE], depois teria que ir ao Supremo Tribunal Federal, eles que teriam a última palavra. E chegando ao extremo do Supremo também condená-las, cairiam Dilma e Temer. Mas não vejo nenhuma possibilidade de que isso venha acontecer porque falta, exatamente, a fundamentação jurídica.

Do JB